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*

caspar Haus er

ú ·e para variar, vou contar para vocês s·imp1esmente


pOJ , . A •

a história. Tres, coisas vou adianta r log o.. primeir. .o


1U11
alavra .
· t r1gante
dela e verdad eira; segund o , ela e' m '
ca da P
tanto para :dulto s quanto para criança s, e as crianças a
entendem tao bem quanto os adultos ; terceiro, mesmo
se O person agem princip al morre ao final dessa história,
ela não tem um verdad eiro fim. Em compensação, tem a
vantagem de não ter acabad o, e de que, talvez, nós todos
saberemos seu fim um dia.
Se eu começ ar a contá- la agora, vocês não devem pen-
sar: "mas isso está começ ando como qualqu er outra his-
tória ilustrad a para jovens. " Qyem começa a contar de
forma tão detalha da e tão sossega da, no entanto , não sou
eu, mas o consel heiro secreto do tribuna l de segund a ins-
tância, Anselm von Feuerb ach, que, com certeza, não a
escreveu para a juvent ude mais madura , mas endere çou
seu livro sobre Caspar Hauser , que foi lido em toda Eu-
ropa, aos adultos . E, espero , da mesma maneir a que vo-
cês vão escutá- la durant e 20 minuto s, a Europa inteira a
acompanhou sem fôlego durant e cinco anos, de 1828 a
18 33. Ela começa assim:

1r «
d ~ d G oro·
Otte. E . ar auser", in GS vn-1, pp. 174-180. Tra uça~ e ~ ~
· Casp H
nic fi ~cnta para um público infanta- juvenil, esta narrativ a radiofo-
ten~ o1 difundida em 22 de novemb ro e I 7 de dezembr o de 1930.
o o pró .
Pno Benjami n como locutor. [N. E. ]

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A ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS

"Em Nuremberg, o segundo dia de Pentecostes é um


dos di as de diversão por excelência, pois ª maior parte
dos seus habitantes se dispersa no campo e nas cidades
vizinhas. Nesses dias, a cidade, que por si só já é muito
extensa em relação à sua população escassa, torna-se tão
silenciosa e vazia, especialmente com O tempo bom da
primavera, que se parece muito mais com aquela cidade
encantada do Saara do que com uma cidade movimen-
tada de negócios e de comércio. Nessa situação, princi-
palmente em algumas partes mais distantes do seu cen-
tro, as coisas secretas podem facilmente ocorrer em pú-
blico, sem deixarem, por isso, de ser secretas. - Assim,
no segundo dia de Pentecostes, em 26 de maio de 1828 '
na parte da tarde entre as 4 e as s horas, aconteceu o se-
guinte: Um cidadão, domiciliado na praça chamada Uns-
chlittplatz, ainda estava na frente de sua casa para, de
lá~ ir at~ o chamado Portão Novo (Neues Tor), quando,
nao multo longe de si, se deparou com um jovem vestido
como um camponês e que ficava parado numa postura al-
tamente peculiar,
. esforçando-se ' à mane1·ra de uma pes-
soa· embnagada, a se movimentar para frente , sem conse-
oguir manter-se
• adequadamente
. ereto e g overnar seus pes,
mencionado cidadão aproximou-se do fi . . .
lhe estendeu uma carta endere d ' oraste1ro, que
de cavalaria do 4. º Esquadrão dt6 : Ao_ Senhor Capitão
-Léger de Nuremberg"' A h . Regimento Chevaux-
romper a história - . c o que, nesta altura, devo inter-
mento Chevaux-L,
' nao apenas par 1·
, a exp icar que um regi-
eger e um regi
também para diz A mento de cavalaria mas
er a voces que '
tava escrita de fo essa palavra francesa es-
t rma completa
ando seu som. Isso , . mente errada, apenas imi-
dev · . e importante · , .
em imaginar a ort fi ' pois e assrm que vocês
Ha user levava consi ogra a da carta inteira· que Caspar
go e que vou ler para vocês depois.

158
CASPA R HAUS EH

sírn qu e tiverem escutado essn carta, vão enten. der fa-


As . ,. ,. fi no por
. L'nte por que o cup1ta o nao . cou com o meni
. .
Cl1Jn\., .
'to tcn1po , mas tento u se livrar dele da mane ira mais
ntlll ·
rápida, ou seja, cham ando a polícia. Como vocês sabem,
a prime ira coisa que se faz quan do algué m se dirige à po-
lícia é um registro. E naqu ela época em que o capitão,
que não sabia o que fazer com o Casp ar Hauser, o entre -
gou à polícia, formaram-se os primeiros registros do gi-
gantesco processo "Caspar Hauser", que hoje está guar-
dado em 49 volumes no Arquivo do Estado de Munique.
Uma coisa desse processo está bem clara: Casp ar Hau-
ser chegou em Nuremberg como uma pesso a totalm ente
embrutecida e tosca, cujo vocabulário não abrangia mais
do que 50 palavras e que não entendia nada que lhe era
dito e que só tinha duas respostas a todas as pergu ntas
dirigidas a ele: "tinham cabalero" e "num sei". Mas como
ele chegou a ter o nome de Caspar Hauser? É urna his-
tória bastante estranha. Qyando o capitão o levou para
o posto de polícia, a maioria dos guardas não chegou a
um consenso sobre se a questão era tratá-lo como uma
pessoa demente ou um semisselvagem. Um ou outro, en-
tretanto, pond erou a possibilidade de que esse rapaz po-
deria ser um refinado impostor. E essa posição ganhou,
num primeiro momento, uma certa probabilidade devido
ao seguinte fato: tiveram a ideia de fazer um teste para
ver se ele sabia escrever, deram-lhe uma pena com tinta,
colocaram uma folha de papel para ele e o mand aram es-
crever algo. Ele parecia ficar feliz com isso, pego u a pena
habilmente entre seus dedos e, para a surpr esa de todos,
escreveu com traços firmes e legíveis o nome Caspar Hau-
ser. Depois disso, o mand aram acrescentar o nome do seu
lugar de origem. Mas ele não fez outra coisa a não ser
balbuciar novamente seu "tinham cabalero" e ''num sei".

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A ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS

O que esses bons policiais não consegu1ram


, saber
na época, ninguém conseguiu saber ate O presente rno,
1nento; ninguém ficou sabendo de onde Caspar Hauser
surgiu. Mas a conversa daquele posto de polícia, segundo
a qual esse rapaz poderia ser um impostor muito esperto,
também se manteve como boato ou como convicção até
o dia de hoje. Vocês ainda vão ouvir algumas curiosida,
des que motivaram essa afirmação. Pelo menos eu, como
contador da história, não quero esconder que a considero
como equivocada. Não se deve procurar no rapaz, mas
em um outro lugar, a impostura que deu início a esta his-
tória. Para tal, agora preciso ler para vocês a carta que es-
tava com Caspar Hauser quando chegou em Nuremberg.
"Magnífico Senhor Capitão! Estou lhe enviando um
menino que gostaria de ser um fiel servidor do seu Rei
'
ele pediu. Esse menino foi deixado comigo - quer dizer:
me foi empurrado clandestinamente - no dia 7 de outu-
b_ro de 1812. Eu mesmo sou um pobre trabalhador dia-
n!ta, tenho dez filhos, mal tenho como me sustentar, e
n~o con~egui saber nada sobre a mãe dele. Mas também
nao falei no tribunal que o menino 11co1· d e1xa . d .
• • o corrugo,
pois eu pensei que deveria trata'-10 .
-Ih ~ como um filho· de1-
e uma educaçao cristã e de d O '
que saísse de cas s e ano de 1812 não deixei
cresceu e ele mes
ª para que ni
~
'
nguem soubesse onde ele
' mo nao sabe 0
o lugar ele também ~ nome da minha casa, e
nao conhece· o . . .-1-
guntar, ele não vai p d d' , seuuor pode lhe per-
senhor não deve · . .
O er 1zer C S
· aro enhor Capitão, o
insistir pois 1 ~
moro, eu o levei d .' e e nao sabe o lugar onde
e e noite ele ~
asa. E ele está s ' nao sabe mais voltar para
nho d em um tostão p
na a. Se o senh ~ orque eu mesmo não te-
pend , or nao fie
. ura-Io na chamin, d ar com ele, deve matá-lo ou
e e efurnar.'' .

160
CA SPA R HAU SER

o ra jun to com ess a car ta h avia um peq uen o bi1h


' · ete
ue não est ava esc rito e n1 dlet ra gó ti ca, co rno ess a car ta
q em 1etr a 1a t·1na , e a1n .
as a em ou tro p ape 1' aparente-,
in I. ,
ente com un1 a ca 1gr afi a tot alm ent e difierente. Sup os-
rn . ada
a1n e nte era a car ta qu e aco mp anh ava a cri an ça d e1x
t _ , .
la ma e 16 ano s atr as. Ah. est ava esc rito qu e e1a era um a
P e ~
a criança. 0
rnoça pob re e. qu e na o ~er1a com o ali me nta r
pai per ten cer ia ao Re gim ent o Chevaux-Lég
er de Nurem-
bém par a esse
berg e que era pa ra ma nd ar o me nin o tam
No ent ant o, e
Regimento ass im qu e fiz ess e 17 anos. -
tur a que fazia
aqui se evi den cia pe la pri me ira vez a im pos
mico mo stro u
parte des se jog o esd rúx ulo : o exa me quí
am ent e do di-
que as du as car tas , aqu ela de 182 8, sup ost
da mãe, foram
arista, e a ou tra , de 181 2, sup ost am ent e
pod em imagi-
escritas com a me sm a tin ta. Co mo vocês
na out ra carta,
nar, logo não se acr edi tou ma is num a, nem
mu ito menos
nem na exi stê nci a do pre ten so dia rist a, nem
da pre ten sa mo ça po bre .
use r pri-
Nesse me io tem po , col oca ram Ca spa r Ha
considerando-
meiro na cad eia mu nic ipa l de Nu rem ber g,
o um a curiosi-
-o menos com o um pri sio nei ro do que com
açã o par a os
dade que rep res ent ava um dos po nto s de atr
s ilustres que
forasteiros. Do gra nd e nú me ro de pes soa
remberg, ha-
esse caso ext rao rdi nár io hav ia lev ado a Nu
erbach, que
via tam bém o Co nse lhe iro An sel m vo n Feu 0
r Ha use r na oca siã o" e sob :e
chegou a con hec er Ca spa
voces. Foi ele
qual esc rev eu o liv ro cuj o com eço li par a · ·
um a . ad a d ecisiva, pois fo.i
vir
quem deu a ess a his tór ia erfic1-
o pnm · e1r . o qu e nã o en xe rgo u Ca spa r H ªuse r sup
~ c.u ndo interesse.
. 1011
a1m e, ma s o est ud ou com o ma is P ,. .
ent on1nc1a
El e b eu que a iné pcia, o 1.d.1ot1.s1n o e a ig•n
perce . . ·· t 1nt c contra ste
do . n a 1s gn ' E
rnen1no en co ntr ava m -se no
1
corn . ( t · r n obre. ssa
seus do ns ex tra ord iná rio s e seu cai ª e

161
I

A ARTE DE CO NTAR HISTORIAS

natureza e a excelência de suas dádivas, mas também eer,


tas marcas externas como, por exemplo, as cicatrizes de
vacina - sendo que, naquele tempo, apenas as famílias
mais ilustres mandavam vacinar seus filhos - , tudo isso
fez com que Feuerbach fosse o primeiro a ponderar a pos,
sibilidade de que esse forasteiro misterioso pudesse ser
o filho de uma família da alta aristocracia, e que ele fora
escondido criminosamente por parentes para privá-lo de
sua herança. Em suas especulações, Feuerbach pensava
especificamente na família do Grão-duque de Baden. Sus-
peitas como essa eram veiculadas inclusive de maneira
disfarçada pelos jornais da época e aumentavam ainda
mais o interesse pela pessoa de Caspar Hauser. Pode-se
imaginar como isso deve ter inquietado todos aqueles
que supunham que ele tivesse desaparecido silenciosa-
mente em algum asilo de pobres ou hospício de Nurem-
berg. Mas as coisas tomaram outro rumo. Feuerbach, em
sua qualidade de alto funcionário do Estado tinha uma
cert~ influência e cuidava que o menino fic~sse em um
am~1ente que satisfizesse sua avidez de aprender, que
hlav;a_ despe~tado com grande vivacidade. Em seguida,
e e 101 acolhido como u filh O
m na casa do professor Dau-
mer de Nuremberg h
' um ornem bom e nobre mas ao
mesmo tempo bastante " . '
apenas um 1· 1 excentnco. Ele nos deixou não
ivro vo umoso b
toda uma biblioteca de obr so re Caspar Hauser, mas
ria oriental segr d as extravagantes sobre sabedo-
' e os natur ·
sobre magnetism ais, curas milagrosas e ainda
cias com Caspar H º· O profess e1 ·
or az1a algumas experiên-
auser ness 'd
muito cuidado e se 'b•i· e senti o, certamente corn
. ~ ns1 l idade h
cnçoes que nos deu dis umana. Segundo as des-
0
scnsibilidade muito d ~ ' Caspar deve ter mostrado uma
.
bnedade e 1•cada cl
e pureza S . · ' areza de pensamento, so-
. ·· CJa co1no t01. e .
· , 1az1a muito progresso
CASPAR HAUSER
-
e 1og
o esteve em condições de tentar descrever su 'd
{. . . . . a v1 a
por onta propna. Nessa ocasião, veio à tona tud
C . o que
sabemos até hoJe do tempo anterior à sua aparição em
Nuremberg. Parece que passou muitos anos num cár-
re subterrâneo, onde nunca chegou a ver um raio de
ce . D .
luz, nem um ser vivo. 01s cavalinhos de madeira e um
cachorro, também de madeira, teriam sido seus únicos
companheiros; água e pão sua única alimentação. Pouco
antes de ter sido tirado de sua prisão, um desconhecido te-
ria feito contato para visitá-lo e, sempre ficando nas suas
costas para não ser visto, conduzir sua mão e ensinar-lhe,
assim, a escrever. É claro que esses relatos, feitos num
alemão tão truncado quanto as anotações, despertaram
muitas dúvidas. Mas causa estranheza que há ao mesmo
tempo testemunhos de que Caspar Hauser, nos seus pri-
meiros meses em Nuremberg, não tolerava outra coisa a
não ser pão e água, nem sequer leite, e que era capaz de
enxergar no escuro. Os jornais não perderam a oportu-
nidade de noticiar que Caspar Hauser teria começado a
trabalhar em sua biografia. Já naquela época, isso quase
significou seu fim, pois, pouco depois de a notícia se es-
palhar, encontraram-no, sem consciência e sangrando
na testa, no porão da casa do professor Daumer. Um des-
conhecido, contou, teria aplicado um golpe de machado,
enquanto estava no abrigo debaixo da escada. Nunca
descobriram esse desconhecido. Mas dizem que, mais ou
menos quatro dias depois disso, um senhor elegante teria
abordado uma mulher fora da cidade para perguntar se
0
ferido estava vivo ou morto, para depois acompanhar
essa mulher até o portão, onde estava afixado um aviso
da polícia sobre o ferido. Depois de ter lido esse aviso.
ele t ena
·
se afastado de uma maneira altamente suspei·ta,
sem retornar
para a cidade.

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A ART E DE CON TAR HIST ÓRIA S

Ora, se tivés sem os tant o temp o nao apen as quanto


eu quer ia, 1nas você s tamb ém, espe ro: quer iam ter, po-
deri a apre sent ar-lh es outr a pess oa nota vel que apareceu
n esse mom ento na vida de Hau ser, um senh or distinto
que o adot ou. Não temo s com o entr ar em deta lhes sobre
a impo rtân cia desse senh or, mas apen as quer o salientar
que, a part ir daquele mom ento , trata va-s e de cuid ar me-
lhor da segu ranç a de Hauser, leva ndo- o de Nure mbe rg a
Ansbach, onde Anse lm von Feue rbac h pass ou a ocup ar 0
cargo de presidente do tribu nal. Isso foi em 1831. Caspar
Hau ser teria mais dois anos a viver, até ser assa ssina do
em 1833. Como isso se deu, vou cont ar para você s agora,
para encerrar.
No decorrer do tempo, ele tinh a pass ado por uma
grande mudança. Por mais que suas capa cida des intelec-
tuais tivessem progredido, por mais que seus dons tives-
sem se enobrecido, sua evolução men tal paro u depo is de
algum tempo e seu cará ter perd eu a pure za. Dize m que
no final de sua vida - sab emo s que ~
nao pass ou dos 31
anos - , ele. foi um hom e m
um t ante mau e med 1ocr
, e, que
bganh
1h ava discretamente sua vi·da com o escr ivão e com tra-
Na os .em pape , lão ' nos quai·s mos trav a mui ta habi lidad e.
d•o mais
~
, porem ele não
' se d esta cava por uma maio r de-
1caçao, nem era espe cialm ente h
E ~ ones to
ntao, num a man hã d d .
teceu que um ho e ezem bro do ano 1833, acon-
"
Uma recomendamem ~ d
o abor dou
na rua com as pala vras :
convite para visit çao o senh or· d' ·
h . , Jar 1ne1ro da Cort e e urn
parque etc." _ p ar, OJe a tar d e, o poço arte sian o no
1
or vota
ser compareceu ao )ard i das quat ro hora s, Casp ar Hau-
perto do poço art . m da Cort e. Não havi a ning·uérn
mesm a direção quan es1ano El d
d · e eu mais cen1 pass os na
d eu um saqu inh o ro ' · 0 um ho . da
. mem saiu mat a, esten -
xo na direç ão dele e disse : "Dou -lhe
CASPAR HAUSER

uinho de presente !" Mal Caspar Hauser tinha to-


se saq . f d
es do O saquinho, sentiu um~ aca ~- O ~ornem desapa-
ca . Caspar deixou o saquinho cair e ainda conseguiu
·receu,tar-se até sua casa. Mas a 1en
e 'd
a era mortal. Depois
arras"s di'as morreu. A.in da h aviam. e . .
1e1to um interroga-
de tre ,
, . com ele mas a questão se esse desconhecido era o
tono '
rnesmo que tentou matá-lo quatro anos antes em Nurem-
berg ficou no escuro, assim como o resto. Por isso, nesse
momento também havia pessoas que afirmavam que Cas-
par Hauser tinha esfaqueado a si mes~o. ~as enc~nt:a-
ram O saquinho. E este era bastante en1gmahco, pois nao
continha outra coisa a não ser um bilhete dobrado em
que estava escrito, em letra espelhada: "O Hauser poderá
contar a vocês como sou e de onde venho. Para poupá-
-lo, vou dizer eu mesmo de onde venho. Sou da fronteira
com a Baviera. Vou até dizer a vocês meu nome." Mas aí
seguem-se apenas três letras maiúsculas: MLO.
Já disse a vocês que há 49 volumes de processo no Ar-
quivo do Estado em lvlunique. Dizem que o Rei Luís 1,
que se interessava muito pelo assunto, havia folheado to-
dos. Depois disso, muitos eruditos ainda os consultaram.
A polêmica em torno da questão de se Caspar Hauser era
ou não um príncipe de Baden até hoje não foi esclarecida.
Cad~ ano sai um ou outro livro no qual se afirma que
0
enigma finalmente está resolvido. Podemos fazer uma
ª~0sta de 100 contra 1. Qyando vocês estiverem adultos
ainda ha ' '
. vera pessoas que não conseguirão se livrar dessa
história n, d
v .. · x_uan o esbarrarem em um livro dessa natw·eza
oces tal .. '
rád' fi vez O lerao para ver se ele tem a solução que a
io co u devendo a vocês.

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