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Dias EP

ARTIGO et al.
ORIGINAL

Expectativas de alunos de enfermagem


frente ao primeiro estágio em
instituições de saúde
Emerson Piantino Dias; Beatriz Lemos Stutz; Tatiana Carneiro de Resende;
Natália Borges Batista; Suéllen Siqueira de Sene

RESUMO – Neste estudo de abordagem qualitativa, objetivou-se in­­ves­­


tigar as expectativas de alunos do primeiro período de um curso técnico em
enfermagem de uma universidade pública, acerca do seu primeiro estágio
em unidades de saúde. Os dados foram coletados por meio de entrevista
semiestruturada, gravada e transcrita, de acordo com a Resolução 196/96
que regulamenta a pesquisa com seres humanos. Os resultados obtidos
demonstram que o início do estágio é permeado por sentimentos de medo,
insegurança e ansiedade dos estudantes. Pode-se concluir que esse é um
momento em que devem contar com a compreensão e o conhecimento dos
docentes para que se sintam mais confortáveis e preparados para elaborar
questionamentos e sanar dúvidas em relação ao exercício profissional.

UNITERMOS: Escolas de Enfermagem. Estudantes de Enfermagem.


Estágio Clínico. Instituições de Saúde.

Emerson Piantino Dias – Enfermeiro, Mestre em Pro­ Correspondência


moção de Saúde, Universidade Federal de Uberlândia, Emerson Piantino Dias
Escola Técnica de Saúde, Uberlândia, MG, Brasil. Av. Rondon Pacheco, 5620 Apt. 22 – Tibery – Uberlândia,
Beatriz Lemos Stutz – Psicóloga, Doutora em Educação, MG, Brasil – CEP 38405-142
Universidade Federal de Uberlândia, Escola Técnica de E-mail: emerson@estes.ufu.br
Saúde, Uberlândia, MG, Brasil.
Tatiana Carneiro de Resende – Mestre em Ciências da
Saúde, Universidade Federal de Uberlândia, Escola
Técnica de Saúde, Uberlândia, MG, Brasil.
Natália Borges Batista – Enfermeira, Graduada, Uni­­ver­­
sidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, MG, Brasil.
Suéllen Siqueira de Sene – Enfermeira, Graduada,
Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, MG,
Brasil.

Rev. Psicopedagogia 2014; 31(94): 44-55

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Expectativas de alunos de enfermagem frente ao primeiro estágio em instituições de saúde

INTRODUÇÃO senvolverem uma opinião crítica e uma reflexão


O Código de Ética de Enfermagem1 concei- das formas de atuação profissional, contribuin-
tua essa profissão como um conjunto de práti- do para posteriores tomadas de decisões mais
cas sociais, éticas e políticas, circunscritas no conscientes e adequadas à realidade de cada
âmbito do ensino, pesquisa e assistência. Tem instituição4.
como função a prestação de serviços à pessoa, As escolas de educação profissional têm como
à família e à coletividade no ambiente em que característica comum proporcionar a seu corpo
vivem, considerando as variáveis que permeiam discente a aprendizagem prática da profissão,
sua realidade cotidiana. A atuação do profis- por meio da realização de estágio obrigatório,
sional de enfermagem envolve intervenções de integrante da matriz curricular, havendo, contu-
caráter multiprofissional e interdisciplinar, cuja do, instituições escolares que oferecem estágio
dinâmica de trabalho exige, frequentemente, a não obrigatório, remunerado, desenvolvido como
habilidade em lidar com situações e conflitos projeto de extensão. Tais formas de aprendizado
presentes em seus relacionamentos com a equi- têm sido apontadas, tanto por professores, quanto
pe, com os pacientes e familiares, tornando-os por estudantes, como meios significativos de
vulneráveis ao desenvolvimento de problemas aprendizagem e, paralelamente, também fonte
que afetam sua saúde física e mental. de conflitos5.
Nesse sentido, o tema formação dos profis- Ao comunicarem-se pela primeira vez com
sionais de enfermagem é bastante atual, tendo seu ambiente de estágio, os estudantes viven-
sido alvo de debates e questionamentos pelas ciam diversos sentimentos em suas relações
diversas entidades estudantis, acarretando cons- com o cliente, com o professor e com os próprios
tantes mudanças, principalmente, nos currículos colegas da área de saúde, mobilizando diferentes
de graduação e pós-graduação. Frente a tais expectativas. Assim, podem surgir perguntas e
mudanças, nota-se a necessidade de aumentar possíveis reações emocionais, que se manifes-
os estudos científicos que abordem essa temática tam, muitas vezes, por meio de problemáticas,
e que discutam novas propostas pedagógicas prejudicando a própria saúde dos estagiários e
com o intuito básico de melhorar a formação dos influenciando também sua formação.
estagiários ao qualificá-los profissionalmente2. Diante dessa temática, faz-se necessário
O estágio supervisionado é entendido como evidenciar o significado da palavra “expectati-
um importante instrumento para formação dos va” para maior embasamento teórico ao estudo.
profissionais de enfermagem, no qual se de­ Conceitualmente, ela é definida como sendo a
senvolvem habilidades profissionais e se aper- esperança fundada em supostos direitos, proba-
feiçoam técnicas e procedimentos realizados bilidades ou promessas. Levando em considera-
diariamente no exercício da profissão. Esse pe- ção que expectativa se relaciona com os projetos
ríodo de aprendizagem em campo tem a função pessoais e profissionais, pode-se descrevê-la
de consolidar o aprendizado teórico para formar como um sentimento gerado quando o indivíduo
profissionais mais capacitados e prepará-los para aguarda uma atitude ou fato, seja ele de qual na-
enfrentar o mercado de trabalho, que se encontra tureza for, impondo algum nível de esperança6.
cada vez mais competitivo3. As dificuldades encontradas por estudantes
Dessa forma, as atividades de estágio não se de um curso técnico de nível médio na área de
limitam apenas ao aperfeiçoamento das técnicas enfermagem, durante a realização do estágio
e procedimentos, mas tem, como intuito, desen- curricular, estão diretamente ligadas à grande
volver no aluno a capacidade de entendimento influência das relações interpessoais em seu
pessoal, auxiliando-o a reconhecer e manifestar processo de formação, vivenciadas durante a
a sua própria identidade profissional. Portanto, realização das atividades práticas. Dentre os
esse campo de estudo possibilita aos alunos de- resultados apresentados em sua investigação,

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os problemas, frequentemente enfrentados para o início das atividades práticas inerentes ao


pelos aprendizes referem-se aos processos de estágio curricular obrigatório. Os objetivos espe-
comunicação e relacionamento com a equipe cíficos centraram-se na análise das influências
de trabalho, docentes e usuários do sistema de das expectativas dos alunos frente ao primeiro
saúde, como também ao medo e à ansiedade contato com as unidades de atendimento em
diante de situações imprevisíveis7. saúde sobre seu desenvolvimento psicoafetivo,
Diante das considerações aqui elencadas, o bem como no que se refere à interação com os
estudo das expectativas de estudantes do ensino pacientes, com a equipe de trabalho e com o
técnico de nível médio, no momento que antece- professor responsável por seu acompanhamento,
de o início de suas experiências práticas, vem ao durante a realização das atividades práticas de
encontro da necessidade de produção de conhe- aprendizagem.
cimentos relativos à formação de profissionais
para esse importante segmento da área da saúde. MÉTODO
A formação profissional se tornou um motivo Esta é uma pesquisa qualitativa, realizada
de grandes questionamentos diante da comple- no ano de 2012, em uma instituição federal de
xidade do tema e da diversidade das variáveis ensino básico técnico e tecnológico da área da
envolvidas. saúde, no município de Uberlândia-MG.
Desde o primeiro contato entre os professo- Para a obtenção dos dados, foi elaborada
res e os estudantes estagiários no laboratório, uma entrevista semiestruturada, aplicada por
seja ele em ambiente hospitalar ou não, tem-se alunas do curso de graduação em Psicologia da
a possibilidade de verificar falhas na formação Universidade Federal de Uberlândia, evitando-
profissional. Elas podem manifestar-se por meio -se dessa forma o contato dos docentes com os
da expressão de sentimentos, da falta de preparo, alunos entrevistados.
de relatos dos próprios estudantes, como também Participaram deste estudo alunos do primeiro
na forma como eles se relacionam com o campo período de um curso Técnico em Enfermagem,
teórico-prático. Daí a importância de discutir a mediante assinatura do Termo de Consentimento
temática de forma aprofundada para conseguir, Livre e Esclarecido (TCLE), em conformidade
por fim, produzir conhecimento que transforme com a resolução 196/96 do Conselho Nacional
a concepção dos professores e dos alunos, frente de Saúde.
à formação dos profissionais de enfermagem. Para realização das entrevistas, foi obtida a
Dessa forma, a relevância da presente pes- assinatura do Termo de Autorização da Insti-
quisa reside na contribuição que o conhecimento tuição pela direção da unidade de ensino pes-
acerca das expectativas de estudantes de cursos quisada, onde foram realizadas as entrevistas
técnicos em enfermagem, em relação à sua in­­ e posterior análise. O projeto deste estudo foi
serção no estágio, pode oferecer ao aprimora- submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa
mento de estratégias de ensino, que resultem com Seres Humanos da Universidade Federal
em melhor preparo durante o processo de sua de Uberlândia, com parecer positivo de número
formação profissional. Em consequência disso, 129.194.
este trabalho pode contribuir, também, para o A amostra foi constituída por 16 estudantes
desenvolvimento profissional e pessoal dos pes- do primeiro período do curso Técnico em En-
quisadores, atualizando seus conhecimentos e fermagem, pautada pelo critério de saturação
balizando suas ações na área da saúde. nas respostas, o que possibilitou a interrupção
O objetivo geral desta investigação foi ana- das entrevistas no momento em que esse fato
lisar as expectativas dos alunos de um curso começou a ocorrer.
técnico em enfermagem, relacionadas à sua in- A pesquisa foi realizada a partir da análise
serção nas unidades de atendimento em saúde, de livros, artigos, teses e dissertações sobre o

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tema em questão, ampliando as publicações aqui preparo para lidar com as diversas situações com
citadas e subsidiando a análise das entrevistas. as quais terá que enfrentar, além da aquisição
Com base na Análise de Conteúdo, utilizou-se e domínio de conhecimentos específicos, para
a “análise temática”, enquanto um conjunto de prestar os cuidados na área de enfermagem. Tal
técnicas para estudo da comunicação, visando preparo inclui estudos teóricos e realização de
à obtenção, por meio de procedimentos sistemá- atividades práticas, desenvolvidas em labora-
ticos e objetivos, a descrição do conteúdo das tório e no ambiente hospitalar, mediante ações
mensagens8. supervisionadas por professores, que os acompa-
A análise do material obtido foi realizada em nham durante o período em que se desenvolve
três etapas, sendo elas: 1. ordenação de dados essa aprendizagem.
com a transcrição das gravações, releitura do ma- Faz parte desse processo não apenas o trei-
terial e organização dos relatos; 2. classificação no de habilidades específicas para realizar as
ou exploração dos dados para a elaboração dos tarefas diárias que lhes são solicitadas, mas,
núcleos de sentido; 3. análise final ou tratamento fundamentalmente, desenvolver a compreensão
dos resultados obtidos, quando são estabelecidas dos conflitos causados por eventos internos ou
as articulações entre os dados e as teorias. intrapsíquicos, que combinados com aconteci-
Foram eleborados dois núcleos de sentido, mentos externos ou interpessoais, são muitas
sendo eles “O Preparo”, e “Expectativas”. Esta vezes geradores de ansiedade, como consequên­
última tem como foco o estudante frente ao cia de um desequilíbrio adaptativo da pessoa
estágio e frente às relações aluno-professor, diante do modo como os percebe9.
aluno-paciente e aluno-equipe. Observa-se, com frequência, que o contexto
Para identificação das falas dos entrevistados, no qual se desenvolve a aprendizagem prática
foi utilizada a seguinte estratégia de classifica- de futuros profissionais da área de enfermagem
ção: A1 - para o primeiro aluno entrevistado; A2 é gerador de ansiedade e exige a aproximação
- para o segundo aluno entrevistado; A3 - para entre professor e aluno, mediada por uma escuta
do primeiro em relação ao segundo, que lhe sirva
o terceiro aluno, e assim sucessivamente até o
como suporte para superação das dificuldades
último aluno entrevistado, A16.
encontradas, transformando aquilo que, inicial-
Em nenhum momento houve identificação
mente, apresenta-se como expectativas, em um
dos entrevistados, tampouco riscos em decorrên­
exercício constante de superação do desconforto
cia da coleta de dados. Após a transcrição das
psíquico e dos desafios inerentes ao confronto
gravações as entrevistas foram desgravadas.
com a doença, a dor, as perdas e demandas ine-
rentes às relações interpessoais, circunscritas
RESULTADOS E DISCUSSÃO
ao contato com pacientes, familiares e equipe
A apresentação e discussão dos resultados de trabalho.
realizada a seguir dizem respeito a entrevistas Através de uma reflexão sobre aspectos que
com 16 alunos, na faixa etária entre 18 e 50 anos, envolvem a formação acadêmica de alunos do
sendo 4 do sexo masculino e 12 do sexo feminino. curso de Medicina e a relação professor-aluno,
Verificou-se que 5 deles tiveram algum tipo de evidenciou-se uma questão que sem dúvida se
experiência na área de saúde. O presente estudo estende também à área da saúde como um todo:
foi construído mediante análise dos núcleos de o professor que não escuta o aluno falha no mé-
sentido apresentados a seguir. todo e oferece um modelo de não comunicação.
Explicitando, podemos dizer que no encontro
O preparo entre duas pessoas, no caso professor-aluno, o
O processo de formação do aluno para o que é feito, a conduta que o professor demonstra,
exercício profissional requer que ele adquira um tem muito mais impacto no outro do que o que é

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dito. Coerência entre atos e discurso no ensino Considerando tratar-se de discente da área
é essencial10. de enfermagem, vale ressaltar o significado
Ao tratarmos, neste texto, das expectativas da expressão “tudo o que me aguarda”, na fala
de alunos de um curso técnico em enfermagem acima mencionada. Os aspectos sócio-históricos
frente ao primeiro contato com unidades de inerentes à profissão acabam por influenciar as
atendimento em saúde para realização de ativi- expectativas daqueles que estão em fase de for-
dades práticas, buscamos uma aproximação dos mação, prestes a manter os primeiros contatos
sentimentos que a espera mobiliza, bem como com o ambiente real no qual ela se desenvolve.
de suas influências sobre eles, tornando possível Os estudantes aqui entrevistados trazem consigo
a construção de conhecimentos que contribuam as influências dos processos socioculturais que
para uma comunicação e atuação docente em permeiam as representações sociais acerca das
sintonia com as necessidades apresentadas e que profissões nessa área, além dos conhecimentos
resulte em um processo de aprendizagem menos que começam a adquirir sobre ela ao iniciar o
doloroso, com diminuição das contingências curso. Dessa forma, pode-se dizer que a imagem
geradoras de ansiedade. que fazem sobre aquilo que irão encontrar nos
Comumente, a ansiedade é provocada por primeiros contatos com o trabalho relacionado
um aumento esperado de tensão ou desprazer, aos cuidados está ligada, em primeiro plano, ao
podendo desenvolver-se quando a ameaça a sofrimento humano e à morte, explicitados pelos
alguma parte do corpo ou da psique é muito autores a seguir:
grande para ser ignorada, dominada ou des- É conhecido que, nas profissões da área da
carregada11. Quando somos colocados frente a saúde, a ansiedade tende a ser comum, visto que
novas situações, sob as quais não temos domínio os profissionais lidam com o sofrimento humano,
e com as quais temos que lidar, experimentamos a morte, que são situações altamente ansiogêni-
esse sentimento. cas. A ansiedade da morte é a mais básica, mais
Profissionais da área de enfermagem, fre- universal e inexplicável para a pessoa12.
quentemente, enfrentam situações geradoras de O contato e a troca de informações com
ansiedade diante da tarefa de cuidar do outro, já pro­­fessores e alunos que estão em período sub­
que esse cuidado implica desenvolver habilida- sequente do curso também influenciam a visão
des para lidar com questões referentes à equipe sobre o significado da atuação nessa área e os
de trabalho, aos aspectos físicos e emocionais atributos necessários para desempenhá-la ade-
dos usuários, aos processos de comunicação quadamente.
com familiares e às demandas do meio no qual O processo de trabalho em saúde requer,
atua. Da mesma forma, o aprendizado prático da além de uma articulação dos conhecimentos, em
profissão, via instituição escolar, é caracterizado função de seu caráter multiprofissional, maior
por um processo de aprendizagem que, como se qualificação técnica, ético-política e de relacio-
constata no estudo aqui apresentado, está per- namento interpessoal13. Esses autores enfatizam
meado por uma insegurança diante do preparo que, na visão dos discentes, é necessário que o
exigido, tornando-se fonte de ansiedade clara- profissional de enfermagem desenvolva controle
mente explicitada nas falas dos entrevistados: emocional e tenha compreensão e paciência ao
“Ansiosa, muito preocupada com o que relacionar-se com o paciente. Assim, as expec-
está me esperando lá. Eu tô sem saber tativas geradas nos discentes aqui entrevistados
o que vai acontecer, o que está me es- quanto ao preparo exigido podem também estar
perando, então eu fico ansiosa e muito atreladas a tais questões.
preocupada se eu vou dar conta de fazer A ansiedade gerada pelo desafio do enfrenta-
tudo o que me aguarda, se eu vou estar mento de situações reais, impostas pelo contato
preparada.” (A8) direto com os pacientes, no ambiente hospitalar,

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sem a segurança característica de uma situação A atividade assistencial, que exige o con-
vivenciada em laboratório, evidencia a necessi- tato direto dos profissionais da saúde com o
dade de preparo do aluno para lidar com esse ser humano, é, ao mesmo tempo, fonte de gra-
sentimento, contribuindo para que o processo de tificação e de estresse. Enumeram-se dentre
aprendizagem torne-se menos doloroso. os fatores gra­­­tificantes, aconselhar, educar,
“Então no início eu sinto ansiedade pra sentir-se com­­­petente e receber conhecimento.
estar próxima já ao paciente, porque Por terem também que lidar frequentemente
assim [...] o conhecimento que a gente com a dor e o sofrimento, com as expectativas
adquire e a prática que a gente tem no dos pacientes e familiares, alguns às vezes com
laboratório passa uma segurança, uma comportamentos depressivos e hostis, além de
experiência de conhecimento maior, mas limitações do conhecimento, veem-se diante
diante do paciente em si a ansiedade é da própria vida e, por conseguinte, de seus
um pouco maior.” (A9) conflitos e frustrações15.
Ao abordar formas de comunicação na área Diante desse quadro, a autora acima referida
da saúde, surge a importância da reflexão em chama atenção para a importância dos cuidados
torno dos sentimentos e dos níveis latentes da com o ambiente de aprendizagem na área da
mensagem que o outro nos envia. Nessa direção, saúde frisando que: “Do ponto de vista psicoló-
a reflexão depende da atitude de aprendizagem gico, portanto, é necessário criar condições para
presente quando sintonizamos com o outro e en- que o aluno possa ser ouvido e compreendido,
tendemos o que se passa em seu interior. Subja- ao falar de seus sentimentos em relação a si
cente a essa questão, afloram os efeitos benéficos mesmo e em relação ao cliente; é importante
dessa atitude frente à tomada de consciência das que ele perceba seus erros técnicos, mas também
situações obscuras, facilitando a autopercepção seus acertos, já que estes últimos serão elemento
e contribuindo para o alívio de sentimentos do- fundamental na constituição da identidade pro-
lorosos ou difíceis com os quais temos que lidar. fissional. Se o aluno percebe que há no ambiente
Esse processo requer, entre outras questões, um de aprendizagem uma restrição, uma crítica à
treinamento da sensibilidade para percebermos veiculação dos aspectos emocionais do aprendi-
as pistas não-verbais que o outro nos envia14. zado apresentará resistências para falar de seus
Infelizmente, a maioria de nós, na maior parte problemas e sentimentos, principalmente para
do tempo, consegue apenas olhar e escutar e não reconhecer em si alguns sentimentos não con-
verdadeiramente ver e ouvir. É claro que isso dizentes com os esperados de um profissional”15.
acontece no cotidiano da vida e não somente na A preocupação com o ambiente de aprendiza-
área profissional: olhamos sem ver, escutamos gem e com todos esses desafios diante dos quais
sem ouvir. Esse não é um mero jogo de palavras: será colocado é, sem sombra de dúvidas, foco
a diferença entre olhar e ver e entre escutar e de tensão e ansiedade, novamente explicitado
ouvir depende da ampliação da sensibilidade pelos estudantes aqui entrevistados, cujo medo
que possibilita captar os matizes das entrelinhas de errar é inerente àqueles que ainda não se
da comunicação14. sentem seguros e preparados para enfrentá-los.
Ao tratarmos da aprendizagem prática da O medo de não conseguir realizar as tarefas que
profissão no contexto da educação técnica de lhes serão exigidas, conforme lhes foi ensinado
nível médio na área da enfermagem e as ex- pelos professores, é frequente entre esses estu-
pectativas de estudantes antes do início das dantes como se pode constatar a seguir:
atividades no interior de instituições de saúde, “Bom, eu me sinto assim, ansiosa pra
deve-se levar em conta o papel fundamental da começar, mas ao mesmo tempo tenho
relação professor-aluno e a dialética existente medo de não fazer assim..., conforme
no movimento de ensinar e aprender. os professores me ensinaram, e cometer

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erros lá na hora sabe. Eu quero, mas eu aptos a atuarem futuramente como profissionais
tô bem assim sabe.” (A4) requer um preparo que acontece gradativamen-
Considerando que a aprendizagem e o pre- te, incluindo, além dos aspectos aqui abordados,
paro exigido dos profissionais da saúde diante um processo de adaptação ao ambiente no qual
das demandas cotidianas no exercício de suas a aprendizagem ocorre. A fala de um dos en-
funções é uma construção diária, requerendo trevistados vem ao encontro dessa assertiva ao
ação e reflexão imbricadas dialeticamente no frisar que:
tempo e no espaço em que ocorrem, cabe aos “É um pouco assustador, a gente fica
educadores responsáveis pela formação desses assim com um pouco de receio, tensa,
profissionais uma apropriação, não apenas dos mas assim foi só a primeira vez, a partir
conhecimentos teórico-práticos necessários, mas da segunda a gente se sentia à vontade
também um reconhecimento do papel social que frente ao paciente pra desenvolver as
ocupam enquanto mediadores desse processo. técnicas que a gente aprendeu no pri-
Pode-se dizer que a atividade pedagógica é meiro período. Pra mim foi tranquilo; só
coletiva por essência na medida em que a apro- no primeiro impacto mesmo, a primeira
priação do conhecimento ocorre mediante uma visita que eu achei mais difícil.” (A2)
interação dos sujeitos envolvidos. Uma interação A experiência adquirida ao longo do processo
na qual são aprendizes professores e alunos. Sob de aprendizagem, mediante o contato gradativo
esse prisma, o produto do ensino, pode ser enten- com as unidades de saúde, promove a redução
dido como: “[...] a apropriação do conhecimento da ansiedade e melhor adaptação às situações
científico por meio de ações dos estudantes que novas e aos constantes desafios colocados para
lhes possibilitem fazer uso de tais conceitos nas os estudantes. Aliado a isso, é necessário que
diversas relações com a realidade objetiva, tanto haja um estreitamento da relação professor-alu-
na sua manifestação externa nas relações inter- no, com diálogo constante e fundamentalmente
pessoais, quanto na sua manifestação interna a percepção clara do docente de que o aprendiz
nas relações intrapessoais”16. está em processo de formação e por isto mesmo é
A importância do suporte e apoio do professor passível de dificuldades que só serão superadas
para minimizar a ansiedade do aluno, auxilian­ paulatinamente, com um ritmo próprio.
do-o a adquirir autoconfiança, reduzindo o so-
frimento psíquico provocado pelo medo de errar Expectativas
e pela insegurança diante dos desafios que terá Frente ao estágio
que enfrentar ao transferir para situações reais, O estágio curricular, por muitas vezes, é a
no ambiente hospitalar, a aprendizagem ocorrida última oportunidade de o aluno sanar suas dúvi-
em aulas de laboratório, é explicitado por um dos das, aprimorar técnicas e até mesmo ter a chance
entrevistados no discurso a seguir: de colocar em prática tudo o que foi aprendido
“Bom, eu tenho muita expectativa pra no decorrer do curso. Os pontos levantados pelos
poder fazer o estágio, principalmente alunos devem ser levados em consideração. As
sendo acompanhado com um professor, dúvidas e os medos, comumente, geram ansie-
pra eu poder exercer tudo aquilo que a dade, insegurança e desgaste emocional intenso,
gente aprendeu nas aulas de laboratório, contudo, os alunos expressam a necessidade
e também pra poder ter contato já direto de passar um sentimento de segurança para o
com o paciente.” (A1) paciente.
Diante do aqui exposto, percebe-se que o Pesquisas voltadas para identificação e análise
de­­­senvolvimento de habilidades necessárias das percepções e sentimentos dos estudantes de
para a formação dos estudantes que os tornarão enfermagem, com relação à sua formação como

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pessoa/ profissional, mostram que a formação nervosa. Mas... Eu espero que seja legal.
acadêmica está mais centrada em conhecimentos Vai ser uma experiência nova. Eu tenho
técnico-científicos direcionados especialmente certeza que vou gostar, porque eu sou
ao atendimento das necessidades daqueles que apaixonada pela área.” (A12)
serão assistidos, sem considerar a pessoa que os
assiste, além de sinalizar que a trajetória acadê-
Frente à relação professor-aluno
mica é permeada por vários sentimentos, dentre
O início do estágio curricular de enfermagem
eles a ansiedade, que aparecem em função das
no ambiente hospitalar é uma situação delicada,
experiências ocorridas ao longo dela17.
que gera muitas dúvidas, incertezas, inseguran-
A inserção do aluno em campo prático gera
ça e medo nos alunos iniciantes, uma vez que
novos conflitos e mudanças no seu cotidiano,
esse ambiente é um mundo desconhecido para
proporcionando novas experiências associadas
muitos.
a novos e distintos sentimentos18.
Esse universo de reações acontece, espe-
O estágio propicia ao aluno experimentar
cialmente, no primeiro estágio curricular e gera
sentimentos ambivalentes, provocados pela
ansiedade no aluno, além de uma situação des-
angústia relatada por colegas que já tiveram a
confortável para o professor21.
mesma experiência. Essas angústias são viven-
O modo de agir de cada professor, seja em
ciadas no relacionamento com o paciente, com
o professor e com o ambiente, eliciando aspectos sala de aula, seja em campo de estágio, é de
positivos e negativos diante de suas primeiras fundamental importância na formação do aluno.
práticas que envolvem o cuidar. Em relatos re- A relação entre professor-aluno, mesmo que seja
gistrados, presenciar a morte é um dos fatores de autoridade/subordinação, no sentido didático,
negativos apontados e entre os positivos estão requer do professor exercer uma boa comunicação
a realização de procedimentos complexos e a e um ensino de qualidade que contribua com a
assistência integral aos pacientes, visando sua formação desse futuro profissional. Ao iniciar uma
recuperação19. caminhada junto aos alunos, o professor deve
“A única coisa assim que eu tenho na entender que se faz necessária a disponibilidade
mente que eu não posso deixar transpa- de espaços formais na instituição de ensino onde
recer é a minha ansiedade que sempre o estudante possa expressar seus conflitos, medos,
vai ter mesmo. Mas, que eu quero passar questionamentos e desencontros22.
toda segurança pro paciente, que ele Podemos notar na fala de um entrevistado,
possa confiar em mim, que eu estou ali uma situação negativa presente nessa relação:
pra cuidar dele, pra ajudar no que ele “Eu tive uma experiência. Eu comecei a
precisar.” (A14) fazer o curso antes de passar aqui na UFU,
A entrada brusca dos alunos numa situação na escola “X”, e eu não gostava muito por-
desconhecida no primeiro contato com a profis- que eu achava que o professor não dava
são é fator desencadeante de tensões e ansieda- muita atenção, então eu tinha expectativa
des que afetam de modo negativo o aprendizado, de ter isso aqui, e eu encontrei em relação
sendo imprescindível que o docente, em campo aos professores. Aqui tem assistência, tem
de estágio, esteja consciente disso e tenha ati- atenção...” (A12)
tudes de compreensão para com eles20. Na experiência acima relatada observamos
“Eu estou muito ansiosa porque vai ser o a sensatez do aluno em perceber que houve
primeiro contato com o paciente mesmo, uma falha no relacionamento professor-aluno,
eu estou muito ansiosa pra começar. Es- em que a falta de comunicação acaba por gerar
pero que tenha alguém lá pra receber a uma sensação de insegurança, prejudicando o
gente, pra instruir porque eu fico muito processo de ensino-aprendizagem.

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Quando existe um ambiente favorável ao ensi- Outro relato enfatiza que, se o paciente sou-
no e uma boa relação interpessoal com o professor, ber que ele é estagiário o seu conhecimento pode
o aluno se sente mais seguro e mais confiante. ser colocado em dúvida.
Notamos que a preocupação de um aluno com “É... a gente sabe que é meio complicado.
relação ao fato de poder cometer algum erro pode Quando você fala que é estagiário, ou...
ser minimizada com a presença do professor. eles ficam assim meio... Ai, será que sabe
“Ah, mesmo em sala de aula tá muito mesmo? Mas..., aí a gente vai ter que pas-
bom. O laboratório é muito bom e espero sar muita segurança mesmo, né?” (A14)
que lá no hospital continue do mesmo Nesses casos, a comunicação entre o aluno-
jeito o contato que a gente tem... essa -paciente e aluno-professor deve ser aberta e,
abertura professor e aluno.” (A16) se o paciente vier a recusar sua assistência, isto
“A minha expectativa é que eles fiquem deve ser trabalhado de modo a minimizar pos-
bem coladinhos em nós lá, assim que, síveis sentimentos de frustração.
estejam por dentro de tudo, não nos dei- O professor não deve esquecer-se de ofere-
xem só pra gente não cometer erros.” (A4) cer a oportunidade ao paciente de poder optar
O professor experiente sabe que no início o por ser ou não atendido pelo estudante, sem
aluno sente-se muito inseguro e precisa de mais sofrer qualquer tipo de pressão. Ainda que o
apoio, mesmo para as tarefas aparentemente docente proponha a maior liberdade para o
fáceis. Desde o momento da recepção do aluno paciente optar, com pleno conhecimento sobre
até o final da sua avaliação, é importante que seus direitos, quem são as pessoas que o assis-
o professor, enquanto profissional de ensino, tem e com todas as garantias necessárias de
desenvolva uma postura de compromisso com uma recusa em aceitar o estudante, não sofrerão
a formação do estudante de enfermagem e com qualquer consequência na qualidade dos seus
o conteúdo a ser ministrado, necessários a um cuidados23.
desempenho de qualidade. Os alunos devem ser
recepcionados, na hora certa e no local combi- Frente à relação aluno-equipe
nado, de forma motivadora e estimulante. Desta As expectativas e dilemas enfrentados por
forma o aluno inicia seu estágio com uma boa estudantes de cursos técnicos em enferma-
impressão e aceitação do professor23. gem, destacam que a visão daqueles que estão
iniciando seu processo de formação é, via de
Frente à relação aluno-paciente regra, cercada de idealizações e demonstram
Ao fazer uma reflexão sobre a experiência de uma preocupação com a hierarquização na área
um primeiro contato do aluno com o paciente, da saúde, influenciando suas perspectivas em
podemos perceber que essa relação é norteada relação ao futuro profissional. A importância de
por medo e insegurança. O medo do desconhe- estudos nessa modalidade de ensino referentes
cido, assim como a insegurança, são sensações à sua concepção teórica e prática, vivenciada em
que podemos vivenciar em diversas ocasiões. Na sala de aula, estabelecendo-se um debate que
fala a seguir o aluno retrata os sentimentos que inclua os estudantes24.
pode vir a experimentar nesse primeiro contato. A preocupação com o ensino nos faz pensar
“Tem que mostrar segurança, a minha em requisitos, tais como responsabilidade, em-
expectativa é o medo de não conseguir patia, preocupação com os pacientes e colegas
demonstrar essa segurança, tem que ser de trabalho. Assim, é possível desenvolver uma
uma pessoa bem segura, bem tranquila, reflexão sobre o cuidado com os pacientes, não
o máximo é passar tranquilidade pro só na perspectiva do paciente, mas também de
paciente, porque dá medo (risos).” (A6) todos os envolvidos no processo saúde/doença.

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Expectativas de alunos de enfermagem frente ao primeiro estágio em instituições de saúde

A seguir observamos duas falas em que os tempo na área, pra passar pra gente a
entrevistados expõem suas preocupações com experiência.” (A3)
relação ao primeiro contato com a equipe de “A equipe também tem que ser unida, né?
trabalho. Tanto nós alunos que estamos chegando
“Eu tô com um pouquinho de medo, as- lá, quanto a do hospital, porque a gente
sim..., porque a gente escuta muita coisa, tá entrando lá sem experiência nenhu-
falando que... quem já está lá já recebem ma, né? Espero que a equipe nos receba
a gente assim... com um pouco de despre- bem,... tire as nossas dúvidas.” (A16)
zo, que a gente não sabe nada e tal, então
As experiências no processo comunicacional
eu to com um pouco de medo, encanação,
entre aluno e professor, aluno e paciente, aluno
mas é só isso.” (A4)
e aluno, aluno e enfermeiro e aluno e grupos de
“Assim..., eu tenho que ter uma relação pacientes e suas famílias, colegas ou profissio-
boa né, meio que... meio que... força- nais são as mais frequentes durante a formação
da porque têm algumas pessoas que do futuro profissional. Mas este também é ex-
trabalham no hospital que acham que posto a situações que envolvem a comunicação
não deveria ter aluno trabalhando, eles organizacional e de massa e precisa tomar
acham que a gente pode fazer muita consciência da existência delas e de qual é seu
coisa errada e meio que eles irritam, ou papel nesses contextos25.
então põem a gente pra trabalhar demais Refletindo sobre o relacionamento e a co-
né?” (A6) municação dos alunos com a equipe de saúde,
Por mais que a escola busque oferecer ele- no campo de estágio, o professor é uma peça
mentos teóricos e conceituais sobre a atividade fundamental no preparo desses futuros profis-
profissional, o cotidiano pouco amistoso e nada sionais. Os alunos de enfermagem devem ser
acolhedor dos hospitais e ambulatórios, onde preparados para a vida em equipe, uma vez que
acontecem os estágios, acaba produzindo efeitos nunca atuarão sozinhos.
negativos, gerando frustração quanto às expec-
tativas futuras em relação à atividade laboral. É CONCLUSÕES
necessário rever e criticar a forma e o conteúdo Percebemos que os sentimentos de medo e
dos cursos, e, sobretudo, apontar as fragilidades ansiedade dos alunos, ao passar pelo estágio, são
estruturais quanto ao processo formativo pelo ocasionados, principalmente, pela sensação de
qual os alunos aprendem a ser “técnicos em insegurança e despreparo diante das demandas
enfermagem”24. cotidianas inerentes ao exercício profissional.
Por outro lado, percebemos que alguns alunos Acresce que tais fatores estão, ainda, associados
pensam de forma diferente com relação a esse à necessidade de fazer com que os pacientes
encontro com a equipe que já trabalha no local sintam-se seguros mediante os seus cuidados.
onde irão estagiar. Trata-se de um momento em que os alunos
“Eu espero que também sejam boas, com estagiários precisam contar com a compreensão
dedicação, com respeito ao colega. Eu e o conhecimento do docente para que agreguem
espero que eles também tenham para ao conhecimento obtido aos valores da autocon-
conosco o diálogo, empatia, respeito e fiança e se vejam claramente mais preparados e
ajuda também, porque nós vamos precisar confortáveis para lidar com as práticas relacio-
dos profissionais que já estão há mais nadas ao processo de formação.

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Dias EP et al.

SUMMARY
Expectations of nursing students first stage in front
of the health institutions

This qualitative study aimed to investigate the expectations of students in


the first period of a nursing technical school in a public university, about the
first internship in health units. Data were collected through semi-structured
interviews, recorded and transcribed, in accordance with the Resolution
196/96 which regulates research with humans. The results demonstrate
that early internship is permeated by feelings of fear, insecurity and anxiety
of students. It can be concluded that this is a moment that they must have
understanding and knowledge of teachers, so that they can feel more
comfortable and prepared to draw questions and clear doubts in relation to
professional practice.

KEY WORDS: Schools, Nursing. Students, Nursing. Clinical Clerkship.


Health Facilities.

AGRADECIMENTOS 5. Stutz BL. Técnico em enfermagem no muni-


Agradecemos a Nathália dos Reis Montesino cípio de Uberlândia: a construção histórica
e Mariana Tomás Marçal, às alunas do curso de de uma profissão e a primeira instituição es-
colar [Tese de Doutorado]. Uberlândia: Uni-
graduação em Psicologia da Universidade Fe-
versidade Federal de Uberlândia, Faculdade
deral de Uberlândia, que colaboraram com esta de Educação; 2009.
pesquisa na realização da coleta das entrevistas. 6. Ferreira ABH. Miniaurélio século XXI esco-
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Expectativas de alunos de enfermagem frente ao primeiro estágio em instituições de saúde

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Trabalho realizado na Universidade Federal de Uber­­­ Artigo recebido: 4/1/2014


lândia, Escola Técnica de Saúde, Campus Umuarama, Aprovado: 11/2/2014
Uberlândia, MG, Brasil.

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