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A obra que eu vou apresentar chama-se “Daydreaming” e o autor do quadro é Andre Wyeth.

Andrew Wyeth nos Estados Unidas da América foi um dos pintores mais conhecidos em
meados do séc. XX. Wyeth era chamado o pintor das pessoas uma vez que os seus quadros
representavam muitas vezes a profunda simpatia da humanidade, a realidade e as lutas da
mesma.

Aos 20 anos de idade, em 1937 teve a sua primeira exposição a solo tendo sido esta
considerado um sucesso, visto que o pintor vendeu todos os quadros. Este foi um passo muito
importante para ganhar fama no mundo das artes.

As suas obras apresentavam um leque de cores pouco vasto e as figuras presentes eram
representadas com um nível de simplicidade acentuado. Em maior parte dos seus trabalhos, o
pintor optava por pintar apenas uma figura central, com um número de elementos
secundários reduzido. Andrew Wyeth considerava-se um abstracionista, mas a verdade é que
as suas obras apresentavam um estilo realista que tem como característica principal a
representação de realidade “crua”, as coisas como elas são.

A sua obra mais conhecida é a “Christina’s World”, que data de 1948 e onde está retratada a
sua vizinha Christina Olson, em Maine. Neste momento o quadro está no Museu de Arte
Moderna em Nova Iorque.

O quadro “Daydreaming” foi pintado em 1980 e faz parte da coleção de Paul Allen que foi
leiloada em novembro de 2022. O preço estimado para esta obra estava situado entre os 2
milhões de dólares e os 3 milhões, mas acabou por ser vendido por 23 milhões de dólares.

A obra “Daydreaming” integra a série “ Pinturas de Helga ``que foi inspirado pela modelo Helga
Testorf. Helga está retratada em mais de 200 quadros e em “Daydreaming”o pintor retrata
Helga no quarto do andar de cima na sua casa de família em Port Clyde, Maine. A modelo está
deitada numa cama, envolvida por um tecido transparente. Há duas janelas ao fundo que
trazem luz ao quadro.

Andrew Wyeth pretendia fazer uma análise psicologicamente envolvente da intimidade


secreta e dá também destaque ao nu feminino, representado na forma mais simples a figura
da mulher.

Desde os tempos pré-históricos até à atualidade a nudez feminina fez sempre parte da arte do
desenho e da pintura devido a diversas razões. Um exemplo é a pintura icônica de Botticelli, “O
Nascimento de Vénus”, em que a mulher nua representa a beleza feminina, o amor divino e a
espiritualidade. Analogamente o quadro “Daydreaming” abrange também este tema da nudez
feminina, com a clássica ilustração da figura feminina nua deitada que surge em representação
da pureza, do amor em geral e na minha opinião, do amor que o pintor encontrou pela
modelo.

O nível de simplicidade, realismo e amor no quadro são uma reflexão dos sentimentos que
Andrew Wyeth tinha pela modelo e que foram crescendo ao longo do tempo em que este
pintava Helga.

Ao contrário de muitos artistas, Andrew tinha de se envolver emocionalmente e fisicamente


com aquelas que pintava, e ao longo do seu processo de pintar os mais de 200 quadros, a
relação que floresceu entre Helga e Andrew levou-o, segundo o pintor, a viver um intenso
romance.
O quadro apresenta um leque de cores reduzido, onde predomina o branco, o bege e o
cinzento claro,a não utilização de cores quentes e fortes no quadro, traz na minha opinião um
quanto de serenidade. É uma pintura de cores predominantemente frias, mas que a meu ver o
artista consegue equilibrar os elementos, cores e formas tornando-a numa pintura mais
quente. O toque do pincel é suave. Wyeth aumenta um pouco estas pinceladas em faixas
brancas e bege , fazendo com que brilho subtil que entra pelas janelas se destaque na
composição.

Tal como visto em muitas obras deste pintor e tal como mencionado anteriormente,
“Daydreaming” inclui janelas, uma marca de assinatura famosa nos seus quadros. Em
“Daydreaming”, ele usa janelas e um tecido transparente entre Helga e o espectador com o
intuito de criar um elemento que explore os conceitos de distância tanto a um nível emocional
como a um nível físico. O tecido é pintado em volta da modelo, fazendo parecer que esta é
uma deusa prestes a acordar, todo isto é, no meu ponto de vista, resultado de uma
interpretação profunda e de uma mente artística que Wyeth possuía.

A simplicidade complexa, os tons do quadro, a mensagem por detrás da pintura, a calma e


serenidade que o quadro retrata fizeram com que eu me prendesse à obra. Fascinou-me como
com poucos e simples elementos Wyeth consegue representar a complexidade do ser
feminino de forma tão romântica, daí ter escolhido esta obra.

Wyeth disse que a arte de um artista vai tão longe quanto o seu amor for, penso que este
quadro seja exatamente a realização desse pensamento graças a história que está por detrás
carregada de sentimentos.

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