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Bambu – Manual de aplicações para construções

BAMBU

MANUAL DE UTILIZAÇÕES EM
CONSTRUÇÕES

Gabriela Dias Mendes


Apoio CNPq
Bambu – Manual de aplicações para construções
2
Este manual é uma reunião de informações, estudos e
conclusões de inúmeros trabalhos científicos sobre as
potencialidades, limitações e cuidados no emprego do
bambu em construções. Seu principal objetivo é oferecer
conhecimentos técnicos e científicos para o
desenvolvimento de construções em bambu, a fim de
revelar e enfatizar suas possibilidades construtivas e
seu potencial estrutural quando utilizado de forma
adequada, evitando os equívocos de uma tecnologia não
apropriada.
Espera-se que este trabalho sirva de instrumento a
profissionais da construção e também ao publico em
geral, mostrando os primeiros passos para o uso do
bambu como material de construção e esclarecendo
dúvidas que possam surgir durante alguma etapa do
processo construtivo. Para isto, inclui-se neste manual
desde processos de cura e tratamentos do bambu até
informações estruturais, tipos de encaixes e aplicações
diretas do material, combinando técnicas tradicionais e
modernas.
Espera-se através deste manual incentivar o uso do
bambu em construções populares (principalmente
habitações), já que ele é um material econômico e que
pode constituir uma alternativa de solução para os
problemas do alto custo da construção convencional no
Brasil e outros países.
Além do objetivo social, pretende-se que este manual
sirva de estímulo para futuras pesquisas que,
aprofundando o tema, contribuam para tornar o bambu
um material mais apropriado e eficiente em construções.
Bambu – Manual de aplicações para construções
1

Índice
1

1- História 3

2- Definição 7

3- Realidade da habitação no Brasil e o uso do


8
bambu como um material econômico

4- Vantagens do bambu 10
Rápido crescimento
Adaptação às condições climáticas
Material ecológico

5- Propriedades físicas e mecânicas 12

6- Espécies de bambu apropriadas para


18
Construção

7 -Cuidados com o corte 21

8- Cura e secagem do bambu 23

9- Tratamentos 26
Preservativos 26
Impermeabilização 29

10- Treliças de bambu 31

11-Encaixes e ligações 33

Bambu x bambu 33
Bambu x corda 35
Bambu x outros 36
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2

12- Associação do bambu com outros materiais 38


Bambu + concreto 38
Bambu + argila + fibras 39

13- Aplicações 42

parede 42
piso 43
telhado 44
telhas 44
forro 45
fechamentos 46
estruturas 47
cercas 48
Bambu – Manual de aplicações para construções
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1 História

Por ser muito versátil, o bambu é um dos materiais


mais antigos a ser utilizado pela humanidade. Se nos
voltarmos para a origem da arquitetura, constatamos como
os materiais naturais contribuíram para o seu
desenvolvimento 1 e como mantiveram sua importância
mesmo quando confrontados aos materiais industrializados.
O uso do bambu em construções é uma nova corrente
regionalista a partir de um material alternativo, natural e
renovável.
Pelas suas boas características físicas, sua forma,
leveza, baixo custo e fácil disponibilidade, o bambu é um
material eficiente em construções, tanto estruturalmente
quanto para fechamentos e
acabamentos. O material substitui
quase totalmente a madeira, por ser
de fácil manipulação. Segundo
Denise Morado, disponível em quase
todo o mundo, adequado a
construções de baixo custo, o
popular bambu pode ser integrado à
produção moderna de edificações e
estruturas. Vigas, arcos, cúpulas,
pórticos, telhados, tendas, casas,
templos, vilas inteiras são produzidos
há centenas de anos por uma
arquitetura tradicional. Mesmo no
mundo moderno, o bambu tem
adquirido, a cada dia, maior
importância. 2
Martinesi diz que o uso do
bambu na engenharia data desde a
era A.C. na China, onde pontes
suspensas eram construídas com
Trançado de bambu – Templo com
forma orgânica.
Fonte: VÉLEZ, S. Grow your own
house. Vitra Design Museum and
1 Muitos elementos construtivos que hoje existem na forma de pré-faAutoren.
bricados Hannover, 2000. ente feitos
foram primitivam
em bambu.
2 MORADO D. Revista Techne, Material de Fibra. São Paulo, ano 2, 1994, p.36.
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c a b o s d e b a m b u 3. A p a r t i r d a s p o n t e s , e s t r u t u r a s t r e l i ç a d a s
em construções diversas como cúpulas geodésicas,
andaimes e coberturas em geral tornaram-se usuais
principalmente nos países asiáticos. 4 Técnicas de
construção desenvolvidas na Índia neste mesmo período são
até hoje utilizadas nos países orientais, como por exemplo,
as tubulações de transporte de água encontradas na
Tailândia, Taiwan e principalmente Indonésia. Neste ultimo
país, 35% das habitações são feitas de bambu, em
Bangladesh constrói-se cerca de 60% e nas Filipinas cerca
de 90% de habitações em bambu.
O bambu tem tanta importância para os povos
orientais que é conhecido como “madeira do pobre”, na
Índia como “amigo do povo” e no Vietnam como “irmão”.
Segundo o professor Ghavami, que desenvolve pesquisa
sobre o material há vinte
anos na PUC-Rio, é
importante assinalar que
nos paises asiáticos com
auxilio da tecnologia
moderna, tem-se obtido
novas aplicações para o
bambu por adaptação de
técnicas ou com a
elaboração de diversos
materiais obtidos por Esta obra nos mostra a combinação do bambu à alta
transformação dele. 5 O tecnologia
bambu ganhou espaço até Fonte: VÉLEZ, S. Grow your own house. Vitra Design
Museum and Autoren. Hannover, 2000.
mesmo na área de
tecnologia espacial, onde
é utilizado pela NASA como isolante de naves espaciais.
As diversas espécies de bambu possibilitam mais de
mil utilizações em todas as áreas das atividades humanas.
Nos países orientais, os bambus são usados na construção
de casas, móveis, cercas, fabricação de balsas para
transporte, pontes, vasos para armazenamento de água,

3 Os relatos sobre a existência dessas pontes de bambu datam de 399 d.c. citando construções dos
indianos que viviam ao Sul do Himalaia e pontes chinesas no Tibet. O interessante é que ambos utilizaram o
bambu como material para pontes e empregaram técnicas de construção completamente diferentes.
4 MARTINESI, R. A. Características dos bambus e uso alternativo no concreto. Tese Mestrado, DEC-PUC /
RJ,1986, pg. 5.
5 GHAVAMI, K. and Culzoni, R.A.M. Alguns aspectos na utilização do bambu como material de construção.
Departamento de Engenharia Civil, PUC-Rio, Brasil, Abril de 1985.
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utensílios domésticos, esteiras, reforço para concreto,


embalagens, chapas, painéis contrachapados, ladrilhos
para piso, postes, mastros, pregos (cavilhas), manivelas,
brinquedos e instrumentos musicais, bem como na produção
de papel. Como enchimento de pisos e paredes, o bambu é
um ótimo material isolante. Segundo Spencer, são infinitas
as potencialidades do bambu em termos plásticos,
econômicos, de facilidade de modulação e diversificação
de aplicabilidade. A eficiência desse material para a
construção civil é comprovada considerando-se a
quantidade e a durabilidade das obras construídas pelos
povos asiáticos. 6 O Taj Mahal é um grande exemplo de
construção milenar onde a abóbada foi estruturada em
bambu.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o interesse
pelo bambu cresceu a partir do seu uso em construções
militares. Os Estados Unidos e Japão viabilizaram pesquisas
aprofundadas sobre o material. Estas demonstraram que
peças estruturadas com espécies de bambu apropriadas
resistem muito mais a esforços do que peças de concreto
sem armação.
Em alguns países da América do Sul com
abundância do material, como Colômbia, Equador e Peru,
várias aplicações têm sido exploradas principalmente sob
forma de paredes, muros e andaimes. 7 Nestes paises
encontram-se moradias rurais de paredes de adobe que
utilizam ripas de bambu, devido à disponibilidade do
material. A Colômbia é o país latino-americano que mais
emprega o bambu em construções de habitações rurais e
urbanas. Assim vem incentivando o uso deste material a
partir de programas governamentais a fim de suprir os
problemas habitacionais do país, já que o bambu é
economicamente viável, encontrado em todo território
colombiano e eficiente estruturalmente. Além da
preocupação social, o bambu vem sendo utilizado com
enfoque contemporâneo e tecnológico. Na Costa Rica foi
desenvolvido um projeto para construções de casas
populares de bambu com a participação da organização
das Nações Unidas (ONU), que inclusive recebeu um prêmio
de desenvolvimento sustentável.

6 GRAÇA, V. L. Bambu - Técnicas para o cultivo e suas aplicações. 2ª edição, São Paulo, Icone Editora,
1988. p. 63.
7 FARRELLY, D. The book of bamboo. San Francisco, Sierra Club Books, 1984.
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O Brasil possui registros históricos que comprovam a


eficiência do bambu. De acordo com o artesão Lúcio
Ventania, grande parte das igrejas erguidas no período
colonial teve como instrumento de sustentação de paredes
e cúpulas, estruturas de bambu. 8 A utilização do bambu no
Brasil ainda hoje é muito insignificante se comparada com
outros países. Como matéria-prima industrial, ele tem sido
relegado a segundo plano, permanecendo como uma
espécie vegetal relativamente pouco utilizada e estudada
em suas características tecnológicas. Deve-se ressaltar,
entretanto, que nos últimos anos, o bambu vem ganhando
importância econômica e espaço em construções civis,
comprovando sua eficiência. No meio rural o bambu é muito
utilizado em cercas,
paredes de pau-a-pique,
tubulações para irrigação,
estufas, elementos para
jardins e muitos outros. As
paredes de pau-a-pique
possuem tradição secular,
sendo feita a armação de
varas de bambu verticais
e horizontais que
posteriormente é
preenchida com argila.
Estes usos são culturais,
suas técnicas nascem
instintivamente, unindo
conhecimentos construtivos
tradicionais a materiais nativos e
representando a mais verdadeira
arquitetura popular. Também já
se encontram construções de
grande porte em bambu no Brasil,
como casas, pousadas, lojas, e outras, afirmando-se assim a
qualidade e beleza estética do material. Na cidade de
Campo Grande, por exemplo, encontra-se o Memorial da
Cultura Indígena, estruturado em bambu, encaixes metálicos
e coberto por fibra natural, seguindo um partido que
explora a combinação destes materiais. Nesta obra

8 Gazeta Mercantil, Belo Horizonte, 17 de Fevereiro de 1999, p.3.


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procurou-se incentivar o emprego de bambu local e ao


mesmo tempo estimular a mão de obra regional.
Todos estes exemplos do emprego do bambu em
construções diversas ao longo de nossa história nos mostram
a viabilidade do uso do material e seu potencial estrutural e
estético. Fotos obtidas com o Professor
Ghavami no departamento de
engenharia civil da PUC-Rio.

2 Definição

O b a m b u é u m a p l a n t a d a f a m í l i a d a s g r a m í n e a s 9,
de alto porte, cujo tecido resistente é composto
principalmente de lignina e celulose, os mesmos polímeros
que conferem resistência mecânica às madeiras lenhosas.
Esta espécie vegetal tem aproximadamente 115 gêneros e
mil e trezentas espécies, espalhadas por todo mundo. Cada
espécie de bambu tem suas peculiaridades em termos de
tamanho, espessura, forma, cor e resistência, o que torna
umas mais apropriadas para certos fins que outras. Grande
parte delas crescem em climas tropicais e regiões mais
quentes.
A cultura do bambu é perene, os colmos são
produzidos assexuadamente, o que torna seu plantio
economicamente interessante. Seu crescimento é muito
rápido, podendo algumas espécies completar seu
crescimento em 40 dias, mas somente após três anos inicia-
se a lignificação e silicificação, processos que tornam o
bambu próprio como elemento construtivo. Ao longo do
colmo apresenta alta resistência, encontrando-se aí cerca
de 70% de fibras longitudinais.

9 Bambus são gramíneas gigantes e não arvores como comumente se acredita.


Bambu – Manual de aplicações para construções
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Sua altura pode chegar até 40 metros para bambus


com espessura entre 5 e 12 centímetros de diâmetro e 30
metros quando mais finos. Quando nasce já apresenta o
diâmetro que manterá durante toda sua vida, não
mostrando crescimento na largura, somente na altura.
É um material com grande potencial tecnológico,
apresentando baixo peso especifico, alta resistência à
tração, baixo custo, fácil trabalhabilidade e dispensando
mão de obra especializada no seu manuseio.

cavidade

Entrenó colmo nó
colmo

O bambu e suas

3
partes constituintes.
Desenho do autor
Realidade da habitação no Brasil e o uso do
bambu como um material e c o n ô m i c o

Grande parte população brasileira vive sob


condições precárias de vida e não apresenta condições
financeiras suficientes para adquirir moradias adequadas.
Milhões de pessoas se instalam de forma improvisada em
favelas e na periferia das cidades, vivendo em casas
desconfortáveis, sem condições de higiene e segurança e
construídas sem tecnologia adequada. Em contrapartida o
território do país é rico em recursos naturais que apresentam
potencial como elementos construtivos e que por serem de
baixo custo e de fácil utilização poderiam resolver o
problema habitacional.
O bambu é um material que oferece grandes
vantagens para sua aplicação na construção,
principalmente no Brasil, cujo clima tropical é favorável ao
seu crescimento e desenvolvimento, e onde ele pode ser
encontrado em abundância. No Acre, por exemplo, existem
bosques naturais de bambu com até 85.000 Km2. Esta
disponibilidade do material o torna economicamente
interessante, viabilizando assim o desenvolvimento de
sistemas construtivos e de peças de bambu de baixo custo.
Bambu – Manual de aplicações para construções
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Podem ser construídos casas, escolas e centros comunitários


de até dois pavimentos com vigas e lajes de bambu e
argamassa e que uma boa residência de 100 m2 pode ficar
em apenas dois mil dólares, o que viabiliza a construção de
casas mais modestas, podendo ser uma solução para
moradias populares, sobretudo no processo de urbanização
a s f a v e l a s , c o m o f o i f e i t o e m B a n g l a d e s h . 10
Ainda hoje existem preconceitos em relação às
construções em bambu, dando-se preferência à utilização
de materiais convencionais, subestimando-se ou
desconhecendo-se o potencial do bambu como material de
construção e esquecendo-se dos valores regionais. A
substituição de produtos convencionais por materiais
alternativos com propriedades construtivas similares pode,
além de trazer vantagens econômicas, superar as técnicas
convencionais.
O emprego do bambu em habitações e edifícios no
Brasil, além de atender à carência social e econômica da
construção civil, responderia também ao aspecto cultural,
pois ele é um material nativo, de identidade regional e
beleza estética. É um material de grande potencial
tecnológico e que pode ser estudado para se obter uma
maior eficiência e praticidade, inclusive em sua associação
com outros materiais, o que ao mesmo tempo reafirma a
cultura construtiva tradicional, valoriza nossos materiais
naturais como elementos construtivos e atende às
necessidades sócias econômicas do país.
Outro fator que torna o bambu um material
construtivo econômico é o fato de, como já foi dito, não
demandar mão de obra especializada para o seu uso,
constituindo uma tecnologia de fácil absorção e que
permite assim a montagem de programas de construção
com a participação da população.
A melhoria do aproveitamento do bambu como
material de construção pode tornar acessível às pessoas de
baixa renda habitações mais econômicas e confortáveis.
Além disso, o resgate cultural e a busca de soluções
construtivas alternativas, baseadas em contextos locais,
consistem num dever de nossa arquitetura. O Brasil é rico
em materiais naturais, e a valorização deles pode vir a

10 GHAVAMI, K. O Bambu, forte como o aço. Dirigente Construtor, Março 1992, vol. XXVIII, Tecnologia.
São Paulo, Brasil, p. 26.
Bambu – Manual de aplicações para construções
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representar uma solução bastante satisfatória para nossos


problemas construtivos.

4 Vantagens do bambu

Rápido crescimento
Adaptação às condições climáticas
O bambu como material ecológico

A utilização de recursos inesgotáveis, isto é, de


fácil e rápida reposição, é a mais coerente sob ponto de
vista ecológico, visto que alguns recursos naturais vêm se
esgotando. Devido à carência de material e energia,
nasceu uma nova preocupação com o uso de materiais
construtivos alternativos e de baixo custo, principalmente
em paises de economia agrícola e com problemas de
habitação.
O bambu, raramente utilizado pelos ocidentais em
construções é, como já foi dito, um material de grande
potencialidade econômica e estrutural. Desenvolvendo-se
Bambu – Manual de aplicações para construções
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em apenas um ano, a planta atinge o máximo de sua


resistência entre três e seis anos, ao contrário da madeira
que tem sua reposição entre 15 a 200 anos. Algumas
espécies de bambu na China crescem até 120 centímetros
por dia, sendo a planta com o crescimento mais rápido
encontrada até hoje. Após um período de 3 a 4 meses, o
bambu atinge sua altura máxima, mas somente com 3 a 6
anos adquire resistência suficiente – ou amadurecimento –
para seu emprego como material de construção. Este rápido
e fácil crescimento viabiliza a sua utilização, visto que
atualmente torna-se uma exigência básica a aplicação de
materiais de baixo custo e eficientes, que proporcionem
bons resultados em curto prazo.
Algumas espécies, após o período de seis anos,
diminuem sua resistência à medida que o talo seca,
devendo então evitar seu uso. Esta fase pode ser
identificada por uma coloração amarelada que se inicia
pela ponta.
Grande parte das espécies de bambu
desenvolvem-se em lugares que apresentam temperatura
entre 9 e 36 Co e chuvas variando entre 1270 e 4050 mm
anuais. Assim o Brasil, por ser uma região de clima tropical e
subtropical, apresenta as condições ideais para seu cultivo,
podendo o material ser encontrado em abundância e
conseqüentemente sendo de baixo custo. No Brasil, foram
classificadas varias espécies nativas além de outras, de
origem Asiática, que foram trazidas pelos portugueses e se
d i f u n d i r a m f a c i l m e n t e . 11
Por constituir uma cultura perene, não há
necessidade de plantio anual de bambu, já que os colmos
são produzidos de ano em ano, além da planta apresentar
um grande rendimento anual por unidade de área (cerca de
20 toneladas por hectare). Os bambus são como tentáculos:
mesmo a extração não compromete a subestrutura do
bambuzal, pois o rizoma, quando maduro, lança por muitos
anos colmos com o mesmo diâmetro.
O bambu é um material renovável e ao mesmo
tempo ecológico, não apresentando qualquer implicação
poluente na sua produção, como acontece com o aço e
outros materiais industrializados, e protegendo assim o meio

11 SALGADO, A.L.B. e AZINI, A. Possibilidades agrícolas e industriais do bambu. O agronômico, no. 33,
Campinas, 1981.
Bambu – Manual de aplicações para construções
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ambiente. Além disso, a produção do bambu requer um


menor consumo de energia em relação à madeira e ao
concreto, com o aço em último lugar e exigindo uma
energia necessária para sua produção 50 vezes maior do
que o bambu. Estes materiais industrializados convencionais,
assim, requerem muita energia para sua produção e o fato
de serem materiais não renováveis implica em que sejam
causadores de poluição.
A ampliação do uso de recursos renováveis e o uso
de tecnologias não poluentes são de grande importância
para nossa atual realidade ambiental, pois amenizam os
impactos dos processos industriais que agridem o
ecossistema: Voltar os olhos para o bambu, a fim de ampliar
sua faixa de utilização, tornando-o um elemento
manipulável pela engenharia, insere-se portanto neste
quadro de desenvolvimento de tecnologias não poluentes,
f a c i l m e n t e a c e s s í v e i s e d e b a i x o i m p a c t o a m b i e n t a l . 12

5 Propriedades físicas e mecânicas

Devido ao fato do bambu ser um material de fácil


manipulação e apresentar estruturas simples, durante alguns
séculos o uso do material foi de caráter mais intuitivo do
que tecnológico, o que gerou, em relação aos materiais
construtivos convencionais, tanto uma defasagem de
estudos científicos quanto limitações da composição
arquitetônica ou formal. A partir dos anos 30 houve um
maior interesse e preocupação na utilização do material.
Diversos países, entre eles Estados Unidos e Japão, passaram
a investir em estudos mais aprofundados sobre suas

12 MOREIRA, L.E. Aspectos singulares das treliças de bambu: flambagem e conexões. Tese de Doutorado
Departamento de Engenharia Civil, PUC-Rio, 1998, p.2.
Bambu – Manual de aplicações para construções
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propriedades físicas e mecânicas e sobre suas


potencialidades. Hoje existem alguns estudos no Brasil sobre
o material, destacando-se o Departamento de Engenharia
Civil da PUC do Rio de Janeiro, que conta com os trabalhos
do professor Ghavami e sua equipe. Neste desenvolvem-se
normas da ABNT para a utilização do bambu.
O bambu é um material ortotrópico constituído por
feixes de fibras longitudinais aderidas pela lignina,
substância aglutinante. Estas fibras estão concentradas na
zona externa da parede do bambu (cerca de 40 a 60%),
apresentando maior resistência nesta região. A zona
interna, onde a resistência é menor, apresenta maior
concentração de amido.

Zona externa
40 – 60% das fibras

Resistência Zona interna


15 – 30% das fibras

Corte da parede do bambu.


Desenho do autor

Segundo Denise Morado, as canas apresentam


cavidades vazias, axialmente e conicamente vedadas por
um rígido e forte diafragma silicado que aumenta a
resistência da cana contra flexão e ruptura. O numero de
segmentos por cana varia de 15 a 55 e na maioria das
espécies tem uma média de comprimento de segmento de
3 5 c e n t i m e t r o s . 13
Ao longo do bambu, há uma variação de espessura
de paredes e comprimento dos entrenós. Próximo da base
do bambu, as paredes são mais espessas e os entrenós mais
curtos. Na base do colmo, a resistência a flexão é 3 vezes

13 MORADO, Denise. Material de fibra. Revista Techne. São Paulo, ano 2, 1994, p.32.
Bambu – Manual de aplicações para construções
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maior na parte externa do que na interna. Estas diferenças


são menores mais perto do topo, devido ao aumento da
densidade na parte interna e redução na espessura da
parede, que apresenta internamente menos parênquima e
m a i s f i b r a . 14 Assim recomenda-se utilizar a parte apical
(superior) do colmo para colunas e vigas, pois esta região é
mais resistente à tração e compressão. A parte
intermediaria pode ser usada em paredes, soleiras,
pequenas vigas e assoalho e a parte inferior utilizada como
suporte de telhados, forros e muitos outros usos. Veja tabela
abaixo que apresenta propriedades mecânicas de
diferentes regiões do colmo da espécie de bambu
Dendrocalamus giganteus.

Parte do Tração (Mpa) Compressão (Mpa) Flexão (Mpa) Cis


colmo (Mpa)

σt Etx104 σc Etx104 σf Etx104

Nó internó Nó internó Nó internó Nó internó Nó internó Nó internó


superior 109 156 ,086 1,07 32,6 49,0 0,25 0,31 86 137 0,72 0,90 49,0

Méd.sup 119 148 1,27 1,55 37,5 50,0 0,41 0,45 102 153 1,05 1,34 44,5

Médio 115 140 1,27 1,59 32,9 47,5 0,40 0,45 97 123 1,11 1,30 45,6

Méd. inf. 109 129 1,25 1,52 33,0 41,5 0,38 0,46 95 118 1,03 1,26 44,7

Inferior 99 101 1,22 1,50 58,8 39,7 0,36 0,34 86 112 1,06 1,30 47,0

O peso especifico do bambu maduro varia em


media de 0,3 à 0,8 kg/dm3 e seu coeficiente de variação
térmica está entre 0,2x 10-6 à 58x10-6 unid/Co , sendo esta
vaT ar b
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On ebs pa. m Babuur u ,t aS ãmobPéam u l oe, 2
s t0á0 0 ,s p
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variações dimensionais devido à absorção de umidade,
sendo assim de grande importância os tratamentos de
impermeabilização (ver cap. 9).
É importante saber que o bambu por ser um
material natural tem suas características mecânicas
variando conforme a espécie (ver tabela 4), cuidados
durante o plantio, influências ambientais, tempo de corte, e
tratamento utilizado. Considerado um material anisotrópico,

14 PEREIRA, Marco Antonio dos Reis. Bambu – Espécies, características e aplicações. Unesp. Bauru, São
Paulo, 2000, p.15.
Bambu – Manual de aplicações para construções
15

o bambu apresenta propriedades que variam em diferentes


direções e dependem do ângulo entre a direção da força
aplicada e a das fibras. O bambu possui excelentes
propriedades mecânicas, as quais são influenciadas pelo
conteúdo de umidade do colmo, e se correlacionam com a
idade e densidade deste, mas dependem principalmente do
conteúdo de fibras, principal responsável pela sua
r e s i s t ê n c i a . 15
As fibras do bambu são orientadas paralelamente
aos eixos dos colmos, permitindo uma maior resistência à
tração do que à compressão, a primeira variando entre 80 e
370 Mpa, enquanto que a segunda entre 30 e 90 Mpa. Assim
deve-se utilizar o bambu de forma a se trabalhar mais os
esforços de tração, aproveitando-se desta característica do
material.
Deve-se considerar também a sua resistência
quando comparada com a do aço, em relação ao peso
específico do mesmo. Segundo o professor Khosrow
Ghavami, o bambu é 10 vezes mais leve que o aço comum e
tem resistência ao peso específico cinco vezes maior em
m é d i a . 16 A s s i m , é o m a t e r i a l q u e a p r e s e n t a u m m a i o r v a l o r
para a relação entre resistência à tração e peso específico.
Veja tabela abaixo.

Resist. Peso específ. Relação R/R aço


Tração (Kg/dm3) Resist.
Material
(Mpa) Tração
Peso especif.
Aço 500 7.83 63 1.00
(CA50A)
Bambu 140 0.80 175 2.77

Alumínio 304 2.70 113 1.79

Ferro fund. 281 7.20 39 0.62

Tabela 2 - GHAVAMI, K. Bambu: um material alternativo na


engenharia. Construção Civil. Pesquisa, São Paulo, Brasil, p.24.

15 PEREIRA, Marco Antonio dos Reis. Bambu – Espécies, características e aplicações. Unesp. Bauru, São
Paulo, 2000, p.15.
16 GHAVAMI, K. O Bambu, forte como o aço. Dirigente Construtor, Março 1992, vol. XXVIII, Tecnologia.
São Paulo, Brasil, p. 26.
Bambu – Manual de aplicações para construções
16

A tabela seguinte apresenta comparações da


resistência do bambu com as do aço, concreto e a madeira.

Massa Módulo elast. Compressão Tração


especif. (KN/mm2) (N/mm2) (N/mm2)
(g/cm3)
Aço p/ construç. 7.8 210 250-1800 250-1800
concreto 2.4 10-30 10-100 1-10
Bambu 0.8-1.4 7-20 38-65 180-440
Madeira 0.4-0.8 11 43 90

Tabela 3- Fonte: MORADO, Denise. Material de fibra. Revista Techne. São


Paulo, ano 2, 1994, p.35.

A partir destes dados podemos observar que o


bambu pode substituir ou se associar ao aço, madeira e
concreto. Além de seu potencial estrutural, o bambu
apresenta algumas vantagens em relação a estes materiais.
Em relação à madeira o bambu é muitas vezes mais forte a
esforços de compressão e principalmente de tração, é um
material mais fácil de se trabalhar e exigindo ferramentas
mais leves e simples. Apesar de o aço ser um material mais
resistente a esforços do que os outros materiais, o bambu
exige menos energia além de ser mais econômico, como já
visto anteriormente. Porém seu rendimento estrutural
depende diretamente de secagem e de tratamentos
adequados, para permitir uma maior eficiência e
durabilidade do material. Assim por este aspecto ser
relevante para a utilização do bambu em construções, o
capitulo XX apresenta estudos sobre os cuidados e
tratamentos de conservação necessários.
A tabela seguinte comprova a eficiência do bambu
como elemento construtivo, resistindo principalmente a
esforços de tração e comprovando que a presença de nós
reduz a eficiência estrutural do material. A densidade dos
nós é maior que dos internós devido possuírem menos
parênquima, porém, sua resistência à tração, flexão,
compressão e cisalhamento são menores, conduzindo assim
Bambu – Manual de aplicações para construções
17

a presença dos nós a uma redução em todas as


p r o p r i e d a d e s d e r e s i s t ê n c i a d o c o l m o . 17 ( v e r t a b e l a 1 e 4 ) .
Espécie Bambusa Bambusa Bamusa Bambusa Bambusa Bambusa Dendoca-
Propr. multiplex multiplex tuldoidis guadua vulgaris vulgaris lamus
raeusch disticha superba imperial schard giganteus
mecânicas
S/ σt 124.70 124.50 119.50 146.50 134.40 170.60 135.00

Tração Et x 103 11.21 14.00 11.93 11.16 7.76 10.97 14.50
MPa
c/ σt 95.30 74.3 104.00 112.3 48.05 127.77 110.40

Et x 103 10.05 11.54 9.27 9.12 6.05 8.81 11.75
S/ σc 35.70 28.25 38.05 47.80 41.10 52.67 45.54

Compres Et x 103
MPa
3.30 4.21 3.01 3.34 2.48 3.24 4.02
c/ σc 27.20 20.30 30.10 35.70 12.30 39.67 38.96

Et x 103 2.80 3.30 2.90 2.65 2.10 2.59 3.58
S/ σf 98.30 80.80 100.00 113.50 115.00 141.33 124.36
Flexão nó
MPa Et x 103 9.68 11.87 9.34 9.24 6.62 9.35 12.18
c/ σf 71.00 60.00 86.50 89.75 41.75 106.94 93.04

Et x 103 8.03 8.63 7.26 6.73 5.18 7.35 10.00
Cisalham. T(MPa) 62.00 53.00 54.50 48.00 40.08 41.17 44.00

Tabela 4– Estudo realizado pelo Departamento de Engenharia Civil –


PUC/RJ.
Fonte: G H A V A M I , K . O B a m b u , f o r t e c o m o o a ç o . D i r i g e n t e C o n s t r u t o r , M a r ç o 1 9 9 2 , v o l .

As tabelas apresentadas neste capitulo apresentam


algumas diferenciações quanto aos seus resultados, visto
que são de fontes diferentes. O bambu por ser um material
recentemente estudado, apresenta variações nos ensaios e
diferentes cuidados de secagem e tratamentos. Vários
autores, JANSSEN, J.;LIESI,W; GHAVAMI, K e BERALDO &
ZOULLALIAN, comentam que na determinação de
características mecânicas dos colmos do bambu, o principal
inconveniente tem sido a inexistência de uma
padronização dos ensaios, o que tem levado a tendência
de cada pesquisador adotar sua própria metodologia, o que
t o r n a e x t r e m a m e n t e d i f í c i l a c o m p a r a ç ã o d e r e s u l t a d o s . 18
A resistência do bambu à compressão, flexão e
principalmente à tração estimula sua utilização como
elemento estrutural; suas qualidades como isolante térmico

17 PEREIRA, Marco Antonio dos Reis. Bambu – Espécies, características e aplicações. Unesp. Bauru, São
Paulo, 2000, p.20.

18 PEREIRA, Marco Antonio dos Reis. Bambu – Espécies, características e aplicações. Unesp. Bauru, São
Paulo, 2000, p.15.
Bambu – Manual de aplicações para construções
18

e acústico, assim como sua aparência de material acabado


viabilizam a sua utilização em painéis de vedação; sua
leveza, forma e maleabilidade facilitam seu armazenamento
e emprego tanto para fins industriais quanto artesanais, não
sendo necessário mais do que uma faca para o seu corte ou
uma broca, parafusos e amarras para a montagem de
painéis ou estruturas. Desse modo ele apresenta grandes
vantagens para a criação de sistemas construtivos.
Bambu – Manual de aplicações para construções
18

6 E s p é c i e s de bambu apropriadas para

O bambu tem potencial para inúmeras aplicações


sendo cada uma de suas espécies mais ou menos
apropriada para determinado uso. Isto porque as espécies
apresentam diferenças em relação ao diâmetro, espessura,
altura, espaço entre nós, resistência e outros. Estas
características influenciam no comportamento mecânico do
bambu e, portanto, é importante conhecer a espécie que
vai ser utilizada e saber se esta é adequada para
determinado fim. Por exemplo, as barras para treliças
espaciais devem apresentar 35 mm de diâmetro externo e
paredes com aproximadamente 4mm .
Existem algumas espécies de bambu mais
apropriadas para o uso em construções. A tabela abaixo
especifica e descreve algumas destas.

Espécie cor Altura Internódio Diâmetro Espessura


(m) (cm) médio (cm) média (mm)
Bambusa vulgaris Verde mate 8-15 30-45 10-15 5-10
Bambusa arudinacea Verde 20-30 40-50 15-20 8-15
escuro
Dendocalamus Verde 25-40 40-50 15-25 8-20
giganteus (bambu escuro
balde)
Phyllostachys Amarelo c/ 5-10 25-35 5-12 5-10
Castilliionis listras
(bambu imperial) verdes

Dendrocalamus strictus Verde 20-30 30-45 10-18 5-15


neos (bambu chinês) escuro

Bambusa multiplex Verde 3-4 40-50 3-6 3-8


roeuch (bambu esmeralda
bengala)
Bamusa tuldoidis Verde 5-10 40-50 2-6 3-8
esmeralda
Bambusa guaduo Verde mate 8-18 30-45 6-15 6-20
superbo

Tabela 5 - Principais espécies utilizadas na construção civil.


Fonte: GHAVAMI, K. e Castro, C. Bambu: uma alternativa Econômica
para armar concreto. Artigo publicado nos Anais latino Americano de
Economia da Edificação, UFRGS, 1988, p. 4.
Bambu – Manual de aplicações para construções
19

Para um melhor aproveitamento do bambu em


construções, deve-se reservar os bambus de maior diâmetro
e paredes mais espessas para peças estruturais que deverão
resistir a esforços. Os bambus com dimensões intermediárias
poderão ser empregados em fechamentos de paredes,
divisórias, soleiras, assoalhos, esquadrias e fechamentos
assim como tubulações; os bambus mais finos servirão para
forros, pinos para encaixes e o que mais for adequado (ver
capitulo 13).

Pavilhão da Colômbia na Parede de bambu Cerca de bambu.


exposição em Hannover de 2000. Fonte: VÉLEZ, S. Grow Fonte: VÉLEZ, S. Grow your
Fonte: VÉLEZ, S. Grow your own your own house. Vitra own house. Vitra Design
house. Vitra Design Museum and Design Museum and Museum and Autoren.
Autoren. Hannover, 2000. Autoren. Hannover, 2000. Hannover, 2000.
:

As espécies de bambu encontradas no Brasil e que


podem ser empregadas em construção são: Bambusa
vulgaris (verde e verde e amarelo), Bambusa tulda,
Dendrocalamus giganteus, Dendrocalamus asper,
Dendrocalamus latiflorus, Dendrocalamus strictus.
Gigantochloa levis, Guadua angustifólia (principalmente no
norte do país), Plyllostachis pubescens e outros.
Abaixo segue-se as principais características físicas destas
espécies. Fonte das informações: PEREIRA, Marco Antonio
dos Reis. Bambu – Espécies, características e aplicações.
Unesp. Bauru, São Paulo, 2000, p.31-37.

Bambusa vulgaris – espécie de bambu tipo moita e altura média.


Altura dos colmos – 8 a 20 metros
Diâmetro dos colmos – 4 a 6 cm
Espessura da parede – 7 a 15 mm

Bambusa tulda– espécie de bambu tipo moita e altura médias – grande.


Bambu – Manual de aplicações para construções
20

Altura dos colmos – até 30 metros


Diâmetro dos colmos – 7 cm
Espessura da parede – fina

Dendrocalamus giganteus – espécie de bambu gigante tipo moita e


altura grande.
Altura dos colmos – 24 a 60 metros
Diâmetro dos colmos – 10 a 20 cm
Espessura da parede – 1 a 3 cm

Dendrocalamus asper– espécie de bambu gigante tipo moita e altura


grande. Muito utilizado em construções. Alta resistência e
durabilidade.
Altura dos colmos – 20 a 30 metros
Diâmetro dos colmos – 8 a 20 cm
Espessura da parede – 11 a 20 mm

Dendrocalamus latiflorus– espécie de bambu tipo moita e altura


média. Altura dos colmos – 20 a 25 metros
Diâmetro dos colmos – 5 a 8 cm
Espessura da parede – grossa

Dendrocalamus strictus– espécie de bambu tipo moita e altura média.


Os colmos apresentam leve zig zag.
Altura dos colmos – 8 metros
Diâmetro dos colmos – 5 cm
Espessura da parede – grossa

Gigantochloa levis - espécie de bambu tipo moita e altura grande.


Altura dos colmos – até 30 metros
Diâmetro dos colmos – 5-14 cm
Espessura da parede – 1 a 1,2 cm

Guadua angustifólia - espécie de bambu tipo moita com espinhos na


gema. Apresenta boa envergadura e propriedades mecânicas, além da
durabilidade natural.
Altura dos colmos – até 30 metros
Diâmetro dos colmos – até 20 cm
Espessura da parede – 1,5 a 2 cm

Plyllostachis pubescens - espécie de bambu de porte médio e tipo


alastrante. Os colmos são retos e fortes, próprios para construções.
Altura dos colmos – 10 a 20 metros
Diâmetro dos colmos – 7 a 15 cm
Espessura da parede – média
Bambu – Manual de aplicações para construções
21

7 Cuidados com o corte

O bambu é um material que, como qualquer outro,


precisa de alguns cuidados antes de seu uso para evitar o
surgimento de rachaduras ou a deterioração precoce
causada pelo ataque de fungos e insetos. Primeiramente é
preciso saber a idade conveniente para o corte, pois
somente o bambu maduro apresenta resistência adequada
e é apropriado para o uso em peças estruturais. O período
de corte está entre três a seis anos após seu nascimento,
período este em que o bambu apresenta maior resistência a
esforços e desgastes. O corte prematuro reduz a vida útil do
bambu, estando este mais vulnerável ao ataque de fungos e
insetos. Após o sexto ano inicia-se o seu processo de
apodrecimento reduzindo assim sua resistência.
Colmos novos não têm ainda folhas e ramos,
apresentam uma cor mais esverdeada, possuem folhas
caulinares (brácteas) cobrindo os nós dos colmos, sendo
que os internos estão cobertos por uma pelagem cerosa que
se desprende a ser tocada. Estes colmos jovens localizam-se
n a p a r t e m a i s e x t e r n a d e u m a m o i t a . 15 O s b a m b u s m a d u r o s
apresentam cor verde mate, superfície dura, pouca ou
n e n h u m a b r á c t e a 16 a d e r i d a a o t a l o , m a n c h a s o b s c u r a s
jaspeadas que são maiores em quantidade e intensidade em
relação ao grau de sazonamento e possuem grande
profusão de galhos. Os colmos que a mais destas
características apresentam manchas amarelas não devem
ser utilizados porque elas indicam o começo da decadência
p a r a d e p o i s s e s e c a r e m . 17 Q u a n t o à é p o c a c e r t a p a r a o

15 PEREIRA, Marco Antonio dos Reis. Bambu – Espécies, características e aplicações. Unesp. Bauru, São
Paulo, 2000, p.23.
16 Brácteas são folhas de formato triangular que originam do nó e envolvem o caule do bambu,
principalmente o broto.
17 GHAVAMI, K. and Culzoni, R.A.M. Alguns aspectos na utilização do bambu como material de
construção. Departamento de Engenharia Civil, PUC-Rio, Brasil, Abril de 1985.
Bambu – Manual de aplicações para construções
22

corte, é recomendado que seja entre os meses de maio a


agosto e de preferência na lua minguante. Assim o período
mais propício para o corte são os meses de inverno, que por
ser uma estação mais seca implica em que haja menor
quantidade de seiva no bambu, correspondendo ainda ao
período de hibernação dos insetos.
Além destes cuidados, o bambu deve ser cortado
cerca de vinte a trinta centímetros acima do nível do solo,
com um machado, serra ou facão. Deve-se também cortar o
bambu em uma região próxima ao nó, de modo a evitar a
deposição e acumulo de água após seu corte.
O corte no período adequado é o primeiro passo
para se obter peças de bambu mais resistentes e duráveis.
Bambu – Manual de aplicações para construções
23

8 Cura e secagem do bambu

A cura é um tratamento de secagem que torna o


bambu um material mais duradouro, já que reduz sua
umidade e torna-o menos susceptível ao ataque de fungos e
insetos. Isto ocorre porque a cura expulsa a seiva que
contém glicose e o amido, atrativos para pragas e fungos. A
deterioração causada por estes ataques pode reduzir a vida
útil de uma peça de bambu em aproximadamente três anos,
sendo assim o processo de cura muito importante para a
utilização do bambu como elemento construtivo. Uma boa
cura pode ampliar a vida útil do bambu em ate 25 anos.
Além disto, a cura do bambu reduz as rachaduras e
fendas pela dilatação e contração do material após uma
secagem indevida.
Comumente os internos têm até 25% mais umidade
que os nós, sendo esta diferença maior na base que no topo
do colmo. A parte interna possui mais umidade que a parte
externa, sendo a espessura da parede o fator mais
importante no controle da taxa de secagem. Assim, a base
d o s c o l m o s d e m o r a m a i s p a r a s e c a r q u e o t o p o . 18
Deve-se fazer a cura do material imediatamente
após seu corte. Existem alguns métodos de cura do bambu;
os principais citados pela literatura são: cura na própria
touceira, num período de quatro a oito semanas; cura com
fogo, “penteando” o bambu com a chama; e cura por
imersão, submergindo os talos em água. Abaixo seguem-se
procedimentos de alguns processos de cura:

Cura na própria touceira

Após o corte, deixar o bambu em posição vertical


na própria touceira, sem retirar os ramos e folhas, apoiando-
o sobre pedras para evitar seu contato direto com o solo.
Assim deve ficar por 4 a 8 semanas, de acordo com as
condições do tempo.

.
18 PEREIRA, Marco Antonio dos Reis. Bambu – Espécies, características e aplicações. Unesp. Bauru, São
Paulo, 2000, p.25.
Bambu – Manual de aplicações para construções
24

Esta cura faz com que o bambu mantenha sua cor


natural, evita rachaduras e o ataque de fungos,
constituindo um dos tratamentos mais eficazes.

Cura por imersão

Este processo de cura é muito utilizado pelos povos


orientais. Consiste em mergulhar o bambu em água por um
período de 3 a 90 dias, dependendo do grau de maturação
da planta. Seu inconveniente é que pode causar rachaduras
no bambu ou manchas.

Cura por aquecimento

Este tratamento consiste em girar o bambu sobre o


fogo, de forma a matar todos os insetos e ovos que possam
estar presentes na planta e extraindo a água e o amido
presentes no colmo. Além de curar o bambu, este processo
torna suas paredes mais duras e acelera o processo de
secagem, que pode ser feito com a utilização de um
maçarico, através de movimentos ao longo do caule no
sentido de seu crescimento, ou através de movimentos
giratórios do bambu sobre brasas, mantendo-se uma
distância para evitar a queima deste. Esta cura é indicada
para bambus com paredes de ate 0,5 cm de espessura.

Cura ao fogo – ar livre Buraco cavado na terra


Desenho do autor

50 cm

Cura ao fogo – estufa – tambor revestido com manta cerâmica.


Desenho do autor
Bambu – Manual de aplicações para construções
25

Após a cura, deve-se fazer a secagem do bambu


até que este atinja uma umidade próxima de 15%. Ao fim
deste processo as propriedades físicas e mecânicas do
bambu aumentam, seu peso diminui e ele ainda fica mais
protegido do ataque de fungos. Os métodos de secagem
do bambu são:

Secagem ao ar

Empilhar os colmos do bambu de forma a permitir


ventilação lateral, longe de umidade e ao abrigo da chuva,
sol e intempéries. Ainda deve-se manter o bambu cerca de
meio metro distante do chão. A secagem atingirá o
resultado adequado em torno de 60 dias, este processo
sendo o mais econômico.

Secagem em estufa

Este processo permite o controle da umidade


relativa, temperatura e velocidade do ar que estará em
contato com o bambu. Assim é um sistema mais preciso,
rápido e eficiente, porém os custos são maiores. Este tipo de
secagem é muito usado em fabricação em grande escala.
As estufas utilizadas são similares àquelas que
secam a madeira.

Secagem ao fogo

Semelhante ao processo de cura por aquecimento.


O bambu é girado constantemente a uma altura de 50
centímetros do fogo, atingindo uma secagem uniforme. A
coloração café claro indica o fim do tratamento.
Bambu – Manual de aplicações para construções
26

9 Tratamentos

1- Preservativos
2- Impermeabilização

1- Preservativos

Para fazer o uso do bambu em construções, é


necessário a aplicação de tratamentos de conservação
apropriados que impeçam o ataque de fungos e insetos,
a u m e n t a n d o a d u r a b i l i d a d e 19 e e f i c i ê n c i a d o m a t e r i a l e
protegendo-o da umidade. Os produtos utilizados para este
tratamento são óleos ou soluções derivadas do petróleo,
sais e resinas sintéticas. Para a aplicação destes existem
alguns métodos, como o Método Boucherie, tratamento por
aplicação externa, tratamento por imersão e outros.

Método por imersão

O método por imersão é recomendado para


bambus que estarão em contato com umidade. Neste o
bambu é submerso em um depósito contendo uma solução
preservativa, podendo a solução ser oleosa ou hidrossolúvel.
As soluções adequadas para os tratamentos serão
explicadas no final deste capitulo. Este método é mais
indicado para espécies de bambu que apresentam paredes
mais espessas.
A eficiência deste tratamento é proporcional ao
tempo em que o bambu fica submerso na solução.

19 A vida do bambu não tratado é curta, mesmos estando protegido das intempéries da natureza não dura
mais do que sete anos.
Bambu – Manual de aplicações para construções
27

Método Boucherie

Este tratamento consiste basicamente em injetar


sulfato de cobre na extremidade do colmo do bambu,
expulsando a seiva presente a partir da pressão da
gravidade. Pode-se ainda utilizar um compressor de ar para
facilitar o processo.
O produto utilizado neste tratamento pode ser o
mesmo utilizado para o tratamento de eucalipto.
Normalmente utiliza-se o Borato de Cobre Cromatado - CCB
(CU-Cr-B) na concentração de 6 %. Pode-se utilizar outros
produtos, como por exemplo o Bórax.

Como fazer:

1- Adaptar um tubo de borracha ao caule do bambu

2- Posicionar este lado do bambu a uma altura um pouco


maior do que a da outra extremidade, conforme a figura
abaixo. Assim o bambu apresentará uma leve inclinação.

3- No caso da utilização de um compressor, deve-se ligá-lo


ao recipiente do preservativo. A pressão deve estar entre
10 e 15 libras. Assim esta se somará à pressão
hidrostática e reduzirá o tempo do tratamento.
4- Introduzir a solução de sulfato de cobre no recipiente e
deixá-la penetrar no bambu.

mangueira
Recipiente p/
preservativo

compressor

Desenho esquemático do Método Boucherie. Desenho do autor


Bambu – Manual de aplicações para construções
28

Tratamento por transpiração das folhas

Este tratamento é realizado em colmos recém


cortados – há no máximo 24 horas – e ainda com galhos e
folhas. Primeiramente este deve ser colocado na posição
vertical, sem contato com o chão para permitir que a seiva
escorra pelo corte. Depois, os colmos são colocados ainda
verticalmente em um recipiente contendo o preservativo,
que será absorvido pelo bambu. A região do caule que
deverá estar em contato com a solução é a sua parte
inferior, onde se efetuou o corte. A função das folhas ainda
presentes no bambu é permitir a absorção da solução até a
parte mais alta do caule e retirar a água a partir da
transpiração das folhas. O tempo para o tratamento está
entre 2 e 4 dias, variando segundo as condições
atmosféricas do local e o comprimento e espessura do
caule.
Após esta etapa, deve-se armazenar o bambu à
sombra durante 40 dias, até processar-se a secagem. Este é
um método simples e econômico.

Tratamento por aplicação externa

Este consiste em aplicar o preservativo líquido


diretamente sobre a superfície do bambu. O ideal para este
tratamento é a aplicação em peças ou fatias para permitir
uma absorção mais eficiente. Para a aplicação do
preservativo deve-se utilizar uma brocha ou outro
instrumento adequado.
Este método não é muito eficiente, pois a parede
do bambu é bastante impermeável, dificultando a absorção
do produto.

Produtos preservativos

A função dos preservativos é impedir a presença e


o crescimento de microorganismos no bambu sem afetar sua
estrutura física. Os produtos normalmente utilizados são
óleos ou sais.
Bambu – Manual de aplicações para construções
29

Os óleos são indicados para os bambus que ficam


em contato com a água ou solo. Estes são insolúveis em
água e podem ser facilmente aplicados. Porém impedem a
pintura do bambu, têm cor escura e cheiro forte e são
inflamáveis. Os produtos citados pela literatura consultada
são: soluções de creosoto, naftato de cobre, neutrol e
petróleo com pentaclorofenol.

Os sais são empregados em bambus que estarão


protegidos de intempéries. Estes serão diluídos em água
para a sua aplicação. Permitem pintura posterior e não
apresentam odor desagradável. Como são solúveis em água
não podem ficar em contato com o solo nem com a água.
Alguns deles são: cromato de zinco, cromato de cobre, sais
à base de boro e muitos outros. Para maiores detalhes sobre
os preservativos empregados no bambu, aconselha-se o livro
Manual de construccion con bambu de Oscar Hidalgo
L o p e z . 20

2- Impermeabilização

O bambu é um material que altera sua altura,


comprimento e espessura de acordo com sua umidade:
quando ganha água dilata-se aumentando suas dimensões e
quando seco volta ao tamanho original. Além disso, a
presença de umidade no bambu afeta diretamente a sua
durabilidade. Assim são necessários tratamentos de
impermeabilização para a utilização deste material, pois a
resistência e qualidade do bambu diminuem com o aumento
da umidade.
Um grande problema da absorção de água no
bambu se apresenta quando este é utilizado em lajes ou
vigas de concreto. Ao entrar em contato com o concreto, o
bambu absorve água a do processo de cura e se expande
causando fissuras no material (ver capitulo 12).
Os produtos utilizados para a impermeabilização
do bambu são tintas asfálticas, enxofre, óleo queimado,
tintas à base de alcatrão e outros. Segue-se uma tabela

20 L O P E Z , O . H . M a n u a l d e c o n s t r u c c i ó n c o n b a m b u : C o n s t r u c c i ó n r u r a l . B o g o t á ,
Universidad Nacional de Colombia, 1981.
Bambu – Manual de aplicações para construções
30

comparativa de absorção de água de três espécies de


bambu após alguns tipos de tratamentos.

tratament Variedade Absorção em Absorção em Absorção Absorção em


o de bambu 24h – var.(%) 48h - var. em 72h - 96h - var.
(%) var.(%) (%)
Enxofre DG 14.7 – 3.5 18.9 – 3.2 18.8 – 3.1 20.2 – 3.5
c/ areia
BV 14.7 – 3.8 19.0 – 3.8 20.8 – 4.6 22.7 – 3.8
GS 14.3 – 2.5 18.0 – 3.5 18.3 – 3.7 20.3 – 3.9
Óleo DG 7.8 – 1.4 10.9 – 2.1 14.7 – 2.8 17.2 – 3.6
queimado
BV 10.9 – 3.5 18.9 – 6.4 22.1 – 5.3 24.7 – 4.8
GS 14.0 – 5.1 22.9 – 6.2 28.7 – 6.5 30.2 – 6.0
Asfalto DG 2.4 – 1.1 2.9 – 1.6 3.8 – 1.8 4.4 – 2.0
c/ areia
BV 1.6 – 0.6 2.3 – 1.0 2.8 – 1.2 3.4 – 1.3
GS 2.5 – 1.3 3.7 – 1.7 4.2 - 2.2 3.4 – 2.3
DG 2.1 – 1.2 2.6 – 1.5 3.4 – 1.9 4.2 – 2.1
Negrolin
BV 2.3 – 0.4 2.9 – 1.2 3.1 – 1.7 3.8 – 2.0
GS 2.7 – 1.6 3.2 – 1.4 4.0 – 2.0 4.4 – 2.3
DG 5.8 – 3.4 9.9 – 4.6 11.9 – 4.7 14.2 – 5.2
Igol-T
BV 5.5 – 2.5 10.3 – 3.3 15.3 – 4.0 20.9 – 3.8
GS 5.7 – 1.9 13.9 –3.9 15.3 – 4.7 20.6 – 5.9

Tabela 4. Fonte: G H A V A M I , K . O B a m b u , f o r t e DG – Dendrocalamus viganteus


como o aço. Dirigente Construtor, Março BV - Bambusa vulgaris
1992, vol. XXVIII, Tecnologia. São Paulo, GS – Bambusa guadua superba
Brasil, p. 25.
Bambu – Manual de aplicações para construções
31

10 Treliças de bambu

Como já foi visto no capitulo cinco, o bambu é o


material que apresenta um valor maior para a relação entre
resistência à tração e peso específico, o que torna
indiscutivelmente vantajoso o seu emprego como material
de construção, possibilitando sua aplicação na criação de
grandes espaços. Sua forma cilíndrica é oca, o que o faz
mais leve do que outros materiais maciços (madeira e aço,
por exemplo). O material já foi exaustivamente testado para
estruturas espaciais, substituindo as tubulações de aço e
eliminando colunas. As treliças espaciais de bambu são
totalmente adequadas a coberturas de galpões, que se
caracterizam por grandes vãos livres, como no caso de
indústrias, ginásios de esportes, supermercados, depósitos,
granjas, estábulos, estações ferroviárias e pontes.
Além das vantagens estruturais, essas treliças
apresentam qualidades estéticas consideráveis. Porém é
preciso haver estudos em relação às conexões entre os
elementos, sendo este o maior desafio para o uso do bambu
nestas estruturas. Como se trata de um material natural, não
apresenta uniformidade dimensional e conseqüentemente
impede a padronização e estandardização dos encaixes e
elementos. Este problema
pode ser melhorado com a
seleção de bambus que
apresentam dimensões
semelhantes. A figura número
tal mostra uma estrutura
geodésica onde podemos
perceber uma certa
regularidade das peças de
bambu.

Estrutura geodésica de bambu.


Fonte: VÉLEZ, S. Grow your own house. Vitra
Design Museum and Autoren. Hannover,
2000.
Bambu – Manual de aplicações para construções
32

As características principais do bambu utilizado em


treliças são as seguintes: espessura de parede em torno de
4mm, diâmetro externo com aproximadamente 35 mm e
menor espaçamento entrenós para facilitar a execução de
ligações. A parede do entrenó pode ser utilizada para a
fixação dos elementos da conexão.
A conexão das pecas de
bambu deve ser segura, econômica
e de fácil execução. Pode-se
utilizar várias formas de encaixes e
diversos materiais. Estes estão
exemplificados no próximo
capitulo.
O desenho ao lado mostra
um esquema de módulo espacial
constituído por oito barras de 1- Modulo espacial de bambu.
bambu. Sua base é um tetraedro Desenho do autor
quadrado com 2,00x2,00m. A
associação destes módulos forma
uma estrutura treliçada (desenho no
2). Estudos desenvolvidos no
Departamento de Engenharia Civil
da PUC/RJ confirmaram que a
capacidade de uma estrutura
espacial como esta pode vencer até 12 m.
12,00m de vão.

2- Estrutura espacial de bambu.


Desenho do autor
Bambu – Manual de aplicações para construções
33
Bambu – Manual de aplicações para construções
33

11 Encaixes e ligações

1- Bambu x bambu
2- Bambu x corda
3- Bambu x outros

O bambu é um material muito flexível no que diz


respeito a encaixes. Estes podem ligar peças de bambu
entre si ou combinadas a outros materiais como madeira ou
metal, cordas, parafusos e produtos aglomerantes. Mas
deve-se ter muito cuidado
com sua execução pois o
bambu, por apresentar forma
cilíndrica e oca, pode rachar-
se com sua perfuração.
Para evitar este
problema, o bambu deve estar
curado e seco (ver cap. 8)
antes de ser furado ou
serrado. A seguir têm-se alguns
exemplos de encaixes entre
bambus e associações com
Possibilidades de encaixes. outros materiais de ligação.
Fonte: VÉLEZ, S. Grow your own house. Vitra
Design Museum and Autoren, Zeri Hannover,
2000.
Bambu x bambu – encaixes
utilizando somente bambu,
fazendo uso de tabiques em alguns casos (encaixes 5,6,7 e
8). No caso dos encaixes 1,2,3,4 e 9 pode-se fazer o uso de
tabiques se houver necessidade de travamento. Os tabiques
podem ser retirados do próprio bambu, basta cortá-lo na
forma de um “pino”.

Encaixe 1 Encaixe 2 Encaixe 3

Encaixes 1 a 32. Desenho do autor


Bambu – Manual de aplicações para construções
34

tabique

Encaixe 4
Encaixe 6
Encaixe 5

Encaixe 7 Encaixe 8 Encaixe 9

Encaixe 10
Bambu – Manual de aplicações para construções
35

Bambu x corda – a corda é bastante usada em encaixes de


bambu, sendo um elemento de ligação simples e eficiente.
Para um estudo mais aprofundado dos tipos de nós e
amarrações recomenda-se o já citado livro de Oscar Hidalgo
L o p e z , M a n u a l d e c o n s t r u c c i ó n c o n b a m b u . 21

Encaixe 11 Encaixe 12 Encaixe 13

Encaixe 14 Encaixe 15

Encaixe 17 Encaixe 18 Encaixe 19

21 LOPEZ, O.H. Manual de construcción con bambu: Construcción rural. Bogotá, Universidad Nacional de
Colombia, 1981.
Bambu – Manual de aplicações para construções
36

Encaixe 20 Encaixe 21 Encaixe 22

Encaixe 23 Encaixe 24 Encaixe 25

Muitos dos encaixes acima podem substituir a corda por tabique


retirado do próprio bambu.

Bambu x outros – O bambu pode ser associados a muitos


outros materiais, mostrando uma boa interação entre os
elementos. Muitas conexões já foram estudadas utilizando-
se madeira, parafusos, braçadeiras, chapas metálicas,
aglomerados e resinas. Os encaixes com peças metálicas
são muito eficientes, permitindo uma infinidade de formas.
Mas para que seu uso seja economicamente viável é
necessário construções modulares e/ou de grande porte,
que permitem a padronização das peças. Outra solução
interessante é o uso de resinas (aglomerados), pois estas se
adaptam a qualquer variação dimensional do bambu, não
exigindo uniformidade das peças. Já o uso da madeira para
encaixes entre peças de bambu pode ser dificultado pela
natural contração do bambu e sua tendência a rachar-se.
Em geral, em todo o encaixe entre peças de bambu deve-se
tomar cuidados para evitar rachaduras. Um trabalho que
serve de referência para este assunto é a tese de doutorado
de Luís Eustáquio Moreira Aspectos singulares das treliças
de bambu: flambagem e conexões . e outros artigos deste
mesmo autor citado na bibliografia deste manual.
Os encaixes a seguir utilizam madeira, metal e
aglomerados, de acordo com as necessidades da forma

.
22 MOREIRA, L.E. Aspectos singulares das treliças de bambu: flambagem e conexões. Tese de
Doutorado Departamento de Engenharia Civil, PUC-Rio, 1998
Bambu – Manual de aplicações para construções
37

desejada ou com a eficiência do conjunto. Os aglomerados


são utilizados como preenchimento para a fixação de
parafusos, conferindo ainda uma maior resistência mecânica
na extremidade do bambu. O relatório Viabilidade de uma
treliça espacial de bambu, do professor Ghavami 23 cita
alguns testes com aglomerados, dentre eles resina epóxi ou
P.V.C. misturadas com pó de serra, cimento misturado com
areia e outros.

aglomerado
Peça de madeira

parafuso

Encaixe 29

Encaixe 28 Encaixe 30

Peça de madeira
ou metálica
Peça circular
parafuso de madeira ou
metal

23 GHAVAMI, K., Hombeeck, R. V., ANDRADE, H.N. de, and ANTUNES, C.C. (1984). Viabilidade de uma
treliça espacial de bambu. Internal Report, RI 10/84, Departamento de Engenharia Civil, PUC-Rio,
Brasil, 31 pp.
Bambu – Manual de aplicações para construções
38

Encaixe 31 Encaixe 32

12 Associação do bambu com


outros materiais

1- Bambu + concreto
2- Bambu + argila + fibras

A aplicação de fibras vegetais nas construções


data dos primórdios de nossa civilização. Milhares de anos
atrás, os persas já usavam as fibras vegetais associadas ao
solo para a construção de habitações, resultando em
paredes com bom isolamento térmico e boa aparência
estética. 24
Dentro deste quadro, o bambu foi um dos primeiros
materiais usados na construção, juntamente com as pedras,
argilas, madeiras e outras fibras, todos facilmente
encontrados na natureza e utilizados até o dia de hoje. Este
capítulo busca resgatar a associação destes materiais, visto
que se complementam em determinados usos e permitem um
bom resultado estrutural, formal, econômico e funcional.

Bambu + concreto

Por volta de 1918, os chineses foram os primeiros a


utilizar o bambu associado ao concreto, sob forma de barra
de armação em pontes ferroviárias. Começaram então,
após os anos 30, algumas pesquisas na China, Estados
Unidos, Japão, Índia, Alemanha e Itália. 25
Experiências realizadas pelo Departamento de
Engenharia Civil da PUC-RI0 comprovam que o bambu se
combina a qualquer outro tipo de material, já sendo
possível aplicá-lo na construção de vigas e lajes em

24 GHAVAMI, K. e Tolêdo R. Desenvolvimento de materiais de construção de baixo consumo de energia


usando fibras naturais, terra e bambu. Revista Engenharia Agrícola, publicação Sociedade Brasileira
de Engenharia Agrícola, vol 2; 192, p. 3.
25 FARRELLY, D. The book of bamboo. Sierra Club Books, San Francisco, USA, 1984.
Bambu – Manual de aplicações para construções
39

concreto leve, substituindo assim o uso do aço e reduzindo


o custo da obra. Estudos sobre a associação destes
materiais comprovaram que vigas de concreto leve
reforçadas com bambu aumentam até 100% a resistência a
cargas quando comparadas a vigas de concreto não
armadas. Segundo o professor Khosrow Ghavami, as
principais vantagens do bambu quando empregado como
esforço no concreto, são as seguintes: apresenta baixa
energia por unidade de tensão e possui alta resistência à
tração, que chega a atingir 200 N/m2. Tem, no entanto,
duas desvantagens; possui baixo módulo de elasticidade e
apresenta variação em seu volume pela absorção de
água. 26 A absorção de água do bambu ocorre durante o
período de cura do concreto, aumentando principalmente
seu diâmetro. Assim quando se encerra este processo, o
bambu volta a sua dimensão original, podendo formar
vazios e fissuras que diminuem a resistência da viga ou laje.
Para superar este problema, deve-se fazer tratamentos de
impermeabilização, utilizando materiais como enxofre,
negrolin e areia, tinta asfáltica, tintas á base de alcatrão e
outros explicados no capitulo 9.

Material bambu madeira concreto aço


MJ/m3/MPa 30 80 240 1500

Tabela 5 – Relação entre a energia de produção por unidade de


tensão.
Fonte: GHAVAMI, K. Estruturas de concreto armadas com bambu.
Resumo do Colóquio sobre estruturas de concreto armado e
protendido. Agosto de 1990. p15.

Na execução de lajes de concreto armadas com


bambu, pode-se utilizar metade ou um quarto da seção
transversal do colmo do bambu, podendo haver
espaçamento entre eles ou não. Para a preparação do
concreto deve-se usar um cimento de alta resistência inicial
e baixo fator água/cimento.
A substituição do aço pelo bambu em concreto
armado é completamente viável, muitas pesquisas já
demonstraram sua eficiência estrutural e econômica.

26 GHAVAMI, K. O Bambu, forte como o aço. Dirigente Construtor, Março 1992, vol. XXVIII, Tecnologia.
São Paulo, Brasil, p. 24.
Bambu – Manual de aplicações para construções
40

Bambu + argila + fibras

A disponibilidade de bambu no meio rural tornou


muito comum a construção de paredes de adobe
reforçadas com ripas de bambu, técnica conhecida no
Brasil como pau-a-pique. No Japão há paredes de casas e
divisórias de edifícios de aço e concreto que utilizam
painéis de trançados de bambu com argila, unindo
modernas técnicas de construção a métodos construtivos
tradicionais. Neste país são muito valorizados e mantidos os
valores culturais, e o uso do bambu é uma tradição
arquitetônica regional: O motivo para continuar com esta
tradição é o colorido, beleza e por cima de tudo, o baixo
custo e a estabilidade às mudanças no clima das paredes. 27
Para evitar o aparecimento de fissuras na secagem
da argila, deve-se misturar a ela fibras vegetais como
palha, sisal, juta e outros, ou acrescentar pequenas
proporções de cimento ou cal.
As construções que utilizam adobe apresentam um
ótimo conforto térmico, além deste sistema ser econômico e
disponível em meios rurais.

Desenho esquemático de uma parede de painéis trançados de bambu e adobe.


Fonte: do autor

O bambu pode ainda ser


associado a diversos materiais, desde

27 HIDALGO, Oscar Lopez. Bambu; su cultivo y aplicaciones. Estudios Tecnicos Colombianos. Cali, 1974
318p.
Bambu – Manual de aplicações para construções
41

que estes se adequem. Dentre eles, os principais que


permitem a união com o bambu são: gesso, aço (parafusos,
encaixes, cabos tencionáveis) e madeira. A figura ao lado
nos mostra um exemplo da associação do bambu com
encaixes metálicos e lona branca como fechamento.

Fonte: VÉLEZ, S. Grow your own house. Vitra


Design Museum and Autoren. Hannover, 2000.

Alem das vantagens construtivas e estruturais, a


combinação do bambu a outros materiais possibilita
inúmeras soluções estéticas, desde tradicionais, como por
exemplo paredes de pau a pique à contemporâneas, com a
utilização de encaixes metálicos, lajes de concreto e outros
materiais modernos .
Bambu – Manual de aplicações para construções
42

13 Aplicações

1- piso
2- telhado
3- telhas
4- forro
5- fechamentos
6- estruturas
7- cercas
Fonte: VÉLEZ, S. Grow your own house. Vitra
Design Museum and Autoren. Hannover, 2000.

PAREDES
Para a confecção de paredes, pode-se dispor o
bambu lado a lado. Caso a irregularidade do material
promova frestas, deve-se fazer duas camadas alternadas de
bambu, de modo a fechar as frestas existentes. Para
aumentar a vedação, pode-se incluir entre as duas camadas
qualquer material isolante. Outro exemplo de parede ou
divisória consiste na elaboração de painéis cuja armação

Fonte: VILLEGAS, M.
Fonte: KITAO, Harumichi. Bambusa Guadua – La Fonte: KITAO, Harumichi.
Formation of bamboo. Cultura del Café. Villegas Formation of bamboo.
Shokokusha Tokio. Printed in Editores, Bogotá, Shokokusha Tokio. Printed in
Japan, 1958 Colômbia, 1989. Japan, 1958
Bambu – Manual de aplicações para construções
43

seria de bambu e o fechamento com esteiras de fibras. Já


existem também compensados de
bambu, que permitem a construção de
paredes e divisórias.
As varas de bambu não devem
ficar em contato direto com o solo, pois
assim reduziria seu estado de
conservação.
Pode-se ainda fazer painéis
com a mistura de bambu e outros
materiais, como por exemplo as
tradicionais paredes de pau a pique,
que formam um gradeado espaçado
Fonte: VÉLEZ, S. Grow your
own house. Vitra Design de bambu com preenchimento de
Museum and Autoren. barro.
Hannover, 2000.

PISO
Para a utilização do bambu em pisos
é mais recomendado empregar-se tabuas
prensadas de bambu, pois como o bambu
apresenta formato cilíndrico, sua aplicação
direta em pisos não confere uma superfície
plana e regular. O emprego das tábuas
prensadas de bambu é mais adequado para Fonte: site na internet
este fim, possibilitando uma superfície www.bambubrasieliro.com
uniforme (veja figura ao lado).
Pode-se também fazer uso do bambu em caminhos
de jardins, ou até mesmo como detalhes ou complementos em
pisos de interiores. É importante aplicar
tratamentos adequados ao bambu,
principalmente quando este estiver em
lugares sujeitos a intemperes da natureza,
como a água da chuva (ver capítulos 8 e
9).
O bambu pode ser utilizado ainda na
armação de
pisos, em casas
suspensas ou
em pavimentos
superiores (ver

Fonte: VILLEGAS, M.
Bambusa Guadua – La
Cultura del Café. Villegas Fonte: site na internet
Editores, Bogotá, Colômbia, www.bambubrasieliro.com
1989.
Bambu – Manual de aplicações para construções
44

ilustração ao lado). Para este emprego, deve-se conhecer as


propriedades mecânicas do material, visto a responsabilidade
do uso.

TELHADO
O bambu pode ser empregado em todas as partes do
telhado. Para isto deve-se utilizar espécies adequadas de
bambu aos diferentes elementos que compõem o telhado.
Assim recomenda-se fazer o uso de bambus com diâmetro
mais espesso e parede mais grossa para as peças estruturais
que serão responsáveis pela sustentação do telhado, como a
terça, cumeeira e frechal. As varetas finas de bambu poderão
ser usadas em elementos como ripas e caibros. Os encaixes
devem ser firmes e podem ser feitos utilizando cordas para
amarrações, tabiques do próprio bambu ou até mesmo peças
metálicas ou de madeira (ver capitulo 11).

Fonte: site na internet Exemplos de telhados de bambu.


www.bambubrasieliro.com Fonte: VILLEGAS, M. Bambusa Guadua – La Cultura del Café.
Villegas Editores, Bogotá, Colômbia, 1989.

TELHAS E CALHAS
As telhas de bambu podem ser
feitas manualmente com um simples
corte longitudinal no meio do bambu.
Estas serão dispostas alternadamente
com a concavidade voltada para cima
e para baixo, como a telha colonial.
Para a produção de calhas
deve-se fazer novamente um corte
longitudinal, cortando o bambu ao
meio. Deve-se ainda retirar as paredes
Bambu – Manual de aplicações para construções
45

dos nós para possibilitar o escoamento da água.

Calhas de bambu.
Fonte: KITAO, Harumichi. Formation of bamboo.
É Shokokusha Tokio. Printed in Japan, 1958

importa
nte a aplicação de tratamentos e
produtos impermeabilizantes para este
uso, visto que tanto a telha quanto a
calha terão contato direto com a água
da chuva.

Telhas de bambu.
Fonte: KITAO, Harumichi. Formation of bamboo.
Shokokusha Tokio. Printed in Japan, 1958

FORRO
Os forros podem ser obtidos a partir
de trançados de tiras de bambu (painéis de
bambu) ou na disposição paralela de varas
de bambu, de preferência espécies com
diâmetro mais fino. Pode-se também utilizar
o bambu para a sustentação e fixação do
forro, fazendo uso de varas com diâmetro
um pouco maior.
Forro com varas finas de bambu.
Fonte: KITAO, Harumichi. Formation
of bamboo. Shokokusha Tokio. Printed
in Japan, 1958

Forro com varas médias de bambu. Sustentação e fixação do forro com


Fonte: KITAO, Harumichi. Formation bambu.
of bamboo. Shokokusha Tokio. Printed Fonte: KITAO, Harumichi.
in Japan, 1958 Formation of bamboo. Shokokusha
Tokio. Printed in Japan, 1958
Bambu – Manual de aplicações para construções
46

FECHAMENTOS – PORTAS E JANELAS


O bambu é um material que
apresenta grande potencial para a
confecção de portas e janelas, podendo
ser empregado de inúmeras maneiras e
formatos. O bambu pode ser utilizado
como moldura para janelas ou como
tramas de fechamento, criando-se
aberturas que permitirão a passagem de
luz e ao mesmo tempo protegerão
visualmente o ambienta interno, como os
muxarabis utilizados no século XIX.
As portas podem ser feitas
dispondo as varas de bambu lado a lado
ou colocadas espaçadamente,
permitindo também uma iluminação
interior. Neste caso pode-se fechar a
porta com vidro, de preferência fosco Fonte: VÉLEZ, S. Grow your
p a r a p r o m o v e r u m a m b i e n t e m a i s p r i v a t i v o . own house. Vitra Design
Museum and Autoren.
Hannover, 2000.

Porta de bambu.
Janela de bambu. Porta com frisos de bambu. Fonte: KITAO, Harumichi.
Fonte: KITAO, Harumichi. Fonte: KITAO, Harumichi. Formation of bamboo.
Formation of bamboo. Formation of bamboo. Shokokusha Tokio. Printed
Shokokusha Tokio. Shokokusha Tokio. Printed in Japan, 1958
Printed in Japan, 1958 in Japan, 1958
Bambu – Manual de aplicações para construções
47

ESTRUTURAS

O bambu pode ser


empregado em praticamente
todos elementos estruturais de
uma construção, como vigas,
pilares, tirantes e muitos
outros. Para este uso, é
necessário saber se a espécie
empregada apresenta
características físicas e estruturais
adequadas, de modo a garantir
segurança ao edifício (ver capitulo 5 e
6). A espécie Dendrocalamus giganteus
Fonte: site na internet
apresenta características favoráveis a sua www.bambubrasieliro.com
utilização como peça estrutural, visto
apresentar parede e diâmetro espesso.
Deve-se também aplicar tratamentos preservativos
nos bambus antes do seu uso, permitindo uma maior
durabilidade e eficiência do
material (ver capitulo 8 e 9).
Devido sua estrutura oca,
o bambu pode se rachar
facilmente. Deve-se então ter
muito cuidado com os encaixes,
pois eles garantirão uma maior
estabilidade à estrutura (ver
Fonte: VILLEGAS, M. Bambusa Guadua
c a p í t u l o 1 1 ) . E s t e s d e v e m ser
– La Cultura del Café. Villegas Editores, rígidos e ao mesmo tempo
Bogotá, Colômbia, 1989. adaptar-se bem ao bambu.

Pilares de bambu.
Fonte: site na internet Fonte: VILLEGAS, M. Bambusa
Fonte: KITAO, Harumichi.
www.bambubrasieliro.com Guadua – La Cultura del Café.
Formation of bamboo. Shokokusha
Villegas Editores, Bogotá, Colômbia,
Tokio. Printed in Japan, 1958
1989.
Bambu – Manual de aplicações para construções
48

CERCAS

O bambu é um material que já


é muito utilizado em cercas no meio
rural, devido ao fato estar disponível
neste ambiente. Mas a sua utilização,
na maioria das vezes, não apresenta
tratamento adequado, reduzindo
consideravelmente a durabilidade das
cercas. Como estas estarão dispostas
no exterior, deve-se aplicar Fonte: KITAO, Harumichi.
tratamentos adequados para prolongar Formation of bamboo.
sua vida útil (ser capítulos 7, 8 e 9). Shokokusha Tokio. Printed in
Japan, 1958
Existem infinitos modelos de
cerca de bambu, já que o material é
bem adaptável a este uso. Pode-se utilizar varas inteiras de
bambu ou cortadas longitudinalmente. Caso queira
transparência pode-se deixar espaçamentos entre as varas,
ou caso contrário, basta colocá-las bem próximas umas das
outras. A combinação de bambu mais grosso como estrutura
da cerca com bambus finos para o fechamento também é
uma solução bem interessante.

Fonte: VÉLEZ, S. Grow your Cercas de bambu.


own house. Vitra Design Fonte: KITAO, Harumichi.
Museum and Autoren. Formation of bamboo. Shokokusha
Hannover, 2000. Tokio. Printed in Japan, 1958

Como vimos, o bambu é um material com grande


potencial construtivo. Basta conhecê-lo e saber utilizá-lo de
forma correta e proveitosa. Bom uso!
Bambu – Manual de aplicações para construções
49

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