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Ao abordar as questões dos Direitos Humanos, deve-se atentar para o seu bereshit (no

princípio, em hebraico). Haja vista, como toda esfera, lei e até mesmo opiniões, em tudo que se
tem debaixo do sol, houve um início. Um famoso bereshit.

Ademais, em primeira instância, é essencial, reconhecer e abordar a relevância e


contribuição das linhas religiosas, filosóficas e científicas. Podendo-se afirmar ainda, em que
alguns assuntos se tornam ecumênicas, ou sejam unidas em determinado propósito.

A contribuição da esfera religiosa aos Direitos Humanos, dá-se ainda no período


veotestamentário (Antigo Testamento), desde Moisés, podendo ainda ser citado o famoso
Profeta Isaías, estendendo-se ainda ao novo testamento. Sob ordens divinas, Moisés, ditou e
escreveu leis que serviriam de base para o Povo de Israel cumprirem deveres que hoje os
conhecemos como os nossos direitos. Algumas das leis mosaicas encontra-se até mesmo
ordenanças divinas acerca dos refugiados. Senão veja-se:

“O estrangeiro não afligirás, nem o oprimirás; pois estrangeiros fostes na terra do Egito”
(Êxodo 22.21)

“Não oprimirás o diarista pobre e necessitado de teus irmãos, ou de teus estrangeiros, que
está na tua terra e nas tuas portas” (Deuteronômio 24.14)

“Quando também fizerdes a colheita da vossa terra, o canto do teu campo não segarás
totalmente, nem as espigas caídas colherás da tua sega. Semelhantemente não rabiscarás a
tua vinha, nem colherás os bagos caídos da tua vinha; deixá-los-ás ao pobre e ao estrangeiro.
Eu sou o Senhor vosso Deus” (Levítico 19.9-10)

É notória também a contribuição de Isaías, profeta de Israel, onde em muito lutou contra
as injustiças sociais. Profetizando contra os pecados e injustiças sociais durante seu ministério,
fato que, segundo a tradição, o fez ter uma morte trágica. Serrado ao meio. Um de vários de
suas palavras acerca dos direitos, hoje conhecidos como sociais e participante dos Direitos
Humanos, é:
“Ai dos que decretam leis injustas, e dos escrivães que prescrevem opressão.
Para desviarem os pobres do seu direito, e para arrebatarem o direito dos aflitos do meu
povo; para despojarem as viúvas e roubarem os órfãos!” (Isaías 10:1,2)

Podendo gastar horas com o tema A RELEVÂNCIA JUDAICO-CRISTÃ AOS DIREITOS


HUMANOS, lembremos apenas do verso mais famoso do Cristianismo. Veja-se:

“Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mateus 22:39)

Vai-se então as contribuições filosóficas aos Direitos Humanos, pode-se citar acerca
das maiores perguntas que nos levam hoje a grandes e preciosas respostas.

Sai-se nesse período dos achismos, e respostas mitológicas, e buscam por afirmações
lógicas a partir do levantamento de premissas. Grandes nomes da filosofia grega, como
Pitágoras, começam a indagar-se “Quem sou eu? ” “O que é o homem? ”, e uma célere frase
de Sócrates, “Conhece-te a ti mesmo. ” Portanto, essa busca de entender o que é o homem e
qual sua relevância, nos mostra hoje que as indagações filosóficas foram importantes para
sabermos o que somos, e por conta disso, que direitos devemos ter a buscar.
Diante disso, a filosofia contribui relevantemente para o entendimento de que como
seres humanos racionais, necessitamos de direitos e proteções. Haja vista, o ser humano ser,
como afirmava Thomas Hobbes, o Homem é o lobo do homem. A partir também dessa
premissa de Hobbes, viu-se a necessidade de o Estado garantir Direitos e proteções, ou nós
mesmos acabaríamos com nossa existência em um “estralar” de dedos.

Abordando concomitante a essas esferas, a relevância científica, baseado em Darwin,


onde mostra através de sua teoria, acerca da luta das espécies por sobrevivência, o homem
diariamente luta contra tudo o que se opõe a sua existência, em luta de melhorar cada vez
mais em todos os âmbitos.

Em forma de lei, desde períodos históricos passados, percebe-se que o ser humano
lutou e sofreu para garantir algumas leis, que hoje, estão em vigor.

Muito sangue foi derramado buscando a Abolição da Escravatura. Podemos dizer


ainda, que muito suor e luta, para alcançar o direito ao voto feminino, e até mesmo, em
tempos atrás, ao direito de enterrar os seus mortos. E isso, hoje garantidos através da
Declaração Universal dos Direitos Humanos, foi-se requerido muita luta, por sobrevivência e
garantias fundamentais de determinados direitos.

Fundamentado o argumento acima, sabe-se, portanto, que mesmo nesses períodos


filosóficos, religiosos e científicos, o que houve foi apenas algumas conquistas. Pode-se
afirmar, contribuições para o que séculos depois haveria de vir.

Hodiernamente, existem ainda os grandes debates entre os naturalistas e positivistas do


direito. De um lado, existem leis morais, que por mais que não se esteja vinculada positivamente
escrita, se existe e deve ser seguida. Por outro, algo herdados dos gregos, e por mim, aceito e
defendido, se há a POSITIVAÇÃO da lei. Em que, se há necessidade de para ser um direito ou
penalidade, estar positivado. O ordenamento jurídico brasileiro, inclusive, segue esse raciocínio.
Senão vejamos:

“Não há crime sem lei anterior que o defina. ” (Art.1°, CP)

Desta feita, houve grande necessidade de 25 séculos depois do período axial, a


DELCARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS, algo tão sonhado e que requereu sangue
para que fossem concretizados, tivesse sua criação e efetivação.

Entretanto, vale destacar que, além dos fatores que influenciaram sobre a criação dos
direitos, visto no tópico 1, existiram alguns documentos e momentos históricos que auxiliaram
por sua importância na positivação dos Direitos Humanos. Entre os quais, podemos ressaltar o
primeiro:

 Magna Charta Libertatum;

Nesse documento acima, datado do século XIII, 1215 d.C, foi-se colocado o rei abaixo
das leis que ele mesmo editava. Algo nunca antes ocorrido. Mas almejado. Algo que influenciou
a democracia moderna em que até mesmo o poder do presidente da república encontra-se
limitado.

O que seria de nós, em pleno século XXI, após tensos momentos ditatoriais, se o poder
executivo, legislativo e judiciário não fossem limitados.
Pode-se citar diversos outros documentos que hoje deram até mesmo o direito ao
HABEAS CORPUS. Como também grandes revoluções. Pode-se citar ainda convenções. Senão,
veja-se: “A Convenção de Genebra de 1864 inaugura o que se convencionou chamar de direito
humanitário em matéria internacional; isto é, o conjunto de leis e costumes de guerra, visando
a minorar o sofrimento de soldados, doentes e feridos, bem como das populações civis atingidas
por um conflito bélico.”

Não se pode deixar ainda de citar a questão da Grande 2° Guerra Mundial, em que
dizimou homossexuais, testemunhas de Jeová, judeus, e até mesmos deficientes.

Após essa longa e desastrosa guerra, houve e necessidade de voltarmos para a filosofia
Kantiana, em que cada pessoa é singular, e insubstituível. Nasce então, declarada pela ONU, a
grande DECLARAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS, algo extremamente relevante para nossos dias
atuais, e que ao meu ver, nunca deverá ser abolida, e sim, somente complementada com os
mais diversos direitos que a necessidade dos futuros cidadãos requererem.

Consta nessa declaração, uma cláusula que está também em nossa Constituição Federal
de 1988, o PRINCÍPIO DA DIGNIDADE HUMANA. Baseada na Declaração e em Imannuel Kant.

Portanto, todos os seres humanos, independes de sua etnia, religião, cultura, gênero,
etc., tem em si suas individualidades e importâncias para o meio social. Pois, como ressaltava
Kant, o ser humano não é coisa, e por isso sua dignidade não pode ser precificada.

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