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Hebraico Grego
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A Língua testemunhada neste livro é uma forma tardia do hebraico e se não
fosse colocada a questão do limite cronológico para a determinação do Cânon
Palestinense (posterior ao período profético) seria possível admitir que o
Eclesiástico fizesse parte dele, devido ao seu altíssimo nível teológico e ético.
Diga-se, outrossim, que o livro preenche os outros três requisitos: a) está em
conformidade com a Torah; b) escrito na Palestina; c) escrito em hebraico. O
único ponto pendente diz respeito à datação: posterior a Esdras.
1. Autor: é mais um pensador sensato que teólogo.
A obra contém poucos indícios ou dados sobre o seu autor, mas é o único
livro do Antigo Testamento do qual temos certeza da autoria. Vejamos alguns
argumentos internos:
Eclo 51,13-30 = afirma que o autor se orientou, ainda muito jovem, para a
sabedoria e que, na idade madura, abriu uma escola em Jerusalém
(v.23); "escola" aqui é uma expressão que aparece pela primeira vez
no Antigo Testamento. Assim, com Jesus Ben Sirac alcança-se um
exercício profissional do saber praticado numa escola. O v.30
apresenta uma assinatura, porém:
a) o texto grego traz somente: "Sabedoria de Jesus, filho de Sirac";
b) o texto hebraico coloca algumas informações adicionais: "Até aqui:
palavras de Simeão, filho de Jesus, chamado Ben Sirac." E apresenta
variantes no próprio texto: "Sabedoria de Simeão, filho de Jesus, filho de
Eleazar, filho de Sirac. Que o nome de YHWH seja bendito desde agora e
para sempre."
c) O texto em grego em Eclo 51,1 apresenta o seguinte título: oração de Jesus, filho
de Sirac.
O prólogo = chama o autor de "Jesus", que é o avô do tradutor para a língua grega.
Este neto continua sendo completamente desconhecido para os
estudiosos. Mas graças ao seu prólogo temos conhecimento:
→ Das razões que motivaram o neto a traduzir a obra do avô para os
judeus da diáspora de língua grega (Egito, talvez em Alexandria);
→ Das razões que teve o avô para compor sua obra.
Eclo 50,27 = numa forma de conclusão, há uma explícita referência aos motivos
que levaram o autor a escrever. Observe-se a menção ao nome e ao
local de origem e de sua ação. O texto em hebraico traz uma variante:
cf. nota "f" da Bíblia de Jerusalém.
Personalidade e interesses particulares de Jesus Ben Sirac
Eclo 24,30-34 = note-se a mudança pronominal para a 1 a pessoa do singular. No
centro do livro está uma confissão de um autor privilegiado.
Eclo 38,24–39,11 = o ideal da vida para Jesus Ben Sirac é ser escriba e poder dedicar-
se ao seu trabalho em tempo pleno, sem preocupações e sem a
necessidade de outra ocupação. É um ideal mais helenístico que judaico,
mas ele se coloca no âmbito da ortodoxia hebraica. Em seu tempo, a
Sabedoria consistia em boa parte no estudo e comentário de textos
bíblicos, narrativos (haggadicos) e legais.
Eclo 1,22-30 = fala contra os elementos helenizantes em Jerusalém.
Eclo 30,18.20 = alude às atitudes que ridicularizam aqueles que pensam poder
obter benefícios pela idolatria.
Eclo 34,1-8 = A lei escrita é o meio real da revelação divina. É sábio quem se
mantém fiel a esta lei.
2. Datação
Existem duas passagens no livro que nos oferecem uma informação mais ou
menos exata quanto à data provável da composição do livro:
Eclo 50,1-24
A partir do capítulo 44, o autor faz uma série de panegíricos, onde elogia
vários personagens do passado de Israel e mostra como ele compreendia a história
do seu povo.
O último elogiado, longamente por sinal, foi Simão, filho de Onias, o
Sumo Sacerdote, apresentado como sendo um verdadeiro líder do povo.
Alguns elementos saltam aos olhos:
→ a vivacidade das imagens utilizadas sugere um tipo de conhecimento que
só uma testemunha ocular podia ter;
→ o conhecimento de sua morte, aludida no v.51b, leva a crer que este foi
pessoal.
Mas, quem é esse Simão?
Sabe-se que os Ptolomeus Lágidas detiveram o controle da Palestina até o
final do século III a.C. quando, em torno do ano 200 a.C. Antíoco III (287-223)
Livros Sapienciais 17