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ESTRATÉGIA SAÚDE
DA FAMÍLIA
MÓDULO - 2
CURSO DE
ESTRATÉGIA SAÚDE
DA FAMÍLIA
MÓDULO - 2
SUMÁRIO
UNIDADE 1 - GESTÃO DA CLÍNICA
INTRODUÇÃO............................................................................................................9
DIRETRIZES CLÍNICAS.......................................................................................... 10
AS DEMANDAS DA APS........................................................................................ 11
ENCERRAMENTO................................................................................................... 17
REFERÊNCIAS ........................................................................................................23
ESTRATÉGIAS DE ACOLHIMENTO................................................................... 28
BOAS PRÁTICAS!....................................................................................................29
MODELAGENS DE ACOLHIMENTO................................................................. 47
ENCERRAMENTO...................................................................................................62
REFERÊNCIAS.........................................................................................................63
MATRICIAMENTO.................................................................................................. 82
ESTRATÉGIAS DE MATRICIAMENTO............................................................... 85
TERRITÓRIO............................................................................................................. 91
INSÔNIA..................................................................................................................130
ANSIEDADE........................................................................................................... 133
ENCERRAMENTO................................................................................................. 147
REFERÊNCIAS.......................................................................................................148
UNIDADE 4 - RELAÇÕES EM EQUIPE
INTRODUÇÃO........................................................................................................ 153
ENCERRAMENTO.................................................................................................180
REFERÊNCIAS........................................................................................................181
UNIDADE 1
Gestão da clínica
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Objetivos da unidade
INTRODUÇÃO
O termo “gestão da clínica” é trazido por Eugênio Vilaça Mendes, autor bastan-
te conhecido das discussões em organização dos serviços de saúde. Em suas pu-
blicações, em 2001, “Os grandes dilemas do SUS”, mostra o conceito de gestão da
clínica como um sistema de tecnologias de microgestão dos sistemas de atenção
à saúde aplicáveis ao SUS. A gestão da clínica sugerida por Mendes é inspirada em
dois movimentos:
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Por meio das diretrizes clínicas, com aplicação de protocolos e evidências cien-
tíficas atualizadas, a condução das condições clínicas dos usuários ocorre de forma
objetiva e eficiente. Logo, a gestão da clínica atua nos processos internos, princi-
palmente da Atenção Primária à Saúde e na sistematização da organização dos
serviços de saúde na atuação em rede.
DIRETRIZES CLÍNICAS
• função gerencial;
• função educacional;
• função comunicacional;
• função legal.
• protocolos clínicos.
• gestão de caso;
• auditoria clínica;
• lista de espera.
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
AS DEMANDAS DA APS
Você sabia?
Fonte: Green LA et al. The ecology of medical care revisited. New Engl.J.Med, 344: 2021-2025, 2001
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Para refletir!
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Fonte: Mendes EV.A construção social da atenção primária à saúde. Brasília, CONASS, 2012.
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Para refletir!!!
https://www.saude.df.gov.br/protocolos-aprovados/.
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Não existe um critério bem definido para os pacientes que utilizam o serviço
muitas vezes. Alguns estudos, como o produzido por Casajuana e Saameño (2003),
sustentam que “[...] a maioria dos pacientes difíceis (aqueles que provocam incô-
modo no profissional) são hiperutilizadores, mas nem todos os pacientes hiperuti-
lizadores são difíceis”.
Outro estudo, de Hildebrandt et al. (2004), mostrou que esses pacientes deman-
dam cerca de três vezes mais consultas que a média, oito vezes mais internações hos-
pitalares, os principais diagnósticos envolvem questões de saúde mental (36%), dor
(21%), doença crônica (16%), gestação (13%) ou problemas frequentes em crianças (9%).
Uma das principais tarefas da gestão da clínica é convencer quem utiliza mui-
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
ENCERRAMENTO
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BOA
BOAPRÁTICA
PRÁTICADA
DA UNIDADE
UNIDADE I1
Dona Margarida
Uma das pacientes que a médica Joana atendeu em domicílio logo em sua primeira semana de
trabalho foi Dona Margarida, de 75 anos. Viúva de Seu Quinzinho, que morreu de derrame aos 85
anos, continuava apaixonada pelo marido. Como diz sua filha Jandira, “a mamãe vive no passado”.
Margarida teve três filhos com o finado Quinzinho e mora agora na companhia de sua filha
mais nova, Jandira, de 54 anos, e de sua neta Inês, de 32. Jandira é divorciada de João e trabalha
como diarista; Inês é manicure em um “salão chique”, e, como diz Jandira, “vive para o trabalho”.
A anamnese continua. Dona Margarida não apresenta sintomas cardiovasculares nem pulmonares, tem
incontinência urinária de longa evolução (geralmente ligada a esforços e tosse). Já teve vários episódios de
infecção de urina. Não está em uso de medicações contínuas. Joana então decide examiná-la:
– Vamos dar uma olhadinha na senhora? Dona Margarida encontra-se corada, hidratada, sem edemas.
P.A. 130X80, FC: 88 bpm. Sem sinais neurológicos focais. Bulhas normorrítmicas e normofonéticas em dois
tempos. Murmúrio vesicular fisiológico, com ruídos descontínuos inspiratórios em bases pulmonares
(crepitações). Desconforto à palpação suprapúbica. Antes de passar as suas impressões à família, a médica
faz uma rápida revisão do prontuário orientado ao problema (POP) de Margarida. Sua lista de problemas
anteriores era: demência, varizes e osteoartrose (problemas crônicos), pneumonia e ITU (problemas
agudos). Os últimos exames realizados foram mamografia (há cinco anos) e um exame de colesterol,
glicemia e triglicérides (há um ano).
– Vou pedir também para o Érico, dentista, dar um pulinho aqui, tá bom? – diz Joana.
– Ótimo, doutora, pois ela se queixa de dores nos dentes, que
tem dificuldade de se alimentar, principalmente alimentos
sólidos e muito duros, comendo sopa e alimentação mais
pastosa e mole – responde Jandira. Seus dentes estão
muito moles, sangram e parece que vão cair a qualquer
momento. Além disso, queixa-se de feridas no canto da
boca e sente gosto ruim e forte mau hálito. Às vezes
quero ajudar a limpar a boca, mas ela rejeita ajuda de
outras pessoas, pois diz que “não está incapacitada”.
A médica observa que a paciente apresenta lesões nas comissuras labiais (queilites) devido à perda da
dimensão vertical, mas há lesões suspeitas no lábio superior que devem ser avaliadas quanto à
possibilidade de neoplasia. Tanto Jandira quanto a neta Inês acreditam que Margarida deve estar com
problemas dentários bem graves e acham que ela deveria extrair todos os dentes e colocar dentadura para
eliminar o problema de vez. Joana orientou que extrair todos os dentes remanescentes para colocar uma
prótese nem sempre é a melhor solução, que elas poderiam ajudar a mãe na higiene bucal. Passadas duas
semanas, Érico chega para a visita domiciliar e constata alto índice de placa bacteriana, cálculo, gengivite e
periodontite, com perda óssea generalizada, com médio ou alto grau de mobilidade em vários elementos
dentais. Margarida apresenta halitose, higiene deficiente, queilite angular nas comissuras labiais pela perda
de dimensão vertical relacionada à perda de vários elementos dentários anteriores e posteriores.
– Você acha que consegue levar sua mãe à Unidade de Saúde? Será que
ela aceita o tratamento odontológico? Ela me parece um pouco confusa...
Além disso, precisamos avaliar o protocolo de encaminhamento para a
atenção secundária…
– Jandira, é importante avaliar essas lesões do lábio – completa Érico.
– Acho que o exame, o diagnóstico e, se necessário, o tratamento devem
ser feitos pelo estomatologista, devido à possibilidade de lesões
cancerizáveis. A ideia é garantir que Dona Margarida seja cuidada da melhor
maneira possível.
– Doutor, eu posso até levar ela, mas acho que vamos ter de dar um
remédio para ela acalmar – avalia Jandira.
O caso descreve,
de forma minuciosa,
a gestão de uma
situação complexa
iniciada em uma
visita domiciliar
questionada pela
médica. Ao envolver
todos da equipe de
saúde e saúde bucal,
mostra a integrali-
dade do cuidado.
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
REFERÊNCIAS
GREEN, L. A. et al. The ecology of medical care revisited. New England Journal of
Medicine, v. 344, n. 26, pp. 2021-2025, 2001.
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UNIDADE 2
Gestão do acesso
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Objetivos da unidade
INTRODUÇÃO
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Para que possamos coordenar o cuidado, tanto na UBS quanto numa rede am-
pliada de cuidados, e ser resolutivos, precisamos assumir o papel de referência,
direcionando, junto ao usuário, o percurso inicial dele em busca de respostas às
suas necessidades. Tais necessidades se apresentam de forma rotineira nos servi-
ços de saúde, de tal modo que não podemos controlar – assim como muitas vezes
o próprio usuário – como, onde e quando elas chegam, mas podemos direcionar,
de maneira mais responsável possível, os itinerários.
Na Atenção Básica, nos defrontamos com uma variedade muito maior de for-
mas de apresentação da doença do que nos serviços especializados, que, geral-
mente, veem os pacientes em estágios posteriores e mais diferenciados da doen-
ça, além de estarmos mais próximos de seus contextos sociais do que a atenção
especializada.
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
ESTRATÉGIAS DE ACOLHIMENTO
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
BOAS PRÁTICAS!
Uma equipe de uma UBS da Asa Sul se reuniu para tratar da sobrecarga do ser-
viço, pois, após a mudança no DF do modelo de processo de trabalho tradicional
para o modelo da Estratégia Saúde da Família, além da agenda programada, pas-
sou a lidar com queixas corriqueiras e imprevistos que se apresentavam na “porta”.
Os serviços de urgência já não aceitavam pacientes para renovar prescrições, para
mostrar resultados de exames ou para atestados e relatórios.
Para lidar com essas novas “rotinas”, a equipe listou as informações que po-
deriam ser fornecidas por meio de cartazes, folhetos e WhatsApp, como local do
banheiro, gerência, sala da vacina e laboratório, sala de acolhimento de sua equipe,
sala de marcação de exames e consultas, além de seus horários de funcionamento.
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Saiba mais!!!
[...]
Art. 26. A GSAP* deverá afixar em local visível, próximo à
entrada da unidade:
I - Identificação da unidade e horário de atendimento;
II - Mapa de abrangência da unidade, com a cobertura de
cada equipe;
III - Identificação do Gerente da GSAP e dos componentes de
cada equipe da UBS;
IV - Carteira de serviços disponíveis na unidade;
V - Detalhamento das escalas de atendimento de cada equipe;
VI - Telefone da ouvidoria responsável.
[...]
*GSAP – Gerência de Serviços da Atenção Primária
• Sala de Acolhimento
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
cas do dia, assim como podem contar com profissionais de qualquer categoria
profissional de nível médio ou superior.
Você sabia?
Saiba mais!
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=PaUp-8vgZto.
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
3. realizar/acionar intervenções.
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
A pessoa que acolhe precisa, portanto, se ver como agente que dispõe dos re-
cursos humanos e materiais na unidade em que atua, enquanto os demais traba-
lhadores precisam “acolher quem acolhe”, ou seja, estarem abertos a acatar o pe-
dido do colega que, já tendo realizado a primeira escuta do caso, julgou o melhor
caminho a seguir naquele momento.
A pessoa que acolhe se torna uma “autoridade”, visto que se transforma na-
quela que precisa decidir e “regular” o acesso aos serviços, após uma avaliação
consciente e responsável do problema e do cenário. Por responsável, entende-se
também por compreender as limitações dos serviços e dos colegas de trabalho.
Dessa forma, faz parte do processo de trabalho da equipe “na primeira escuta
do usuário”:
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Papel da ESB
A partir daí, a ESB faz a escuta mais específica do usuário (segunda escuta),
discute seu plano terapêutico, faz os encaminhamentos, se necessário, para os ser-
viços especializados e garante o acesso para a continuidade de seu cuidado na
UBS. Enquanto parte essencial da Atenção Básica, a ESB compartilha ações de seu
núcleo nas reuniões, avaliações e educação permanente da equipe.
Papel do Nasf
As equipes dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasf) deverão dar apoio
matricial às equipes de atenção básica a que estão vinculadas, tanto na educação
permanente de abordagem e no manejo dos casos, na consolidação de um pro-
cesso de trabalho que acolha as demandas espontâneas, no cuidado das pessoas,
quanto auxiliando na constituição da rede de atenção à saúde relacionada àquela
unidade, apoiando a articulação com os serviços de referência, por exemplo, o Cen-
tro de Atenção Psicossocial (CAPS).
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Importante!
Protocolos Clínicos:
https://www.saude.df.gov.br/protocolos-da-ses-cppas/
Notas Técnicas:
https://www.saude.df.gov.br/notas-tecnicas/
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Saiba mais!
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Saiba mais!
Vídeo:
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
De fato, o fator biológico terá sempre prioridade, porém nunca suficiente, pois,
diferentemente de outros pontos de atenção à saúde, a AB exige um olhar am-
pliado, atento à realidade e ao contexto de sua população, sabendo identificar as
particularidades e singularidades a fim de adotar a conduta necessária e adequa-
da a cada caso específico. Se forem considerados apenas os fatores biológicos no
acolhimento, não será possível garantir a saúde em sua complexidade e o acesso
de acordo com a real necessidade do sujeito.
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
No entanto, o tempo pode ser parâmetro norteador quando a avaliação dos fa-
tores clínicos estiver dificultada no momento da classificação do risco, ou a classi-
ficação de risco envolver a vulnerabilidade como determinante, sempre com pac-
tuação prévia da equipe.
Por exemplo, uma pessoa em situação de rua que solicita marcar uma con-
sulta pode ser classificada como verde por um ACS, para atendimento no mesmo
dia, de forma a reduzir o tempo de espera, com vistas à construção do vínculo e à
garantia do acesso, pois, do contrário, ela terá dificuldade para permanecer na uni-
dade ou no local por muito tempo ou para retornar à UBS no tempo proposto por
uma classificação azul, se considerado apenas o risco biológico.
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
A cor azul representa condições não agudas, enquanto as outras cores se refe-
rem às condições classificadas como agudas, sendo a vermelha com necessidade
de atendimento imediato.
Condutas possíveis:
• Agendamento/programação de intervenções.
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Condutas possíveis:
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Os demais casos são situações imprevistas que requerem uma escuta quali-
ficada, e o direcionamento adequado ocorrerá após avaliação do profissional que
acolhe. Nessas situações de imprevisto, podemos nos deparar com um problema
agudo ou eletivo para lidar.
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Sim
Precisa de atendimento
específico da rotina da Encaminhar usuário
unidade? para setor regulador
Não
Coleta de exame Sala de Vacina
Encaminhar ou
conduzir usuário a
um espaço adequado
Farmácia Sala de Procedimento
para escuta
Inalação / Nebulização
Ofertas possíveis:
- Atendimento (médico, enfermagem, odontológico, outros)
Atedimento imediato
Sim num tempo que considere riscos, desconfortos,
Problema é vulnerabilidade e oportunidade de cuidado;
Atedimento Prioritário
agudo? - Permanência em observação, se necessário;
Atedimento no Dia - Renovação ou encaminhamento para outro serviço,
atentando para a necessidade de coordenação do cuidado.
Não
Sim
Sim
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Por exemplo, uma gestante de outra UBS que não iniciou seu pré-natal e que
se apresenta com disúria, deverá, após atendimento da demanda aguda, ser orien-
tada a retornar à mesma unidade para reavaliação ou para sua primeira consulta
de pré-natal se não conseguir acessar sua equipe ou a sua UBS, até que tenha a
garantia da continuidade do cuidado.
Saiba mais!
CONTATO PRÉVIO
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
MODELAGENS DE ACOLHIMENTO
Como vimos, o acolhimento pode ser realizado por qualquer profissional. De-
pendendo do formato, ele pode funcionar da forma tradicional com enfermeiro. O
enfermeiro coordena, realiza a classificação de risco e pode resolver grande parte
das demandas administrativas e clínicas, de acordo com suas competências pro-
fissionais e protocolos em vigor.
Algumas unidades com apenas uma equipe podem oferecer uma escuta ini-
cial na entrada da unidade, nos primeiros horários de funcionamento, realizando
um levantamento das demandas no início do turno de trabalho e direcionando os
usuários, assim programam melhor o restante do dia de cada profissional.
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
risco no mesmo momento; o médico faz a retaguarda para os casos agudos da sua
área e também atende aos usuários agendados.
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
O acesso avançado
Não há, portanto, espaço para imprevistos, que, na saúde, sempre vão existir.
Sem essa previsão, a demanda se acumula com o tempo até estabilizar-se no mo-
mento em que se percebe o tempo de espera médio para uma consulta, não rara-
mente, de dois a três meses.
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
A teoria das filas demonstra formalmente como longas esperas podem existir
mesmo quando a oferta adequada existe (MURRAY; BERWICK, 2003).
A clientela que mais usa o serviço é de pessoas que se encaixam nesse per-
fil de agendamento, enquanto são desconsiderados grupos mais vulneráveis que
possuem mais dificuldade de se encaixar numa agenda extensiva e programada,
negligenciando a necessidade de demandas que não podem esperar. Esses gru-
pos mais vulneráveis geralmente têm seu vínculo perdido com a equipe e acabam
por procurar outros caminhos para resolver seus problemas, não raro buscando
serviços de urgência quando o problema já se agravou, ou simplesmente se acu-
mulando em salas de espera do pronto-socorro, que trabalha na lógica da classifi-
cação de risco e não responde às necessidades de agudizações menos graves que
poderiam ser resolvidas na Atenção Primária.
Saiba mais!
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
• que você tenha uma ideia formada sobre o tempo que pode
esperar sem risco para o paciente.
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Saiba mais!
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Vidal, T. B. (2013). O acesso avançado e sua relação com o número de atendimentos médicos em
atenção primária à saúde [Dissertação]. Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio Gran-
de do Sul. Pós-graduação em epidemiologia.
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BOA
BOA PRÁTICA DA UNIDADE
PRÁTICA DA UNIDADE2 2
Já passava das 17h quando o enfermeiro Rodrigo acolheu Dona Fernanda, que queria
renovar uma prescrição de psicotrópicos. Rodrigo sabia que Eurípedes, médico da equipe,
estava realizando capacitação com os residentes de medicina de família e comunidade
naquele horário.
Pense nisso!
Assume-se que um profissional sozinho nunca será suficiente para lidar com a
integralidade de uma pessoa, seja em seu contexto psicossocial, biológico ou cul-
tural, por mais competente que seja.
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Para refletir!
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
da, no decorrer do dia ou da semana. Esse diagnóstico não pode ser retrospectivo,
ou seja, olhando o passado, pois os registros do passado revelam apenas o que
foi ofertado. Por sua vez, o diagnóstico levantado a partir dos dados prospectivos,
ou seja, coletados durante um determinado tempo, permite enxergar a demanda
como um todo, inclusive aqueles que não conseguiram atendimento no dia ou na
semana da solicitação.
Em média, uma equipe com 4.000 pessoas atende a 1/3 da sua população em
12 meses e 60% (2/3 em 18 meses, que corresponde ao painel de demanda de um
território que realmente usa o serviço). O cálculo de demanda em 24 meses supe-
restima a demanda (MURRAY; BERWICK, 2003).
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
• Período > 18 meses = 4.000 pessoas (as equipes não acompanham to-
das as pessoas de seu território, embora cadastrem 100% delas).
Em laranja, painel de pessoas que realmente usam o serviço,
após 18 meses (MURRAY; BERWICK, 2003)
2/3 ou 60%
da população
(2.400 de
4.000
pessoas)
Assim, segundo esse gráfico, uma equipe responsável por 4.000 pessoas tem a
média de solicitação de consultas diárias de 0,7 a 0,8%, resultando em 32 consultas
por dia.
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Acesse aqui.
Não se esqueça de que, para poder editar a planilha, primeiro você tem
de baixá-la em seu computador.
Vale ressaltar que a meta de 50% de consultas abertas pode não ser viável para
médicos/enfermeiros com muitos pacientes idosos ou muitos pacientes com do-
enças a longo prazo que necessitam de consultas pré-agendadas. Por outro lado,
para regiões com pacientes de alto risco, a demanda aumenta consideravelmente,
requerendo aumento da meta de consultas abertas.
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Proposta de mudança
da agenda
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
ENCERRAMENTO
Para que seja possível realizar a gestão do acesso, é necessário discutir as estra-
tégias de acolhimento que a Unidade de Saúde e as equipes de Estratégia Saúde
da Família têm utilizado, além de conhecer os protocolos clínicos nacionais e locais
existentes.
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
REFERÊNCIAS
ANSELL, D. et al. Interventions to reduce wait times for primary care appointments:
a systematic review. BMC Health Services Research, v. 17, n. 1, pp. 1-9, 2017. DOI: ht-
tps://doi.org/10.1186/s12913-017-2219-y.
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
MURRAY, M.; BERWICK, D. Advanced access: reducing waiting and delays in pri-
mary care. Rev. JAMA, v. 289, n. 8, pp. 1035-1040, 2003.
O’DONNELL, P. et al. Exploring levers and barriers to accessing primary care for
marginalised groups and identifying their priorities for primary care provision: a
participatory learning and action research study. International Journal for Equity
in Health, v. 15, n. 1, 3 dec. 2016. DOI: https://doi.org/10.1186/s12939-016-0487-5.
UNIVERSITY OF CAPE TOWN LUNG INSTITUTE. PACK Global Adult: practical appro-
ach to care kit guide for primary care. British Medical Journal, 2018. Disponível em:
https://pack.bmj.com/. Acesso em: 23 jul. 2021.
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
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UNIDADE 3
Gestão do cuidado
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Objetivos de aprendizagem
INTRODUÇÃO
Para que seja possível realizar uma boa gestão do cuidado, seja de uma equipe
de Estratégia Saúde da Família, de uma Unidade Básica de Saúde ou de uma Re-
gião de Saúde, é fundamental entender como ocorre a coordenação desse cuida-
do e, consequentemente, conhecer estratégias de coordenação, a fim de promo-
ver melhoria na qualidade do cuidado prestado, reduzindo barreiras de acesso aos
diversos serviços e equipes e integrando os mais diferentes serviços e atores de um
mesmo território ou de outro território para atuação compartilhada.
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
• ampliação de cobertura;
Ao longo deste estudo, tentaremos discutir parte dessas estratégias, sendo ou-
tras já abordadas em outras unidades.
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Assim, tratar o sujeito significa conhecer o que ele possui de singular, no con-
junto de sinais e sintomas, mas também de sua história de vida, de relações sociais
atuais e pregressas, sua rede de apoio, entre outros.
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Por vezes, o próprio diagnóstico traz uma situação de discriminação social que
aumenta o sofrimento e dificulta o tratamento (exemplos são as doenças que pro-
duzem discriminação social e os “diagnósticos” que paralisam a ação de saúde, em
vez de desencadeá-la). Cabe à clínica ampliada não assumir como normal essas
situações, principalmente quando comprometem o tratamento.
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
O cuidado em saúde envolve relações entre sujeitos, que são atravessadas por
histórias de vidas, por experiências pessoais e familiares dos profissionais de saú-
de, sendo fundamental que a equipe esteja atenta em relação a esses fluxos de
AFETOS para melhor compreensão do outro e maior potência para que o indiví-
duo possa ganhar mais autonomia e lide de forma mais saudável com a doença/
problema instalada/o.
Dicas!
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
saber que parte da cura depende de o sujeito aprender a lidar com essas
situações agressivas de uma forma menos danosa. A ideia de que toda
dor ou estresse requer um ansiolítico é extremamente difundida, mas não
pode seduzir a equipe de saúde, que deve apostar num conceito de saúde
ampliado que inclui também a capacidade de lidar com os limites e reve-
zes da vida da forma mais produtiva possível. O ansiolítico deve ser de
preferência inicialmente fitoterápico, por não gerar dependência, e deve
ser encarado como se fosse um pedido de tempo numa partida esportiva:
permite uma respirada e uma reflexão para continuar o jogo. Mas o essen-
cial é o jogo, e não sua interrupção.
Saiba mais!
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Fonte: https://www.saude.df.gov.br/documents/37101/571046/Guia+Fitoter%C3%A1picos+O-
ficinais+do+N%C3%BAcleo+de+Farm%C3%A1cia+Viva+%E2%80%93+9%C2%AA+edi%-
C3%A7%C3%A3o+%E2%80%93+2021.pdf/68f43bfc-4813-7f79-8907-71411f445631
?t=1649018265115.
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Saiba mais!!!
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
que a equipe possa identificar os pacientes que mais procuram a unidade e os que
precisam de busca ativa no território, definindo a frequência de tal ação, além de
possibilitar a reflexão sobre as estratégias para identificar famílias que apresen-
tam maiores situações de vulnerabilidade, definir quais casos/famílias precisam
ter maior frequência de discussão em reuniões de equipe e/ou a rede intersetorial,
em reuniões de matriciamento, entre outros. No prontuário eletrônico e-SUS APS,
utilizado na SES DF, existem os prontuários individuais, e é possível relacionar a
pessoa a sua família e/ou moradores do mesmo domicílio, por meio do cadastro
domiciliar.
Um olhar atento dos prontuários, de forma regular pela equipe (para além da
comissão de avaliação de prontuários da Unidade ou Supervisão de Saúde), pode
aprimorar a identificação de demandas e de pontos que precisam ser explorados
ou discutidos em rede e a organização do trabalho, sendo instrumento de avalia-
ção de qualidade do trabalho de uma equipe.
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
que necessite de novas coletas em intervalos menores do que o anual, deve haver
incorporação dos cadernos de controle de sintomáticos respiratórios em sua rotina
de trabalho, a fim de identificar a prevalência de sintomáticos em seu território,
definir necessidade de busca ativa de casos, entre outros.
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Durante uma reunião, o enfermeiro novato propôs como pauta discutir com a
equipe a consulta de enfermagem como dispositivo de cuidado, questionou aos
membros da equipe se conheciam a consulta de enfermagem, se já haviam vi-
venciado uma consulta de enfermagem em suas vidas pessoais e/ou profissionais.
Uma agente de saúde relatou que fez seu pré-natal com a enfermeira de sua equi-
pe em consultas intercaladas com o médico, disse que adorava as consultas da en-
fermeira, pois tinham tempo para falar da alimentação dela, do trabalho, do medo
da chegada de um bebê em casa, além de sempre poder ouvir o coração de seu
bebê no atendimento.
80
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
A equipe foi aos poucos se sentindo mais segura em agendar pacientes com
tuberculose para o enfermeiro Rodrigo, conforme tinham os relatos verbais dos pa-
cientes sobre o atendimento realizado e conforme o médico trazia o quanto esse
cuidado compartilhado vinha trazendo aumento na adesão medicamentosa e di-
minuição significativa da taxa de abandono da equipe.
81
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
MATRICIAMENTO
1
Escala de Risco Coelho-Savassi: criada no governo de Minas Gerais, é baseada na ficha A do SIAB. O objetivo
dessa escala é determinar o risco social e de saúde das famílias de sua área, definindo o risco de adoecimento
de cada núcleo familiar.
82
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
A partir dele, é possível pensarmos com o usuário e seu núcleo familiar qual a me-
lhor forma de cuidado para esses sujeitos.
[...] é um novo modo de produzir saúde, em que duas ou mais equipes, num
processo de construção compartilhada, criam uma proposta de intervenção
pedagógico-terapêutica.
83
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
• Motivo do matriciamento.
9 visão familiar;
9 opinião de outros.
9 início;
9 fator desencadeante;
9 manifestações sintomáticas;
9 evolução;
84
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
• Vida social:
9 participação em grupos;
9 participação em instituições;
9 situação econômica.
9 avaliação de incapacidade;
9 problemas sociais.
ESTRATÉGIAS DE MATRICIAMENTO
Os encontros com mais equipes podem ocorrer de algumas formas para além
das reuniões tradicionais.
85
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Relato de caso
2
Relato realizado pelo psicólogo Jean Paulo da Silva. Palestra: “O fazer da psicologia na atenção básica a saúde:
da fundamentação teórico-científica à prática no território”. In: III Semana da psicologia, Católica, Joinville/SC,
25 de novembro de 2021.
86
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Para refletir!!!
87
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Site: ufrgs.br/telessauders/
88
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Para fixar:
• Identificar possibilidades.
Construção de
protocolos com
as equipes
Suporte na
construção de
Telessaúde e/ou projetos
consultorias terapêuticos
singulares
Matriciamento
(PTS)
Suporte na Suporte no
implantação/ manejo de
incorporação questões do
de novas território
práticas
89
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
90
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
TERRITÓRIO
91
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Com esse dispositivo, a equipe passou a olhar para o seu território de outra ma-
neira, para além das listas nominais de agravos, identificar microáreas com maiores
vulnerabilidades, realizando mudanças na frequência de visitas dos profissionais
médico e enfermeiro ao território, organizar encontros de rede para discussão de
determinados territórios com repetições de situação, como formação de “cenas de
uso de drogas” em determinado ponto, entre outras ações de cuidado no território.
92
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
A construção do PTS deverá ser feita por toda a equipe de Estratégia Saúde
da Família, devendo contar com apoio do Núcleo Ampliado de Saúde da Família
93
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
(Nasf-AB) e, se for necessário, dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), além dos
serviços da rede intersetorial de cuidados integrais. Neste momento, a opinião de
todos os participantes é importante para compreender o sujeito nas suas mais va-
riadas demandas de cuidados em saúde e para propor ações. O projeto poderá ser
pensado e direcionado para coletividades, não apenas para indivíduos, buscando
a singularidade (a diferença) como elemento central de articulação, já que muitas
vezes os diagnósticos médicos tendem a igualar sujeitos e minimizar as diferenças.
2) Definição de metas: uma vez que a equipe fez os diagnósticos, ela faz pro-
postas de curto, médio e longo prazo, que serão negociadas com o sujeito doente
pelo membro da equipe que tiver um vínculo melhor.
94
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
A definição dos casos que serão submetidos à construção do PTS também po-
derá ser sugerida pela rede intersetorial, a partir da procura desses serviços, ou
pela rede de urgência e emergência, sendo necessário que esses atores possam
estabelecer relações e encontros para tal definição.
Para que seja possível a construção de um PTS, é necessário que a equipe co-
nheça o indivíduo ou a família, que tenha informações suficientes de aspectos va-
riados da vida destes, que tenha vínculo suficiente com o(s) sujeito(s) para que essa
construção aconteça de forma compartilhada, já que os caminhos do indivíduo
ou coletivo serão escolhidos por eles, que poderão aceitar ou rejeitar as propostas
elaboradas pela equipe, reorganizando os projetos de cuidado para eles a todo
momento.
Cada equipe deverá definir em que momento de seu trabalho fará a constru-
ção do PTS, como, por exemplo, em um espaço de reunião de equipe ou um es-
paço específico para construção de PTS. Deverá, ainda, definir qual a regularida-
de desses encontros, se semanais, quinzenais, mensais, e como os registros serão
feitos, se em instrumental específico criado e padronizado pela equipe, pela UBS,
pela regional de saúde, entre outros.
95
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Checklist do PTS:
• Levantar as necessidades.
Dica de leitura!!!
2. Casos mais prevalentes no dia a dia das equipes. Casos que aconteçam
com frequência e que ocupem a agenda das equipes sem que orientações
mais gerais tenham sido construídas para o seu manejo.
96
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
[...]
• Discussão de casos:
97
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
• Ações de monitoramento:
98
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
99
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
tica que mais for de seu interesse e ao mesmo tempo garantir oferta de serviços
para as necessidades do território, a partir de suas especificidades, grupos popula-
cionais, agravos mais prevalentes, entre outros.
Atividades coletivas
100
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Essa discussão é importante ser feita dentro da equipe de ESF, com as demais
equipes da UBS e com a gerência da UBS, a fim de garantir a ausência dos traba-
lhadores da UBS em determinado período e a continuidade da agenda de acolhi-
mento da demanda espontânea daquela equipe que estará ausente da UBS pelo
período estipulado.
Além disso, segundo Nogueira et al. (2016), o grupo na APS é uma forma de
monitorar os usuários e de racionalizar os recursos financeiros e o trabalho dos
profissionais.
• Converse com eles, sensibilize para participação e deixe claro que pode
somente observar. Alguns usuários ficam com receio de ter de se ex-
por diante de um grupo, mas podem ser beneficiados ao observar a
experiência dos demais.
101
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
• Fique atento ao horário que o grupo será realizado, por vezes o horário
torna-se um impeditivo para que o usuário participe, seja devido ao
trabalho, a atividades extras ou mesmo a sua própria rotina diária.
102
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Em outro relato, o psicólogo de uma UBS, que não possuía habilidade manual,
criou um grupo no qual se teciam fios. Mulheres do território encontravam-se para
tecer com utilização da técnica de tricô e crochê. Ele relatava que tentava, mas não
tinha muita habilidade, apesar disso, sua iniciativa possibilitou a criação de um
grupo de ajuda mútua entre as mulheres de determinado território.
103
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
O trabalho dentro de uma equipe de ESF traz uma demanda constante por
parte dos pacientes com sofrimento psíquico, seja dos pacientes com transtornos
mentais severos, seja dos dependentes de medicações, seja dos pacientes com
transtornos mentais comuns que trazem queixas inespecíficas nos atendimentos
de consultas não programática (CHIAVERINI, 2011).
104
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
• Conversar com ele sobre como poderia ser apoiado para superar seus
problemas na vida.
105
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
106
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
9 adoecimento físico;
107
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
6. Eleger uma solução – reflexão sobre prós e contras das soluções le-
vantadas.
108
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
109
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Poderá estar nesse espaço qualquer usuário/cidadão com algum sofrimento e/ou
transtorno mental.
9 reforçar a dinâmica interna de cada um, para que possa descobrir seus
valores, suas potencialidades, de tornar-se mais autônomo e menos
dependente;
110
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
111
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
ABORDAGEM FAMILIAR
113
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Este nível básico de envolvimento consiste em lidar com famílias apenas o ne-
cessário, por razões práticas ou legais, mas sem ver a comunicação com elas como
parte integrante do papel do profissional de saúde.
Base de conhecimentos
Desenvolvimento pessoal
Habilidades
114
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Base de conhecimento
Desenvolvimento pessoal
Habilidades
115
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Base de conhecimentos
Desenvolvimento pessoal
Habilidades
2. Estruturar uma reunião com uma família com baixo fluxo de comunicação,
de tal modo que todos os membros tenham uma oportunidade de expressão.
8. Ajudar a família a equilibrar seus esforços, calibrando seus vários papéis, per-
mitindo o apoio com o mínimo sacrifício da autonomia de qualquer um de seus
membros.
116
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Base de conhecimento
Desenvolvimento pessoal
Habilidades
117
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Equilibre perguntas abertas Alguns roteiros preexistentes podem auxiliar no diagnóstico, mas
com checklist podem ser cansativos, e até mesmo assustadores para o usuário.
Analise riscos e benefícios Pergunte-se o impacto desse diagnóstico, se tem maior ou menor
do diagnóstico benefício. E o tratamento? Qual o impacto na vida dessa pessoa?
118
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Essas dicas são importantes para que possamos estar atentos ao receber nos-
sos usuários. É muito comum sintomas de transtornos mentais aparecerem em
consultas ou visitas domiciliares. Isso é observado por qualquer profissional da
equipe. É preciso estar atento, o tempo é nosso aliado. Ao longo do tempo, por
meio do acompanhamento longitudinal, os profissionais de saúde terão mais in-
formações para que encontrem as melhores condutas e modos de cuidar. Lembre-
-se de que o usuário precisa ser acolhido em seu sofrimento, e a escuta é a nossa
principal ferramenta.
Um recurso que pode auxiliar, mas não deve engessar a avaliação, é o cartão
Babel. Nesse cartão, temos um roteiro de avaliação para várias questões, como an-
siedade, risco de suicídio, depressão. Sugerimos que o imprima e deixe em local
acessível para que facilmente possa ser acessado durante uma consulta de avaliação.
E não se esqueça do que vimos até aqui: a discussão de casos pode nos ajudar
a ampliar as possibilidades de condução e acompanhamento deles. Muitas vezes,
podemos optar por não medicar e incluir o usuário em grupos de convivência e
lazer disponíveis na UBS, mas também no território, como grupo em centros co-
munitários, atividades na escola do bairro, grupos de convivência no CRAS ou em
outros equipamentos públicos ou do terceiro setor espalhados pela cidade.
119
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Algo que pode auxiliar o profissional é ter um roteiro pré-organizado para uma
avaliação diagnóstica.
1. Queixa principal: aqui você sinaliza o que seu usuário relata inicialmente.
Essa queixa principal, ao longo da avaliação, poderá não ser o seu foco no planeja-
mento do cuidado, apesar disso, deverá estar incluída no roteiro, já que é o motivo
da busca do usuário ao serviço de saúde, sendo o que o traz importante sofrimen-
to. Por exemplo: o usuário pode queixar-se de irritabilidade ou insônia, não sendo
possível concluir um diagnóstico com essas informações, mas são sintomas impor-
tantes para compor o diagnóstico.
120
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
• Inteligência: aqui não nos cabe fazer uma avaliação profunda e com
testes, se o usuário está dentro de um quadro de normalidade, é im-
portante compreender como a sua capacidade cognitiva interfere no
seu autocuidado e na realização das atividades práticas e instrumen-
tais de vida diária.
121
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Esses itens compõem uma só avaliação do paciente e não devem ser separa-
dos; compõem uma percepção geral dele. Foram separados aqui apenas como
apoio didático.
Síndrome Maníaca/
Orgânica Demencial Depressiva Ansiosa Psicótica
Função Hipomaníaca
consciência Rebaixada Preservada Preservada Preservada Preservada Preservada
atenção
Reduzida Prejudicada Reduzida Reduzida Prejudicada Variável
voluntária
atenção
Reduzida Prejudicada Reduzida Aumentada Aumentada Variável
espontânea
Prejudicada/
memória Prejudicada Prejudicada Prejudicada Prejudicada Preservada
confabulações
orientação Desorientada Desorientada Preservada Variável Preservada Variável
pensamento
Negativo e Exaltado e ace- Desorganiza-
(conteúdo/ Confuso Empobrecido Acelerado
lento lerado do e delirante
forma)
linguagem Logorréia/
Negativa e Logorréia/ pres- Desorganiza-
(conteúdo/ Empobrecida Empobrecida preocupa-
lenta são de discurso da e delirante
forma) ções
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Síndrome Maníaca/
Orgânica Demencial Depressiva Ansiosa Psicótica
Função Hipomaníaca
Alegria ou Ansiedade, Variável ou
Afeto e Tristeza e de-
Variável Variável irritabilidade e medo, preo- humor deli-
humor pressão
exaltação cupações rante
Sensoper- Possíveis Possíveis alu- alucinações em alucinações em Sem altera- alucinações
cepção alucinações cinações casos graves casos graves ções variadas
Preservado
Juízo e Preservado (delí-
Prejudicado Variável (delírios se Preservado Delirante
crítica rios se grave)
grave)
psicomotrici-
Variável Variável Lentificação Aceleração Inquietação Variável
dade
Fonte: https://www.medicinanet.com.br.
123
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
indicam que 2/3 das pessoas que tentaram suicídio comunicaram a um amigo
ou familiar uma semana antes do ocorrido. Em alguns casos, é comum que outro
usuário traga a informação como um pedido de socorro a um amigo ou familiar.
Relato de caso
Esse poderia ser um caso isolado, mas não é. O pedido de apoio de nos-
sos usuários pode vir de várias fontes de informação, e não podemos des-
considerar a importância da APS no contato direto com as pessoas que vi-
vem em nossos territórios.
124
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
fissional da APS 1 mês antes da tentativa. Isso nos coloca em alerta e vigilantes aos
usuários que possam estar em risco.
2. Doença psiquiátrica.
3. Alcoolismo.
4. Ansiedade ou pânico.
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
• Plano suicida atual – quão preparada a pessoa está e quão cedo o ato está
para ser realizado.
Como perguntar?
Você sente que a vida não vale mais a pena ser vivida?
126
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Casos com planejamento devem ser aprofundados se tem forma, data, local.
127
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
128
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
No Brasil, temos uma prevalência entre 15% e 27% da população que relatam
tal agravo. Em Brasília, 10% das queixas atendidas pela APS no último ano foram
sobre problemas com o sono, é a terceira queixa de saúde mental segundo dados
disponíveis no SISAB do DF, dados referentes a outubro de 2020 e novembro 2021.
Para Müller e Guimarães (2007), os problemas de sono podem atingir três ní-
veis de consequências: no primeiro nível (curto prazo), são prejuízos biológicos e
agravos de saúde preexistentes; no segundo nível (médio prazo), as consequências
atingem as atividades da vida diária, como trabalho, dirigir, acidentes de trânsito
e estudo; no terceiro nível (longo prazo), são consequências como sequelas de aci-
dentes, rompimento de relacionamento, perda de emprego, mas esse nível tem
poucos estudos comprovados.
129
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
INSÔNIA
Dica!
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Bebidas com cafeína, tal como café, chás ou refrigerantes à base de cola são
estimulantes e, por isso, podem mantê-lo acordado, evite consumir esse tipo
de produto por pelo menos quatro horas antes de se deitar.
Espere estar com sono para deitar-se. Se você não adormecer após 20 minu-
tos deitado, saia da cama, vá até a sala, leia um livro e ocupe-se até sentir-se
sonolento o suficiente para dormir.
Evitar as sonecas ao longo do dia permitirá que esteja cansado e durma me-
lhor durante a noite.
131
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
O consumo adequado de líquido evitará que você desperte por sede ou para
ir ao banheiro.
Permita-se dormir pelo menos 7 horas por noite todos os dias, adquirir o
costume de dormir bem levará a um sono melhor.
A luz natural é um aliado do seu relógio biológico, por isso deixe que a luz
da manhã entre no seu quarto, faça pequenas pausas no trabalho para se
132
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
ANSIEDADE
1. inquietação;
133
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
2. fatigabilidade;
4. irritabilidade;
5. tensão muscular;
6. alteração no sono;
Proposta de intervenção:
Primeiras reflexões:
134
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
135
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
BOA PRÁTICA!
A esposa tem falado da mãe algumas vezes ainda de forma bem melancólica,
mas, como já tinha passado quatro anos da morte da sogra, o esposo não sabe se
isso tem alguma relação. Ele demonstra muita preocupação com a esposa e não
sabe o que fazer para ajudá-la. É descrito pela enfermeira como um homem pre-
ocupado com a esposa, atencioso, que parece ter muito afeto pela família, mas se
mostra muito assustado com tudo.
Patrícia explica para dona Luiza que irá encaminhá-la para atendimento com
a médica Andréia da área dela para que juntas possam definir quais as melhores
formas de cuidado. Dona Luiza sempre sinaliza com a cabeça que sim e não, ra-
ramente respondendo aos questionamentos de forma verbal. A enfermeira ques-
tiona se ela compreendia o que estava sendo planejado para o seu cuidado, ela
concorda e acena que sim.
136
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
A usuária chora e começa a contar que sua mãe faleceu há quatro anos e que,
nos últimos tempos, ela não está mais “dando conta” da tristeza, que se sente triste
demais.
O marido foi orientado com os cuidados necessários para pessoas com ideação
suicida, foi prescrita medicação para Luiza e agendado acolhimento para o dia se-
guinte com a psicóloga do Nasf-AB.
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
com a enfermeira e a médica. Ela chorou muito e relatou a morte da mãe, mas fa-
lou que seu pai também havia falecido há mais ou menos três meses. Ela não o via
desde os cinco anos e, após a morte de sua mãe, começou a procurá-lo; quando o
encontrou, ele já havia falecido. Luiza diz que gostaria de ter tido a oportunidade
de falar com ele e entender sobre a violência sexual que havia sofrido. Sentia-se
culpada, relatou alucinações visuais e auditivas com o pai, falou que o via na janela
do quarto todas as noites e, por isso, não conseguia dormir. Assim, acreditava que
ele vinha fazer o que havia prometido caso ela contasse para alguém sobre o abu-
so sexual. Tinha medo dele, mas acreditava que a morte dela seria a única forma de
acabar com esse sofrimento. Falava que os pensamentos de morte eram constan-
tes, principalmente à noite, quando tinha as “visões”. Relatou que nunca tinha tido
algo parecido, nunca tinha feito tratamento para agravos de saúde mental e que
ninguém jamais soube das violências sexuais que sofrera.
No retorno da usuária à unidade, Geraldo pede para falar com a psicóloga. Re-
lata que, quando chegou em casa após o trabalho, encontrou a mulher no quintal
e que, ao perguntar o que havia acontecido, ela o abraçou e chorou dizendo que
estava indo para uma árvore no quintal, que tinha um balanço dos filhos e iria se
enforcar. A psicóloga faz o apoio, conversa com a médica de referência e as duas
decidem entrar em contato com o CAPS novamente, pois entendiam que teria in-
dicação para hospitalidade noturna.
138
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
139
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
140
BOABOA
PRÁTICA DA DA
PRÁTICA UNIDADE 3 3
UNIDADE
A arte pode ser um recurso com potencialidade para essa finalidade. Vamos ver esse relato de
experiência que surgiu na UBS Claudemir José Witkoski do Bairro Tiffa Martins, da cidade de
Jaraguá do Sul/SC, com a parceria de outras instituições e serviços.
Tudo se inicia com a equipe do
Nasf-AB que realizava apoio matri-
cial com uma equipe da UBS do
território; em um primeiro momen-
to, planejavam um espaço de inter-
ação comunitária que possibilitasse
a troca de experiências geracionais,
informação sobre alimentação e
sobre ervas fitoterápicas, para isso
desenvolveram em um terreno ao
lado da unidade um espaço para a
horta comunitária.
Houve a proposta de construir vídeos com os adolescentes, sendo essa construção o instrumento
para que os adolescentes interagissem com o bairro, com outros grupos geracionais, com a Associação
de Moradores, fortalecendo uma rede de apoio. Surgiu, assim, a TV TIFFA - “Uma forma de fazer as
pessoas contarem suas vidas é uma espécie de revisão antropológica da existência” (CAMPOS, 2022).
A TV TIFFA tornou-se um canal do YouTube que divulga eventos ocorridos no bairro e conta a história
de pessoas que moram ali.
Na cidade de Joinville/SC, ocorreu uma ação no ano de 2021 nas Unidades Bá-
sicas de Saúde para trazer homens que estavam afastados da unidade durante
toda a pandemia. Alguns ACS identificaram esses homens ou foram informados
por outros moradores da casa que ali moravam homens que necessitavam de ava-
liação de saúde. Foram divulgadas as ações pelo território e feito amplo convite
aos homens que tivessem interesse em alguma avaliação e/ou orientações ou até
mesmo apenas interesse em conhecer a unidade de seu território.
145
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Foi possível um bom contato com os homens que vieram até as unidades, no-
vos usuários conheceram os serviços ofertados e desconstruíram as fantasias a res-
peito do trabalho, sendo possível o estabelecimento de um vínculo inicial com os
profissionais e contato com importantes conteúdos sobre o autocuidado. Esses
momentos de “start” para públicos específicos podem tanto mobilizar a popula-
ção para utilização do serviço quanto os profissionais no sentido de ampliar o olhar
para públicos que não acessam o serviço rotineiramente e que, em consequência,
não conseguimos realizar o cuidado em saúde necessário.
Fonte: https://aps.bvs.br/aps/qual-e-a-orientacao-atualizada-do-ministerio-
da-saude-para-rastreamento-e-prevencao-do-cancer-da-prostata/.
146
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
ENCERRAMENTO
Com efeito, a apropriação de conceitos, como clínica ampliada, escuta ativa, es-
tratégias de cuidado em saúde mental na APS, abordagem familiar, é fundamen-
tal para o desenvolvimento de uma clínica de qualidade, responsável e direcionada
às necessidades do território.
147
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
REFERÊNCIAS
148
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
MCDANIEL, S.; HEPWORTH, J.; DOHERTY, W. Terapia familiar médica. Porto Ale-
gre: Artes Médicas, 1999.
149
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
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UNIDADE 4
Relações em equipe
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Objetivos da unidade
INTRODUÇÃO
153
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
O trabalho com o usuário exige que uma equipe funcione como elos de uma
corrente, que os profissionais construam um cuidado em uma única direção e de
forma integral, o trabalho não pode ser fragmentado. E, no caso de cuidados com-
partilhados entre equipes, profissionais das mais diversas especialidades e níveis
de atenção, deverá haver diálogo e variadas formas de comunicação entre os ato-
res envolvidos.
154
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
155
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Peduzzi (2001) problematiza a questão das relações das equipes de saúde as-
sociando a teoria do agir-comunicativo de Habermas e coloca a comunicação para
o centro da avaliação dos conflitos das equipes de saúde. “Por meio da comunica-
ção, ou seja, da mediação simbólica da linguagem, dá-se a articulação das ações
multiprofissionais e a cooperação (PEDUZZI, 2001, p. 108)". Para ela, pode-se enten-
der as relações das equipes em duas categorias: equipes agrupamentos e equipes
integração. A primeira diz respeito a equipes mais fragmentadas, e a segunda, a
equipes que possuem uma maior consonância nas ações de saúde.
156
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
BOAS PRÁTICAS!!!
A angústia geral era de não conseguir dar conta da demanda que só crescia, e
a equipe que está completa tinha a sensação de que precisaria de mais trabalha-
dores para poder acompanhar os usuários.
157
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
suas agendas. A equipe também reclamava que não tinha sala para atender todos
os dias e que havia uma pressão muito grande para o cumprimento de metas e
indicadores. Os profissionais trouxeram falas do tipo,
“Atendemos todos os dias sem parar, mas, quando olhamos os indicadores, pa-
rece que não fizemos nada. Parece que não trabalhamos. A gestão vem com este
negócio de indicadores e não olha para nosso trabalho, só para os indicadores.”
158
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
161
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Voltando para o relato de caso, a equipe possui muitas queixas sobre a dinâ-
mica da unidade, a participação dos colegas do cuidado, a falta de sala para aten-
dimento dos usuários, a sobrecarga que é atribuída às mudanças nos indicadores,
entre outros. Podemos pensar que essa equipe pode estar perdida em meio a tan-
tas atribuições que não conseguem organizar o seu processo de trabalho e, de fato,
conseguir “ver e perceber” o que está acontecendo.
162
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Planejar as ações em saúde é pensar amplamente nas ações que precisam ser
realizadas, olhar para a demanda da equipe/território (condição epidemiológica,
de agravos, condições sociais, oferta de serviços, entre outras), para a dinâmica do
território, para as situações e casos de maior gravidade que precisarão de maior
tempo e intensidade de atuação. Olhar para os indicadores de desempenho e me-
tas, de forma cuidadosa e significativa, auxilia a equipe a ampliar a discussão e o
objetivo de seu uso, saindo do lugar de simples cumprimento de tarefas para de
fato tornar-se um indicador que apoie a equipe no seu processo de trabalho e pla-
nejamento, trazendo sentido no seu uso e estudo.
163
ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Mas como olhar para esses indicadores? Como esse olhar dialoga com as ques-
tões interpessoais da equipe?
A equipe precisa discutir quais são os objetivos a serem atingidos para aque-
le território/população, para além das metas que necessitam ser atingidas e que
também configuram objetos dessa discussão. Estabelecer objetivos comuns da
equipe propicia um senso de coletividade e maior união nela, além de facilitar a
comunicação dos integrantes, buscando os objetivos definidos.
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ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA
Grando e Dall’agnol (2015) apontam, ainda, que os conflitos devem ser enfren-
tados com elementos da comunicação não violenta, já que existem ou existirão em
qualquer trabalho em equipe. Alguns desses elementos são a comunicação clara e
objetiva, que contribui para que todos possam compreender o entendimento dos
integrantes das equipes, incluindo seus sentimentos e emoções que se apresen-
tam nos discursos.
Mas o que tem por trás das queixas da equipe? Seria um pedido de ajuda? To-
dos os membros pareciam estar perdidos em suas próprias atribuições e deman-
das, sentindo-se responsáveis individualmente pelo trabalho, sem refletir sobre a
existência de uma responsabilidade coletiva que uma equipe possui diante de um
território, coletivo e/ou usuário.
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Cecílio (2005) aponta que os conflitos podem ser de dois tipos: abertos, algo
que incomoda e chega até as agendas dos gerentes, exigindo providências, ou en-
cobertos, que ficam circulando pela unidade, mas não chegam até a agenda dos
gestores.
A matriz de análise de conflitos poderá ser inserida no dia a dia de trabalho das
equipes, como uma das ferramentas de análise e resolução de conflitos.
Será que nossa equipe da SUSilândia toparia usá-la? E a sua equipe? Como
gerenciam os conflitos?
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3. Descrição sobre como o conflito tem sido visto pela gerência: gerência
avalia que os trabalhadores não compreendem a importância da avaliação dos in-
dicadores de desempenho e metas, não vendo sentido na sua análise enquanto
instrumento de planejamento.
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Convidar e convocar a gestão para essa discussão por vezes torna-se funda-
mental, a fim de juntos pensarem em estratégias de cuidado com a equipe, como
supervisão institucional, ampliação de espaços de educação permanente, reforço
da garantia na agenda de espaços de reunião de equipe.
Para refletir!
Sugestão de leitura:
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Aqui vamos apresentar um relato de uma equipe da ESF que pertencia a uma
UBS composta de mais cinco equipes ESF. Uma unidade com mais equipes ne-
cessita de outras organizações gerais e precisa negociar conflitos, desejos, neces-
sidades entre todas as equipes, além de organizar o uso de sala, carro, escala de
acolhimento e tudo o que estamos estudando com a gestão de cuidado.
A Unidade de Saúde possuía seis equipes de ESF, quatro equipes de saúde bu-
cal e era a “base” da equipe do Nasf-AB, possuía boa estrutura física, com 14 salas
de atendimento, sala de vacinação, sala de procedimentos, sala de grupo, farmácia,
uma sala que comporta as equipes de saúde bucal, ampla área de recepção, além
da área administrativa, bastante organizada do ponto de vista estrutural para que
o trabalho funcionasse bem. No entanto, sempre existiam dificuldades em relação
ao uso das salas, pois quatro das seis equipes de ESF possuíam graduandos de
medicina e duas equipes possuíam médicas residentes de medicina de família e
comunidade, que usavam as salas com bastante frequência, e as salas dos profis-
sionais do Nasf.
Partimos da organização geral dessa unidade, que possuía a fama de que ne-
nhuma coordenação “dava conta dessa equipe”, uma unidade que carregava a
marca de ser muito difícil realizar a gestão, pois todos eram muito “sabedores da
razão”. Depois da troca de quatro coordenações, chegou uma nova coordenado-
ra que optou por uma coordenação mais na lógica da autogestão apoiada, com
maior autonomia das equipes. A gestora se ocupava grande parte do tempo com
as análises da produção das equipes, reflexão sobre os indicadores de desempe-
nho, discutindo com elas os pontos de fragilidade, sendo possível, assim, aos pou-
cos, compreender seus processos de trabalho. Essas discussões aconteciam nas
reuniões de equipe da unidade, uma vez ao mês. Com a apresentação dos indica-
dores, era visível a preocupação das equipes em construir estratégias de cuidado
para avançar na qualidade dos dados.
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car que essa consulta era importante para o pré-natal e o medo das consultas com
esse profissional eram temáticas discutidas nos encontros. Optou-se por reservar
duas consultas odontológicas durante os períodos em que as equipes atendiam às
gestantes e elas passavam pela consulta com médico(a) ou com enfermeiro(a) e
no mesmo dia passavam pela avaliação com dentista.
Podemos observar que uma escuta das equipes, garantia de espaço para dis-
cutir problemas que envolvem todos os membros e a Unidade e o acolhimento da
gestora possibilitaram um alívio na tensão e um avanço na construção do trabalho
em equipe.
A equipe tinha uma agenda semanal, e esta era seguida de maneira bem sis-
temática.
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Agenda programada:
Saúde integral
Agenda - puericultura, puerpério e
programada: Agenda pré-natal.
Primeira quarta
programada:
do mês: matri-
- puericultura, Terceira sexta do mês: grupo
ciamento Nasf
puerpério e - puericultura, puer- HAS/DM
Visita
pré-natal pério e pré-natal
domiciliar Bimestralmente:
1x por mês reunião de enfer-
matriciamento
1x por mês 1x por mês reunião meiros e técnicos
com os CAPS
reunião com entre médicos e
enfermeiros enfermeiros - supervisão dos ACS
Reunião da
da unidade
equipe
- 1x mês reunião geral da
UBS
Obs.: Hipertensos e diabéticos são avaliados na demanda livre, bem como exames, queixas crôni-
cas, agudas, casos de saúde mental, entre outras. Durante a pandemia, essa escala sofre modifica-
ções, com profissionais deslocados para as ações específicas.
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Sempre que necessário, discutia-se mais de uma vez os casos para que todos
pudessem compreender a importância de cada profissional na gestão de cuidado
da família e/ou do indivíduo e na construção e desenvolvimento de seu projeto de
cuidado. A construção do PTS exigia mais de um encontro da equipe, para alinhar
conceitos, avaliar propostas variadas, discutir diferentes estratégias de cuidado. As
estratégias utilizadas eram a conversa e a explicação das questões de saúde, com
busca de exemplos de outras práticas para a condução dos cuidados.
Um fato importante, que gerou algum conflito, mas foi solucionado nessa equi-
pe, foi quando a Secretaria de Saúde suspendeu a contratação de motoristas para
as Unidades Básicas de Saúde, sugerindo que os profissionais com interesse em
dirigir teriam de assinar documento específico e regularizador, com apresentação
de suas carteiras de motorista. Depois de muita discussão entre toda a Unidade de
Saúde e internamente à equipe, com tentativa de recontratação de motorista, a
enfermeira e o médico decidiram que deveriam voltar-se mais para visitas domici-
liares e para conhecer melhor o território. Ambos conversaram com a equipe sobre
a questão, discutiram a importância das visitas domiciliares e, de forma conjunta,
decidiram realizar o transporte das atividades da equipe, juntamente com uma
técnica de enfermagem e uma agente comunitária que aceitaram dirigir para via-
bilizar os cuidados necessários ao território.
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Saiba mais:
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BOA
BOAPRÁTICA
PRÁTICADA
DAUNIDADE
UNIDADE4 4
Em uma equipe de ESF, durante reunião de equipe semanal, enquanto a enfermeira levantava a
pauta para o encontro, um agente de saúde, aquele conhecido como “briguento”, pede para falar sobre
o fato de um colega de trabalho, também agente comunitário de saúde, chegar atrasado todos os dias.
Apesar da proposta de organização da pauta, esse agente de saúde, muito irritado, aponta o dedo para
seu colega dizendo estar cansado de ficar todos os dias, logo cedinho, acolhendo os moradores da
área dele, orientando sobre fluxos na unidade e pedindo para eles voltarem no outro dia para que
pudessem falar diretamente com o agente de referência.
O agente de saúde que tem chegado atrasado à unidade pede desculpas, bastante envergonhado e,
ao tentar começar a falar, é interrompido pelo auxiliar de enfermagem da equipe, que reforça que tem
agendado algumas coletas laboratoriais em domicílio na área dele, mas que estas estão atrasadas, pois ele
não está na unidade cedo para que o façam conjuntamente, em especial para os casos novos do território.
Na reunião de equipe da outra semana, a pauta do atraso do agente de saúde é trazida nova-
mente, quando este tenta se justificar, é interrompido novamente por seu colega de trabalho, levan-
ta-se da sala, bastante irritado e abandona a reunião. A enfermeira tenta chamá-lo de volta, mas ele
sai da unidade a passos largos. A equipe continua a reunião de equipe dizendo da postura inadequa-
da do colega e diz que “não é assim que as coisas devem ser resolvidas”!
Aponta que talvez tenham muitos problemas de comunicação que precisem ser mais bem
observados e que a médica daquela equipe tinha muita habilidade nessa escuta e observação
do grupo.
Os demais agentes de saúde sugerem que possam chamar uma reunião urgente, não pro-
gramada com o colega, para oportunizar sua fala e refletir os pontos levantados na sua ausên-
cia, a fim de garantir transparência e respeito, tão fundamentais no trabalho em equipe.
No outro dia, na reunião “extraordinária”, o agente de saúde “briguento” pede desculpas
para seu colega por sua hostilidade e gestual (apontar o dedo), os demais profissionais se
colocam e o agente de saúde pode dizer que vinha se sentindo muito desconfortável com a
equipe, pois não conseguia se posicionar diante das discussões, diz que o dia que saiu da sala
e abandonou a reunião sentiu-se muito envergonhado com sua atitude, mas não conseguiu
expressar sua insatisfação de outra maneira.
O grupo o acolheu e disse que tinha contribuído, e
muito, para que isso acontecesse. O agente pôde,
então, falar sobre os seus atrasos, informou ao grupo
que estava estudando à noite, fazendo um curso de
auxiliar de enfermagem, e que chegava à casa todos
os dias muito tarde, assim acordava atrasado todos
os dias; pôde questionar se era possível mudar seu
horário de trabalho para que pudesse entrar um
pouco mais tarde e não causar tantos conflitos na
equipe. Uma agente de saúde falou de sua possibili-
dade de entrar mais cedo, para que pudesse sair mais
cedo também e que essa mudança a ajudaria muito,
pois conseguiria buscar sua neta na creche. A enfer-
meira parabenizou o agente pela iniciativa de voltar a
estudar e agradeceu a disponibilidade da colega em
apoiá-lo nessa mudança de horário, comunicando que
conversaria com a coordenação da unidade.
Uma situação mal resolvida ou observada pode se desdobrar em muitos conflitos e processos de
trabalho desgastantes, abandono ou infelicidade no dia a dia de trabalho. Outra situação importante
que o caso traz são os rótulos “aplicados” aos trabalhadores: o “briguento”, o “tímido” e o quanto
isso pode dificultar as relações interpessoais e valorização de outras características e habilidades do
trabalhador. Por fim, é fundamental que as diferenças de escolaridade possam ser diluídas nas
relações interpessoais, evitando que falas e apontamentos dos profissionais de nível superior
tenham maior “valor” ou “peso” nos processos decisórios, devendo a equipe buscar a todo tempo
relações cada vez mais horizontais no dia a dia de trabalho.
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ENCERRAMENTO
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REFERÊNCIAS
PARISI, L.; SILVA, J. M. Mediação de conflitos no SUS como ação política transfor-
madora. Saúde Debate, Rio de Janeiro, v. 42, n. especial 4, pp. 30-42, dez. 2018. DOI:
10.1590/0103-11042018S402.
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FICHA TÉCNICA
Coordenação da Atenção Primária à Saúde de Estado de Saúde do Distrito Federal com a Fio-
cruz Brasília e a Fundação para o Desenvolvimen-
Diretoria da Estratégia Saúde da Família
to Científico e Tecnológico em Saúde (Fiotec) e
Gerência de Estratégia Saúde da Família
conta com a colaboração técnica de pesquisado-
Gerência de Apoio à Saúde da Família
res da Universidade de Brasília.
Gerência de Qualidade da Atenção Primária
Coordenadora de Produção
Supervisora de Oferta
Maria Rezende
Meirirene Moslaves
Supervisora de Produção
Apoio Técnico
Fabrícia Silva
Dionete Sabate