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614 Teoria da Pena

CAPÍTULO 21 II. A crise insuperável das medidas de segurança


MEDIDAS DE SEGURANÇA ou MEDIDAS DE
PROTEÇÃO? 1. Os problemas metodológicos das medidas de segurança
As medidas d s gurança detentivas ambulatoriais aparec m
A) As Medidas de Segurança da legislação penal na l gislação p nal com id "nticos fundam ntos t óricos: a) previsão
d crim futuros, qu fundain nta o prognó tico d periculosidade
do autor; b) ficácia das medidas de segurança, instituídas para vitar
I. As vias alternativas do Direito Penal brasileiro crim s futuro .
A cris das medidas de segurança / r pr s ntada p la inconsis-
O modelo tradicional do Estado para garantir a segurança da tência ci ntífica d s us fundam ntos m todológicos p la in ficácia
comunidad contra fatos punív is ' constituído por sist mas 1 gais concr ta de s us obj tivos práticos: primeiro, n nhu1n 1n ' todo ci n-
alt rnativos, assim d finidos: a) penas criminais, fundadas na culpabi- tífico p rmit prever o comportamento futuro de ningu 'm; segundo,
lidade do autor; b) medidas de segurança, fundadas na periculosidade a capacidade da 1n dida de s gurança para transformar condutas
do autor. O sistema ah rnativo d penas criminais ou d medidas de antissociais d inimputáv is m condutas ajustadas de imputáv is
segurança para controle social de fatos definidos co1no crimes constitui jamais foi demonstrada.
o mod lo dualista alternativo adotado p lo 1 gislador p nal: ou p nas
O probl ma com ça com a falta d cr dibilidad do prog-
criminais para cidadãos imputáv is autor s d crim s, ou m didas d
nóstico d periculosidad criminal: s a m dida d segurança
gurança para cidadãos inimputáv is autor s d fato d finidos como
pr ssupõ e prognóstico d comportamento crimino o fu turo , então
tipos de injusto. O mod lo dualista alternativo xduiu a aplicação
inconfiáv is laudos psiquiátricos produzem consequ "ncias sociais
simultânea d penas criminais e de medidas de s gurança, própria do
d struidoras, porqu pod m det rminar internações perpétuas de
sistema dualista cumulativo, ta1nbém conh cido como sist 1na do duplo
cidadãos m instituiçõ s d s gr gação psiquiátrica - em condiçõ s
binário, vig nt na 1 i p nal ant rior. Entr tanto, a combinação penas
g rai ainda pior s do qu as condiçõ d sumana d x cução
criminais/medidas de segurança dos mod los dualistas par c sup rado
da p na criminal. E o qu é mais grave, a exp eriência histórica
pelo novo binômio penas criminais/medidas de proteção, instituído
par e comprovar a t nd "ncia d sup rvalorização da periculosi-
pela L i 10.216/01, que rej ita o cone ito d periculosidade criminal
dade criminal no exam psiquiátrico d autor s inimputáveis d
e canc la o sistema d medidas de segurança da lei penal brasil ira (v r
tipos d injustos, com pr disposição de prognóstico negativo sobr
As Medidas de Proteção da Lei 10.216/01, adiant ).
o co1nporta1n nto futuro do cidadão; al /m disso, par c óbvia
a confiança ing "nua dos op rador s jurídicos na capacidad do
psiquiatra d prever comporta1nentos futuro s d p ssoas con id -
rada inimputáv is , ou d determinar a p riculosidad criminal
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de ser s humanos portadores de transtornos psíquicos, ignorando d retroatividad ) . a Alemanha, por ex mplo, as medidas d seguran-
a natureza problemática, tautológica e amorfa do conceito de ça são regidas pelo princípio da proporcionalidade, mas a subordinação
periculosidade criminal, como dizia BARATTA. 1 ao princípio da legalidade é limitada às dimensões de lei escrita, de lei
Em resumo , a crise das medidas de segurança xprim a cns estrita d 1 i certa, xcluída a dim nsão d 1 i prévia, caract rística
do prognóstico d p riculosidade e da eficácia da int rnação psiquiá- do tipo d injusto.
trica para transformar condutas ilegais de autores inimputáveis em No Brasil, a literatura dominante tem rejei tado essa sub-
condutas 1 gais d cidadãos r sponsáv is. A inconsist "ncia ci ntífica missão parcial, propondo a subordinação integral das m edidas d
comprovada d laudos psiquiátricos sobr p riculosidad criminal x- gurança ao p rincípio da legalidade, para r duzir 1 só s d dir itos
plica a convicção generalizada sobre a n cessidade d r dução radical individuais vinculadas à sua aplicação, sob o seguint argumento:
das m didas de segurança detentivas, sp cialment em prognósticos o princípio da legalidade (a) como Lex praevia proíbe aplicação r -
n gativos construído sobr autor s d crim s de bagat la ou d troativa d m dida de s gurança contra autor s inimputáv is d
crimes patrimoniais não violentos, em que a aplicação d m edida tipos de injusto, (b) como lex scripta proíbe aplicação d m dida d
de segurança privativa de liberdade ' injustificável; igualmente, segurança fundada no costume, (c) co1no lex stricta proíbe aplicação
prognósticos d crim s futuros indeterminados ou de crim s futuros d m dida d s gurança fundada m analogia prejudicial ao autor
ap nas possíveis não 1 gitimam int rnaçó s compulsórias m insti- (d) como lex certa proíb a xistência de m edidas d s gurança
tuiçó s psiquiátricas. Em todos ss s casos, a aplicação de m dida indeterminadas ou indefinidas.
d s gurança detentiva infringe o princípio da proporcionalidade,
A plena legalidade das medidas de segurança, por causa das
porque não tem relação com o tipo de injusto realizado, nem com a
cons qu "ncias jurídicas invasivas do inconfiáv 1 prognóstico d
precária objetividade de prognósticos de fatos criminosos futuros. periculosidade criminal d autor inimputável d um tipo d inju to,
Afinal, como tem afirmado a crítica sp cializada, som ent a pro- ' tão importante quanto a pl na legalidad das penas criminais,
babilidade d fatos p un ív is relevantes, caract rizados por violência
como cons qu "ncia jurídica da r alização d crim por cidadão
ou ameaça de violência contra a pessoa, pod ria justificar a aplicação responsáv l; por outro lado, a 1 galidade do pr ssuposto de tipo de
d m dida d s gurança detentivas contra autor s inimputáv is.
injusto para aplicação de medida de segurança a autor s inimputáveis,
ta1nb 'm ' id "ntica à 1 galidad do pr ssuposto do tipo de injusto
2. Os problemas de legalidade das medidas de segurança
para aplicação de penas criminais a autor s imputáveis, ou s ja, a
r alização d ação típica e antijurídica concreta.
No Direito P nal cont mporân o, a subordinação das m didas
ão obstant , a posição da lit ratura brasil ira constitui, na
de segurança ao princípio da Legalidade é parcial: ap nas as dim n-
m lhor das hipóteses, a expr ssão d s ntim ntos p ssoais dos int ' r-
sõ s d lex scripta (proibição do costum ), d Lex stricta (proibição d
pr t s, porqu não xist n nhuma norma qu vincul as m didas
analogia) d Lex certa (proibição d ind t erminação) são admitidas,
d · segurança ao princípio da legalidade na 1 i p nal brasil ira - como
enquanto par ce geral a exclusão da dimensão de !ex praevia (proibição
x1st m relação a crimes penas, por ex mplo. Mais do qu isso,
a disciplina 1 gal das m didas d s gurança n a 1 i p nal brasil ira
1 BARATTA, Principi dei diritto penal mínimo. ln: Dei Delitti e delle pene, n. 3, s mpre foi d fiei nte: a) prim iro, as medidas d s gurança não são
1985.
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formalm nte subordinadas ao princípio da legalidade; b) s gundo, os como crime (art. 97, CP) com o conceito de tipo de injusto da
pressupostos de aplicação das medidas de segurança não são definidos dogmática penal, porque o inimputável pode realizar ações típicas
em lei: a realização do tipo de injusto e a periculosidade criminal do autor. justificadas por legítima defesa, estado de necessidade ou outra
Por x mplo, som nt 'possív 1sab r qu o pr ssuposto da m <lida d jus tificação, cuja pr s n ça d scaract riza o tipo de injusto , assim,
s gurança é Jato previsto como crime, por d dução do disposto no art. xclui o pr ssupos to das medidas d s gurança.
97, s gunda part , qu diz: "se, todavia, o fato previsto como crime for Sobre essa questão, contudo, existe controvérsia: um segmen-
punível com detenção, poderá ojuiz.. . "; além disso, 'possív 1sab r qu to da lit ratura brasileira excl ui m <lidas d s gurança m hipót ses
a periculosidade é pressuposto da medida de segurança por inferência d erro de proibição inevitável ou d inexigibilidade de comporta-
do art. 97, § 1°, que diz: /1 internação, ou tratamento ambulatorial, mento diverso de autores inimputáveis, sob o m smo argum nto de
será por tempo indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada, isenção de pena d autor s imputáveis. ão obstante, a p rgunta
mediante perícia médica, a cessação da periculosidade ".
obr a capacidad de autor inimputável atuar m erro de proibição
Não obstante - e por óbvias e indiscutíveis razõ s políticas ou m situações de exculpação par cer t r resposta negativa : se o
práticas -, é indispensável pressupor a plena regência do princípio da defeito do aparelho psíquico do inimputável significa incapacidade
legalidade sobre as m <lidas d s gurança, conform o mod lo adorado in t 1 ctual d "entender o caráter ilícito do fato", ou incapacidad
para crim se p nas, na linha proposta p la ht ratura dominante. vol itiva d "determinar-se de acordo com esse entendimento'', então
o inimputável não pode ter conhecimento da proibição, ou não
III. As medidas de segurança da legislação penal pod determinar o comportam nto pelo conhecimento da proibição
- estados psíquicos pressupostos no erro de proibição-, nem pode
possuir dirigibilidade normativa - estado psíquico pressuposto na
1. Pressupostos das medidas de segurança exigibilidade de comportamento diverso, xcluído ou r <luzido nas
situações de exculpação. Logo, autor s inimputáveis por incapacidade
A aplicação de medidas de segurança d pend da xist "ncia d penal d t rminada por doença mental ou desenvolvimento mental
dois pr ssupostos 1 gais, cuja xist "ncia imultân a pr t nd constituir incompleto ou retardado não pod m atuar em erro de proibição
garantia individual: a) a realização de Jato previsto como crime; b) a xcludent ou r dutor da culpabilidade, nem agir m situações de
periculosidade criminal do autor, por inimputabilidad p nal. exculpação, xclud nt s ou r dutoras da dirigibilidade normativa,
qu fundamenta a xigibilidad d comportamento div rso.
1.1. Realização de fato previsto como crime
1.2. Periculosidade criminal do autor
O pr ss uposto d Jato previsto como crime significa tipo de
No sist 1na do Código P nal, a atribuição d periculosidade cri-
injusto, como ação típica e antijurídica concreta qu , m conjunto
minal ao autor de um tipo de injusto, como fundamento das medidas
com o conceito d culpabilidade, int gra o conceito d fato pu-
d segurança, pode ser o resultado d presunção Legal (art. 26 97,
nív L Par c n c ssário id n tificar o significado de fato previsto
CP) ou d determinação judicial (art. 26, parágrafo único, 98, CP).
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1.2.1. Presunção legal de periculosidade criminal. A presunção legal O conceito de perturbação da saúde mental d signa um stado
de periculosidade criminal de autores inimputáveis de tipo de injusto psicopatológico indeterminável do órgão cerebral, compreendendo
exprime o prognóstico de futura realização de fato previsto como crime, desde neuroses, psicopatias e formas leves de debilidade mental, até
por indivíduos portador s d doença mental ou d desenvolvimento d h itos squizofr "nicos d m "ncia s nil (v r Capítulo 11, II , 1.2.).
mental incompleto ou retardado, xdud nt da capacidad d conhecer
Em r gra, p ssoas consid radas s 1ni-imputáv is possu 1n ca-
o caráter ilícito do fato ou d determinar-se conforme ss conh ci- pacidade penal e, por isso, são p nalm nt r sponsáv is por ações
m nto (art. 26, CP) . criminosas, mas com punição reduzida d um a dois t rços da p na;
Art. 26. É isento de pena o agente que, por doença por xc ção, na hipót s d n c ssidad d especial tratamento cura-
mental ou desenvolvimento mental incompleto ou tivo (art. 98, CP), a p na privativa de liberdade podes r substituída
retardado) era) ao tempo da ação ou da omissão, intei- por m dida d s gurança - hipótese d aplicação do antigo sist ma
ramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato vicariante no dir ito penal brasil iro, caract rizado p la substituição
ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. r cíproca ntr penas medidas de segurança.
O cone ito d doença mental (r d finido como transtorno mental Art. 98. Na hipótese do parágrafo único do art. 26
p la L i 10.216/\01), compre nd (a) a psicos s endógenas, como a deste Código e necessitando o condenado de especial
esquizofrenia e a paranoia, e (b) as psicoses exógenas, causadas por (i) tratamento curativo, a pena privativa de Liberdade pode
traumas, tu1nor s ou infeçõ s do órgão e rebral, (ii) a epilepsia (iii) ser substituída pela internação, ou tratamento ambu-
a art rioscl ros e r bral (v r Capítulo 11, II , 1.1.) latorial pelo prazo mínimo de 1 (um) a 3 (três) anos,
nos termos do artigo anterior e respectivos §§ 1° a 4°.
1.2.2. Determinação judicial de periculosidade criminal. A de-
terminação judicial d p riculosidad criminal xprim o prognóstico
d futura r alização d fatos previstos como crimes por autores semi-
-imputáveis de tipos de injusto , portadores de perturbação da saúde 2. Objetivos das medidas de segurança
mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, condi-
cionant d incapacidade parcial d conhecer o carát r ilícito do fato As medidas de segurança foram instituídas na 1 gislação p nal
ou de determinar-se conforme esse conh cim nto (art. 26, parágrafo para r alizar os s guintes obj tivos xplícitos: a) primeiro, d tra-
único, CP), consid rados como nec ssitados de "especial tratamento tamento psiquiátrico compulsório d autor s inimputáv is d tipos
curativo" (art. 98, CP). de injusto, portadores de pericu losidade criminal presumida (art. 26
Art. 26, parágrafo único. A pena pode ser reduzida parágrafo único, CP) - co1n xc ção da hipó t s d determinação
de um a dois terços, se o agente) em virtude de pertur- judicial (art. 98, CP); b) . gundo, d segurança social d natur za
bação de saúde mental ou por desenvolvimento mental detentiva (int rnação m hospital de custódia tratamento psiqui-
incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de átrico) ou ambulatorial (tratam nto psiquiátrico em lib rdad ).
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se Por isso, as medidas de segurança Cm por obj tivo possibilitar
de acordo com esse entendimento. açõ s ou int rv nçõ s p iquiátricas ao nív 1 do sistema límbico da
p rsonalidad de autor s inimputáveis, co1no c ntro das rnoçõ s da
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vida afetiva individual, segundo a Psiquiatria, ou ao nível do ego e do como crime for punível com detenção, poderá o juiz
superego do aparelho psíquico, segundo a Psicanálise, assim definidas: submetê-lo a tratamento ambulatorial.
a) no interesse do autor, para ampliar o controle das pulsõe instintuais
do id, como n rgia psíquica r gida p lo princípio do prazer; b) no
3.1. Hospital de custódia e tratamento psiquiátrico
interesse da sociedade, para imp dir açõ s antissociais de autor s inim-
putáv is d foto previsto como crime, m diant internação hospitalar ou
tratamento ambulatorial compulsórios. A internação m hospital de custódia e tratamento psiquiátrico
é xplicada pelos s guintes objetivos: a) garantir a sociedade contra
3. Espécies de medidas de segurança açõ s antissociais futuras d do nt s m ntais grav s, autor s d foto
previsto como crime; b) submeter o portador d doença m ntal internado
a tratamento psiquiátrico compulsório.
A legislação penal brasileira define duas spécies d m <lidas
de segurança, aplicáveis aos autor s inimputáveis d tipos de injusto, Todavia, a m edida de segurança detentiva de internação em
portadores de p riculosidad crilninal presumida (regra), ou aos s mi- hospital de custódia e tratamento psiquiátrico dev ria se fundar em
-imputáveis considerados perigosos por determinação judicial (exc - prognóstico d fatos puníveis com violência grave ou ameaça de
ção) : a) a m <lida d segurança detentiva d int rnação m hospital violência: s ria insufici nt a cominação d p na d r clusão no tipo
de custódia tratam nto psiquiátrico (art. 96, I, CP); b) a m edida de injusto r alizado, porque o prognóstico d crimes d bagar la ou
d s gurança ambulatorial d tratam nto psiquiátrico m r gim d d crimes patrimoniais como furto e st lionato, por ex mplo, não
liberdade (art. 96, II, CP) . ju tificaria aplicação d m <lida d s gurança detentiva, na linha da
melhor doutrina contemporânea. a verdade, a crise da m edida de
Art. 96. As medidas de segurança são:
s gurança detentiva não se limita à inconsistência do prognóstico d
I - internação em hospital de custódia e tratamento comportam ntos antissociai futuros, n m à ineficácia do tratamento
psiquiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento psiquiátrico para transformar o comportam nto anti social futuro d
adequado; inimputáveis m co1nportam nto ajustado, mas nvolv o próprio con-
II - sujeição a tratamento ambulatorial. ceito de doença mental que ngendrou a Psiquiatria como esp cialidade
científica: existe profundo dissenso na Psiquiatria sobre o conceito de
A distribuição d autores inimputáveis (ou semi-imputáveis,
do nça m ntal, ou sobr os stados d anormalidade psíquica d finív is
n c ssitado d tratamento curativo) de foto previsto como crime p las
co1no do nça 1n ntal, co1no pr ssupõ o 1nodelo antilnanico1nial da
duas espécies de medidas de segurança depende da natureza da pena
L i n. 10.216/0 1, adiant xaminado.
cominada no tipo d injusto r alizado, conform as s guintes corr la-
ções legais (art. 97, CP): a) na h ipótese de pena de reclusão, internação Al ' m disso, o probl ma dos direitos humanos nas instituiçõ s
m hospital d custódia tratamento psiquiátrico; b) na hipót se d psiquiátricas - ainda mais grav do qu nas instituiçõ s p nit nciárias
p na d d t nção, tratamento ambulatorial m lib rdad . -, xplica a angústia da literatura p nal cont mporân a, expr ssa na
questão formulada por JESCHECK/WEIGE D: se a internação de
Art. 97. Se o agentefor inimputável, ojuiz determinará
autores de fatos puníveis portadores de do nça m ntal ou de anormalidad
sua internação {art. 26). Se, todavia, o fato previsto
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psíquica em instituições apropriadas - pense-se especialmente nos psico- 4. Duração das medidas de segurança
patas, que integram o conceito de "outras graves anomalias psíquicas"
- , não produziria melhores resultados do que a internação em hospitais
O prazo mínimo d duração das m didas de s gurança d in-
psiquiátricos? Essa posição xprim o d ser' dito nos hospitais de custódia
ternação ou d tratamento ambulatorial' d 1 a 3 anos (art. 97, § 1°,
e tratamento psiquiátrico, na lit ratura sp cializada.
CP): a desinternação, na medida de segurança detentiva, ou a liberação,
na medida de segurança ambulatorial, dependem da cessação do atri-
3.2. Tratamento ambulatorial buído stado d periculosidade criminal, verificado por p rícia m édica
(an.97, § 2º, CP), com todos os probl mas ci ntíficos m todológicos
indicados. o sistema d m <lidas d s gurança da 1 gislação p nal,
A m dida d segurança d tratamento ambulatorial tamb ' m t m
o prazo máximo d duração das m didas d gurança detentivas ou
por obj tivo (a) prot g r a soei dad contra açõ s antis ociai futuras
ambulatoriais, é indeterminado.
de autor s inimputáveis d Jato p revisto como crime, mas com a diti -
r nça essencial (b) de realizar tratam nto psiquiátrico ambulatorial do Art. 97, § 1 º· A internação, ou tratamento ambu-
portador d do nça m ntal - com óbvias vantag ns para o inter ssado latorial, será por tempo indeterminado, perdurando
para a soei dad . enquanto não for averiguada, mediante perícia médica,
a cessação de periculosidade. O prazo mínimo deverá
Aqui, ' pr ciso nfatizar: a cominação 1 gal d p ena de deten- ser de 1 (um) a 3 (três) anos.
ção no tipo de injusto realizado ' fundam ento suficiente para aplicar
medida de segurança ambulante ao portador de doença m ental, por A duração indeterminada das m didas d s gurança detentivas
todas as razões indicadas. Afinal, a cominação de pena de detenção in- significa frequ ntement privação de lib rdade perpétua de s r s
dica pr cisamente aqu la criminalidade de bagatela, cujo prognóstico humanos, o qu r pr s nta violação da dignidade humana l são
não autoriza a aplicação d medida d s gurança detentiva, conform do princípio da p roporcionalidade, pois não existe correlação possível
a doutrina mai autorizada. Além di so, n nhuma di po ição l gal ntr a perpetuidade da int rnação a inconfiabilidade do prognóstico
impó critérios subjetivos adicionais para aplicar a m dida d s gu- d p riculosidad criminal do exam psiquiátrico. Ess probl ma '
rança d tratamento ambulatorial, como ''condições pessoais" ou prévia geral: na AI manha, por xemplo, a principal m dida d segurança
''compatibilidade" do ag nt te. , sug ridos por pr stigiados p nalistas. detentiva - pr cisa1n nt , a internação em hospital psiquiátrico (§ 63,
CP al mão) -, tem prazo ilimitado de duração. Hoj e, a lesão de direi-
A qu stão 'simpl s: a pena de detenção d t rmina o tratamento tos e garantias individuais re ultante da indeterminação das 1nedida
ambulatorial (art. 97, CP); d pois, durante a execução do tratamento
d s gurança detentivas ' r conh cida at' m smo p la Criminologia
ambulatorial, pod o juiz determinar a internação, s n e ssário, para etiológica - por x mplo, KAISER: ')issim como a medida da pena
fins curativos (art. 97, § 4°, CP), ou em caso de incompatibilidad é limitada pelo princípio da culpabilidade, a imposição de medida de
com o tratamento ambulatorial (art. 184, LEP).
segurança somente é permitida na proporção em que o sofrimento ligado
a ela não está fora de relação com a periculosidade do autor'~
No Brasil, a lit ratura sp cializada, b m como proj tos d r -
forma da 1 gislação penal, fundados nos princípios constitucionais da
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dignidade humana da proporcionalidade, vinculam a duração máxima teressado, deves r proferida d ntro d 15 dias (art. 17 5, I-VI, LEP).
das medidas d segurança aplicadas ao máximo da pena privativa de
Por xc ção, o xame d p riculosidad criminal pod s r r ali-
liberdade cominada ao fato punível praticado. ontudo, jurispru- zado durante o prazo mínimo, m diant r qu rim nto fundam ntado
dência r c nt propôs crit ' rio m lhor: o limit m áximo da medida de do Ministério Público ou do interessado, observado idêntico proc di-
segurança aplicada d veria coincidir com a p na criminal aplicáv 1no
m nto, tamb 'm válido para xa1n s sue ssivos (art. 176-1 77, LEP).
caso concreto, se o autor foss imputáv 1. Afinal, pr ciso arrancar do
!
portal do manicômio judiciário, não obstant a d nominação ub mís- Finalm nt , a desinternação hospitalar ou a liberação do trata-
tica d hospital de custódia e tratamento psiquiátrico, o aviso colocado m nto ambulatorial, por cessação do stado de periculosidade criminal
por D ant na ntrada do Infi rno: lasciate ogni speranza) voi ch'entrate. d t rminante da m didade segurança, 'condicional durante o prazo d
1 (u1n) ano após a desinternação hospitalar ou a liberação ambulatorial:
A verificação de existência da periculosidade criminal, como a r alização d Jato indicativo da p rsist "ncia da periculosidade criminal
fundam nto d aplicação da medida de segurança - ou d persistência durant ss prazo d t rmina a reaplicação da m <lida d s gurança
da periculosidade criminal, como condição de continuidad , ou d
xtinta (art. 97, § 3°, CP), com r stab 1 cim nto da situação anterior.
cessação da periculosidade criminal, como condição de extinção da
medida d s gurança - , é r alizada por p rícia m 'dica (art. 97, § 1°, Art. 97, § 3°. A desint rnação, ou a lib ração, rá s mpr
CP), m tr "s mom ntos distintos: primeiro, no curso do proc sso condicional, d v ndo s r r tab 1 cida a situação ant rior
se o ag nt , ant s do d curso d 1 (um) ano, pratica fato
crin1inal, para d t nninar a inimputabilidade penal; depois, no final
indicativo d p rsist"ncia d sua p riculosidad .
do prazo mínimo (d 1 a 3 anos); enfim, anualmente, na hipót s
normal de persistência da periculosidade, ou em qualquer tempo, se
determinada pelo juiz (art. 97, § 2°, C P).
6. Substituição e conversão das medidas de segurança
Art. 97, § 2° A perícia médica realiz.ar-se-á ao termo do
prazo mínimo fixado e deverá ser repetida de ano em ano,
As p nas privativas de liberdade pod m s r substituídas por me-
ou a qualquer tempo, se o determinar o juiz da execução.
didas de segurança, d ofício, a r qu rim nto do Minist 'rio Público
ou d autoridad administrativa, na hipótes d sup rv ni "ncia d
5. Verificação de cessação da periculosidade criminal do nça mental ou de p rturbação da saúde mental do condenado (art.
4 1,CP;art. 183,LEP).
Em regra, o xam de verificação de cessação da periculosidade Art. 41. O condenado a quem sobrevém doença mental
deve ser recolhido a hospital de custódia e t:ratamento psi-
criminal, realizado no final do prazo mínimo, observa o seguinte pro-
quiát:rico ou, à falta, a out;ro estabelecimento adequado.
e dim nto: a) a autoridad administrativa r m t ao juiz da x cução,
com ant e d "ncia d 1 (um) mês da expiração do prazo, r latório A m <lida de s gurança de tratamento ambulatorial pod s r
instruído com laudo psiquiátrico, para d cisão sobre r vogação ou convertida em internação institucional, p lo prazo mínimo d 1 (um)
permanência da medida d segurança; b) a decisão judicial, pr cedida ano, se n cessário, para fins curativos (art. 97, § 4°), ou s o ag nte
d audi "ncia do Minist ' rio Público do curador ou d fi nsor do in- r velar incompatibilidad com a m <lida (art. 184, LEP).
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Art. 97, § 4°. Em qualquerfase do tratamento ambula- nicomial) - um conflito qu dev s r resolvido pelo princípio da espe-
torial, poderá ojuiz determinar a internação do agente, cialidade, segundo o qual a lei especial (no caso, a lei antimanicomial)
se essa providência fo r necessária para fins curativos. afasta ou exclui a lei geral (no caso, a legislação penal manicomial do
Código P nal). Ess conflito apar nt , ab rto com a • ntrada m vigor
da nova lei, p rman ceu lat nt durant 17 (d zesset ) anos no Si tema
7. Prescrição das medidas de segurança d Justiça Criminal brasil iro, durant o qual a legislação manicomial
sobre m edidas de s gurança continuou em pleno vigor, nquanto a lei
A xtinção da punibilidad do Jato previsto como crime r alizado antimanicomial permaneceu inativa. E se o conflito aparent d 1 is
pelo inimputável (ou pelo semi-imputável, no caso do art. 98, CP), ' r solvido p lo princípio da especialidade, então a legislação manico-
xclui a aplicação d m dida d s gurança ou extingu a m dida d mial do Código P nal stá revogada, e a disciplina legal em todas as
s gurança aplicada (art. 96, parágrafo único), independ n t m nt da hipót s s d int rnação psiquiátrica por transtorno mental- inclusiv
causa d extinção respectiva: anistia, graça, indulto, descriminalização, a internação compulsória do Código Penal - ' r gida p ela lei antima-
pr scrição te. nicomial, que dev faz r valer sua plena ficácia de 1 i sp cial vig nte.
Art. 96, parágrafo único. Extinta a punibilidade,
não se impõe medida de segurança nem subsiste a que
tenha sido imposta. B) As Medidas de Proteção da Lei 10.216/2001
Na hipót se de extinção da punibilidade por prescrição, ar gra ' É urgent respond r à p rgunta d THAYARA CASTELO
a prescrição pela pena abstrata, regida p lo 1náxim o da p na privativa BRA CO, m sua t s doutoral: por qu o novo mod lo assis-
de lib rdade cominada ao crime (art. 109, CP) , porqu o inimputá- t ncial, instituído p ara p ssoas com sofrimen to psíquico p la lei
vel autor d Jato descrito como crime não é condenado, mas absolvido antimanicomial, foi ignorado pelo Sistema de Justiça Criminal
com aplicação d m dida d gurança; a xc ção ocorr com o semi- - qu co ntinuou atrelado ao paradigma das medidas de segurança
-imputável necessitado de especial tratamento curativo (art. 98, CP), do positivismo criminológico dos ' culo 19? 2 U ma tomada d e po-
porqu apr scrição ' r gidap lap na aplicada (art. 110, § 1°, CP), sição acad "mica ou jurisprud ncial sob r esse aparent conflito d
substituída por 1n dida d s gurança detentiva ou ambulatorial p lo 1 is teria efeitos práticos imediatos d r dução do sofritn ento de
prazo mínimo d 1 a 3 anos. m ilhar s de seres humanos ncerrados nos hospitais de custódia e
t ra tamento psiquiátricos - instituiçõ s d natur za asilar, v dadas
por norma specífica da 1 i antimanicomial.
8. Um conflito aparente de leis: o fim das medidas de
segurança? A simpl es leitura da Lei 10.216/01 cria um dil 1na s' rio:
t ríamos sistemas paralelos d medidas de segurança d medidas
de proteção , como a prática do sis t ma de jus tiça criminal par c
Entretanto, o istema legal das Medidas de Segurança do Có-
digo P nal stá 1n conflito aparente com o sist m a 1 gal das Medidas
de Proteção da Li n. 10.216/2001 (tamb ' m chamada lei antima-
2 B Tha ara Castelo. A (des) legitimação das medidas de segurança no
Brasil. Belo Horizonte: D'Plácido Ed., 2016, p. 207 s.
Capítulo 2 1 629 630 Teoria da Pena
indicar, ou o adv nto da Lei antimanicomial introduziu um sistema novo mod lo , m vid nte contradição com o sistema o regim
moderno de disciplina da internação psiquiátrica ou tratamento de execução das medidas de segurança do Código Penal, demoliu
ambulatorial, com revogação tácita das normas conflitantes da os fundam entos ep istemológicos e os objetivos práticos do ana-
1 gislação p nal? crônico mod lo do hospital de custódia e tratamento psiquiátrico,
À prim ira vista, a aus"ncia d revogação específica das normas
m proc sso d d sintegração irrem diáv 1 por seus próprios
do Código Penal pela lei antimanicomial parece indicar a coexis- insuperáv is defeitos.
tência d dois mod los distintos: a) o antigo mod lo das medidas
de segurança do Código P nal para autor s inimputáveis d fatos
2. Um novo conceito psiquiátrico: pessoas portadoras de
definidos como tipos de injusto; b) o novo mod lo das medidas
transtorno mental
de proteção da refonn a antimanicomial para cidadãos comuns
portadores de transtornos psíquicos, sob as novas dir triz s d saúd
1n ntal. Contudo, uma leitura sist mática da 1 i pro duz resulta- A nova legislação introduziu o cone ito de transtorno mental, em
do surpreendente: o legislador não teve audácia para revogar as substituição ao conceito de doença mental da legislação penal, atribuído
normas conflitant s sob re m <lidas d s gurança do Código P nal p la luta antimanicomial univ rsal a p ssoas com sofrimento psíquico,
( m esp cial, o art. 97 s us parágrafos), mas a lei antimanicomial agora ass guradas 1n diant proteção pessoal garantia d direitos s m
instituiu um novo sis tem a de medidas de proteção de p ssoas discriminação d raça, cor, s xo, ori ntação s xual, r ligião, opção
portadoras d transtorno mental, aplicáv 1 ao cidadão comum nas política, nacionalidad , idad , família, r cursos conômicos, grau d
hipóteses de internação voluntária e involuntária (art. 6°, I-II) , e gravidad ou t rnpo d transtorno ou outras.
aplicável ao cidadão infrator na hipótese de internação compulsó- Art. 1 ° Os direitos e a proteção das pessoas acometidas de
ria (art. 6°, III), com tácita revogação das normas contrárias da transtorno mental, de que trata esta Lei, são assegurados
legislação p nal. sem qualquer forma de discriminação quanto à raça, cor,
sexo, orientação sexual religião, opção política, nacio-
nalidade, idade, família, recursos econômicos e ao grau
1. Um novo modelo de saúde mental de gravidade ou tempo de evolução de seu transtorno, ou
qualquer outra.
A L i 10.216/01, chamada Lei antimanicomial, introduziu A sup rioridad do cone iro d transtorno mental sobr o con-
mudanças (a) no co ne ito d do nça m ntal, (b) nos dir itos ceito d doença mental do art. 26, CP, par ce clara: a natureza mais
na proteção de cidadãos po rtadores de transto rnos psíquicos, (e) compre nsiva menos stigmatizant do cone ito d transtorno mental
nas esp 'ci s obj tivos da internação psiquiátrica d p ssoas com permite humanizar o h nômeno psíquico ant . s d .signado por doença
transtornos m entais, d) na prioridade do tratamento ambulatorial mental, agora compr endido como possív 1anomalia do apar lho psíqui-
1n caso d crim d reclusão co m tido por inimputável, ntr co d p ssoas saudáv is, m g ral - uma anomalia qu pod s proj tar
outras alteraçõ s, qu instituíram um modelo revolucionário sob a forma destrutiva d agr ssõ s xt rnas (viol"ncia criminal), ou s
d d finição d tratam nto da saúd m ntal do cidadão . Ess introjetar sob a forma masoquista d agr ssões internas (suicídio).
Capítulo 2 1 631 632 Teoria da Pena
3. Os direitos de pessoas com transtorno mental mação sobre doença tratain nto é pressuposto do cons ntimento do
paciente em intervenções médicas cirúrgicas, químicas ou psíquicas;
Outro grand avanço da Lei antimanicomial é a garantia d direi- h) tratam nto em ambi nt t rap "utico, com os m ios m nos
tos sp cíficos da p ssoa portadora d transtorno mental- qu dev rão invasivos- uma garantia em face da natureza n e ssariam nte invasiva
ser comunicados ao portador, aos familiares e/ou responsáveis-, d proc dim ntos cirúrgicos, químicos ou psíquicos sobr o corpo ou
assim definidos (art. 2°, parágrafo único): a mente do paciente;
a) ac sso ao 1n lhor tratam nto do sist ma d saúd , conform i) tratam nto p r fer ncial m s rviços comunitários d saúd
nec ssidades pessoais - um dir ito improváv 1no r gime de medidas m ntal - uma garantia de dignidade p ssoal d transpar "ncia insti-
de segurança da lei penal; tucional dos m étodos psicot rap "uticos empregados.
b) tratam nto humanitário r speitoso, no inter ss xclusivo Art. 2° Nos atendimentos em saúde mental, de qualquer
da saúde e ori ntado à recuperação do paciente mediante inserção na natureza, a pessoa e seus familiares ou responsáveis serão
família, no trabalho na comunidad - hipót se incotnpatív is com o formalmente cientificados dos direitos enumerados no
sist ma totalitário de internação em hospital d custódia e tratamento parágrafo único deste artigo.
psiquiátrico (art. 96, I, CP), uma m dida d prot . ção social viol n- Parágrafo único. São direitos da pessoa portadora de
ta, qu desconsid ra o interesse exclusivo da saúd e r cuperação do transtorno mental:
paci nt , p la ins rção na família, no trabalho na soei dad , como
I - ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde,
espaços privil giados de int gração t rap "utica do paciente;
consentâneo às suas necessidades;
e) p rot ção do paci nt contra todo abuso xploração - o abuso
II - ser tratada com humanidade e respeito e no interesse
da s xualidad a xploração do trabalho, por x mplo, são práticas exclusivo de beneficiar sua saúde, visando alcançar sua
incontroláv is na promiscuidad das instituições manicomiais ainda recuperação pela inserção na família, no trabalho e na
extsten tes; comunidade;
d) garantia d sigilo das informaçõ p oais pr sradas p lo pa- III - ser protegida contra qualquer forma de abuso e ex-
ciente - um dir iro constitucional de privacidad assegurado a todos ploração;
os s r s humanos, com ou s m transtorno m ntal;
I V - ter garantia de sigilo nas informações prestadas;
) direito ao selar cim nto m 'clico pr s ncial sobr a n c ssi-
V - ter direito à presença médica, em qualquer tempo,
dad d · ho pitalização involuntária - um d v r mínimo da família
para esclarecer a necessidade ou não de sua hospitalização
da soei dad 1n fac d ações limitadoras da lib rdad do portador
involuntária;
de transtorno psíquico;
VI - ter livre acesso aos meios de comunicação disponíveis;
f) livr ac sso aos m ios d comunicação - um dir ito lem ntar
do cidadão m qualquer sociedad democrática; VII - receber o maior número de informações a respeito de
sua doença e de seu tratamento;
g) pl na informação sobre sua do nça e trata1n nto - a infor-
Capítulo 21 633 634 Teoria da Pena
VIII - ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios a) a internação a resp ctiva alta deverão ser comunicadas ao Minist ' -
menos invasivos possíveis; rio Público estadual, no prazo de setenta e duas horas, pelo responsável
IX - ser tratada, preferencialmente, em serviços comuni- técnico do estabelecimento re pectivo (art. 8°, § 1°);
tários de saúde mental. b) o t ' rmino da internação ocorre por solicitação escrita do familiar,
A simples indicação desses direitos é sufici nte para d monstrar do r sponsáv l legal ou do sp cialista responsáv 1p lo tratam nto,
a sup rioridad absoluta do mod lo das medidas de proteção da lei que solicitaram a internação involuntária (art. 8°, § 2°).
antimanicomial, m face do modelo das medidas de segurança da 4.3. Internação psiquiátrica compulsória. A internação psiquiátrica
1 gislação p nal. compulsória (art. 6°, III) ' d t rminada p lo juiz competente, d acordo
com a legislação vigente d v consid raras condiçõ s d s gurança do
stab l cün nto sobr a prot ção do paci nt , dos outros int rnados
4. Regra e exceção: o tratamento em liberdade e a
. . ., .
1nternaçao ps1qu1atr1ca
dos funcionários (art. 9°). A norma sp cífica sobr internação compul-
sória, d terminada por juiz competente, conforme a legislação vigente,
r vogou as corr spond ntes disposições contrárias do Código P nal,
porqu (a) o juiz comp t nt para d t rmina-la 'o juiz crüninal, (b) a
A lei antimanicomial stab 1 c u tr "s modalidad s d
única hipótese de internação compulsória, segundo a Legislação vigente, é
int rnação psiquiátrica (art. 6°, 1-III): a int rnação voluntária,
a int rnação involuntária e a internação compulsória, como s a hipót s do suj ito inimputável qu pratica crim punido com p na
d r dusão, na forma do art. 97, CP, (c) a int rnação psiquiátrica só
descreve.
pod s r det rminada se os r cursos exrra-hospitalar s for m insufi-
cient s , finalm nt , (d) toda qualquer int rnação psiquiátrica xig
4.1. Internação psiquiátrica voluntária. A int rnação psiquiátrica indicação m laudo m ' dico circunstanciado.3 Como s v", a norma
voluntária ' r alizada co1n o cons ntün nto do paci nt (art. 6°, I), da internação compulsória é o vínculo legal que subordina as 1nedidas
mediante solicitação escrita do paciente ou do médico assistente, de- de s gurança da Legislação manicomial às m <lidas de prot ção da Lei
vidam nt r gistrado no CRM do local do stab I cimento (art. 8°) anti manicomial.
d v s r comprovada com d claração crita, a inada no mom nto da
Art. 6° A internação psiquiátrica somente será realizada
admissão hospitalar, de opção por esse regim de tratam nto (art. 7°) .
mediante laudo médico circunstanciado que caracterize
O t ' rmino da int rnação voluntária ocorr por solicitação do pacient
os seus motivos.
ou por d t rminação dom' dico assist nt (Art. 7°, parágrafo único).
Parágrafo único. São considerados os seguintes tipos de
4.2. Internação psiquiátrica involuntária. A internação psiquiátrica
involuntária 'r alizada sem o consentimento do paci nt (art. 6°, II), 3 Assim, também BRAN O, Thayara Castelo. A (de.5,) legitimação das medidas
por solicitação scrita d familiar, d r sponsáv 11 gal ou d sp eia- de segurança no Brasil. Belo Horizonte: D'Plácido Ed., 2016, p. 229: "Agora,
o referido artigo deve ser interpretado em consonância com o art. 4° da Lei
lista responsável pelo tratamento (também devidamente registrado no 1O.216/01 e, caso não seja possível aplicar os recursos extra-hospitalares, o juiz ao
CRM do local do estab 1 cün nto, cf. art. 8°), pressupõ os s guint s detenninar a internação deverá atender, obrigatoriamente, a exigência do art. 6º
que é a presença do laudo médico circunstanciado que caracterize os motivos reais
proc dim ntos compl m ntar : de tal necessidade. "
Capítulo 2 1 635 636 Teoria da Pena
internação psiquiátrica: da presunção de perigosidade criminal da internação compulsória do
I - internação voluntária: aquela que se dá com o consen- inimputável, na legislação penal (art. 97, CP).
timento do usuário; 5.2. Condição parainternação: insuficiência de recursos extra-hos-
II - internação involuntária: aquela que se dá sem o con- pitalares. A internação psiquiátrica som ente poderá ser indicada se os
sentimento do usuário e a pedido de terceiro; e recursos extra-hospitalares existentes forem considerados insuficientes
III - internação compulsória: aquela determinada pela
para o tratam nto do paci nt , m todas as hipótes s legais (art. 4°).
Justiça. Em outras palavras: s os recursos extra-hospitalares forem consid -
rados suficientes, o portador d transtorno m ntal r c b rá tratamento
ambulatorial, xcluída pr viam nt qualqu r h ipót d int rnação
5. Requisitos da internação psiquiátrica psiquiátrica, inclusive a internação compulsória da 1 i penal. A clara
cons qu "ncia lógica sist mática 'a xtinção da internação compulsória
do ag nt inimputáv 1, por periculosidade criminal pr sumida, com
Todas as modalidad s d internação psiquiátrica, voluntárias,
d rrogação da norma p nal corr spondent (art. 97, CP).
involuntárias ou compulsórias, stão subordinadas a requisitos es-
s nciais, sem os quais não podem ser der rminadas. 5.3. A finalidade de reinserção social e de assistência integral ao
paciente. O tratamento em regime de internação psiquiátrica deve
5.1. Caracterização dos motivos da internação em laudo médico obs rvar o s guint : priln iro, t m por finalidad p nnan nt a
circunstanciado. A inovação mais radical da lei antimanicomial consiste reinserção social do paciente nos um io - ou seja, no m io familiar,
na n c ssidad d caracterização dos motivos da int rnação psiquiátrica de trabalho ou outro; segundo, d v ot recer assistência integral ao
de portador s d transtorno m ntal, m laudo médico circunstancia- paci nt , incluindo os s rviços d assist "ncia m 'dica, social, psicoló-
do, m todas as hipót s s d internação (art. 6°). Assim, não basta a gica, ocupacional d lazer (art. 4, § 2°). Como s v", a finalidad
constatação do transtorno mental m laudo 1n 'dico circunstanciado: ' de reinserção social e o 1nétodo de assistência integral, como definidos
necessário que o laudo psiquiátrico indique os motivos que recomendam na lei antimanicomial, stão m frontal contradição com a medida
ou justificam a int rnação psiquiátrica. Portanto, a simpl s d scrição de segurança d in t rnação do inimputáv 1 m hospitais de custódia e
do transtorno m ntal, s m indicação dos motivo qu r com ndam ou tratamento psiquiátrico, da l gislação p nal (art. 97, prim ira parte).
justificam a int rnação psiquiátrica do paci nt , não autoriza n nhuma
forma d int rnação d p ssoas com transtorno mental, n mm smo 5.4. Vedação legal de instituições asilares. Finalment , é proibida a
na hipót se d internação compulsória pr vista na lei. E o d talh r - int rnação psiquiátrica m instituições asilares (art. 4°, § 3°), p las se-
volucionário: a decisão científica d int rnação psiquiátrica comp t guint s razõ s: prim iro, p la car"ncia dos recursos d assistência integral
exclusivamente ao laudo médico circunstanciado, através da motivação aos portador d transtorno m ntal (art. 4°, § 2°); s gundo, por falta d
r sp ctiva (art. 6°, III), embora a determinação d int rnação, no caso da garantia dos direitos assegurados aos portadores de transtorno m ntal (art.
internação compulsória, por razõ s de nec ssária judicialização, dep nda 2°, parágrafo único). Consid rando qu os hospitais de custódia e tratamento
de ato fonnal do Juiz critninal comp tent . Como s vê, a caracterização psiquiátrico são, por natur za, instituições asilares, desprovidas der cursos
dos motivos da internação psiquiátrica compulsória r presenta o oposto d assist "ncia int gral insusc tív is d garantir os dir itos p cificados
Capítulo 2 1 637 638 Teoria da Pena
na lei antimanicomial, então ess s manicômios judiciários estão excluídos 6.2. Extinção das anacrônicas medidas de segurança. A segunda mu-
do sistema de internação compulsória da lei antimanicomial. dança radical é a revogação das medidas de segurança, concebidas para
Art. 4° A internação, em qualquer de suas modalidades, defesa da ociedade contra ações agressivas de suj eitos portadores de
só será indicada quando os recursos extra-hospitalares se doenças mentais, substituídas por medidas de proteção da saúd m ntal
mostrarem insuficientes. d p ssoas portadora d transtorno mental, pr stadas em instituições
ou unidad s de saúd pública.
§ 1 ° O tratamento visará, como finalidade permanente,
a reinserção social do paciente em seu meio. Art. 3° É responsabilidade do Estado o desenvolvimento
da política de saúde mental a assistência e a promoção
§ 2° O tratamento em regime de internação será estru-
de ações de saúde aos portadores de transtornos mentais,
turado de forma a oferecer assistência integral à pessoa
com a devida participação da sociedade e da família, a
portadora de transtornos mentais, incluindo serviços mé-
qual será prestada em estabelecimento de saúde mental
dicos, de assistência social psicológicos, ocupacionais, de
assim entendidas as instituições ou unidades que ofereçam
lazer, e outros.
assistência em saúde aos portadores de transtornos mentais.
§ 3° É vedada a internação de pacientes portadores de
transtornos mentais em instituições com características
asilares, ou seja, aquelas desprovidas dos recursos mencio- 7. Desinternaçáo programada de pacientes com
nados no § 2° e que não assegurem aos pacientes os direitos dependência institucional
enumerados no parágrafo único do art. 2°.
No xtr mo final do sistema antimanicomial apar c outra novi-
dade d xtr mar 1 vância, qu elimina o flag lo bárbaro das interna-
6. As consequências para o sistema de justiça criminal.
ço p iquiátricas p rp 'tua : a desinternação programada as i tida, sob
r sponsabilidad da autoridad sanitária supervisão do Poder Executi-
As inovaçõ s da lei antimanicomial t ,., m cons qu" ncias profun- vo, d portador s de transtorno m ental com d pendência institucional
das para o Sistema d Justiça Criminal brasil iro, com o abandono do produzida p lo t mpo d int rnação hospitalar (art. 5°). A introdução
conceito de perigosidade criminal e a consequ nte extinção das medidas da desinternação programada apr s nta d sdobram ntos important s:
de seguranca do v lho positivismo criminológico. a) xclui a d su1nanidad do prazo indeterminado da int rnaçáo ou do
6.1. Abandono do conceito de periculosidade criminal. A prim ira tratamento ambulatorial; b) canc la o prazo mínimo d 1 a 3 anos das
mudança epistemológica é o abandono definitivo do conceito inde- m <lidas d s gurança, incompatív 1com a desinternação programada;
finív 1 amorfo d periculosidade criminal, qu não pod mais s r c) lünina a n bulosa co1nprovação d cessação da periculosidade para
atribuído aos portadores d transtorno mental - n 1n por presunção xtinção da m <lida d s gurança (art. 97, § 1° § 2°, C P).
legal, no caso d autor s inimputáv is (art. 26 97, CP), n m por Art. 5° O paciente há longo tempo hospitalizado ou para
determinação judicial, no caso de autor s semi-imputáveis nec ssitados o qual se caracterize situação de grave dependência insti-
d sp eia] tratam nto curativo (art. 26, parágrafo único, 98, CP). tucional decorrente de seu quadro clínico ou de ausência
Capítulo 2 1 639 640 Teoria da Pena
de suporte social, será objeto de política específica de alta são, pressupõem claramente a coexistência de sistemas paralelos
planejada e reabilitação psicossocial assistida) sob responsa- representados pelas medidas de segurança da lei manicomial e
bilidade da autoridade sanitária competente e supervisão pelas medidas de proteção da lei antimanicomial, porque enfatiza
de instância a ser definida pelo Poder Executivo, assegurada a aplicação das estratégias humanizadoras e do respeito aos direitos
a continuidade do tratamento, quando necessário. da lei antimanicomial às pessoas sujeitas a medidas de segurança
da legislação penal.
8. Recomendações do CNJ aos Tribunais
9. As experiências forenses do modelo antimanicomial da
Consid rando a natur za das novas disposiçõ s da lei antimani- Lei 10.216/2001
comial, mas apar ntem nt s m assumir a radicalidad das mudanças
introduzidas p la nova l i, o Cons lho Nacional d Justiça - C J 9.1. Uma prática institucional revolucionária
r co1n ndou aos Tribunais d Justiça (R e. n. 35/2011) a adoção da
política antimanicomial na ex cução de medidas de segurança m m eio
aberto (se possível), com destaqu para a observação das s guint s 1. O Brasil possui duas experiências forenses de aplicação do
diretriz s, ntr outras: modelo antimanicomial da Lei 10.216/2001: a) o PAI-PJ, Pro-
grama de Atenção Integral ao Paciente Judiciário, do Tribunal
a) strat 'gias hu1nanizadoras d tratam nto d saúd m ntal
de Justiça do Estado de Minas Gerais; 6) o PAILI, Programa
respeito aos direitos fundamentais de pessoas sujeitas a medidas de
de Atenção Integral ao Louco Infrator, da Secretaria de Saúde
s gurança;
do Estado de Goiás. 4 O Programa PAI-PJ (Minas Gerais) foi a
6) criação d núcl o int rdisciplinar para auxiliar o Juiz 1n ca o experiência pioneira, mas o Programa PAILI5 parece constituir
de sofrimento mental; a experiência mais revolucionária e consequente do sistema de
c) acompanhamento psicossocial do tratamento por equipe justiça criminal brasileiro, no âmbito do tratamento de pessoas
int rdi ciplinar; portadoras de transtorno mental que praticam fatos definidos
como crimes: o programa considera revogadas as medidas de se-
d) tratam nto no 1neio social do paci nt (s possív 1), para
gurança da legislação penal e extinto o conceito de periculosidade
1nanut nção d laços familiar s;
criminal pela lei antimanicomial, trabalha com equipes clínicas
e) reinserção social de pessoas internadas em hospital de custódia,
m esp cial em caso de grav dep nd "ncia institucional;
f) realização de p rícias por equipe interdisciplinar; 4 R Thayara Castefo. A (des) legitimação das medidas de segurança no
Brasil. B 1 H riz nt : D'Plácido Ed., 2016, p. 239 s. Ver também WEIGERT,
Mariana de Assis Brasil e. Medidas de segurança e reforma psiquiátrica: silêncios
g) int rnação m red d saúd pública ou conv niada, com e invisibilidades nos manicómios judiciários brasileiros. Florianópohs: Empório do
acompanham nto conforme orientaçõ s r com ndadas. Direito, 2017, p. 140 e s.
5 O Programa PAILI, inspirado no Programa PAI-PJ, fo i criado em 26 de agossto
As recomendações do C J, apesar de sua natureza e exten- de 2006 por iniciativa do Promotor de Justiça do Estado de Goiás, HAROLDO
CAETANO DA SILVA.
Capítulo 21 641 642 Teoria da Pena
e psicossociais dotadas de autonomia psicoterapêutica, que de- 5. O processo de internação compulsória é jurisdicionalizado: o Juiz
cidem sobre a natureza do tratamento de pessoas portadoras de criminal competente acompanha o tratamento psiquiátrico para
transtorno mental que praticaram ações definidas como crimes, decidir sobre eventuais excessos ou desvios, mas não decide sobre a
com plena autonomia em relação ao Juiz criminal. internação psiquiátrica, reservada exclusivamente à equipe clínica e
2. A característica do programa é a superação prática do paradig- psicossocial do programa, que determina a necessidade terapêutica
ma da periculosidade criminal, determinando a substituição das da medida aplicada ao portador de transtorno psíquico que comete
perícias de cessação de periculosidade por avaliações pessoais de infração penal. O Ministério Público é responsável pela fiscaliza-
inclusão social do portador de transtorno mental. A explicação da ção/acompanhamento do procedimento judicial e do tratamento
mudança é o resultado da interpretação do art. 97 do Código Pe- psiquiátrico de pessoas portadoras de transtorno psíquico.
nal, cuja regra é a internação psiquiátrica, em conjunto com o are.
4° da Lei 10.216/2001, cuja regra é o tratamento extra-hospitalar: 9.2. A perspectiva de abolição do manicômio judiciário
o resultado da interpretação é a preferência do tratamento ambu-
latorial, excluindo a internação psiquiátrica, somente aplicável nas
hipóteses cumulativas (a) de recursos hospitalares insuficientes e A experiência inovadora e audaciosa do PAILI representa
(b) de recomendação da necessidade real de internação em laudo um notável avanço no tratamento de pessoas portadoras de trans-
médico circunstanciado. torno mental, cujas concretas medidas de proteção constituem um
3. Em qualquer hipótese de internação psiquiátrica, o programa do contraste radical com o desastroso sistema das medidas de segu-
PAILI observa (a) a finalidade permanente de reinserção do pacien- rança, fundadas na indefinível periculosidade criminal da rançosa
te no seu meio social e (b) a regra permanente de humanização do criminologia etiológica individual, definitivamente excluída da
tratamento mediante (i) estrutura interna de assistência integral prática institucional da Secretaria de Saúde do Estado de Goiás.
de portadores de transtorno mental através de serviços médicos e Esse é o novo modelo de tratamento de autores de fato
de assistência social, psicológica, ocupacional, de lazer e outras, e puníveis portadores de transtornos psíquicos determinantes de
(ii) exclusão de instituições asilares - cadeias públicas, prisões e os inimputabilidade penal, instituído pela Lei Antimanicomial no
tradicionais hospitais de custódia e tratamento psiquiátrico-, cuja Brasil - aliás, uma experiência legislativa anterior à famosa Lei
aplicação pode configurar o crime de tortura contra os portadores Basaglia, que extinguiu os manicômios judiciários na Itália.
de transtornos psíquicos (art. 1°, § 1° da Lei. 9 .45 5/97) .
4. As equipes clínicas e psicossociais, devidamente conveniadas
com o SUS, possuem autonomia para determinar a melhor te-
rapêutica aos portadores de transtorno mental, assessorados por
equipe multidisciplinar de advogados, assistentes sociais, psi-
cólogos, acompanhantes terapêuticos e auxiliar administrativo,
que realizam um trabalho de mediação entre o Juizo, o sistema
penitenciário e a rede de saúde mental.

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