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ORIGENS E DESENVOLVIMENTO DA
TÉCNICA DO CANTO LÍRICO
DR. MARCELO FERREIRA – FASM
INTRODUÇÃO
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MESOPOTÂMIA
Sumérios:
• Canções de Casamento;
• Lamentos Funerais;
• Canções de Guerra;
• Canções Infantis;
• Música sacra cerimonial e para procissões;
• Épicos cantados com acompanhamento
instrumental.
MESOPOTÂMIA
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CHINA ANTIGA
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CANÇÃO
ÍNDIA ANTIGA
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ANTIGUIDADE HEBRAICA
• Os exemplos mais antigos de música de sinagoga que temos
registro são baseados no sistema utilizado no Templo em
Jerusalém.
• De acordo com o Mishnah, a primeira coleção das tradições
orais judaicas, o Templo tinha uma orquestra de 12
instrumentos e 12 cantores.
• O serviço nas sinagogas utilizavam canto sem
acompanhamento instrumental, com um cantor e respostas da
congregação. O ritual judaico, obviamente, foi de grande
influencia nos primeiros séculos da música cristã.
• O Antigo Testamento tem mais de 12 termos diferentes para se
referir à música vocal.
GRÉCIA ANTIGA
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GRÉCIA ANTIGA
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• Antes do século IV, temos muito pouca informação sobre as práticas da música cristã, mas
é possível presumir que ela apresentasse pouca uniformidade de um centro para outro;
• No início do século IV, o Papa Silvestre instituiu uma escola de canto em Roma. Muito
pouco se sabe sobre o que era ensinado, mas sabemos que o objetivo era o estudo do
canto em si, não de técnica vocal;
• Com o Concílio de Laodiceia (363 – 364 CE), a congregação foi proibida de cantar, e a
música ficou por conta do coro, com cantores treinados;
• Com a necessidade de uniformização da execução do canto, questões de fraseado e,
consequentemente, fundamentos da técnica vocal começaram a ser discutidos;
• Já nesse período inicial, é possível identificar duas formas de canto, declamatório e florido.
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IDADE MÉDIA
• Muitos elementos que associamos ao canto lírico moderno já eram encontrados nesse período:
• O Trinado é possivelmente utilizado desde o século I, e com certeza desde o século III (Vibrissare);
• O Portamento é mencionado por Guido d´Arezzo no século X (Liquescere);
• Diminuições existem desde o começo do milênio, mas ganhou prominência com a arte do
Descanto, no século XI;
• Marcas de Expressividade foram utilizadas desde o século VIII – Letras Romanianas;
• Antes de 1300, a divisão da escala em registros vocais já existia, evidenciando um estudo
sistemático da voz;
• Tipos de vozes, tanto quanto a sua tessitura, quanto a sua qualidade vocal, já eram discutidos.
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SCHOLA CANTORUM
• Com a queda do Império Romano (476 CE), as escolas de
Roma, que já vinham em declínio, desapareceram;
• Em 535, Marcus Aurelius Cassiodorus, pai de Boethius,
organizou fundos e possibilitou a reorganização dessas
escolas;
• Posteriormente, fundou o monastério onde Gregório,
futuro papa, estudou e trabalhou;
• Pouco após se tornar Papa, Gregório fundou a Schola
Cantorum, a escola de cantores que definiria a execução
da liturgia em toda a Europa.
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SCHOLA CANTORUM
• Os melhores alunos de todas as escolas da Europa eram enviados para a Schola Cantorum;
• O curso durava 9 anos, nos quais os alunos recebiam instruções teóricas e práticas, e decoravam
todo o repertório, pois apenas o diretor e o solista eram permitidos cantar com o livro;
• Todos os cantores eram homens e meninos, tinham a cabeça raspada, e usavam casula, uma veste
litúrgica arredondada que cobre o corpo inteiro;
• A música desse período recebeu fortes influencias de diversos tradições de canto, e com certeza
apresentava momentos de escrita florida, apesar de que num caráter bastante diferente do que
veríamos no século XIX;
• O legato era a forma de articulação favorita e é extremamente defendido em quase todos os
textos.
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CANTO GREGORIANO
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POLIFONIA
• Mesmo com a Docta Sanctorum Patrum, a polifonia voltou a evoluir e retomar um lugar de
destaque;
• Com a disseminação da polifonia na música sacra, dois tipos de prática foram descritos:
contrapunctus a penna e contrapunctus a mente;
• Temos o aparecimento da técnica do descanto, a prática de se improvisar uma melodia acima da
linha do cantus firmus;
• Quanto o canto em partes se tornou prevalente, formas populares como a Frottola e o Strambotti
permitiram a inclusão de vozes femininas, e aos poucos a melodia começou a ser escrita para a voz
mais aguda;
• Em torno do século XIV, o descanto já tinha regras bem definidas, como a necessidade das vozes se
encontrarem nas consonâncias;
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POLIFONIA
• O ultimo autor a mencionar contrapunctus a mente, Cerone em seu livro Il Melopeo (1613), distingue
duas situações dentro desta prática:
• Cantores improvisando suas partes ao redor de uma melodia;
• Cantores ornamentando suas próprias linhas vocais;
• Cerone já reclamava dos excessos produzidos pelos cantores, que ornamentavam suas linhas ao mesmo
tempo, ao invés de em sucessão;
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RENASCENÇA
• A tradição do canto secular se manteve com os Cantori a Liuti, extremamente populares na Itália;
• Canto em partes tornou-se comum na vida das pessoas, como podemos encontrar em vários textos
da época como no Decameron (1348 – 1358) de Boccacio;
• Com o desenvolvimento da imprensa, várias coleções de música polifônica foram impressas, e sua
popularidade como entretenimento chegou ao seu auge;
• Música passou a fazer parte da educação de todos os aristocratas, como por exemplo na educação
das mulheres da corte Elizabetana, que sabiam ler música e se acompanhar no alaúde ou outros
instrumentos,
• É difícil precisar quando as mulheres começaram a como cantoras profissionais, mas é mais que
bem documentado que a prática existe desde bem antes de 1600.
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RENASCENÇA
• Lentamente, vemos a elevação do melodia cantada por uma voz solista, dando
ainda mais importâncias às vozes agudas;
• É difícil precisar quando a monodia começou a predominar pois temos acesso as
partituras mas pouca informação direta sobre a prática de performance;
• Muitos autores acreditam que diversas peças polifônicas do período foram escritas
para ter apenas a voz mais aguda cantada, e as outras linhas executadas por um
instrumento; Seus argumentos são baseados, também, na diferença de caráter
entre a melodia e as outras partes;
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• Com a maior interesse do povo em executar música polifônica para seu próprio
entretenimento, a busca por instrução vocal mais acessível se intensificou;
• Com isso, vários tratados sobre a arte do canto apareceram no século XVII, uma
prática que foi continuada até o final do século XIX;
• Esses tratados são focados essencialmente em questões de ornamentação, mas
aos poucos começamos a encontrar discussões sobre o funcionamento da voz e de
como cantar;
• Foco na voz masculina.
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TRATADOS DE CANTO
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CONSIDERAÇÕES
• A História da Música tende a encarar os grandes nomes da música do fim do período medieval e da
renascença como grandes compositores e teoristas, o que eles com certeza foram;
• Mas a história negligencia muitas vezes o trabalho desses mestres como cantores, o que a grande
maioria também foi;
• Como vimos anteriormente, a maioria dos tratados que estudamos, falando sobre os mais diversos
assuntos da música, foram escritos por cantores;
• Esses autores foram também professores de outros cantores, assim como a maioria dos
compositores do período;
• Johannes Okeghem, Josquin des Pres, Arian Willaert, Jacopo Peri, Giulio Caccini – Todos cantores
famosos.
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CONSIDERAÇÕES
• Pela primeira vez, começamos a ter uma consistência mínima na literatura para
desenhar um panorama da técnica vocal, o que não significa que não existia uma
sistemática pedagógica anteriormente;
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• Temos muito poucas descrições de timbre nos textos desse período. Quando mencionado, é quase
sempre em termos abstratos como firme, suave, limpo, doce ou sonoro.
• Zacconi foi a exceção, sendo bem mais específico que seus contemporâneos;
• Zacconi descreveu a qualidade do som de diferentes vozes e diferentes registros, deixando claro
sua preferência pelo som brilhante da voz de peito.
• “Dentre todas as vozes, devemos sempre escolher […] as vozes de peito, e particularmente aqueles
com a deliciosa qualidade ‘mordente’ que perfura um pouco mas não ofende, e devemos deixar de
lado as vozes ‘obtusas’ que não são ouvidas entre as outras, e as de cabeça que são excessivamente
dominantes.”
Prattica di musica, Libro Primo, Cap. LVIII, Fol. 77
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• Não há uniformidade suficiente na literatura pra se chegar a uma conclusão definitiva ou para
acreditar que existia uma única opinião quanto a vibração da voz, em suas mais diversas formas.
• Na maioria das fontes, tremolo parece ser um fenômeno occasional, um ornamento que pode ser
utilizado seletivamente;
• Outras fontes descrevem ondulações vocais que não são ocasionais, mas um elemento intrínseco
da voz cantada;
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• Zacconi escreveu: “O tremolo deve ser leve e agradável, pois se for exagerado e forçado, ele cansa e
irrita; sua natureza é tal que, uma vez utilizado, deve ser sempre para que assim seu uso se torne
um hábito.”
• Luigi Zenobi, em sua Carta sobre o Músico Perfeito (~1600), utiliza o termo Ondeggiamento, e
defende que as sopranos devem, mais que todas as vozes, havere l´ondeggiar della voce; assim
como muitas outras fontes elogiam sopranos pelo doce tremor de suas vozes;
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• A única certeza que podemos ter é de que os autores desse período eram muito menos obcecados
com vibrato do que nós somos hoje em dia.
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• Exemplos:
• Trecho de um dos Salmi Passegiati do
livro Francesco Severi, 1615.
• Nella Maniera Che Si Cantano in Roma
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NOVA MÚSICA
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EDIÇÕES
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EDIÇÕES –
ESTUDO DE CASO
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QUESTÕES PRÁTICAS
• Instrumentação não é claramente definida, principalmente no caso do instrumento que ira tocar o
baixo-contínuo;
• A frequência das notas variavam imensamente de lugar pra lugar, principalmente devido a afinação
dos órgãos. Transposições eram frequentes;
• A = 440hz só foi estabelecido em 1939, mas a prática de usar A = 415 é bem mais recente e existe
por conveniência, não por representar a afinação da época;
• Por ser, em parte, uma reação ao estilo florido da renascença, esse novo repertório exige uma
grande atenção a pronúncia e inteligibilidade do texto;
• Muitas vezes deixado de lado nas performances “HIP”, a pronúncia mudou durante os séculos e
uma interpretação que busque ser o mais informada o possível, não deve negligenciar esse fator.
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OPERA SERIA
• Ao final do século XVII, ópera havia se espalhado por toda a Itália e se tornou uma das
formas mais populares de entretenimento.
• Nesse período é possível perceber um tipo de ópera sendo favorecido por compositores e
audiências por quase toda a Europa. Esse estilo de ópera, muitas vezes chamado de
“Ópera de Árias”, consiste de uma sequencia de momentos dedicados a representar um
tipo de emoção, com pouca conexão entre estes e, consequentemente, demonstrando
indiferença quanto a uma apresentação realista da trama.
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OPERA SERIA
• Um novo tipo de ópera aparece na virada do século como resultado de uma revolução de membros
da Accademia degli Arcadi, de Roma. O membro mais importante dessa revolução foi o libretista
Pietro Metastasio, que se tornaria posteriormente o poeta oficial da corte de Viena.
• A revolução que gerou o que seria posteriormente chamado de Opera Seria inicia com uma
modificação no formato dos novos libretos s, com a intenção de diminuir o número de árias e
eliminar a mistura de elementos trágico-heroicos dos elementos cômicos.
• As árias dessas óperas passam a seguir arquétipos pré-definidos, possibilitando assim ao libretista
prever o tipo de música que seria composto para cada cena. Alguns desses “tipos” de ária são: aria
di bravura, aria parlante, aria di mezzo carattere e aria cantabile.
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TRATADOS DE CANTO
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• Caccini escreveu muito nas linhas de seus antecessores quanto ao controle de ar, mais uma vez
alertando contra o falseto;
• Dedicou sua atenção ao controle do ar nas variações de dinâmica, assunto também abordado por
Domenico Mazzocchi (1592 – 1665) em seu livro de madrigais.
• Bacilly também escreveu sobre o controle do ar, alertou que o controle do ar no canto tem que ser
desenvolvido junto e através de outros particulares do canto.
• A maioria da literatura não difere muito das gerações anteriores, se limitando a afirmações de bom
senso comum.
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SÉCULO XVIII
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Por estar mais livre do peso da tradição, a ópera cômica começou a absorver
características do nascente classicismo, e permitiu o surgimento de um novo tipo
de ária, menos focada na exibição vocal.
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TRATADOS DE CANTO
• Anleitung zur Singekunst (1757)
• Johann Friedrich Agricola (1720 – 1774)
• Compositor, organista, cantor e pedagogo alemão;
• Foi compositor da corte de Friederich II, e casou-se com a
soprano Benedetta Emilia Molteni, uma soprano da corte, o que
lhe causou problemas com o Imperador.
• Seu Anleitung é uma tradução do Opinioni de Tosi, com extensos
comentários;
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“ Meisner, como você sabe, tem o mau hábito de fazer a voz tremer em alguns
momentos, transformando uma nota que deveria ser sustentada em semínimas ou
até em colcheias, e isso eu nunca pude suportar. E é realmente um hábito detestável
e um que é deveras antinatural. A voz humana ondula naturalmente, mas de sua
própria forma, e apenas até onde o resultado seja belo. Essa é a natureza da voz; e as
pessoas a imitam não apenas nos instrumentos de sopro, mas em instrumentos de
corda também e até no clavicórdio. ”
W. A. Mozart, em carta para seu pai em 1774.
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SÉCULO XIX
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SÉCULO XIX
Ópera cômica continua a evoluir na França e vemos o surgimento das Operettas, um estilo leve e de
música fácil, que se diferencia da opéra comique por uma certa frivolidade em seus librettos. O
compositor de maior sucesso dessa fase inicial do estilo foi Jacques Offenbach (1819-1880), mais
famoso por seu último e mais sério trabalho Les Contes d’Hoffman (1881). Offenbach compôs
diversas operettas como Orphée aus Enfers (1858), La Belle Hélène (1864), La Vie Parisienne (1866)
e La Périchole (1868).
O estilo contaminou outras partes da Europa, em particular através do trabalho de Kreutzer, Flotow,
e Lortzing na Alemanha, e as imortais operettas do compositor inglês Arthur Sullivan (1842-1900)
em parceria com o libretista W. S. Gilbert, assim como H.M.S. Pinafore (1878), Pirates of Penzance
(1880) e The Mikado (1885).
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LIEDER
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CHANSON
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MANUEL GARCIA
• Teve a voz danificada cedo em sua carreira, após substituir o pai em diversas
apresentações.
• Trabalhou em hospitais militares onde seu interesse por fisiologia pode ter
nascido.
• Após a morte de seu pai, tornou-se responsável pelo treinamento de suas irmãs,
atingindo fama como professor e ingressando ao Conservatório de Paris em 1835.
• Erroneamente considerado o inventor do laringoscópio, foi o primeiro a usá-lo
para investigar a produção da voz.
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FRANCESCO LAMPERTI
• Defendia que o cantor deveria manter um elemento de claridade para manter o brilho da
voz, mas deveria ter um elemento escuro, que seria formado no fundo da garganta;
Lamperti foi fundamental para a divulgação do ideal do chiaroscuro na técnica italiana.
• Lamperti utilizou o termo lotta vocale, criado pelo médico Louis Mandl em seu famoso
livro Hygiène de la Voix (1876), para descrever a ação antagonista entre a musculatura da
inspiração e da expiração, que deveria ser controlada durante o canto;
• Provavelmente, Lamperti foi responsável pelo estabelecimento do termo appoggio na
literatura da pedagogia vocal.
• A partir da disseminação dos trabalhos de Garcia e Lamperti, e sua adaptação as questões
linguísticas e estéticas locais, vemos o surgimento das escolas nacionais de canto.
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• Garcia era notoriamente oposto a qualquer forma de vibração da voz, criando grande
confusão ao defender um fechamento mais firme da glote;
• Por outro lado, podemos escutar gravações de alunas de sua aluna favorita, Mathilde
Marchesi, e todas cantam com vibrato;
• Lamperti distinguia “tremor” da voz, um defeito, e “ondulação”, que seria um efeito
desejável atingido por uma voz forte, vibrante e sonora;
• Existe uma história anedótica de que o cantor Giovanni-Battista Rubini, um celebrado
cantor de óperas de Donizetti e Bellini, teria introduzido o vibrato aos palcos operísticos.
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• Quando Garcia apresentou suas teorias, o tópico de timbres e suas causas fisiológicas já atraia
bastante atenção;
• Em 1940, dois biólogos franceses fizeram uma apresentação para a Academia de Ciências sobre a
nova e “radical” técnica empregada pelo tenor Gilbert Louis-Duprez;
• Aparentemente, Duprez foi o primeiro tenor a cantar o Famoso “dó de peito”, alcançando essas
notas com o que os franceses chamaram de timbre sombrio ou coberto;
• Em Garcia, percebemos a convivência da nova técnica com a antiga voz de cabeça; e Garcia
defendia que a nova técnica era mais adequada para o novo repertório;
• Estamos observando o nascimento da técnica da voz de cabeça moderna;
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CLASSIFICAÇÕES VOCAIS
• Durante o século XIX, as óperas cada vez mais eram escritas para um tipo
específico de voz e, como se estavam explorando extremos de volume e tessitura,
foi cada vez mais necessário uma especificidade na adequação de tipos vocais,
gerando nosso sistema de classificação vocal;
• Não só os termos para as vozes médias do barítono e da mezzosoprano viraram
lugar comum, como as vozes ganharam “sobrenomes” cada vez mais específicos;
• Diferentes tradições geraram diferentes sistemas, como o sistema de Fach alemão
ou a classificação vocal da ópera italiana;
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SÉCULO XX
• Com a virada do século, veremos os últimos anos de ouro da ópera italiana, que teria em
Puccini o seu último grande compositor;
• Na Alemanha, o romantismo conviveu um bom tempo com as novas experiências
musicais, tendo Richard Strauss como seu principal representante nesse período tardio;
• Com teatros maiores, instrumentos com mais volume, orquestras maiores, afinação mais
alta e com os compositores explorando os limites de tipos específicos de voz, eficiência
vocal foi se tornando a palavra de ordem da pedagogia;
• Ideais como fraseado e pureza do timbre começaram a ceder à questões como
dramaticidade e expressividade realista, e questões práticas como resistência e projeção
vocal.
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SÉCULO XX - PEDAGOGIA
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SÉCULO XX - PEDAGOGIA
• Nas primeiras décadas do século, a influencia das escolas nacionais continua bastante
forte. Na técnica italiana, as idéias de Garcia e Lamperti ainda dominavam o cenário;
• Vemos aparecer o fenômeno de livros de cantores famosos ou sobre a técnica de cantores
famosos, como o infame livro da Lili Lehmann ou o livro do Dr. P. Mario Marafioti, sobre o
método de produção vocal de Caruso.
• Com as guerras mundiais, temos um período de pouca produção literária, seguido por uma
renovação, com o começo da pedagogia vocal moderna, desenhada para o modelo
universitário.
• Temos também uma abrupta mudança do centro de produção para os Estados Unidos, e
os primeiros livros que unem o canto com a ciência do século XX.
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• Donald G. Miller
• EGG Portátil
• Voce Vista
• Resonance in Singing: Voice Building
Through Acoustic Feedback (2008)
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• Kenneth Bozeman
• Practical Vocal Acoustics: Pedagogic
Applications for Teachers and Singers
(2014);
• Kinesthetic Voice Pedagogy 2:
Motivating Acoustic Efficiency (2021)
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