Exame LP 12º 8julho 2017

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CONCURSO ESPECIAL DE ACESSO E INGRESSO PARA ESTUDANTES INTERNACIONAIS

5 Ano Letivo 2017/2018

PROVA DE PORTUGUÊS

10 Duração da Prova: 120 minutos.


Tolerância: 30 minutos

15 - Utilize apenas caneta ou esferográfica de tinta indelével, azul ou preta.


- Não é permitido o uso de corretor. Em caso de engano, deve riscar de forma
inequívoca aquilo que pretende que não seja classificado.
- Não é permitida a consulta de dicionário.
- Escreva de forma legível a numeração dos grupos e dos itens, bem como as
20 respetivas respostas. As respostas ilegíveis ou que não possam ser claramente
identificadas são classificadas com zero pontos.
- Ao responder, diferencie corretamente as maiúsculas das minúsculas. Se escrever
alguma resposta integralmente em maiúsculas, a classificação da prova é sujeita a uma
desvalorização de cinco pontos.
25 - As cotações dos itens encontram-se no final do enunciado da prova.

 
30

1
GRUPO I
Leia o texto seguinte.
Em caso de necessidade, consulte a nota apresentada a seguir ao texto.

35 O crítico inglês Herbert Read indicou certeiramente que o grau de cultura visual
de um povo pode avaliar-se pela sua cerâmica (in The Meaning of Art). É uma arte que
produz objetos resistentes, de colorido intenso; pode assumir valores escultóricos e
picturais; pode ser utilitária ou decorativa, polifuncional; pode ser barata ou cara; está
presente nas grandes cerimónias, assim como na vida quotidiana de todas as classes
40 sociais.
Ora, a cerâmica portuguesa é uma das mais ricas do mundo, pela sua diversidade,
nível estético e apuramento técnico. Os azulejos, de uso muito frequente, assumiram
com especial eficácia a tradição visual abstrata, enquanto a pintura erudita se
concentrava na conceção figurativa. Alguns azulejos intervinham nos efeitos espaciais
45 da arquitetura, acentuando-os ou contrariando-os nos seus jogos óticos. Em suma:
tornando mais subtis os efeitos espaciais arquitetónicos. Na cidade de Lisboa, os
azulejos, revestindo as fachadas dos prédios, eram ainda muito frequentes no início do
século XX. Os seus vidrados prolongavam no interior da cidade os reflexos da luz solar
nas águas do rio Tejo; e os seus padrões coloridos criavam ritmos e texturas, com
50 diversas organizações óticas.
Nesta experiência visual enraíza um dos aspetos mais originais da pintora Maria
Helena Vieira da Silva (1908-1992): a criação de um espaço puro. Um dos primeiros
quadros em que esse espaço se adivinha é O Quarto de Azulejos (1935), onde a
perspetiva sugerida pelas linhas retas é alterada pelo jogo cromático dos quadriláteros,
55 com as suas sequências organizadas em estruturas libertas de qualquer função imitativa.
Neste quadro, como em Máquina Ótica (1937), Vieira da Silva precedeu o Movimento
op, desenvolvido internacionalmente a partir do final dos anos cinquenta e assim
designado em 1964. E é ainda com os azulejos de Lisboa – com os reflexos de luz
propagando-se de rua em rua, dissolvendo a rigidez arquitetónica – que se podem
60 relacionar alguns aspetos impressionísticos de muitas pinturas posteriores de Vieira da
Silva, com os seus brancos e azuis. A própria pintora confirmou esta influência: «Em
Portugal, encontram-se muitos quadradinhos de loiça, os azulejos. A palavra vem de
“azul”, porque eles eram azuis. São um motivo de decoração tradicional nas casas
antigas. Isso também me influenciou. Enfim, esta técnica dá-me uma vibração que
65 procuro e permite encontrar o ritmo de um quadro.»
Não se pretende, porém, afirmar que toda a obra de Vieira da Silva deriva dos
azulejos. Também não se pretende dizer que todos os azulejos são abstratos, nem apenas
de origem árabe ou do sul da Península Ibérica; também os há figurativos e de
influência holandesa.
70
Rui Mário Gonçalves, A Arte Portuguesa do Século XX, Lisboa, Temas e
Debates, 1998

2
75 NOTA
Movimento op (linha 23) – corrente artística – Optical Art – surgida na Europa e
nos Estados Unidos da América, na década de sessenta do século XX, e que se
caracteriza pela representação do movimento através de ilusões óticas.

80 1. Para responder a cada um dos itens de 1.1. a 1.2, selecione a única opção
que permite obter uma afirmação correta. Escreva, na folha de respostas, o
número de cada item e a letra que identifica a opção escolhida.

1.1. Segundo o autor, os azulejos


85 (A) influenciam o espaço visual citadino.
(B) seguem o mesmo rumo da pintura clássica.
(C) habitualmente não constituem uma manifestação artística.
(D) usam a cor como um recurso estético exclusivo.

90 1.2. Em «eram ainda muito frequentes» (linha13) e em «E é ainda» (linha


24), os valores introduzidos pelos dois conectores são, respetivamente,
(A) de tempo e de oposição.
(B) de concessão e de tempo.
(C) de tempo e de adição.
95 (D) de condição e de adição.

2. Responda de forma correta aos itens apresentados.


2.1. Indique o antecedente dos pronomes pessoais que ocorrem em
«acentuando-os ou contrariando-os nos seus jogos óticos» (linha11).
100
2.2. Classifique a oração iniciada por «que» em «Não se pretende, porém,
afirmar que toda a obra de Vieira da Silva deriva dos azulejos.» (linha 33)

105

110

115

5 3
GRUPO II

Leia atentamente o texto e responda, de forma estruturada e concisa às


questões:
120

NEVOEIRO

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,


Define com perfil e ser
125 Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer –
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo - fátuo encerra.

130 Ninguém sabe que coisa quer,


Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
135 Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...

É a hora!

140 10-12-1928

Mensagem. Fernando Pessoa. Lisboa: Parceria António Maria Pereira, 1934 (Lisboa: Ática, 10ª
ed. 1972). - 104.

145 1. De acordo com a sua experiência pessoal de leitura estabeleça uma


analogia entre a 1ª estrofe do poema de Fernando Pessoa e a realidade
histórico-cultural de Portugal.
2. Indique, classifique e explicite o valor expressivo de três (3) recursos
estilísticos no poema.
150 3. Explicite o valor expressivo da interrogação na 2ª estrofe (v.4). e ao
último verso do poema.
4. Comente o sentido do verso que fecha o poema: “É a hora!”  

4
GRUPO III
155
Leia atentamente o texto e responda, de forma estruturada e concisa às
questões:
(…)
Sousa Falcão – Os presos já vão a caminho do Campo
A tristeza de Sousa Falcão de Sant’ Ana, Matilde.- Temos de partir.
sente-se em todas as suas Do alto da serra poderemos ver a fogueira em S.
palavras e em todos os Julião da Barra.
seus gestos.
É como se estivéssemos com ele até ao fim. 5
(…)
D. Miguel – Lisboa há de cheirar toda a noite a carne
assada, Excelência, e o cheiro há de lhes ficar na
memória durante muitos anos… Sempre que
pensarem em discutir as nossas ordens, lembrar-se-
ão do cheiro… 10
(Com raiva)
D. Miguel – É verdade que a execução se prolongará
pela noite, mas felizmente há luar…
(…)
Sousa Falcão – É o fim… Quando virmos, lá em baixo,
o clarão da fogueira, já ele morreu… 15

Matilde – O clarão da fogueira! Quando o virmos, já


ele está aqui ao pé de nós! Foi para o receber que eu
vesti a minha saia verde!
(…) 20
Matilde – Julguei que isto era o fim e afinal é o
princípio. Aquela fogueira, António, há de incendiar
esta terra!
(O clarão da fogueira diminui visivelmente)
Matilde – Adeus, meu amor, adeus. Adeus! Adeus! 25
Adeus!
(Para o povo)
Matilde - Olhem bem! Limpem os olhos no clarão
daquela fogueira e abram as almas ao que ela nos
30
É quase um grito. ensina!
Até a noite foi feita foi feita para que a vísseis até ao
fim…
(Pausa)
Matilde - Felizmente – felizmente há luar! 35
(Desaparece o clarão da fogueira. Ouve-se ao longe
uma fanfarra que vai num crescendo de intensidade
até cair o pano.)

Luís de Sttau Monteiro, Felizmente há luar! Porto, Areal, 2015.

5
10
1. Situe o excerto lido na obra Felizmente há luar!.

2. Explicite o sentido da frase “Felizmente há luar” quando proferida por


160 Matilde de Melo.

3. Refira o valor simbólico da saia verde de Matilde.

4. Comente e relacione o tempo da história e o tempo da escrita na peça de


Luís de Sttau Monteiro.

5. Luís de Sttau Monteiro valorizou e desenvolveu as didascálias como


165 uma parte integrante do texto da peça.

5.1. Explicite a função e objectivo das didascálias na peça.

170 GRUPO IV

Leia atentamente o seguinte excerto:

Sousa Falcão - Durante meses, duas vezes dei comigo à berma de lhe chamar louco,
175 para desculpar a minha cobardia.

Há homens que obrigam todos os outros a reverem-se por dentro…

Luís de Sttau Monteiro. Felizmente há luar!

180 Com base na sua experiência pessoal de leitura, num texto bem estruturado,
com o mínimo de cento e oitenta (180) e o máximo de duzentas palavras
(200), apresente uma reflexão sobre a influência que alguns homens e
mulheres têm sobre os outros, tendo em conta o seu caráter e a sua conduta.
Para fundamentar o seu ponto de vista, recorra a dois argumentos,
185 ilustrando cada um deles com, pelo menos, um exemplo significativo.

6
190

Cotações
Grupo I
1.
1.1. …………………………………………………………………………… 15 pontos
195 1.2. …………………………………………………………………………… 15 pontos
2.
2.1. …………………………………………………………………………… 10 pontos
2.2. …………………………………………………………………………… 10 pontos

200
Grupo II
1. ………………………………………………………………………………10 pontos
2. ………………………………………………………………………………10 pontos
3. ………………………………………………………………………………10 pontos
205 4. ………………………………………………………………………………10 pontos

Grupo III
1. ……………………………………………………………………………… 10 pontos
2. .………………………………………………………………………………10 pontos
210 3. ……………………………………………………………………………… 10 pontos
4. ……………………………………………………………………………… 10 pontos
5.1.. …………………………………………………………………………... 10 pontos

Grupo IV ………………………………………………………………………50 pontos


215

Total …………………………………………………………………………200 pontos

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