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Antidepressivos – O número de usuários de medicamentos antidepressivos é cada vez maior

atualmente, aumentando a probabilidade de o cirurgião-dentista atender pacientes que fazem


uso contínuo desse tipo de medicação. Os antidepressivos são empregados não somente para
o tratamento de estados de depressão ou transtornos bipolares, mas também para outras
finalidades, como o tratamento de anorexia nervosa, ansiedade, pânico, bulimia, déficit de
atenção, estresse pós-traumático e certos tipos de enxaqueca.4 Além disso, em baixas
dosagens, podem fazer parte da terapia coadjuvante de certos estados de dor crônica, como
os associados aos distúrbios da articulação temporomandibular (DTM), podendo, portanto, ser
prescritos pelo próprio cirurgião- -dentista.5 Desse grupo, os de maior interesse para a
odontologia são os inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina, que podem ser
seletivos ou não seletivos. Estes últimos também são conhecidos como antidepressivos
tricíclicos, dos quais fazem parte a imipramina e a amitriptilina. Os vasoconstritores
adrenérgicos das soluções anestésicas locais de uso odontológico podem ter seu efeito
potencializado na anestesia de pacientes fazendo uso crônico de antidepressivos tricíclicos, em
caso de injeção intravascular acidental ou uso de grande número de tubetes. Essa interação
pode causar o aumento da pressão arterial, pelo fato de os antidepressivos tricíclicos
impedirem a recaptação e a inativação fisiológica da norepinefrina na junção neuroefetora,
provocando o acúmulo desse mediador químico na fenda sináptica. A norepinefrina, já “em
excesso”, agora é somada ao vasoconstritor adrenérgico contido na solução anestésica
injetada pelo dentista, o que faz aumentar seus níveis plasmáticos e provocar a crise
hipertensiva.4,5 Esse efeito é mais significativo quando se empregam soluções anestésicas que
contêm norepinefrina e corbadrina, se comparado às soluções que contêm epinefrina.6,7
Paradoxalmente, em um artigo de revisão mais recente, os autores afirmam que não há
evidências sólidas que deem suporte à interação entre os vasoconstritores adrenérgicos com
antidepressivos tricíclicos.8 Há ainda quem sugira que essa interação resulte em efeitos
adversos mais evidentes se o paciente estiver em início de tratamento com antidepressivos
tricíclicos, porque o uso prolongado do antidepressivo poderia dessensibilizar a resposta ao
vasoconstritor adrenérgico.9 Por fim, não há relatos de que esse tipo de interação também
ocorra com os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (fluoxetina, sertralina,
paroxetina e citalopram), que não interferem na recaptura da norepinefrina. Porém, elas são
capazes de inibir enzimas hepáticas que participam da metabolização da lidocaína, podendo,
assim, aumentar sua potencial toxicidade.4

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