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Portugal é um país em decadência porque nele habitam cidadãos comodistas e apáticos que

sabem que estão mal e que nada fazem para mudar o seu rumo e o rumo do seu país. Segundo
Saramago, apesar de termos conquistado a liberdade em abril de 1974 com a revolução dos
cravos, continuamos a ser um povo oprimido e reprimido pelas forças do poder. O 25 de Abril
nada de novo trouxe para o povo, pois, este continua a ser explorado pelas forças do poder
político. Por isso, segundo o autor, o 25 de Abril de 1974 não chegou a quem devia, que é o
povo. Apenas serviu os mesmos de sempre: os senhores do poder. É por isso que em
“Memorial do Convento”, José Saramago põe lado a lado duas linhas de ação a acontecer em
simultâneo: a 1 linha de ação é a da construção do Convento de Mafra pelo povo só para
satisfazer os desejos megalómanas de D.João V.

Um rei vaidoso, que gostava de ficar conhecido para a história como o rei que fez coisas
grandes e não grandes coisas. Daí ter um sonho: construir um edifício que superasse em
dimensão a basílica de São Pedro, em Roma, nem que para isso fosse necessário subjugar
centenas e centenas de homens do Reino para fazer valer os caprichos de um rei frio,
insensível,e autoritário. Estes homens, apesar de saberem que estavam a ser explorados pelo
rei, nada fizeram para mudar a sua condição de homens oprimidos e subjugados.
Acomodavam-se na sua situação de seres humanos explorados e submissos, tudo porque
tinham medo. Saramago cria então o casal fictício na sua obra. Blimunda, sete luas, e Baltasar,
sete sóis. O casal perfeito da história. Aquele casal que é unido pelo amor puro e verdadeiro e
não por um amor falso e de fachada com o que unia o casal real,D.João V e a sua esposa a
Rainha D. Ana Josefa.

Por outro lado, Blimunda e Baltasar, sendo do povo, mostram como este se deve comportar:
insurgiram-se sem medos, contra as massas,não sendo mais duas ovelhas cegas que seguem o
mesmo rebanho. Para Saramago, este é o eterno mal dos portugueses, irem todos uns atrás
dos outros. Se um fez, fazemos todos, se não fez também não fazemos.

As pessoas não sabem pensar pela sua própria cabeça e ver que, se todos fazem, estando
errado, não sendo esse o caminho certo não é para se fazer. A este propósito vejam este vídeo
e entendam a mensagem que o José Saramago nos queria transmitir. O que é certo é que este
voo não terminou da melhor forma sendo que a passarola acabou por se despenhar. Daqui se
conclui que esta conquista linda não se conseguiu pois tal como diz Fernando Pessoa na sua
obra “Mensagem” ”Falta cumprir-se Portugal”. Daí que na obra “O Ano da Morte de Ricardo
Reis”, Saramago começa por apresentar Portugal dizendo que Portugal “é um país onde o mar
acaba e a terra começa”. Invertendo o que nos diz Camões em “Os Lusíadas”, Saramago deixa
assim em aberto a ideia de que por mar já está tudo feito, agora o que há a fazer pelo nosso
país é na terra. Tal como no mar os portugueses tiveram que enfrentar o gigante Adamastor o
símbolo dos maiores perigos e medos do mar, também por terra um novo Adamastor deve ser
ultrapassado para que possamos chegar à “Nova Índia” que desejamos: conquistar
definitivamente a liberdade.

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