Você está na página 1de 27

Escola Nacional de Administração Pública - ENAP

Curso: Políticas Públicas e Desenvolvimento Econômico


Professor: José Luiz Pagnussat
Período: 11 a 13 de novembro de 2013

Curso de Políticas Públicas e Desenvolvimento


Econômico
Aula 10 – Políticas Sociais e Desenvolvimento Econômico

José Luiz Pagnussat


Brasília, 13 de novembro de 2013
Curso de Políticas Públicas e
Desenvolvimento Econômico
Aula 10 – Políticas Sociais

José Luiz Pagnussat


Brasília, novembro de 2013
Razões econômicas das Políticas sociais
- Distribuição de renda

- Bens meritórios (externalidades positivas)

- Modelos de crescimento endógenos


- Caso da Educação e Saúde como Investimento

- A estratégia de desenvolvimento
- Modelo de Consumo de Massa e as Políticas Sociais
- Desenvolvimento tecnológico (ex. japonês)
Razões econômicas das Políticas sociais
- Curto Prazo
Expansão da demanda agregada
PIB = C + I + G + X =M
- Ex: Modelo de Consumo de Massa
- Longo Prazo
Políticas geram aumento da produtividade dos fatores
(capital humano)
-Caso da Educação e Saúde como Investimento
-A estratégia de desenvolvimento e as Políticas Sociais
Capital humano - o conjunto das habilitações e competências produtivas das pessoas
é geralmente apontado como o fator explicativo do progresso
técnico nos modelos de crescimento endógeno.

Macroeconomia e Saúde
Como as doenças afetam o crescimento econômico:
•Diretamente através da morte precoce, a de doenças crônicas na força de trabalho;
•Através do investimento limitado nas crianças;

Educação
As taxas de retorno da educação – evidências empíricas para o Brasil
(Citados por GIÁCOMO BALBINOTTO NETO Prof. UFRGS)

Langoni (1970): a primeira pesquisa com utilização de microdados no Brasil;


• Taxa de Retorno do investimento em capital humano é muito superior à do capital físico;
• Aumento da qualificação da mão-de-obra pode ter impactos substantivos nas taxas de
crescimento e ao mesmo tempo diminuir a desigualdade de renda
Senna, José Júlio (1976). RBE, 30 (2)
• taxa de retorno de aproximadamente 14% a.a para um ano adicional de educação.
• dados do Ministério do Trabalho para homens nas áreas urbanas no setor formal da economia
em 1970.
Jallade, Jean-Pierre (1982). World Development, 10 (3)
• retornos da escolaridade primária para
• homens fora do setor agrícola – 23,5%
Tannen, M.B (1991) – Economics of Education Review, 10 (2)
• dados do censo de 1980;
• taxa média privada de retorno da educação situou-se em torno de 13,2% a. a
• os retornos variam com as regiões brasileiras
Leal & Simonsen (1991), PPE, 21 (3).
• Primário/Analfabeto – 16,54%
• Secundário/primário – 18,15%
• Superior/Secundário - 16,28%
Dabos & Psacharopoulos (1991). Economics and Education Review, 10 (4)
• taxa de retorno: 15%
Griffin & Cox-Edwards (1993) – Economics and Education Review, 12 (3)
• taxa de retorno da educação situou-se entre 12,8% e 15,1% nos anos 1980.
Ueda & Hoffmann(2002) – Economia Aplicada, 6 (2)
• Dados: PNAD (1996);
• Taxa de retorno: 9,8%;
CREDITO

POLITICAS Elevação Aumento da


SOCIAIS da renda demanda popular POLITICAS
das famílias por bens ECONOMICAS
dos setores modernos

Elevação da
produtividade Investimentos
renda, em maquinas
Competitividade e em inovação
e exportações POLITICAS
ECONOMICAS

Gráfico baseado em Ricardo Bielshowsky em estudo para CGEE(ADAPTADO). Elaborado pela Tânia Bacellar
Governo Dilma e o novo PPA
PPA 2012-2015
A presidenta determinou a organização das ações do Governo em 4
eixos:
- Eixo da Infraestrutura (coordenado pelo MP) (inclui o PAC)
- Eixo do Desenvolvimento Econômico (coordenado pelo MF)
(inclui o plano Brasil Maior, Política Econômica, Políticas Setoriais
– agrícola, emprego, C&T, etc)
- Eixo da Erradicação da Miséria (coordenado pelo MDS)
(sintetizado no Plano Brasil Sem Miséria)
- Eixo dos Direitos de Cidadania (coordenado pelo SG/PR)

Cada Eixo tem um forum de discussão que envolve todos os


ministros com programas relacionados
Eixos do Plano Brasil Sem Miséria

MAPA DA
POBREZA

Aumento das capacidades


e oportunidades

Garantia de Inclusão Produtiva Acesso a


Renda Urbana e Rural Serviços Públicos

Elevação da renda
Aumento das condições de bem-estar
Fonte: Apresentação do Professor Tiago Falcão no Curso de “Ambientação para ATPS”, realizado na
ENAP, Brasília, agosto de 2013
Impactos da Política Social no
desenvolvimento Econômico
O Prof. Jorge Abrahão de Castro (ex-Diretor da
Diretoria de Estudos e Políticas Sociais - Disoc do IPEA)
elaborou estudo analisando os efeitos econômicos das
principais políticas sociais nos anos recentes.
CASTRO, Jorge Abrahão de, “Política social e desenvolvimento no Brasil”,
Revista Economia e Sociedade, Campinas: Unicamp, v. 21, Número
Especial, p. 1011-1042, dez. 2012.
Circuito de influencia Fatores do desenvolvimento
Ampliação da
participação POLÍTICO
política e social
Ampliação da
Democracia
Consumo
(Novo padrão de consumo das
famílias, grupos e indivíduos)
Demanda
ECONÔMICO
Investimento
(Ampliação da infraestrutura
Crescimento
social)
da economia
+
Diminui/aumenta Aumento da
custos produção produtividade
Oferta
Aumento da
Inovação e Produtividade

Igualdades
Oportunidades/resultados
(Geração, utilização e fruição Promoção social
das capacidades de indivíduos SOCIAL
Política e grupos sociais)
Justiça e
Social coesão social
Solidariedade
( indivíduos e grupos em
Proteção social
resposta a direitos, risco, (seguridade social)
contingências e AMBIENTAL
necessidades sociais)
Proteção
Conservação e
recuperação ambiental

Fonte: Jorge Abraão de Castro (2012)


Circuito de influência do SM no Brasil
Beneficios Influência do Beneficiarios
Salário Mínimo

Aposentadorias,
Determinante do Pessoas idosos
pensões,
valor do beneficio Pessoas em
auxilio-doença e
idade ativa e
outros
inativa
Política
Determinante do
Social –
valor do beneficio Pessoas com
Sistema de Beneficio socio
deficiência
Garantia Assistencial
Pessoas idosas
de renda Referencial para pobres
acesso ao beneficio
Estado
Pessoas com
carteira de
Seguro Determinante do
trabalho
desemprego valor do beneficio
desocupadas

Determinante do Empregados do
Emprego Remunerações
valor da setor Público
Público e outros
Remuneração

Empregados
Determinante do
com carteira de
Regulação Salário e outros valor mínimo do
trabalho
Direta beneficios Salário e outros

Mercado
de Empregados
trabajo com carteira de
Referencial trabalho
Referência Salário,
para fixação de
Indicativa remunerações e Conta Própria
salários,
“Efeito outros Empregados
remuneração e
Farol” sem carteira de
outros
trabalho

Fonte: Jorge
Fonte: Abraãoprópria
Elaboração de Castro (2012)
Circuito econômico da Política Social no Brasil

Transferências monetárias Multiplicador


RGPS – 24 milhões de beneficios
43,2 milhões de
beneficios transferidos
(18 milhões = SM) mensalmente
RPPS – 4,3 milhões (> SM) (33,8 milhões = SM) = 1,37% de
crescimento no PIB
BPC – 3,4 milhões de
beneficios (= SM)
Incremento de PBF – 12,4 milhões de beneficios
(<SM) 4,7 milhões de empregos
1,0% de PIB
gerados diretamente
no GPS Consumo - Pessoal ( > ou = SM)
Técnicos/profissionais da área social
= 1,85% de
(técnicos administrativos, professores, crescimento da renda
médicos, assistentes socias, psicologos, 117 milhões de livros/ano; 7,3
bilhões de merendas/ano; das familias.
engenheiros, etc..)
10,6 milhões de cestas
básicas; remédios; material
Consumo intermediário
de escritorio, de atendimento
Bens e materiais de consumo
hospitalar e outros, etc.
necessários aos serviços sociais

Sistema Tributário Nacional:


56% do incremento inicial do GPS volta ao Estado em impostos e contribuições

Fonte: Jorge Abraão de Castro (2012)


Efeito das Políticas de transferências sobre a pobreza
1978
1978

0,6

0,5
proporção de pobres

0,4

0,3

0,2

0,1

0,0
0 16 32 48 64 80
idade

Sem transferências Com transferências

Fonte: Apresentação do Professor Jorge Abraão de Castro no Curso de “Ambientação para ATPS”,
realizado na ENAP, Brasília, agosto de 2013
Efeito das Políticas de transferências sobre a pobreza
2008
2008

0,6

0,5
proporção de pobres

0,4

0,3

0,2

0,1

0,0
0 16 32 48 64 80
idade
Sem transferências Com transferências

Fonte: Apresentação do Professor Jorge Abraão de Castro no Curso de “Ambientação para ATPS”,
realizado na ENAP, Brasília, agosto de 2013
Desigualdade
(Índice de Gini)
0,650

0,625
0,599
0,594
0,600
2001-2009: -9%
0,575
1995-2001: -1%
0,550

0,539
0,525

0,500

0,475

0,450
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 1995-2009.


Exclusive área rural da Região Norte (exceto Tocantins).

Desigualdade começa a cair lentamente nos anos 1990 , mas ritmo acelera a
partir de 2001 - antes da retomada do crescimento.
Fonte: Jorge Abraão de Castro (2012)
Decomposição da queda da desigualdade,
2001-2009
Fontes de renda Contribuição (%)
Salário mínimo 17.9
Trabalho 28.4% da queda
Outros 45.5 do Gini
Salário mínimo 10.5
Previdência
Outros 1.0
Programa Bolsa Família e afins 12.7
BPC 5.7
São menos de Outras 6.7
1% da renda,
mas foram Queda da desigualdade 100%
responsáveis por Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 2001 & 2009
18.4% da queda
do Gini
46.8% da queda
do Gini
Fonte: Apresentação do Professor Jorge Abraão de Castro no Curso de “Ambientação para ATPS”,
realizado na ENAP, Brasília, agosto de 2013
ANEXO
Execução orçamentária do PPA 2012-2015
Execução Orçamentária de 2012 - R$ bilhões

Programas Autorizado* Executado**

Programas Temáticos 785,6 632,3

Políticas Sociais 553,1 501,9


Políticas de Infraestrutura 154,9 99,8

Políticas de Desenvolvimento Produtivo e Ambiental 47,1 20,3

Políticas de Soberania, Manutenção e Serviço ao Estado 30,5 10,3

Programas de Gestão, Manutenção e Serviços ao Estado 236,8 218,7

Total 1.022,4 851,0

Fonte: BRASIL (MP/SPI), Plano Mais Brasil PPA 2012-2015: Relatório Anual da Avaliação: ano base
2012, p.88 (Fonte dos dados SIOP/MP. Elaboração: SPI/MP)
* LOA + Créditos Adicionais.
** Liquidado dos Orçamentos Fiscal e Seguridade + Pago do Orçamento de Investimentos.
Padrões de mudanças socioeconômicas

325 13 0

300 Primeiro padrão:


12 5
crescimento da renda
275
e da desigualdade 12 0
250

225 115

200 Segundo padrão: 110

17 5 estagnação da renda
10 5
e da desigualdade Terceiro padrão:
15 0
crescimento da renda 10 0
12 5
e redução da desigualdade
95
10 0

75 90
60
62
64
66
68
70
72
74
76
78
80
82
84
86
88
90
92
94
96
98
00
02
04
06
08
10
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
20
20
20
20
20
20
renda por brasileiro desigualdade de renda

Fonte: Pochman, Ipea, 2012.


Fonte: Apresentação do Professor Afonso Reis no Curso de “Ambientação para ATPS”, realizado na
21
ENAP, Brasília, agosto de 2013
Saúde no Brasil – Redução de 40% da mortalidade
infantil de 2001 a 2011

Fonte: Apresentação do Professor Afonso Reis no Curso de “Ambientação para ATPS”, realizado na
ENAP, Brasília, agosto de 2013 22
Gráfico 2. Trajetória e Projeção do Coeficiente de Gini no Brasil: 1995 a 2015

Fonte: BRASIL (MP/SPI), Mensagem Presidencial, PPA 2012-2015, p. 44 (Fonte dos dados Ipea;
Elaboração: SPI/MP)
Educação (15-60 anos)

Anos de estudo (15-60 anos) Analfabetismo funcional (16-60 anos; %)


12 60
9,8 51
9,7
44 43
38
5,9 6,3 32
27
4,9
4,3 4,3
3,7
12
8

0 0
2004 2009 2004 2009

Extremamente pobres Pobres Vulneráveis Não Pobres Extremamente pobres Pobres Vulneráveis Não Pobres

Fonte: Apresentação do Professor Jorge Abraão de Castro no Curso de “Ambientação para ATPS”,
realizado na ENAP, Brasília, agosto de 2013
Mercado de trabalho (%)
Extremamente
Pobres Vulneráveis Não Pobres
Pobres
Fonte
2004 2009 2004 2009 2004 2009 2004 2009

Empregadores 0,1 0,3 0,4 0,5 1,4 1,2 8,1 6,0

Produtores agrícolas 28,9 34,0 21,8 22,6 14,7 11,4 3,6 5,1

Empreendedores 10,9 5,8 9,9 10,8 13,7 14,2 15,5 15,0

Empregados formais 1,6 0,2 9,8 6,6 22,4 22,4 38,1 41,1

Empregados
19,3 16,0 24,4 27,0 20,2 23,2 10,6 11,5
informais

Desocupados 12,4 14,4 8,9 8,6 6,2 6,6 4,5 4,0

Inativos 26,8 29,2 25,0 23,8 21,3 21,1 19,5 17,2

PIA 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

PIA como % da Pop. 41,6 45,3 48,3 48,5 57,1 58,3 65,7 63,8

Fonte: Apresentação do Professor Jorge Abraão de Castro no Curso de “Ambientação para ATPS”,
realizado na ENAP, Brasília, agosto de 2013
(*) Parcela da população vivendo com menos de ¼ do SM per capita. Em SM, a preços
de 2007. Fonte: IBGE. PNAD. Estimativa IPEA.
Fonte: Apresentação da Professora Tania Bacelar de Araújo no Seminário “Territorialidade e
Políticas Públicas no Brasil”, realizado na ENAP, Brasília, 24 de outubro de 2012
Crescimento da renda por extrato da população,
75 1995-2009 (%)
65,0

56,2

46,7

31,1

11,6

0
20% mais 20-40 40-60 60-80 20% mais ricos
pobres
Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 1995 e 2009.
Exclusive área rural da Região Norte (exceto Tocantins).

Renda aumentou para todos, mas crescimento entre os


mais pobres foi muito maior
Fonte: Apresentação do Professor Jorge Abraão de Castro no Curso de “Ambientação para ATPS”,
realizado na ENAP, Brasília, agosto de 2013

Você também pode gostar