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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE LETRAS E COMUNICAÇÃO


FACULDADE DE COMUNICAÇÃO
CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL –
PUBLICIDADE E PROPAGANDA
LABORATÓRIO DE INTRODUÇÃO AO MARKETING E PROPAGANDA
PROF(A) ME. CAROLINA VENTURINI

HANNA GUIMARÃES DIAS

ARTIGO “MIL SINAPSES CONSTANTES: UM OLHAR HODIERNO E


HUMANO NO MODO DE PENSAR”

BELÉM

2021

HANNA GUIMARAES DIAS


ARTIGO “MIL SINAPSES CONSTANTES: UM OLHAR HODIERNO E
HUMANO NO MODO DE PENSAR”

Trabalho escrito com a


finalidade de aprendizado
da matéria de Laboratório
De Introdução ao
Marketing e Propaganda,
ministrada pela professora
Me. Carolina Venturini, no
curso de Publicidade e
Propaganda. Ele
apresenta um artigo
escrito a respeito do livro
de Regina Migliori “Ética e
valores na comunicação:
os desafios do século
XXI”

BELÉM

2021

MIL SINAPES CONSTANTES: UM OLHAR HODIERNO E HUMANO NO


MODO DE PENSAR
“Penso, logo existo” afirmava Descartes. Mas será que ainda é válido
concordar com a frase?

Uma das principais questões abordadas por Regina Migliori em seu texto é em
como a forma de pensar ao longo da história da sociedade vem se alterando e
se transformando em algo mais humano e ético, e, apesar do texto ter sido
elaborado há mais de 10 anos, não se pode deixar de notar como é possível
relacionar com questionamentos e problemáticas atuais.

A primeira percepção mostrada do livro baseado na forma de pensar expõe


como cada indivíduo vive em seu próprio mundo fundamentado em
convivências e aprendizados pessoais, abordando a vida a partir da
perspectiva de informações conhecidas e armazenadas. Por essa razão, o
meio de se comunicar atualmente influência, às vezes, totalmente nos
costumes do telespectador e seu âmbito social, que ao analisar uma
propaganda em algum dos diversos canais de comunicação, ou até mesmo em
uma roda de conversa com um assunto esporádico, pode absorver a
informação a si e filtrá-la como bem entender, adquirindo hábitos e
comportamentos que, podem ser éticos ou não. Nesse sentido, é indubitável
que os veículos de comunicação necessitam de uma conduta que influencie
seu público-alvo de forma verdadeira e ética, e graças a entidades como o
Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (CONAR), os meios de
se influenciar por propagandas exibidas no Brasil tornaram-se algo seguro, já
que desde a sua criação, a principal função era regulamentar definições e
procedimentos éticos respeitados por todos do setor publicitário.

Desde o início, o CONAR foi responsável por omitir diversas propagandas que
não se encaixavam nas normas do conselho, e evitaram milhares de
expectadores de se influenciarem por tais. O comercial da “SCHIN” de 2011,
por exemplo, além de não exaltar o produto, tem seu foco completamente
orientado em comentários desnecessários e maldosos de um estereótipo
familiar, em que, trazido para um âmbito social, o indivíduo poderia questionar
e espelhar aquela conduta, considerando algo aceitável. Essa compreensão
encaixa-se na forma de pensarmos sobre o mundo, em questão de se um
cenário semelhante ao comercial proibido viesse a acontecer, quais seriam os
indivíduos que atuariam contra e quais espelhariam, impactando tudo e todos
com os resultados dessas ações. Além disso, é questionável as razões sociais
da época que levaram a empresa a abordar o contexto mostrado na
propaganda, mesmo tendo como seu principal foco, a venda do produto. Por
isso é muito importante que a comunicação, para conseguir dar um salto
substancial em eficácia e sustentabilidade, precisa adquirir uma nova
compreensão dos processos humanos, eliminando qualquer comportamento,
opinião e questionamento que, em um cenário do ano de 2021, já pode ser
respondido.

Muitas questões sociais, por exemplo, que são debatidas fortemente


atualmente, ao comparar com as filosofias de há mais de 10 anos, pode-se
notar o contraste de opiniões, tendo somente em comum, o fato da
desestruturação do pensamento. A forma de se expressar, opinar, e
principalmente, pensar, nos primeiros anos do século XXI é completamente
diferente do jeito de se posicionar hodiernamente, sendo uma das principais
afirmações no texto de Regina, a qual diz que os seres humanos não podem
pensar da forma como estavam acostumados a estruturar o pensamento,
encarando um mundo que agora está apto para construir respostas para os
atuais desafios. Uma questão que há 20 anos ninguém estava deliberadamente
discutindo, hoje, se não tiver consciência, pode sofrer até questões judiciais. A
opinião deve ser fluida, o conhecimento é constante, e a cada hora, dia, mês, a
cada contato com informação, construímos e avançamos intelectualmente
nosso modo de pensar e alcançamos a evolução como mundo e indivíduo. Se
não construíssemos nosso modo de pensar, ainda estaríamos presos no
período das cavernas.

Apesar da ação de comunicação e seus meios não construírem todas as


respostas necessárias para questões tão importantes, ela pode abrir as mentes
e influenciar de forma ética e humana para tudo que é relevante, respeitando
seu tempo e sua constante progressão, algo que, ao longo da década de 20,
têm vivido uma revolução tecnológica que pode ser alcançada muito mais
rápida do que antigamente. Esse ritmo de velocidade é também questionado
pelo seu lado ambíguo, pois mesmo com a globalização da informação, a
velocidade dos fluxos de comunicação e variedade de instrumentos de acesso
transformaram o mundo mais próximo, ocasionaram o adoecimento mental do
ser humano.

Tornando-se um mal do século XXI, a ansiedade tomou-se presente em grande


parte do indivíduo jovem-adulto que, na maioria, vivenciou a fase mais
conturbada do mercado de trabalho e âmbito social, principalmente durante a
pandemia da COVID-19, que isolou esses indivíduos a conviver em um cenário
deprimente e anormal. A internet, por mais informativa que seja, é o principal
canal de discurso de intolerância a acesso a conteúdos impróprios e tóxicos
atualmente, sendo o meio mais acessado nos períodos de isolamento.

Nesse quesito, fica questionável a função da internet e a velocidade da


informação na estruturação do pensamento humano. A falta de equilíbrio em
uma sociedade que o tempo é curto e há um ritmo alucinante é o resultado de
uma imperatividade e ansiedade coletiva que aos poucos vai degradando a
mente e o corpo com uma avalanche de informações diárias. Pondera-se que
a escassez de empatia tenha influenciado os caminhos que a mente humana
levou, já que, no momento atual, poucos são aqueles que têm consciência
coletiva por um bem maior.

A autora expõe uma reflexão a respeito da degradação da humanidade,


abrangendo tanto a questão ambiental, quanto social. Parece que a
importância do bem alheio deixou de ser uma preocupação, questionando se
os indivíduos pararam de se importar com esses problemas, já que a
capacidade instalada de destruição da vida, do planeta, do vizinho, de qualquer
um, nunca foi tão grande. Regina responde que ainda há pessoas que se
importam, e é possível ver indivíduos que lutam diariamente por diversas
causas, mas analisa que não são um conjunto de preocupações ou boas
intenções que irão mudar o mundo, mesmo sendo essenciais, e sim, ações em
massa por um bem maior.

Entretanto, uma das razões por não haver uma postura coletiva é a própria
questão pessoal dos seres humanos, pois suas atenções são pessoais e
egoístas, e isso, vem da própria rede de comunicação. O individuo prende a
sua atenção para aquilo que lhe marca, formatando atitudes pessoais,
tornando-se como uma espécie responsabilidade para os próprios
comunicadores: o impacto causado nas inteligências dos indivíduos com a
impressão de redes neurais onde acontece o processamento mental.

O texto aponta que, quando algo chama a nossa atenção, registramos essa
informação, podendo ser algo relacionado com um quesito pessoal ou uma
informação que lhe agrade. As informações são jogadas diretamente e há
muita coisa que passa e não é registrado na mente, então, torna-se uma
competência exigida do profissional de comunicação saber o que fazer para
chamar a atenção das pessoas sobre o que quer comunicar. Nesse sentido, a
conquista do público através da comunicação pode ser vista em diversas
propagandas milenares que podem ser relacionadas até com um simples
“jingle” de tão impactante que ela foi para uma sociedade. No período de festas
do final de ano, a empresa de supermercados Y.YAMADA, por exemplo, exibia
seus comerciais de natal que, apesar de não ser mais televisionado, até o
presente momento são lembrados em períodos festivos. Essa questão
acontecia porque a própria empresa utilizava da técnica de repetição em todos
os anos no intuito de fixar a melodia na cabeça, tornando uma espécie de
música “chiclete”, desencadeando ao fato da mente repetir aquela informação
diversas vezes a ponto de fixá-la mentalmente e ser lembrada com uma
sensação de nostalgia e paz.

Apesar disso, a autora põe em questão que tipo de inteligência esses


processos de comunicação vêm estimulando: o bombardeiro de informações
causando o adoecimento mental ou as alterações anatômicas que trazem
sensação de conforto e atenção pessoal. Pode-se afirmar que a comunicação
tem ambos os lados, criando mentes inteligentes e violentadas, e ao conhecer
os diversos mecanismos das ações de comunicação, deve-se se atentar aos
impactos produzidos pelos mesmos, no intuito de evitar afetar o campo mental
e prezar por um ambiente ético na comunicação.

Ainda há muito que se debater em relação a ética no ambiente comunicativo. A


autora afirma que ser ético não é cumprir regras e regulamentos. Às vezes, ser
ético é contrariar uma lei injusta, e é algo totalmente diferente da moral, que
consiste em um conjunto de costumes típico de uma época, de uma cultura, de
um povo, ou de um grupo qualquer. Mas será que a moral prevalece mesmo
produzindo discursos intoleráveis?

O principal meio de evolução do pensamento coletivo é a estruturação do


pensar, isto é, evoluir e procurar respostas para os problemas hodiernos.
Porém, muitas questões que são debatidas vêm de costumes e morais de
períodos passados que, trazendo para um contexto da década de 20, poderiam
ser considerados ultrapassados, algo totalmente contrário, por exemplo, de
tradições de culturas nativas que fazem parte da sua identidade. Em meados
do ano de 1950, nos Estados Unidos, o racismo e a segregação de pessoa
negras era extremamente forte, e até hoje, daqueles que presenciaram a época
discriminatória, ainda apoiam ações que difamam e são consideradas
desumanas em relação ao povo negro. No Brasil, também pode-se ver o
cenário de desrespeito nacional quando indivíduos fazem apologia as eras de
ditadura. Nesse sentido, fica questionado se a moral humana pode-se
comparar de alguma forma com a ética, e qual de ambas pode-se prevalecer,
e, arrisca-se dizer que em alguns casos, os dois viés podem ser algo
completamente diferente um do outro. Há a diferença entre o bom e o bem,
segundo Regina. “Bom corresponde àquilo que eu gosto. Posso gostar de
muita coisa que os outros não gostam, sem que ninguém me incomode. Isso é
um direito, é democracia. Mas quando alguém resolve impor o que gosta, o
que acha certo para os demais, isso é autoritarismo. Porque nem sempre o
que é bom para mim é bom para os outros”. Mesmo a opinião sendo um direito
universal, é necessário através de um diálogo ético a exposição de pontos de
vistas e o entendimento de ambos os lados, para que assim, o ser individuo se
responsabilize pelas suas próprias convicções. Uma comunicação ética e
sustentável provoca impactos benéficos com os conteúdos que difunde.

Sendo assim, a cada sinapse, é uma forma nova de pensar eticamente,


tornando-se suficientemente benéfico para conviver em sociedade sem causar
impactos destrutivos entre os que vivem hoje e os que virão no futuro, em
razão de um bem comum. Em relação a frase dita por Descartes, a autora traz
uma nova análise que concorda com toda sua filosofia sobre o pensamento
ético. Hoje, pode-se afirmar que “Existo, e por isso penso, sinto, experimento e
ainda imagino um infinito de possibilidades”, trazendo as próprias sensações,
sentidos e experiências como um ciclo completo de pensamentos, e de forma
ética e sustentável, pode trazer grandes avanços na comunicação hodierna.

“O mundo não irá mudar sozinho, sem a participação das nossas consciências
e competências, e só será melhor se formos suficientemente éticos, benéficos,
inteligentes e competentes para realizar as transformações que a vida está
exigindo.”

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