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SINAIS VITAIS

Os sinais vitais evidenciam o funcionamento e as alterações da função corporal, refletindo o estado


da saúde. Geralmente são: pulso, frequência respiratória, pressão arterial, temperatura e dor. O nível
da consciência e a oximetria de pulso também auxiliam para uma avaliação complementar.
A verificação deve ocorrer em qualquer momento que o paciente for admitido no serviço de saúde,
como também durante visitas domiciliares, pré/pós procedimentos invasivos ou cirúrgicos,
administração de medicamentos, piora no quadro clínico ou se houver um desconforto inexplicável.
Vale ressaltar que os sinais vitais podem sofrem influências, os fatores mais comuns são: dor,
estresse, ansiedade e atividade física.

TEMPERATURA

É definida pelo equilíbrio entre o ganho e a perda de calor do organismo (homeostasia térmica).
Importante indicado de atividade metabólica.
O hipotálamo é a estrutura que coordena a temperatura corporal, e encontra-se dividido em duas
áreas: centro da perda de calor (anterior; função parassimpática; quando estimulado reduz calor) e
centro da produção de calor (posterior; função simpática; quando estimulado produz calor).
Controles Neurais e Vasculares: perda de calor (sudorese, vasodilatação); conservação de calor
(contração muscular, vasoconstrição, redução da corrente sanguínea); reguladores de temperatura
(pele, tecido subcutâneo, gordura).
Fatores Influenciadores: ciclo circadiano (0,5 a 1°C); exercícios físicos; idade (recém nascidos e
idosos); nível hormonal (ciclo menstrual de 0,3 a 0,5°C); estresse; meio ambiente; entre outros.

VALORES NORMAIS DE TEMPERATURA POR REGIÕES

REGIÕES TEMPERATURAS

AXILAR 35,5 a 37,0 °C

ORAL 36,0 a 37,4 °C


RETAL 36,0 a 37,5 °C

Febre ou Pirexia: são elevações da temperatura fora da normalidade, normalmente causadas por alterações sistêmicas
ou substâncias que interfere na regulação da homeostasia (substâncias epirogênicas).

Síndrome Febril: é o advento da febre associada a sintomas variados.

Quanto a classificação dos demais tipos de alteração da temperatura, temos: hipertermia (elevação da
temperatura devido ao clima do ambiente) e hipotermia (diminuição da temperatura devido ao clima
do ambiente | < 35 °C).

A semiologia da febre deve ser muito bem acompanhada, tendo como principais pontos a observar-se:
início (pode ser súbito ou gradual); intensidade (febre leve ou febrícula - até 37,4 °C ; febre
moderada – 37,5 a 38,5 °C ; febre alta ou elevada – acima de 38,6 °C); duração (febre contínua –
permanece acima do normal, podendo variar até 1°C ; febre irregular ou séptica – picos altos
intercalados com períodos de baixa temperatura ou apirexia; febre remitente – hipertermia diária sem
períodos de apirexia, podendo variar até 1°C ; febre intermitente – oscilação constate entre
temperatura alta e baixa; febre recorrente ou ondulante – temperatura elevada por alguns dias e
interrompida por períodos de apirexia).

PULSO
Está relacionado com os batimentos cardíacos, pois com a contração do ventrículo esquerdo há uma
ejeção de sangue na artéria aorta, e dali, para a árvore arterial (onde é percebida como pulso arterial).
Fatores Influenciadores: fisiológicos (emoção, ansiedade, banho frio, atividade física) e patológicos
(febre, doenças agudas, choque).

VALORES NORMAIS DE FREQUÊNCIA DE PULSO

PACIENTES VALORES

ADULTOS 60 a 100 bpm

CRIANÇAS 80 a 120 bpm


BEBÊS 100 a 160 bpm
ATLETAS 50 a 60 bpm

Taquicardia: quando o individuo adulto normal apresenta frequência de pulso acima de 100 bpm.
Bradicardia: quando o individuo adulto normal apresenta frequência de pulso abaixo de 60 bpm.
A semiologia do pulso deve ser muito bem acompanhada, tendo como principais pontos a observar-se:
ritmo (é dado pela sequência das pulsações, as quais podem ser regulares ou irregulares. Avaliar
durante 1min cronometrado, visto que pode ocorrer uma arritmia cardíaca – ritmo com intervalos
variáveis); força ou amplitude (é classificado em amplo, mediano ou pequena. Está diretamente
relacionada com o enchimento das artérias durante a sístole e diástole); tensão ou dureza (é avaliada
pela compressão progressiva da artéria, podendo ser de consistência mole ou dura); igualdade.
RESPIRAÇÃO

Ocorre por meio da troca gasosa do pulmão com o meio externo, cuja finalidade é a absorção de
oxigênio e a eliminação de gás carbônico. Existem apenas dois fatores a serem observados durante
sua semiologia, que são: profundidade e amplitude (podem ser classificadas em normal, superficial
ou profunda. Está diretamente prometida com o esforço realizado para respirar).
VALORES NORMAIS DE FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA

PACIENTES VALORES

ADULTOS 16 a 20 irpm

RECÉM-NASCIDO 40 a 45 irpm
LACTANTES 25 a 35 irpm
PRÉ-ESCOLARES 20 a 35 irpm
ESCOLARES 18 a 35 irpm

ALTERAÇÕES RESPIRATÓRIAS

Dispneia: respiração início, trabalhosa ou dura | Ortopneia: incapacidade de respirar normalmente,


exceto em posição ereta | Taquipneia: respiração rápida, acima dos valores normais | Bradpneia:
respiração lenta, abaixo dos valores normais | Apneia: ausência de respiração.

DOR

Considera pela OMS como o quinto sinal vital. ''Experiência sensitiva e emocional desagradável, a qual
é associada a lesão real ou potencial dos tecidos''.  

É de característica subjetiva e variável na intensidade. Controlada por meio dos mecanismos de


analgesia. A dor pode ser diferenciada de acordo com o seu tipo:  aguda (curta duração, com
tendência a remissão, ex. dor pós-operatório); crônica: longa duração, com difícil tratamento, ex. dor
oncológica).

A dor tem como consequência a alteração de fatores emocionais (insônia, ansiedade, irritabilidade,
medo, fadiga, depressão); metabólicas (taquicardia, hipertensão); gastrointestinais (náuseas, vomito);
respiratórias (aumento da FR); diversas (imobilidade, imunidade).

PRESSÃO ARTERIAL 

Consiste na força exercida pelo sangue sobre as paredes dos vasos. Também é associada com o
trabalho do coração, o débito cardíaco, a elasticidade dos vasos, a resistência periférica, a volemia e
a viscosidade cardíaca. Deve-se ficar atento com a hipertensão do avental branco, que afeta 2% da
população.
VALORES NORMAIS DE PRESSÃO ARTERIAL

PACIENTES VALORES

ÓTIMA < 120 por < 80 mmHg

NORMAL < 130 por < 85 mmHg


LIMÍTROFE < 130 por < 85 mmHg
HIPERTENSÃO ESTÁGIO I 140 – 159 por 90 – 99 mmHg
HIPERTENSÃO ESTÁGIO II 160 – 179 por 100 – 109 mmHg
HIPERTENSÃO ESTÁGIO III > 180 por > 110 mmHg
HIPERTENSÃO SISTÓLICA
> 140 por < 90 mmHg
ISOLADA

Valores Normais Máximos: 140 por 90 mmHg | Valores Normais Mínimos: 90 por 50 mmHg

ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS
Trata-se da aplicação de fármacos no organismo através de umas das várias vias possíveis de acordo
com a proposta terapêutica.  Objetivo: obter um resultado diferente do apresentado inicialmente.
Requisitos para a habilitação medicamentosa: formação profissional; conhecer do paciente;
conhecimento da farmacologia; conhecimento da fisiologia e patologia; ter conhecimento sobre o
cálculo de dose e volume; compatibilidade; efeitos colaterais; horário e  tempo de ação do
medicamento; conhecimento sobre os resultados esperados.
Segundo a OMS (2004), a maior parte dos erros ocorrem em decorrência da ministração inadequada de medicamentos,
principalmente nos momentos de prescrição, dispensação e administração dos medicamentos.

TEORIA DOS 9 ACERTOS PARA EVITAR OS ERROS DE MEDICAMENTOS:

01 Paciente > 02 Droga > 03 Via > 04 Dose >  05 Horário Correto > 06 Registro de Administração >
07 Orientação > 08 Forma > 09 Respostas e Manifestações Clínicas.

NOMENCLATURAS PARA O CÁLCULO DE MEDICAMENTAÇÃO:

g/ml – a quantidade em gramas de soluto pela quantidade em mililitros de solvente.


1:500 significa que há 1g de soluto para cada 500ml de solvente | 7% significa que há 7g de soluto
para cada 100ml de solvente.

MEDIDAS:

1L = 1000ml | 1ml = 100 UI | 1ml = 20 gotas ou 60 microgotas | 1 gota = 3 microgotas | 1 colhe de


sopa = 15ml ou 15g | 1 colher de sobremesa = 10ml ou 10g | 1 colher de chá = 5ml ou 5g

FÓRMULAS DE GOTEJAMENTO:
FERIDAS E CURATIVOS
É considerado ferida qualquer tipo de ruptura da integridade do tecido ou órgão, podendo atingir desde a
epiderme até estruturas mais profundas como fáscias, músculos, ossos, etc. 

A classificação dos tipos de ferida envolve critérios como: causa; época de ocorrência;
comprometimento tecidual; grau de contaminação. As fases de cicatrização são: inflamação, proliferação e
remodelação. E os tipos de cicatrização podem ser de primeira, segunda ou terceira intenção.

Os fatores que interferem no processo de cicatrização são: localização da ferida; medicamentos;


idade, condição e nutrição do paciente; corpo estranho na ferida; hemorragia.
Tipos de tecidos: Granulação (rosa, vermelho pálido); Fibrina (amarelo, marro); Necrose (cinza,
negro).
Granulação é o processo de crescimento de pequenos vasos sanguíneos e tecido conjuntivo para
preencher uma ferida | Epitelização é a formação de um novo tecido formado pelo processo de
cicatrização. 
Curativo Ideal para Feridas: manter elevado o nível de umidade; remover excesso de exsudação;
permitir trocas gasosas; manter o isolamento térmico (37 °C); assepsia; remover curativos anteriores
sem trauma.

VIAS MEDICAMENTOSAS
Podem ser classificadas em “vias parenterais” e “vias não parenterais”. As vias não parenterais são
aquelas que não envolvem processos injetáveis. Sabendo disso, são elas: oral; gástrica; cutânea;
ocular; nasal; otológica; retal; vaginal; e inalatória.  Já as vias parentais são aquelas que ocorre o
procedimento da injeção, podendo ser intradérmica, subcutânea, intramuscular e endovenosa.
VIA INTRADÉRMICA
Administração apenas em pequenas  quantidades de medicamento entre a pele e o tecido  subcutâneo.
Aporte reduzido de oxigênio – absorção lenta.  Angulação deve ser entre 5° a 15° com bisel
para cima. Agulha: 13 x 3,8. Volume: 0,1 a 0,5 mililitros.  
Locais de aplicação: face interna do antebraço; região escapular; região peitoral. De modo geral, a
aplicação é em lugares com pouca pilosidade. Nunca esquecer de esticar a pele no momento da
aplicação. 
A vacina BCH é aplicada na área de inserção inferior do deltoide direito (a  substância injetada deve
formar uma pequena pápula). 

VIA SUBCUTÂNEA
É a introdução de uma droga no tecido subcutâneo ou hipoderme (tecido conjuntivo
frouxo). Terapêutica lenta, contínua e segura pela tela subcutânea.  Nesta via é realizada certas
vacinas, como a anti-rábica,  tríplice viral, febre amarela; drogas como a insulina;  adrenalina e outros
hormônios. Volume ideal 0,5ml a 1,0ml (mas pode suportar até 2ml).  Agulha: 20 x 5,5 (45 graus) ou
13 x 4,5 (90 graus).
Locais de aplicação: face posterior externa do braço (3 dedos abaixo da axila e 3 dedos acima do
cotovelo); face anterior da coxa  (3 dedos acima do joelho); nádega (superior externa); região
abdominal (3 dedos longe do umbigo).
Fazer uma prega no momento da aplicação e injetar o líquido vagarosamente. Não massagear após o
procedimento.
VIA INTRAMUSCULAR

Introdução de medicamentos nas camadas musculares.  Terapêutica de efeito relativamente


rápido. Possibilita a introdução de substâncias irritantes, aquosas ou oleosas.  Manter distância em
relação a vasos e nervos importantes.  Sempre avaliar se a musculatura  é suficientemente grande para
absorver o medicamento;  e a espessura do tecido adiposo.  Agulha: 30 x 7(45 graus) ou 25 x 7 (90
graus). 

LOCAIS DE APLICAÇÃO:

REGIÃO DELTOIDEA  (contra-indicado para REGIÃO DORSOGLUTEA  (contra-indicado para


< 10 anos e adultos com baixo < 2 anos e > 60 anos; aplicação no quadrante
desenvolvimento muscular; 90 graus; até 2ml). látero-superior externo; 90 graus; adulto até
4ml e criança até 2ml).

REGIÃO VENTROGLUTEA (qualquer idade; deitar- FACE ANTERO LATERAL DA COXA (indicado para
se lateralmente e flexionar o joelho e quadril; 3 a lactantes e crianças até 10anos; sentado com a
4ml). perna flexionada; agulha em direção podálica -
60 graus; até 4ml).
VIA ENDOVENOSA
Consiste na introdução de droga diretamente na corrente sanguínea.
INJEÇÃO ENDOVENOSA EM ”BOLUS ” : é a aplicação do medicamento diretamente na veia por um
dispositivo de acesso intermitente (heparinizada).  
INFUSÃO CONTÍNUA OU INTERMITENTE : podem ser administradas através de bolsas (frascos) de
soluções tradicionalmente suspensas em suportes de soro e por equipos, com ou sem reguladores da
velocidade de fluxo; Bombas de infusão.  
Indicações: Emergência – RCP (rápida concentração de medicamento na corrente sanguínea;
Necessária uma resposta mais rápida do medicamento (furosemida e digoxina);  Administrar dose de
ataque de um medicamento que será mantido por meio de infusão (heparina);  Reduzir desconforto do
paciente limitando, assim, a necessidade de injeções IM;  Evitar problemas de incompatibilidade que
podem ocorrer quando vários medicamentos são misturados em um frasco;  Administração de
medicamentos a pacientes incapazes de fazê-lo por via oral (coma) ou via IM (distúrbio de
coagulação);  Método custo-benefício (equipos extras e bombas de infusão)
Precauções e Recomendações: Antes da administração do medicamento verificar se o medicamento
está de acordo com a prescrição; Diluir o medicamento como indicado pelas referências da farmácia
(substâncias irritantes); Verificar a velocidade adequada para a administração (lenta – mais que 1min
as vezes até 30min). Muito rápida – graves efeitos colaterais; Verificar a incompatibilidade entre as
drogas se o paciente estiver recebendo infusão EV; Lavar equipos ou cateter EV com SF antes e
depois da administração de qualquer medicamento; Avaliar as condições clínicas e capacidade do
paciente para tolerar o medicamento; Avaliar a permeabilidade do equipo EV pela presença de
retorno sanguíneo.
Além disso, recomenda-se também abaixar o nível do frasco EV em curso; aspirar a seringa antes de
injetar o medicamento; comprimir suavemente o equipo; a veriguar o tempo de permanência do
cateter; observar reação do paciente ao medicamento; estar alerta para os efeitos colaterais
importantes (anafilaxia, angústia respiratória, taquicardia, bradicardia ou convulsões); avaliar os
efeitos colaterais menores (náuseas, eritema, erupções cutânea ou confusão mental; ler o rótulo do
medicamento três vezes (antes de retirá-lo do recipiente; antes de colocar o medicamento no copinho
ou aspirá-lo na seringa; e antes de recolocar o recipiente no lugar ou desprezar a ampola e frasco
vazios).
Dica plus: não ministrar o medicamento preparado por outra pessoa e nem permitir que familiares e
pacientes o façam; antes de administrar a medicação, conferir o nº do leito e o nome do paciente. A
apresentação das medicações são sempre ampolas ou frascos. Sempre verificar os cinco certos:
paciente certo, droga certa, via certa, dose certa e horário certo.
COMPLICAÇÕES NA APLICAÇÃO ENDOVENOSA:

Sobrecarga hídrica: volume intravascular torna-se excessivo – infusão rápida, há um aumento da


capacidade cardíaca; Embolia gasosa:  bolha de ar que circula pelo   sangue venoso – falha de retirar
o ar de dentro do equipo; Hematoma:  relacionada á falha na técnica (tentativas de punção sem
sucesso); Infecção: crescimento de microorganismo no local  da venopunção ou na corrente
sanguínea e contaminação do sistema EV - edema, dor e vermelhidão no local, drenagem do local;
Infiltração: infusão de solução EV no tecido paravascular -  dor resultante do edema no local;
Flebite: inflamação da veia – dor, vermelhidão, calor e desconforto ao longo da veia; Trombos:
coágulos sanguíneos estacionários, que podem resultar em uma  embolia; Esclerose: por injeções
frequentes na mesma veia; Choque  pirogênico, anafilático e periférico, respectivamente pela injeção
de substâncias pirogênicas alérgicas e por fatores emocionais.

LOCAIS DE APLICAÇÃO OU DE VENOPUNÇÃO:

Do rso da mão: veia metacarpal (evitar veias dos dedos); Antebraço: veias basílica e cefálica; Face
interna do cotovelo e Fossa antecubital: veias basílica mediana e cefálica mediana.
CRITÉRIOS PARA A ESCOLHA DA VEIA:

Ac essibilidade; Mobilidade reduzida; Locais sobre base menos dura; Ausência de nervos importante;
e Estase fácil.

ANAMNESE CARDÍACA

ANAMNESE CARDÍACA
Importante saber que a anamnese do coração é praticamente igual a anamnese pulmonar. Sabendo
disso, deve-se seguir o mesmo parâmetro e roteiro para o exame físico.  
SINTOMAS MAIS FREQUENTES:  dor, palpitação, dispneia, intolerância aos esforços, tosse e
expectoração, chieira (sibilo), hemoptise e expectoração hemoptoica, desmaio, alteração do sono,
cianose, edema, fraqueza ou astenia  – a queixa do paciente vai estar relacionada ao coração e grandes
vasos, artérias, veias, linfáticos, microcirculação.
DOR PRECORDIAL OU  TORÁCICA:  a dor torácica não é sinônimo de dor cardíaca, embora muitas vezes
podem estar interligadas. Durante a anamnese, nunca esquecer de analisar a origem da dor  – podendo
ser no coração ou em outras estruturas (pleura, esôfago, aorta, mediastino, estômago e parede
torácica) – assim como sempre observar a  localização, irradiação, caracterização, horário de início,
duração, frequência, fatores de melhora e piora, sinais ou sintomas acompanhantes.
DORES DO CORAÇÃO E GRANDES VASOS
DOR ISQUÊMICA MIOCÁRDICA:   este tipo de dor ocorre em eventos de angina e infarto do miocárdio.
Localiza-se retroesternal à esquerda ou à direita da linha esternal. Ocupa pequena área ou toda a
região precordial. Apenas 1/3 dos pacientes apresentam dor atípica: região epigástrica, dorso do
tórax, supraesternal, mandíbula, membro superior. A irradiação possui uma estreita ligação com a
intensidade da dor, uma vez que quanto mais intensa, maior a probabilidade de irradiar (locais de
irradiação: pavilhão auricular, maxilar inferior, nuca, região cervical, membros superiores, ombro,
região epigástrica, região interescapular  e face interna do braço esquerdo).  O caráter da dor
isquêmica miocárdica é do tipo construtiva, sensação de aperto ou compressão precordial (dor
anginosa); aperto na garganta, aperto no braço (dor atípica: queimação, ardência, formigamento,
facada, desconforto). Muito importante avaliar a duração  e intensidade da dor. 

DU RA ÇÃ O

AN GINA E ST ÁVE L:  CURTA DU RA ÇÃ O (2 A 3 MIN) , RA RA ME NTE U LTRAPASSA 10 MI N – ESTRITA ME NTE


REL ACIONA DA AO ESFO RÇO FÍ SI CO (HIPÓXI A).

AN GINA IN ST ÁVE L:  DO R PODE CHE GAR A 20MIN , PO DEND O OU NÃO ESTA R RELA CI ONAD O AO ESFO RÇO FÍ SI CO .

IN FA RT O AGUD O DO MIO CÁ RD IO:  DOR SU PE RI OR A 20MIN OU AT É ME SMO ALG UMA S HO RA S.

IN TEN SI DADE

DO R LE VE (1 A 4):  SE NSAÇÃO D E PE SO OU DESCO NFORTO , RELA TIVA ME NTE BEM TOLE RA DA .

DO R MODE RAD A (5 A 7):  PA CI ENT E BE M IN CO MOD ADO , CO M PI ORA AO RE ALI ZAR ESFO RÇO FÍ SCO.

DO R INTEN SA (8 A 10):   INTE NSO SOFRI ME NT O, CO M PI ORA A QU ALQ UER TI PO DE MOVI ME NTO . A CO MPANH ADA
DE SUD ORESE, PA LIDE Z, AN GÚSTI A E SEN SA ÇÃ O DE MORTE IMINEN TE .

DOR PERICÁRDICA:  este tipo de dor ocorre devido a inflamação do pericárdio (pericardite), e costuma-
se confundir com a dor isquêmica miocárdica. Localiza-se retroesternal junto ao rebordo esternal,
irradiando para pescoço e costas. Sua origem normalmente está no atrito entre os folhetos do
pericárdio, com estimulação das terminações nervosas ou distensão rápida do saco pericárdico devido
ao acúmulo de líquido. Por causa de todos esses favores, sabe-se que ocorre uma irritação das
terminações nervosas das estruturas vizinhas, como o caso da pleura mediastinal. O caráter da dor
pericárdica é do tipo construtiva, continua (várias horas), não se relaciona com exercício; agrava-se
com a respiração e quando estiver em decúbito dorsal.  
DOR DE ORIGEM AÓRTICA:  importante saber que aneurisma não provoca dor. O caráter deste tipo de
dor é intensa e lancinante. Localiza-se retroesternal ou região anterior do tórax com irradiação
cervical, interescapular e ombro. Mesmo com repouso não há quadro de melhora. Realiza-se IAM
como diagnostico diferencial. 
DOR DE ORIGEM PSICOGÊNICA:  este tipo de dor é desencadeado por fatores emocionais, tais como
ansiedade, depressão e crise de pânico. A dor limita-se a região mamilar, costuma ser “surda” e pode
durar horas, dias, semanas. Não está relacionada com exercícios físicos.  Na maioria dos casos pode
vir acompanhada de palpitações, dormência, formigamento pelo corpo, cabeça e região precordial.
Por ter origem psíquica, desaparece com a prática diária de atividades físicas, analgésicos,
ansiolíticos, antidepressivos e placebos .

PALPITAÇÃO
A palpitação é definida como “percepção incomoda dos batimentos cardíacos pelo paciente”. Pode ser
caracterizada de várias maneiras pelo paciente, entre elas: taquicardia, falhas nos batimentos,
disparos no coração, “arrancos”, paradas de batimentos, tremor no coração. Nem sempre a queixa se
traduz com alteração no ritmo cardíaco, como nos casos psicogênicos. Sempre avaliar: frequência,
ritmo, horário do surgimento, modo de instalação, fatores desencadeantes e sintomas associados. As
causas podem ser cardíacas (arritmias, insuficiência cardíaca, miocardiopatia) ou não cardíaca
(hipertensão arterial, hipertireoidismo, anemia, esforço físico, emoções, síndromes do pânico).
Importante saber se a palpitação está relacionada com esforço físico; se traduz alterações no ritmo
cardíaco; se está relacionada com alterações psíquicas.

DISPNEIA
A dispneia é um dos sintomas mais importantes das cardiopatias. Este processo consiste na sensação
consciente e desagradável do ato de respirar. O paciente pode referir-se ao cansaço, canseira, fôlego
curto, fadiga, falta de ar, respiração difícil. Na crise de dispneia pode haver o broncoespasmo e,
consequentemente, a “chieira” no peito (alguns autores denominam como “asma cardíaca”).
TIPOS DE DI SPNE IA

DISPN EI A AOS ESFO RÇOS: MAI S COMUM NA IN SU FI CI ÊN CIA VE NT RI CUL AR ESQUE RD A.

DISPN EI A PAROXÍ ST ICA NOTU RNA : PA CI ENT E A CO RDA DURAN TE A NOITE CO M INTE NSA DI SPNE IA , SEN SA ÇÃ O DE
SU FO CA ME NT O E OPRE SSÃO DO PE IT O, TOSSE . TE M QU E SE L EVAN TAR DA CA MA PA RA CONSEG UIR RESPI RA R.
OBS: NO S CASOS MA IS GRA VES DE IN SU FI CI ÊNCIA CARDÍA CA HÁ O SURGI MEN TO DE EDE MA AG UDO PUL MON AR,
ALÉ M DE APRE SE NT AR TOSSE COM EXPECTO RA ÇÃ O ESPU MO SA OU RÓSEA , CIA NOSE, RE SPIRAÇÃO RUIDO SA CO M
PRESEN ÇA DE SIBILO S E E ST ERTO RE S FIN OS.

DISPN EI A DE DECÚBIT O: DI FI CU LDA DE EM RESPI RA R QUA NDO E STI VE R DE BA RRIG A PA RA BAI XO.

DISPN EI A DE CH EYN E-STO KES

TOSSE E EXPECTORAÇÃO
A tosse e a expectoração são sintomas frequentes na insuficiência cardíaca. Sabendo disso,
importante destacar principalmente a tosse seca, sendo mais intensa à noite e muitas vezes impedindo
o paciente dormir. Quando há presença de secreção é do tipo serosa. Nos casos de edema agudo do
pulmão tem-se secreção sanguinolenta. A causa consiste na congestão pulmonar. Além disso, pode
estar relacionada com exercícios físicos, dispneia e palpitação.

DESMAIO
Normalmente o desmaio é decorrente de perfusão cerebral inadequada ou psicogênica. Sob o ponto de
vista das causas cardíacas estão as arritmias, IAM e insuficiência cardíaca. Além disso, existem
causas extra cardíacas, sendo elas a hipotensão postural, hipoglicemia e alcalose respiratória por
hiperventilação. A diminuição do fluxo sanguíneo cerebral também é fator para desmaio.

TERMOS A SABER: SÍNCOPE: PERDA SÚBITA E TRANSITÓRIA DA CONSCIÊNCIA / LIPOTIMIA OU PRÉ-


SÍNCOPE: PERDA PARCIAL DA CONSCIÊNCIA.

EDEMA
O edema é o aumento do líquido intersticial proveniente do plasma. Normalmente localizado no
pescoço, região periorbitário, região palpebral, região facial e parede abdominal. Importante avaliar:
horário, simetria e progressão. Observa se os sintomas estão associados a dispneia, a dor e aos
esforços.
ED EMA DE ORI GE M CA RD IOLÓ GICA: LOCALI ZADO PRI NCIPAL ME NT E NOS ME MBRO S INFERIO RE S
( BIL ATE RA LMENT E); PI ORA COM O D ECORRE R DO DI A E MEL HORA COM REPOU SO (EL EVA ÇÃ O DO S ME MBRO S NA
MESMA AL TURA DO QUA RI L). NOS CASOS MAI S GRA VE S, PODE OCORRE R A CÚMULO DE LÍ QUID O NA S CAV IDAD ES
SEROSAS: A BDO ME (A SCIT E) , TÓRAX, PERICÁRDI O E BO LSA ESCROT AL .

ASTENIA (SENSAÇÃO DE FRAQUEZA)


Relacionado com a bomba de sódio e potássio (contração muscular),  ocorrendo a perda de ambos;
diminuição do débito cardíaco ou oxigenação insuficiente dos músculos.  

CIANOSE
Pode apresentar três tipos de acordo com a localização de desenvolvimento.
CIANOSE CENTRAL:  sangue chega desoxigenado (doenças que prejudiquem a ventilação ou a
oxigenação pulmonar, doenças cardíacas que cursem com desvio de sangue do lado direito para
esquerdo sem passagem pelo pulmão; depressão do centro respiratório).
CIANOSE PERIFÉRICA:   desoxigenação pelos tecidos periféricos (trombose venosa e insuficiência
cardíaca direita) (cianose nas extremidades como pé, orelha).
CIANOSE MISTA:   hipotensão com embolia pulmonar ou pneumonia grave; insuficiência cardíaca
esquerda grave.

EXAME DO CORAÇÃO
O aparelho circulatório e o próprio funcionamento cardíaco podem ser avaliados pela análise das
pulsações arteriais (radial e periféricos), venosas e capilares. OBS : ênfase para a palpação do pulso
radial.

PULSO RADIAL
Ao avaliar o pulso radial é preciso observar : estado da parede arterial, frequência, ritmo, amplitude
(grau de enchimento), tensão ou dureza, tipos de onda, comparação com o lado homólogo.

LOCALIZAÇÃO DO CORAÇÃO
A base do coração encontra-se no segundo espaço intercostal, próximo ao esterno. Importante
considerar as variações anatômicas de acordo com o biótipo do paciente.

ICTUS CORDIS (CHOQUE DE


PONTA)
E M BREV ILÍN EO S EN CON TRA- SE NO QU ARTO E SPAÇO INT ERCO ST AL E 2CM PA RA FO RA DA LINHA HE MI CL AVI CU LAR;
E M LONG ELÍN EO S E STÁ NO QU INTO E ST Á NO QUIN TO ESPA ÇO INT ERCO ST AL E 2CM PA RA DENT RO DA LI NHA
HE MI CL AVI CUL AR.

HIPERTROFIAS E DILATAÇÕES VENTRICULARES


SEMIOTÉCNICA CARDÍACA
O exame físico do coração apresenta algumas semiotécnicas, as quais envolvem inspeção, palpação e
ausculta. Importante lembrar que a percussão não é mais realizada, uma vez que não auxilia no
diagnóstico clínico. A inspeção e a palpação devem ser realizadas simultaneamente. Quanto a posição
do paciente, é fundamental que este esteja em decúbito dorsal; caso não seja possível há outras
alternativas, tais como: decúbito lateral, sentado ou de pé com o tórax inclinado para frente. Nunca
esquecer que o examinador deve estar posicionado ao lado direito do paciente.
INSPEÇÃO E PALPAÇÃO: pesquisar presença de abaulamentos, analisar o ictus cordis ou choque
de ponte, realizar a palpação das bulhas, observar a intensidade do frêmito cardiovascular e analisar
os batimentos visíveis ou palpáveis. Os abaulamentos por dilatação cardíaca são mais facilmente
visíveis em crianças, principalmente no ventrículo direito. Contudo, no decorrer no exame é essencial
diferenciar abaulamentos da caixa torácica dos abaulamentos por dilatação cardíaca. Em pacientes
obesos, ou que apresentam enfisema e mamas grandes, dificilmente consegue-se palpar o ictus cordis.
Em situação normal, uma ou duas polpas digitais já são eficientes para realizar a palpação.
Considerações: a sístole é simultânea a pulsação carotídea; podemos sentir outras pulsações que não
sejam de origem cardíaca, como por exemplo a pulsação epigástrica devido a presente da aorta
abdominal; o frêmito cardiovascular é a sensação tátil das vibrações produzidas pelo coração e
corresponde aos sopros.
AUSCULTA CARDÍACA: é essencial a presença do silêncio neste momento do exame. Nunca
auscultar em cima de vestimentas. A posição habitual do paciente é em decúbito dorsal, mas pode
também estar sentado com o tórax ligeiramente inclinado para frente, ou em decúbito lateral esquerdo
com a mão esquerda sob a cabeça. Examinador sempre posicionado à direita do paciente. Utilizar o
receptor de diafragma (campânula) de menor diâmetro. Isso porque o diafragma é mais apropriado
para auscultar ruídos de alta frequência, enquanto a campânula capta melhor os ruídos de baixa
frequência (por exemplo: terceira e quarta bulhas). Importante considerar que os sons originados nas
câmeras direitas aumentam durante a inspiração .
FOCOS OU ÁREAS DE AUSCULTA

FO CO MIT RA L (FM) : corre sponde ao ic tus cor dis, linha hemic lavic ula r e
quinto espaç o inte rcostal.

FO CO PUL MON AR (FP) : se gundo espaço inte rcosta l à esquer da do


esterno.

FO CO AÓRTICO ( FAo): se gundo espaç o interc osta l à dire ita do e ste rno.

FO CO AÓRTICO A CESSÓ RI O ( FAa ): terceiro espaço intercostal à


esquer da do ester no.

FO CO TRI CÚ SPID E ( FT) : ba se do apê ndice xif oide, mais à e squerda .

BULHAS CARDÍACAS

PRIMEIRA BULHA CARDÍACA (B1) – TUM TÁ: são vibrações intensas de alta frequência. Ocorre
devido a tensão e desaceleração abrupta da valva mitral e tricúspide (atrioventriculares) durante o seu
fechamento (início da sístole). Coincide com o pulso carotídeo. Não pode ser reconhecida no pulso
radial. É de timbre mais grave e com duração um pouco maior que a segunda bulha.
SEGUNDA BULHA CARDÍACA (B2) – TUM TÁ : corresponde ao fechamento

das valvas aórtica e pulmonar (semilunares). Ouve-se o componente aórtico em todos os focos de
ausculta. O componente pulmonar é audível no foco pulmonar a à borda esternal esquerda. Não
obstante, conseguimos perceber os dois componentes (primeiro o aórtico e depois o pulmonar)
durante a inspiração mais intensa nos focos da base.
TERCEIRA BULHA CARDÍACA (B3) – TUM TÁ TÁ : corresponde ao enchimento diastólico do
ventrículo (evento rápido, originado um impacto na parede ventricular). É observada em crianças e
adolescentes. Raramente observada no adulto. Melhor audível com a campânula no foco mitral. Em
situações que aumentam o fluxo, é comum a presença de febre, insuficiência mitral, anemia e
hipertireoidismo. Esta bulha serve como um marcador de disfunção sistólica do ventrículo esquerdo .
QUARTA BULHA CARDÍACA (B4) – TRRUM TÁ: esta bulha é difícil de ser percebida. Corresponde a
brusca desaceleração do fluxo sanguíneo, o qual é mobilizado pela contração atrial ao encontrar a
massa sanguínea existente no interior dos ventrículos no final da diástole. Isso porque o impacto do
sangue na parede ventricular, durante essa sístole atrial, gera uma redução da complacência e,
consequentemente, aumento da contração atrial. Encontra-se presente em casos de HAS, hipertensão
pulmonar, estenose aórtica e pulmonar, miocardiopatia hipertrófica e idosos que não apresentam
cardiopatias (ou seja, idosos em condições normais possuem a quarta bulha).

SEMIOTÉCNICA DO TÓRAX
ANATOMIA TORÁCICA
Para reconhecer os arcos costais, é utilizado o ângulo de Louis (está entre a cabeça e o corpo do
esterno). O pulmão não preenche todo o gradio costal, só vai até o 6º arco costal, depois vem o
diafragma. O 2º arco costal corresponde ao ângulo de Louis. Já o ângulo costal ou de Charpy vai
ajudar a saber o biótipo do paciente. Caso o ângulo for até 90º o biótipo é normolíneo; se for mais
que 90º é brevilíneo; e se der menor que 90º é longilíneo. 
Importante saber que o pulmão vai até o 6º arco na região anterior e  até 10º espaço na região
posterior. Há ainda a presença das linhas torácicas, que  ajudam na localização de todas as estruturas
torácicas.
Ou seja, Ângulo de Louis: junção do manúbrio com o corpo do esterno; a partir dele é possível
localizar o segundo arco costal e os demais arcos adjacentes /  Ângulo de Charpy: mostra o tipo do
biótipo do paciente (brevilíneo; mediolíneo; longilíneo) /  Linhas e Regiões do tórax: muito usado na
descrição de lesões.
REGIÕES TORÁCICAS

IMAGEM A
1. REGIÃO SUPRACLAVICULAR: é a área delimitada pela borda superior da clavícula, pelo
prolongamento cervical da linha esternal e pela borda superior do trapézio.
2. REGIÃO CLAVICULAR: corresponde à área de projeção superficial da clavícula.
3. REGIÃO INFRACLAVICULAR: corresponde a área delimitada pela borda inferior da clavícula, pela
borda anterior do deltóide, por uma linha horizontal traçada a partir da 3ª articulação
condroesternal e pela borda do esterno.
4. REGIÃO MAMÁRIA: seu limite superior corresponde ao limite inferior da região infraclavicular. Os
limites laterais são as linhas axilares anteriores e a linha horizontal que parte da 6ª articulação
condroesternal.
5. REGIÃO INFRAMAMÁRIA: é circunscrita pela linha horizontal que passa pela 6ª articulação
condroesternal, pela reborda costal e pela linha axilar anterior.
6. REGIÃO SUPRAESTERNAL: o limite superior são os primeiros anéis da traquéia; o inferior, a fúrcula
esternal e os laterais, as bordas internas dos músculos esternocleidomastóides.
7. REGIÃO ESTERNAL SUPERIOR: o limite superior é a fúrcula esternal, o inferior, uma linha
transversa que passa pela 3ª articulação condroesternal e os laterais são as linhas esternais.
8. REGIÃO ESTERNAL INFERIOR: compreendida entre a linha transversal que passa pela 3ª articulação
condroesternal e o apêndice xifoide.

IMAGEM B
1. REGIÃO SUPRAESCAPULAR: esta região apresenta forma triangular; cujo limite superior é a borda
superior da escápula e seu prolongamento até a coluna vertebral; o limite interno é a linha
medioespinal.
2. REGIÃO SUPRAESPINHOSA: corresponde à fossa supraespinhosa.
3. REGIÃO INFRAESPINHOSA: corresponde à fossa infraespinhosa.
4. REGIÃO INTEROESCAPULOVERTEBRAL: área compreendida entre a borda interna da escápula e a
linha medioespinal
5. REGIÃO INFRAESCAPULAR: seu limite superior é uma linha horizontal traçada pela ponta inferior
da escápula até a linha medioespinal, a qual faz o limite interno. O limite inferior é o próprio
limite inferior do tórax. Lateralmente, vai até a linha axilar posterior

IMAGEM C
1. REGIÃO AXILAR: limitada pelo côncavo axilar, pelas linhas axilares anterior e posterior e pelo
prolongamento da linha horizontal que passa pela 6ª articulação condroesternal.
2. REGIÃO INFRA-AXILAR: compreende desde o limite inferior da região axilar até a reborda costal,
tendo como limites laterais as linhas axilares anterior e posterior

ANAMNESE RESPIRATÓRIA

Os principais sinais e sintomas respiratórios são a dor torácica e a tosse. A dor torácica quando
inespecífica pode possuir até  50 causas diferentes (parede torácica,  traquéia brônquios, pulmões e
pleuras, coração e pericárdio, vasos, esôfago, mediastino, órgãos abdominais, causa psicogênica). A
dor torácica enquadra-se em  4 condições clínicas que são potencialmente fatais: IAM, dissecção
aórtica aguda, pneumotórax hipertensivo e embolia pulmonar. Importante sempre observar a
localização e irradiação.  
Outros sintomas importantes que devem ser avaliados e observados na anamnese são:   FEBRE  (caso
presente interrogar toda a semiologia desta);   ASTENIA  (sensação de fraqueza);  ALTERAÇÃO DE
PESO; SUDORESE; CALAFRIOS; PERDA DE APETITE;  CIANOSE; CEFALEIA  (características da dor,
localização, frequência);  PRURIDO NASAL, FARINGE; ESPIRROS; OBSTRUÇÃO NASAL;  SECREÇÃO
NASAL (classificar a coriza em serosa, mucoide, purulenta,  mucopurulenta);  EPISTAXE; ALTERAÇÕES
DO OLFATO (anosmia, hiposmia, cacosmia, parosmia);  ALTERAÇÃO DA FONAÇÃO  (voz
anasalada);  HALITOSE; DOR NA GARGANTA;PIGARRO;  HEMOPTISE  (expectoração de sangue proveniente
dos pulmões, traqueia e brônquios, mais comumente observável na tuberculose
pulmonar);  EPISTAXE  (sangramento ou hemorragia nasal;  hemorrinia);  HEMATÊMESE  (vômito de
sangue).
A tosse é o sintoma mais importante e o mais frequente também. Isso pois, a tosse é um mecanismo
de defesa; além de ser estimulador de receptores de mucosas. Importante destacar a origem
dos estímulos, que podem ser: inflamatórios, mecânicos, químicos ou térmicos.  Características que
devem ser avaliadas: frequência, intensidade, presença ou não de expectoração, relação com o
decúbito, período em que predomina.  Quanto a expectoração: produtiva ou seca.  Quanto a sua força
de expulsão: eficaz ou ineficaz Tipos: rouca (tabagista), metálica (“tosse de  cachorro” - pode indicar
edema da laringe), tosse síncope  (desmaio após acesso de tosse), crônica (mais de 3 meses), tosse
reprimida (após intervenção cirúrgica).
A expectoração é uma consequência da tosse produtiva. Muito importante caracterizar volume; cor;
odor; transparência e consistência.
HEMOPTISE  é a eliminação, com a tosse, de sangue proveniente da  traquéia, brônquios e pulmões.
Sem dúvidas é um indício de gravidade; podendo ter origem de hemorragias brônquicas e alveolares.
Vale destacar que as causas mais frequentes: tuberculose e  bronquiectasia. 
VÔMICA  é a eliminação, via glote, de grande quantidade de pus ou líquido de aspecto  mucóide ou
seroso. As causas podem ser abcesso pulmonar,  empiema, mediastinites supuradas e
abcesso subfrênico.
EXAME FÍSICO DO TÓRAX
É um processo que deve ser realizado em quatro partes, sendo elas a  inspeção, palpação, percussão,
ausculta. Importante destacar que há dois tipos de inspeção, que  pode ser estática ou dinâmica. 
INSPEÇÃO ESTÁTICA:   avalia a forma do tórax e anomalias congênitas e adquiridas (vou procurar
manchas, cicatrizes) | INSPEÇÃO DINÂMICA: avalia os movimentos respiratórios (tipos, ritmo e a
frequência e alterações).

INSPEÇÃO ESTÁTICA

A inspeção estática é a  fase de observação; acompanha a morfologia e a movimentação do tórax, sem


ainda colocar a mão no paciente. O paciente precisa estar despido e deve ser colocado em
posição sentado ou deitado. Nesta fase, sempre se avalia o estado da pele e das estruturas  superficiais
da parede torácica. Sempre considerar que a forma do tórax varia de acordo com a idade, sexo e
biótipo (indivíduos longilíneos, brevilíneo,  normolineo). Em geral, o diâmetro lateral é maior que o
anteroposterior.

FORMAS ANORMAIS DO TÓRAX


TÓRAX CHATO (PLANO) :
reduzido diâmetro anteroposterior, escápulas sobressaem ao relevo torácico.
Mais comum nos indivíduos longilíneos e não tem significado  patológico àcomum em indivíduos
longilíneos. 
TÓRAX EM TONEL OU EM BARRIL : aumento do diâmetro anteroposterior, que praticamente, iguala-se
ao transversal. Causa mais comum: enfisema pulmonar (o paciente tem uma doença pré-existente, por
exemplo enfisema pulmonar).
TÓRAX INFUNDIBULIFORME: depressão mais ou menos acentuada ao nível do terço inferior do esterno.
Pode ser congênito ou adquirido (o raquitismo pode ser a causa mais importante). Quando acentuada,
pode causar distúrbio pulmonar restritivo.
TÓRAX CARNIFORME: o esterno é proeminente e as costelas horizontalizadas. Nota-se ao nível do
esterno uma saliência em forma de peito de pombo ou de quilha de navio. Pode ser congênito ou
adquirido. O raquitismo infantil pode ser a principal causa dessa  deformidade à é possível fazer
correção. 
TÓRAX EM SINO OU PIRIFORME: a porção inferior mais alargada como a boca de um sino. Encontrado
nos casos de hepatoesplenomegalia associada a presença de  ascite à acirrose hepática pode causar
tórax em sino.
TÓRAX CIFÓTICO: encurtamento posterior da coluna torácica, seja por alteração de postura ou por
lesão de vértebras torácicas (tuberculose,  osteomielite, neoplasias ou anomalias congênitas)
TÓRAX ESCOLIÓTICO: assimétrico em decorrência do desvio lateral do segmento torácico da coluna
vertebral. Causa mais comum de anomalia congênita.
TÓRAX CIFOESCOLIÓTICO: combinação das duas deformidades (cifose/escoliose). Associada a severa
restrição da expansão pulmonar.
TÓRAX INSTÁVEL TRAUMÁTICO: quando fraturas de várias costelas (no mínimo 4) provocam
instabilidade comprometendo a função ventilatório normal, por reduzir a capacidade do tórax de
gerar uma pressão negativa intratorácica durante a inspiração e de gerar uma pressão positiva durante
a expiração.
ANEURISMA DA AORTA: abaulamento arredondado e pulsátil na parte anterossuperior do tórax  
ABAULAMENTOS E DEPRESSÕES

TUMOR DE TIMO E MEDIASTINO  

DERRAMES PLEURAIS  ( aumento de líquido no espaço pleural) – vai impedir a mobilização do pulmão
(o espaço que o pulmão deveria ocupar está preenchido de água).
ATELECTASIA  (perdea condição de abertura de um alvéolo) ou lesões  fibróticas causam depressão do
hemitóraxcorrespondente.
ROSÁRIO RAQUÍTICO  (deformações das costelas determinadas pelo raquitismo).

INSPEÇÃO DINÂMICA
TIPO RESPIRATÓRIO  

Observar atentamente a movimentação do tórax e do abdome, com o objetivo de reconhecer em que


regiões os movimentos são mais amplos. Esse procedimento tem grande importância no diagnóstico
da fadiga e da paralisia diafragmática natural. Observa-se que a parede abdominal tende a se retrair
na inspiração, ao contrário do que ocorre na respiração diafragmática normal. Pode haver fraqueza do
diafragma e trabalho respiratório aumentado, sendo necessário recrutamento da musculatura
abdominal. Normalmente encontramos dois tipos: costal superior e  toracoabdominal.
Costal superior: presente, principalmente, no sexo feminino. Predomínio da ação dos músculos
escaleno e esternocleidomastoideo, os quais deslocam a parte superior do tórax para cima e para
frente.
Toracoabdominal: predomínio do sexo masculino; participação importante do diafragma; comum nas
crianças. Na posição deitada, a respiração é predominantemente diafragmática, prevalecendo
movimentação da metade inferior do tórax e parte superior do abdome.
RITMO RESPIRATÓRIO  

É necessário observar o ritmo respiratório por, no mínimo, 2 minutos a sequência, a forma e a


amplitude das incursões respiratórias.
Ritmo respiratório normal: sucessão regular de movimentos respiratórios, de profundidade mais ou
menos igual (normal 1:2).
Ritmos anormais: alterações na sequência, na forma ou na amplitude, dos movimentos respiratórios,
ocasionam ritmos anormais.
Dispneia: quadro onde o paciente apresenta uma certa dificuldade respiratória. O paciente pode ou
não ter consciência desse estado. Surge na insuficiência cardíaca, enfisema pulmonar, bronquite,
pneumonias, atelectasia, pneumotórax, derrame pleural e anemias graves.
Platipneia: dificuldade de respirar em posição ereta que se alivia na posição deitada.
Ortopneia: dificuldade para respirar em posição deitada (relacionada a doenças cardíacas).
Trepopneia: paciente sente-se mais confortável para respirar em um decúbito lateral (insuficiência
cardíaca congestiva e no derrame pleural).

Do ponto de vista respiratório, as causas da dispneia podem ser: atmosféricas, obstrutivas,


parenquimatosas, toracopulmonares, diafragmáticas, pleurais, cardíacas, sistema nervoso e
psicogênico. 
Respiração Cheyne-Stokes (dispneia periódica):  o paciente apresenta de forma cíclica incursões
respiratórias que vão aumentando sua profundidade até atingir sua amplitude máxima, em seguida
ocorre a diminuição gradativa, chegando uma pausa de alguns segundos.  Pode ser observada em RN
saudáveis (maturação do centro respiratório).  Em condições patológicas, surge nos casos de IC grave,
nas intoxicações por morfina ou barbitúricos, traumatismo crânio-encefálico, hipertensão
intracraniana. A explicação para Cheyne-Stockes se dá pela variação da tensão de O 2  e CO 2  no
sangue, associadas a acentuada e anormal sensibilidade do bulbo.
Respiração de Biot: ocorrência de períodos de apneia que interrompem os ciclos inspiratórios e
expiratórios, tornando-os anárquicos quanto ao seu ritmo e amplitude dos movimentos
torácicos. Relacionada à neoplasias e hematoma  exdrarural, meningites, quando há lesões no centro
respiratório, estado comatoso e afecções graves no encéfalo.  Sempre mau prognóstico (lesão bulbar).
Respiração de Kussmaul: amplas e rápidas inspirações interrompidas por curtos períodos de apneia,
após as quais ocorrem expirações profundas e ruidosas, que por sua vez, são sucedidas por pequenas
pausas de apneia. Presente nos casos de cetoacidose diabética, insuficiência renal com uremia.
Respiração ruidosa ou suspirosa: interrompendo a sequência dos ciclos respiratório, surge uma
inspiração mais profunda seguida de uma expiração mais demorada, ou seja, suspiros interrompem o
ritmo respiratório normal. Faz parte do quando do transtorne de ansiedade.  

AMPLITUDE DA RESPIRAÇÃO

Respiração profunda – emoções ou esforços; ritmos respiratórios anormais (dispneico,  cheyne-


stokes, biot, kussmaul) ou Respiração superficial – sono. 

FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA

Taquipneia: frequência respiratória acima dos valores normais acompanhada ou não de dispneia.


Surge em condições fisiológicas (esforço físico) ou patológicas (febre, lesões  pleuropulmonares).
Bradipneia: frequência respiratória inferior aos valores normais. Presentes durante o sono e em
atletas. Podendo ainda ser provocada por lesões cerebrais com hipertensão  intra-craniana,
barbitúricos e opiáceos = depressão do centro respiratório.
Apneia: parada respiratória.
Eupneia: frequência respiratória normal (sem dificuldade).

TIRAGEM

Retração dos espaços intercostais durante a respiração. Possibilidade de obstrução brônquica.  Pode
ser localizada, unilateral ou bilateral.  Tiragem de todo hemitórax significa oclusão de um brônquio
principal (tampão mucoso, neoplasia ou corpo estranho).  Tiragem bilateral significa obstáculo acima
da carina (corpo estranho, neoplasia, laringite estridulosa e asma).  
Pescoço: importantíssimo observar se a respiração é auxiliada pela ação dos músculos acessórios
(escalenos e esternocleidomastoideos). Pode evidenciar sinal de obstrução das vias respiratórias.

PALPAÇÃO
É o processo da avaliação em que recolhe dados por meio do tato e da pressão. O tato  fornece
impressões das partes mais superficiais. Enquanto a pressão  fornece impressões das partes mais
profundas.
Avaliar: textura, temperatura, umidade, espessura, consistência, sensibilidade, volume, dureza,
percepção de frêmito, elasticidade, reconhecimento de flutuação, crepitações, pulsação, edema.
Assim como todo procedimento médico, a palpação tem seus devidos cuidados.  Avisar o paciente
antes de realizar o procedimento. Pedir permissão.  Cuidado para não deixar marcas no paciente
(unhas longas do examinador).  Aquecer as mãos, principalmente antes de examinar a criança.  Deixar
a área dolorida por último.  
Esse procedimento apresenta várias variantes: Palpação com a mão espalmada, em que usa toda a
palma de uma ou ambas as mãos;  Palpação com uma das mãos superpondo-se uma à outra;  Palpação
com ambas as mão espalmada; Palpação com a mão espalmada, em que usa apenas as polpas digitais
e os dedos; Palpação usando o polegar e o indicador, como uma pinça;  Palpação com o dorso dos
dedos (avaliação da temperatura); Digitopressão (pesquisar a existência de dor, avaliar a circulação
cutânea e edema); Palpação bimanual combinada (avaliar flutuação, glândula salivar).  
Durante a palpação, investigamos três parâmetros: estrutura da parede torácica; expansibilidade ou
mobilidade frêmito toracovocal.  
ESTRUTURA DA PAREDE TORÁCICA:  avaliar pele, tecido celular subcutâneo, músculos, cartilagem e
osso. 
EXPANSIBILIDADE OU MOBILIDADE:  avaliar separadamente a expansibilidade dos ápices e das bases
pulmonares. A diminuição da expansibilidade pode ser  unilateral: apical (processo infeccioso ou
cicatricial do ápice pulmonar),  basal (derrame pleural, hepatomegalia, esplenomegalia) ou  difusa
(pneumotórax, traumatismo torácico).  Entretanto, a diminuição da expansibilidade pode ser
também bilateral: apicais (processo infeccioso ou cicatricial), basal (gravidez, ascite, obesidade
grave, derrame pleural bilateral)  ou difusa (enfisema pulmonar, esclerodermia e senilidade).

EXPANSIBILIDADE DOS ÁPICES PULMONARES

Examinador atrás do paciente. Mãos sobre as


regiões dos ápices pulmonares, com os polegares
se tocando exercer leve pressão sobre o tórax.
Solicitar ao paciente que respire mais fundo.

EXPANSIBILIDADE DAS BASES PULMONARES


Examinador atrás do paciente, de pé ou sentado.
Mãos sobre as regiões das bases pulmonares, com
os polegares próximos ou se tocando na altura da
9º ou 10º vértebra torácica. Abraçar com a palma
as bases pulmonares. Avaliar a respiração
tranquila e solicitar ao paciente que respire mais
fundo.

FRÊMITO TORACO VOCAL


São vibrações percebidas na parede torácica pela mão do examinador quando o paciente emite um
som. Pedir para o paciente falar repetidas vezes a palavra “trinta e três”. Avaliar toda a extensão da
parede torácica: face anterior, laterais e posterior. Comparar as regiões homólogas.
Variações da intensidade do frêmito fisiológicas: apresenta
maior nitidez no ápice direito e na região
interescapulovertebral direita e costuma ser mais fraco nas
mulheres, devido ao timbre da voz.
Variações da intensidade do frêmito por fatores
extrapulmonares: é mais fraco nos indivíduos com parede
torácica espessa (hipertrofia muscular, aumento do panículo
adiposo) e mais fraco nos indivíduos com voz débil.
Variações da intensidade do frêmito patológicas: Aumento
do frêmito: consolidação de uma área pulmonar
(pneumonia, infarto pulmonar). Diminuição ou
desaparecimento: derrame pleural, espessamento da pleura,
no pneumotórax, enfisema pulmonar.
PERCURSSÃO
Esta técnica baseia-se no princípio de que ao se golpear um ponto qualquer do corpo, originam-se
vibrações que tem características próprias quanto à intensidade, timbre, tonalidade, dependendo da
estrutura anatômica percutida. Observa-se não só o som obtido, mas também a resistência oferecida
pela região golpeada. Técnicas utilizadas:
PERCUSSÃO DIRETA: dedos fletidos na tentativa de imitar o martelo, os movimentos são feitos pela
articulação do punho. Golpe seco e rápido. Utilizado na precursão de tórax do lactente e das regiões
sinusais.
PERCUSSÃO DIGITODIGITAL (MAIS UTILIZADA): golpeando-se com a borda ungueal do dedo médio ou
indicador da mão direita a superfície dorsal da segunda falange do dedo médio ou indicador da mão
esquerda. Movimento apenas do punho. Apenas um dedo toca a região a ser examinada. Dois golpes
seguidos, secos e rápidos.
PUNHO-PERCUSSÃO: mantendo a mão fechada, goleia-se com a borda cubital a região a ser examinada.
Avaliar a sensação de dor.
PERCUSSÃO COM A BORDA DA MÃO: dedos estendidos e unidos. Golpeia-se a região examinada com a
borda ulnar. Observar se a manobra provoca sensação de dor.
PERCUSSÃO TIPO PIPAROTE: exame do abdome. Captar ondas líquidas chocando-se contra a parede
abdominal. Usada na pesquisa de ascite.
Quanto aos cuidados a serem tomados e orientações a serem seguidas: durante a percussão da face
anterior e lateral o paciente deve estar sentado ou deitado; da face posterior o paciente deve estar
sentado. Ao longo da percussão digito digital, avaliar o ruído gerado e a resistência oferecida ao dedo
do examinador. Sempre fazer uma relação entre: macicez e maior resistência; hipersonoridade ou
timpanismo e menor resistência.
Iniciar na face anterior, depois nas laterais e por último na posterior. Sempre comparando as regiões
simétricas. Na área de projeção do coração, fígado e baço: som maciço ou submaciço. Na área de
projeção do fundo do estômago – espaço de Traube: som timpânico, semelhante à de um tambor.
Nas demais regiões: sonoridade pulmonar, ou som claro pulmonar, também denominado som claro
atimpânico. Este som não é igual em todo o tórax: nas faces anterior e laterais a sonoridade é mais
intensa que na posterior; e no ápice direito, o som é um pouco mais claro do que o esquerdo; e nas
bases o som é menos intenso do que no restante do tórax.

ALTERAÇÕES NA PERCUSSÃO DO TÓRAX


HIPERSONORIDADE PULMONAR: indica aumento de ar nos alvéolos pulmonares (exemplo: enfisema
pulmonar).
SUBMACICEZ E MACICEZ: indicam redução ou ausência de ar nos alvéolos pulmonares (exemplo:
derrame pleural, pneumonia, neoplasias).
SOM TIMPÂNICO: indica ar aprisionado no espaço pleural (pneumotórax) ou grande cavidade
intrapulmonar (caverna tuberculosa). Som semelhante ao do espaço de Traube.
Sempre considerar os antecedentes pessoas e familiares do paciente, assim como os hábitos de vida e
qual condição sociocultural e econômica em que se enquadra. Isso pois, estes fatores podem ter
influência direta no caso clínico.

SEMIOLOGIA DO SISTEMA
MUSCULOESQUELÉTICO

EXAME FÍSICO MUSCULOESQUELÉTICO

O exame físico é a habilidade de examinar de forma completa e acurada, conseguindo assim devolver
um diagnóstico preciso. Este processo envolve os seguintes quesitos: história clínica, inspeção,
palpação, exame estrutural, movimentos ativos/passivos, teste de força muscular, exame neurológico
e teste especiais.
INSPEÇÃO : começa no momento que o paciente entra no seu raio de visão, devendo ser observado o
grau de incapacidade, posturas adotadas e trocas de posturas (ortostatismo – em pé, sentado e
deitado), marcha, assimetrias, trofismo muscular (hipotrofia, hipertrofia, atrofia).
MOBILIDADE ARTICULAR ATIVA: movimentos realizados ativamente que favorecem o examinador
avaliar estruturas contrateis e não-contrateis. Avalia a quantidade e qualidade do movimento.
MOBILIDADE ARTICULAR PASSIVA: movimentos realizados pelo examinador, que favorecem avaliar
o estado de estruturas não-contrateis. São movimentos fisiológicos e amplos.
PTESTE DE FORÇA MUSCULAR (KENDALL): teste objetivo e eficaz para classificar força muscular ao
invés de classificar como forte ou fraca.

EXAME FÍSICO DO PESCOÇO

Morfologicamente, o pescoço apresenta formato cilíndrico e comprimento variado, pois depende


muito do biótipo da pessoa. Quanto a sua posição, normalmente vertical. Entretanto, pode ocorrer
inclinações por contraturas (torcicolo e distonias), paralisias musculares ou processos meníngeos
(contraturas dos músculos posteriores do pescoço que provocam rigidez de nuca – sinal propedêutico
importante).
TIREOIDE

Geralmente não é visível, exceto em indivíduos muito magros. O aumento desta glândula pode ser
difuso (Doença de Basedow-Graves) ou nodular (Bócio adenomatoso), sendo acompanhada de sinais
flogísticos (tireoidites) e batimentos arteriais exagerados (hipertireoidismo).

PALPAÇÃO

Durante a palpação do pescoço, deve-se observar a forma, consistência, sensibilidade e mobilidade.


Sendo assim, o exame se inicia com os polegares afastando o músculo esternocleidomastoide, para
que seja possível apalpar o lobo direito e esquerdo, alternadamente. O paciente pode ficar em pé ou
sentado.

LARINGE
Na posição supina, a laringe é visível e palpável na região mediana do pescoço. Entretanto, pode
desviar-se lateralmente nos processos tumorais do pescoço e mediastino, assim como em afecções
retráteis dos pulmões.

JUGULAR
Normalmente visíveis em posição supina, desaparecendo com elevação de decúbito em 30° ou mais.
A turgência (ou estase) jugular pode ser uni ou bilateral, deparando-se com os seguintes fatores:
UNILATERAL : obstrução de tronco braquiocefálico homolateral (D ou E), com abaulamento da fossa
supraclavicular correspondente, sem pulso venoso.
BILATERAL : obstrução de veia cava superior, acompanhada de edema e cianose de face e pescoço,
sem pulso venoso.
FUNÇÃO MUSCULAR DO PESCOÇO

TROFISMO MUSCULAR : é a variação da secção transversa do músculo, podendo afirmar que o


paciente apresenta: HIPERTROFIA: aumento da secção transversa do músculo acima de um padrão
referencial inicial; HIPOTROFIA : diminuição da secção transversa do músculo abaixo de um padrão
referencial inicial; ATROFIA : ausência de trofismo muscular; comum em pacientes acamados em UTIs.
TÔNUS MUSCULAR: é o estado de relativa tensão em que se encontra permanentemente um músculo
normal em repouso. Esta tensão pode ser classifica em: HIPERTONIA, HIPOTONIA E ATONIA .
EXAME FÍSICO DA COLUNA VERTEBRAL

A coluna vertebral possui três importantes funções, sendo elas: dar suporte e estabilidade à cabeça;
suas superfícies articulares permitem um grau maior de movimentação à cabeça; proteger não só a
medula espinhal, como também as artérias vertebrais. Sabendo disso, a análise da coluna cervical se
inicia quando o paciente entra na sala. Deve-se avaliar: postura; atitude da cabeça; fisionomia
(demonstra presença de dor); gestual ao tirar a camisa, etc.

CINÉTICA CERVICAL E TRONCO

FL E X Ã O – E X T E N SÃ O – H IP E R E X T E N SÃ O – I N C L IN A Ç Ã O – R O T A Ç Ã O – C IR C U N D U N Ç Ã O

ESTABILIZADORES DINÂMICOS

AVALIAÇÃO FUNCIONAL

Primeiramente, é importante saber quais estruturas estão relacionadas com a coluna cervical. As
estruturas são: corpos vertebrais, estabilizadores estáticos e dinâmicos, artérias e veias
(vascularização), nervosos e fibras nervosas (sistema nervoso).

ETAPAS DA AVALIAÇÃO

FLEXÃO DO PESCOÇO: colocar o paciente em decúbito dorsal e, com os ombros relaxados, estabilizar a
parte inferior do tórax do mesmo pedindo para ele flexionar a coluna. A resistência será aplicada na
testa; o músculo avaliado será o esternocleidomastoide.
EXTENSÃO DO PESCOÇO: colocar o paciente em decúbito ventral e, com o pescoço em flexão,
estabilizar a área torácica superior e as escapulas do mesmo. Após isso, pedir para ele estender a
coluna cervical através da amplitude do movimento. A resistência será dada sobre a região occipital.

FLEXÃO DO TRONCO: colocar o paciente em decúbito dorsal com as mãos atrás do pescoço. Feito isso,
estabilizar as extremidades inferiores e pedir para o mesmo flexionar o tronco. Se os membros
abdominais forem fracos, a ação inversa dos flexores do quadril pode causar lordose lombar (nesse
caso os quadris e joelhos do paciente podem desenvolver lordose lombar).

ROTAÇÃO DO TRONCO: colocar o paciente em decúbito dorsal com as mãos atrás do pescoço. Feito
isso, estabilizar as extremidades inferiores e pedir para o mesmo flexionar o tronco e rodá-lo para um
dos lados. Depois repetir para o lado oposto. Durante todos os movimentos da avaliação, observar
qualquer desvio do umbigo, o qual se deslocará para o quadrante mais forte caso haja alguma
diferença na força dos membros inferiores oblíquos. A vibração da caixa torácica denota fraqueza dos
oblíquos externos.

EXTENSÃO DO TRONCO: colocar o paciente de cúbito ventral com um travesseiro debaixo do abdome a
fim de conseguir maior amplitude de movimento e conforto para o mesmo. Após isso, estabilizar a
pelve e pedir para o paciente estende a coluna lombar até que a parte caudal do tórax se afasta da
mesa (é importante que o examinador mantenha seus braços e ombros afastados da mesa para não
interferir ou impedir completa extensão do tronco). A resistência é aplicada sobre a porção caudal da
área torácica. As provas para a extensão do pescoço devem preceder aquelas para a extensão do
tronco.
SINAIS DE COMPRESSÃO RADICULAR E IRRITAÇÃO MENÍNGEA

SINAL DE KERNIG: indicativo de meningite. O exame consiste no despertar de uma contractura


dolorosa da região lombar, quando se faz a flexão da coxa sobre a bacia com a perna em extensão.

SINAL DE BRUDZINSKY: flexão involuntária da perna sobre a coxa, e desta sobre a bacia ao tentar
fletir a cabeça do paciente. Crianças de até nove meses poderão não apresentar os sinais clássicos de
irritação meníngea.

RIGIDEZ NA NUCA: sinal típico do “meningismo”.

ESCOLIOSE

A escoliose é um desvio lateral da coluna, podendo ser estrutural ou


funcional. Além disso, devido a presença da rotação do corpo vertebral e,
consequentemente, rotação também do arco costal, ocorre a formação da
giba (visível no teste de flexão da coluna). A escoliose congênita
manifesta-se na fase do “estirão” do movimento, evento marcado durante
os dois anos, cinco anos, puberdade e adolescência.
A principal característica da escoliose é a perda da flexibilidade da
coluna (não há retificação). Quanto as alterações morfológicas, a rotação
do corpo da vértebra fica para o lado convexo e o processo espinhoso para
o lado côncavo. Na região torácica observa-se uma rotação das costelas
do lado convexo da escoliose, formando assim uma proeminência ou uma
giba (visível na radiografia, lado do corpo vertebral mais alto) costal. O
teste para verificar a escoliose é o exame físico de flexão do tronco.
As causas mais comum desta deformidade são: doenças mesenquimais (p.
ex. gigantismo); doenças musculares (p. ex. poliomielite, paraplegia,
paralisia cerebral); neurofibromatose (tumores nos nervos); problemas
idiopáticos; problemas congênitos (vértebra em forma de cunha, falha na
segmentação da coluna vertebral, espinha bífida, união congênita das
costelas); tumores ósseos; hérnia de disco; doença de Paget (osteogênese
imperfeita); alterações no metabolismo ósseo (raquitismo, déficit no
paratormônio e calcitonina); enfermidades reumáticas (espondilite anquilosante, artrite reumática);
etc.
A quantificação das escolioses ocorre a partir do método de COBB, que consiste no calcular o ângulo
da curvatura escoliótica. Esse método consiste em traçar uma linha na margem superior da primeira
vértebra desviada e uma linha na margem inferior da última. Caso a angulação seja acima de 45
graus, já há indicações cirúrgicas.

GRAU CLASSIFICAÇÃO
0 a 10° ESCOLIOSE FISIOLÓGICA
10 a 20° ESCOLIOSE GRUPO I
21 a 30° ESCOLIOSE GRUPO II
31 a 50° ESCOLIOSE GRUPO III
51 a 75° ESCOLIOSE GRUPO IV
76 a 100° ESCOLIOSE GRUPO V
101 a 125° ESCOLIOSE GRUPO VI
Acima de
ESCOLIOSE GRUPO VII
126°

HÉRNIA DE DISCO
Está diretamente relacionada a um problema
com um disco cartilaginoso entre as vértebras.
Tal problema ocorre quando o núcleo gelatinoso
de um disco vertebral se desloca por uma
abertura no invólucro exterior mais rígido.
Além disso, importante saber que os ligamentos
longitudinais dão suporte para o disco
intervertebral; e que através do forame
intervertebral (ou forame de conjugação) saem
as raízes sensitivas e motoras para a formação
do nervo espinhal.
ÂNULO FIBROSO: possui camadas internas e externas, sendo que a região anterior é mais grossa e a
posterior é a mais fina, tendo como função de resistência, elasticidade e amortecedora.
NÚCLEO PULPOSO: localiza-se no centro do ânulo, exceto nos discos da região lombar, onde se
localiza mais posteriormente.
Vale ressaltar que esta deformação está relacionada com os seguintes fatores: obesidade; idade
(diminuição de concentração de água e proteoglicanos, elementos fundamentais para a hidratação dos
discos); degeneração; postura incorreta; deformidades posturais; fatores biomecânicos (movimentos
bruscos e repetitivos em regiões de maior movimento).
O teste indicado para a verificação da hérnia de disco é o “Teste de Elevação da Perna Estendida –
TEPE” (também chamado de Sinal de Laségue).
ESTENOSES LOMBARES
É o estreitamento do canal vertebral, radicular ou forame intervertebral, levando a compressão de
raízes nervosas. Geralmente está relacionada com as doenças degenerativas, sobretudo quando ocorre
osteófitos no corpo da vértebra e degeneração das facetas.
Quanto a classificação da estenose lombar, ela pode ser de caráter congênita (idiopática ou
acondroplasia - mal desenvolvimento da cartilagem) ou adquirida (degenerativa; espondilolistese;
doenças metabólicas; doenças iatrogênicas; traumas).
O quadro clínico consiste em dores irradiadas; diminuição da mobilidade articular; síndrome da
cauda equina (pode levar a uma paresia ou paralisia dos membros inferiores, além das alterações das
funções viscerais pélvicas); claudições neurológicas (caracterizada pelo aumento das dores dos
membros inferiores durante a marcha); alterações dos reflexos; sinal de Lásegue positivo;
movimentos limitados pela dor; rigidez matina; espasmo muscular (pode levar a um desvio lombar).

PROPEDÊUTICA DOS MEMBROS SUPERIORES

LUXAÇÃO
É o deslocamento repentino e duradouro, parcial ou
completo de um ou mais ossos constituintes de uma
articulação. Sucede quando uma força incide direta (trauma)
ou indiretamente em uma articulação, deslocando o osso
para uma posição anormal.
IMPORTANTE: toda articulação é suscetível a sofrer uma
luxação; sendo o ombro a estrutura mais comum de ocorrer.
IMPORTANTE : considera-se também a luxação como perda da
congruência articular.
IMPORTANTE : a luxação no joelho necessita-se de um
manuseio mais delicado, pois se não for conduzido
adequadamente pode ter sequelas. Dependendo da região de
alguns casos, mesmo executando os procedimentos de forma
minuciosa pode conter sequelas.

ENTORSE
É a perda momentânea da congruência articular de uma articulação. Pode ser definida como uma
lesão traumática de uma articulação, com alongamento, arrancamento ou rotura de um ou mais
ligamentos, sem deslocamento das superfícies articulares.
De maneira mais simples, a entorse é uma luxação em menor grau. Isso pois, por envolver lesões de
ligamentos, musculatura ou patês moles, pode causar uma luxação de forma secundária.

LESÕES TENDÍNEAS
As lesões tendíneas são conhecidas por tendinopatias (doenças do tendão). Dentre os tipos de lesões
tendíneas, tem-se: TENOSSINOVITE (inflamação da bainha de sinovial que envolve o tendão);
PARATENDINITE (inflamação e espessamento da bainha paratendão dos tendões que não tem bainha
sinovial); TENDINITE (inflamação dos tendões); ENDINOSES (degeneração do tendão devido a atrofia
(envelhecimento, microtrauma, comprometimento vascular).

LESÕES MUSCULARES
São lesões ou problemas que ocorrem nos músculos. Podem ser do tipo: CONTRATURAS : falência do
músculo em relaxar, ocasionado por fadiga (acúmulo de ácido lático). Inabilidade em produzir
contração e relaxamento máximos; ESPAMOS MUSCULARES: contração muscular reflexa que pode
acompanhar uma lesão; CONTUSÃO : força externa suficiente para causar dano as fibras musculares.

OMBRO
A articulação do ombro é a maior e mais complexa do corpo humano, possui características como
cavidade glenóide rasa e pouca coaptação com a cabeça do úmero. Apresentam a possibilidade de
alcançar amplitudes que nenhuma outra articulação é capaz de
alcançar.
CINÉTICA DO OMBRO: flexão, extensão, adução (pro meio),
abdução (para fora), rotação interna, rotação externa.
O ombro é uma articulação tipo esferoide e sinovial, possuindo
movimentos nos três planos: sagital, frontal e transverso. Fazem
parte dessa articulação os ossos: úmero, escápula e clavícula.
Existem 4 tipos de articulações: esternoclavicular (liga todo o
ombro com o corpo), acromioclavicular, glenoumeral e
escapulotorácica.
ARTICULAÇÃO GLENOUMERAL: é formada pela cabeça do úmero e
a cavidade glenóide; possui quatro liberdades de movimento e pouca estabilidade óssea. Vale
ressaltar que o lábio glenoidal é um anel formado por
fibrocartilagem, que circunda toda a cavidade glenóide. Ou seja, o
anel faz com que a articulação tenha um pouco mais de
congruência. Então, quando luxa o ombro, pode romper esse lábio
causando o deslocamento do ombro para fora.
MANGUITO ROTADOR : é um grupo muscular formado por quatro
músculos, o m. supraespinhal (colabora com os movimentos de
abdução, rotação lateral e depressão ombro); m. infra-espinhal
(realiza a rotação lateral), m. redondo menor (também realiza a
rotação lateral) e m. subescapular (é o único rotador medial).

EXAME MUSCULAR DO OMBRO


ELEVAÇÃO : a elevação irá avaliar dois músculos, que são o m.trapézio e o m.elevador da escápula.
Primeiro, posicionar o paciente sentado, com os braços relaxados ao lado do corpo. Após isso,
solicite para que ele levante os ombros o mais alto possível. A resistência é aplicada para baixo, na
parte superior dos ombros.

FLEXÃO DO OMBRO : a flexão do ombro irá avaliar o músculo deltoide (porção anterior) e o músculo
coracobraquial. Primeiro, posicionar o paciente sentado, com o braço ao lado do corpo e cotovelo
ligeiramente fletido para prevenir que a rotação lateral não substituída pelo bíceps. Após isso, o
paciente deve flexionar o cotovelo em 90o , sem rotação. A resistência é aplicada acima da
articulação do cotovelo.

EXTENSÃO DO OMBRO: a extensão do ombro irá avaliar o músculo grande dorsal/latíssimo do dorso,
músculo redondo maior e porção posterior do músculo deltoide. Primeiro, posicione o paciente em pé
e mantenha uma mão estabilizadora sobre o acrômio. A outra mão irá executar a resistência na face
posterior do cotovelo. Pedir que o paciente flete o cotovelo e estenda o braço devagar para trás,
aumentando gradualmente a pressão de modo a determinar a resistência máxima que ele pode superar.
ABDUÇÃO : a abdução do ombro irá avaliar a porção média do músculo deltoide e o músculo
supraespinhal. Primeiro, posicione o paciente em pé e mantenha uma mão estabilizadora sobre o
acrômio. A outra mão irá aplicar a resistência na face postero-lateral do úmero. Pedir que o paciente
abduze o braço, aumentando gradualmente a pressão de modo a determinar a resistência máxima que
ele pode superar.

ROTAÇÃO EXTERNA: a rotação externa do ombro irá avaliar o músculo infra-espinhal e o músculo
redondo menor. Primeiro, posicione o paciente em pé e solicite-o que faça uma flexão de cotovelo à
90o (posição neutra). Após isso, estabilize a extremidade do ombro mantendo o cotovelo fletido de
encontro à cintura. Assim, aplique a resistência voltada para o punho do paciente. Oriente o paciente
de modo a rodar o braço para fora. E, por fim, enquanto ele faz a rotação externa, aumente
gradativamente a resistência até onde conseguir suportar.

ROTAÇÃO INTERNA: a rotação interna do ombro irá avaliar o músculo subescapular, músculo peitoral
maior, músculo grande dorsal e músculo redondo maior. Primeiro, posicione o paciente em pé e
oriente-o a manter o cotovelo fletido à 90o. Enquanto isso, mantenha o seu braço fixado através da
compressão do cotovelo de encontro à cintura. Mantenha a mão estabilizadora próxima ao punho do
paciente e peça a ele para que rode, gradativamente, o braço à frente do corpo. Simultaneamente ao
processo anterior, vá aumentando aos poucos a resistência.
RETRAÇÃO DA ESCÁPULA: a retração da escápula irá avaliar os músculos romboides maior e menor.
Primeiro, posicione o paciente em pé e ponha-se à frente dele. Depois, coloque as suas mãos sobre os
ombros do indivíduo, tendo as palmas voltadas para o acrômio. Após isso, solicite que o paciente
desloque os ombros para trás (retração máxima), enquanto é feito o movimento oposto.

LESÃO DA CABEÇA LONGA DO BÍCEPS: ruptura de tendão da cabeça longa do músculo bíceps braquial.
Esta lesão normalmente é causada pela pegada desajeitada de seu parceiro de ginástica. O aumento de
volume do músculo (Sinal do Popeye) é acompanhado pela perda completa da função da cabeça
longa.

TESTES ESPECIAIS PARA AVALIAÇÃO O OMBRO


QUEDA DE BRAÇO: teste realizado para verificar se há ruptura dos tendões do manguito rotador.
Primeiro, o examinador abduz o braço do paciente à 90o (mantendo o cotovelo estendido), e depois
pede para abaixá-lo lentamente. O exame terá saldo positivo caso o indivíduo não sinta dor na região
do ombro.
TESTE JOBE: teste realizado para verificar como está o manguito rotador, assim como a presença de
tendinite do músculo supra-espinhal. Primeiro, oferecer resistência na extremidade distal do membro
superior do paciente, e solicitar ao mesmo para que faça a abdução com rotação medial do ombro
contra a sua resistência. Observar se apresenta ou não dor na angulação de até 45o do movimento. Se
o paciente sentir dor, o teste deu positivo para tendinopatia do supra- espinhal.
TESTE DO BOTÃO SUBACROMIAL: teste realizado para verificar se há inflamação da bursa subacromial.
Com o paciente sentado, aplicar pressão à bolsa subacromial, estando o mesmo com o segmento em
extensão e com rotação lateral. Caso haja sintoma de dor, confirma-se o teste.
TESTE DE YERGASON: teste realizado para verificar se há tendinite do bíceps e estabilidade no seu
sulco bicipital, os quais normalmente são ocasionados por lesão do ligamento transverso da cabeça do
úmero. Pois bem, com paciente sentado ou de pé, manter o cotovelo do mesmo fletido à 90o fixando-
o com uma das mãos. Utilizando a mão livre, fazer uma rotação externa até encontrar resistência.
Simultaneamente, puxe o cotovelo para baixo. Se o tendão estiver instável, o paciente sentirá dor.
TESTE DA GAVETA ANTERIOR: teste realizado para verificar se há luxação anterior do ombro.
Posicionar o paciente na posição supina, e manter a mão do mesmo próximo a axila do examinador.
Com a sua mão oposta, pegar a escápula posterior com os seus dedos e colocar o seu polegar sobre o
processo coracóide. Usando o braço que está segurando a mão do paciente, pegar a face posterior do
braço do indivíduo e puxar o úmero para a frente. Tentar mover o úmero para frente. Enquanto
estabiliza a escápula, colocar à prova a integridade da porção anterior do manguito rotador, o qual
segura o úmero dentro da cavidade glenóide. Uma quantidade anormal de movimento e/ou um
estalido em comparação com o lado normal, são indicadores de uma instabilidade anterior da
articulação glenoumeral.
TESTE GAVETA POSTERIOR: teste realizado para verificar se há luxação posterior do ombro. Primeiro,
posicionar o paciente na posição supina. Depois, pegue o antebraço do mesmo e flexione o cotovelo,
até sentir que está flexionando também o ombro. Com a sua mão oposta, estabilize a escápula com os
seus dedos indicador e médio sobre a espinha da escápula; o polegar fica em cima do processo
coracóide. Feito isso, deve-se rodar o antebraço internamente e flexionar o ombro para frente.
Tirando o seu polegar de cima do processo coracóide, force o úmero posteriormente. Nesta etapa,
você está tentando luxar o ombro na fase posterior, tencionando o manguito rotador e a cápsula
articular. Caso haja dor localizada e/ou olhar de apreensão, sinal de um teste positivo. (Tal teste
força o manguito rotador e a cápsula posterior da articulação).
TESTE DE APREENSÃO: teste realizado para verificar se há estabilidade da articulação glenoumeral.
Posicionar o paciente sentado, abduzindo o seu ombro à 90° e dando início a rotação lateral do
ombro. Caso o indivíduo sentir “medo” ou apreensão de uma luxação, considera-se o teste positivo.

COTOVELO
O cotovelo possui importante função de ligação com o ombro e a mão (versatilidade e agilidade). É
inerentemente forte e estável, embora apresente uma relação interna de suas superfícies articulares
frágeis e restrições ligamentares. Sua estabilidade permite poucos ajustes compensatórios.
Está constantemente propenso a lesões por esforço repetitivo, p. ex. tenistas, digitadores, etc. Tem
cápsula articular fina e forte, reforçada por ligamentos mediais e laterais. As imobilizações
prolongadas podem resultar em tecido cicatricial espesso, semelhante à contraturas de flexão do
cotovelo.
CINÉTICA DO COTOVELO: extensão e flexão.
ARTICULAÇÕES : o complexo do cotovelo apresenta 3 articulações: umeroulnar (articulação da ulna
proximal com a tróclea do úmero), umerorradial (formada entre o capítulo do úmero e a cabeça
côncava do rádio. Essa articulação permite que cotovelo flexione e estenda e o rádio rode.) e
radioulnar proximal (formada entre a periferia da cabeça radial e incisura da ulna).
MEMBRANA INTERÓSSEA: a membrana interóssea está localizada entre o rádio e a ulna. Sua função é
ajudar a distribuir as forças por todo o antebraço e proporcionar inserção muscular .
LIGAMENTOS : os dois ligamentos em destaque para o cotovelo são: LIGAMENTO COLATERAL MEDIAL
(ULNAR): estende-se do epicôndilo medial até a ulna medial e apresenta forma de leque. É
considerado o ligamento mais importante do cotovelo, uma vez que fornece estabilidade contra o
estresse, não deixando que ocorra algum evento de desencaixe entre o rádio, ulna e cotovelo;
LIGAMENTO COLATERAL LATERAL (RADIAL): na verdade, é um complexo que consiste na soma do
ligamento anular, ligamento colateral acessório e ligamento colateral lateral.
EXAME FÍSICO: nesta etapa, a primeira coisa a ser feita é a inspeção do cotovelo, observando com
atenção todas as regiões (lateral, anterior, posterior e medial). Alterações esqueléticas, aumento do
volume da articulação, atrofia muscular e cicatrizes, normalmente nota-se com facilidade.

IMPORTANTE : durante a inspeção lateral, o aumento da articulação e atrofia muscular sugerem sinal
de artrite séptica, reumatoide ou derrame articular. Já na região anterior, a determinação do ângulo de
carregamento é o ponto chave na análise. Para identificar este ângulo deve-se posicionar o antebraço
em supinação e o cotovelo em extensão. Vale lembrar que o ângulo de carregamento varia com a
raça, o sexo e a idade. Eventos como cúbito varo (cubitus varus) e cúbito valgo (cubitus valgus)
sinalizam sequelas, p. ex. traumatismo, alteração na placa de crescimento.

IMPORTANTE : VALGO é quando a articulação se alinha primeiro com o corpo e depois com a linha
média, ou seja, o cotovelo encontra-se para fora e as mãos mais próximas do corpo. VARO é quando
a parte distal se alinha primeiro com a linha média, fazendo com que o cotovelo fique mais próximo
do corpo. É NORMAL TER VALGO !
IMPORTANTE : durante a inspeção posterior, caso houver a presença de uma proeminência da ponta do
olécrano sugere-se luxação do cotovelo, perda de massa óssea úmero-ulnar ou articulação de Charcot.
Além disso, pode ocorrer da bursa olecraniana apresentar um aumento de tamanho, o que representa o
evento de bursite olecraniana inflamatória.

CINÉTICA DO COTOVELO

AVALIAÇÃO DE FORÇA MUSCULAR DO COTOVELO


Este tipo de avaliação envolve os movimentos de flexão, extensão, pronação e supinação. O exame é
realizado por meio da resistência aplicada no cotovelo, o qual deve estar em 90o de flexão e com o
antebraço em rotação neutra.
FLEXÃO : avaliada com o paciente em pé ou sentado, utilizar a maneira que lhe for mais confortável.
O examinador deverá manter o cotovelo junto ao tronco, colocando sua mão sobre a face volar do
antebraço em supinação. Deve-se examinar o lado contralateral de modo a obter dados comparativos.
Os principais músculos avaliados são o músculo braquial e bíceps.

EXTENSÃO : é realizada com o cotovelo junto ao tórax, e o antebraço em rotação neutra ou pronação.
A resistência à extensão deverá ser aplicada quando o cotovelo estiver em aproximadamente 90o de
flexão. O músculo avaliado é o tríceps.

SUPINAÇÃO : é realizada com o cotovelo junto ao tórax. A mão livre do examinador deve estar sobre o
dorso do terço distal do antebraço. Em seguida, o paciente deve iniciar o movimento de pronação
completa, enquanto o médico aumenta gradativamente a resistência à supinação.

PRONAÇÃO : é realizada com o cotovelo junto ao tórax. A mão livre do examinador deve estar sobre a
face volar do antebraço. Em seguida, o paciente inicia o movimento de supinação completa, enquanto
o médico aumenta gradativamente a resistência.
TESTE ESPECIAIS
TESTE DE COZEN: posicionar o paciente sentado, com o cotovelo fletido à 90o e punho pronado.
Utilizando uma das mãos, o terapeuta aplicará a resistência sobre o punho do paciente durante a
extensão. Caso haja dor no epicôndilo lateral, o teste para tendinite dos membros extensores será
positivo. Este relato é conhecido por “cotovelo de tenista”.
STRESS EM VARO : posicionar o paciente sentado, com o membro superior a ser avaliado totalmente
estendido. O úmero deve estar rotação externa e o antebraço em posição neutra. Em seguida, o
terapeuta aplicará um stress na parte medial do cotovelo. Caso o paciente sentir dor ou instabilidade
lateral, o teste dará positivo.
STRESS EM VALGO : posicionar o paciente sentado, com o membro superior a ser avaliado totalmente
estendido. O úmero deve estar rotação externa e o antebraço em posição neutra. Em seguida, o
terapeuta aplicará um stress na parte lateral no cotovelo. Caso o paciente sentir dor ou instabilidade
medial, o teste dará positivo.
COTOVELO DO GOLFISTA: posicionar o paciente sentado, com o cotovelo fletido à 90o, ombro em
posição neutra e punho supinado. Utilizando uma das mãos, o terapeuta aplicará a primeira
resistência durante o movimento de flexão do punho; e a segunda durante a extensão total do
cotovelo. Caso o paciente sentir dor no epicôndilo medial (cotovelo de golfista), o teste será positivo
para tendinite dos flexores do punho.
PUNHO
A integridade do punho é responsável pela boa função dos dedos. O limite anatômico do punho vai
desde o ponto em que o rádio distal começa a se alargar até as articulações carpometacárpicas.
Lesões no rádio distal, mesmo em casos de trauma extra-articular, são consideradas lesões de punho,
pois irá interferir diretamente na sua função. O exame físico do punho é focado principalmente na
avaliação de suas articulações, tais como: articulação radioulnar distal e articulação radiocarpal.

MOVIMENTOS DO PUNHO
TESTE DE PHALEN: usado para diagnosticar a síndrome do túnel do carpo. Manter os punhos na flexão
máxima por 1 minuto. Positivo quando sintomas de formigamento ou dormência são relatados na
região do nervo mediano, principalmente com mais frequência no dedo médio.
TESTE DE TÍNEL : posicionar o paciente sentado ou em pé, com o punho supinado e palma da mão
aberta. Em seguida, realizar a percussão com o seu indicador nas regiões do túnel do carpo e no túnel
de Gyon. No momento da percussão, se o paciente referir sensação de formigamento ou choque
irradiado para o 3° dedo será síndrome do túnel do carpo; e no 5o dedo será inflamação do túnel do
nervo ulnar.

PROPEDÊUTICA DOS MEMBROS INFERIORES


Ao estudar as estruturas dos membros inferiores a fim de realizar um bom exame físico, é de suma importância saber
as características morfológicas e funcionais dos principais músculos. Por exemplo, sabe-se que o músculo quadríceps
se localiza na porção anterior da perna, e, ao ser estendido, faz com que o joelho suba.

EXAME FÍSICO
Quando se realiza o exame físico dos membros inferiores, o valor da medida real e da medida
aparente é um dos erros mais frequentes. Isso porque, durante a análise deve-se considerar que a
medida real vai desde a espinha ilíaca antero-superior até o maléolo medial. Tal detalhe técnico, p.
ex., pode influenciar a avaliação de deformidades, uma
vez que esta envolve valores de comprimento, angulação
e desvio.
DEFORMIDADES NOS JOELHOS: é considerado uma
alteração de eixo dos membros inferiores, tendo como
consequência o formato varus ou valgus. Normalmente,
a estrutura desencadeadora do desvio é o joelho.
ALINHAMENTO : ao olhar lateralmente, o médico deve
avaliar o alinhamento relacionado a pelve, joelho e
maléolo. É considerado uma hiperextensão (genu
recurvatum) quando o maléolo está alinhando com o
quadril.
Na avaliação do tornozelo, deve observar a vista posterior desta estrutura, pois só assim é possível
verificar o seu alinhamento com o tendão calcâneo. Além disso, o tornozelo está diretamente
interligado com o manchar do indivíduo, visto que caso haja algum desvio ou anomalia, o pé sofrerá
reflexos no seu formato e movimento.

TESTES DE FORÇA

ADUÇÃO ABDUÇÃO EXTENSÃO FLEXÃO


SEMIOLOGIA PSIQUIÁTRICA
Uma boa avaliação, sob o ponto de vista da semiologia psiquiátrica, depende da qualidade na relação
entre o entrevistador e o paciente. Durante a entrevista, geralmente a porta da sala fica aberta por
motivos de segurança.
Em primeiro lugar, o entrevistador (seja enfermeiro, médico, etc.) deve deixar suas crenças, valores e
estados emocionais de lado. Além disso, formular perguntas com cuidado, estar atento com o tom de
voz e o posicionamento dos gestos, são pontos chaves para o acolhimento do paciente. Vale ressaltar
que, no decorrer da consulta, o comportamento e a postura do profissional irão definir o nível de
confiança que o paciente terá em todo o tratamento.
Posto isso, há casos em que o indivíduo será espontâneo ou forçado, sendo necessário o profissional
entrevistador perceber e captar as verdadeiras informações. O nível de qualidade da consulta está
suscetível a sofrer influências, sendo os seguintes fatores: ambiente, lugar, duração, disposição
espacial do paciente (emotivo, agressivo, cansado, irritado, etc.) e privacidade.

AVALIAÇÃO INICIAL

Qualquer tipo de avaliação, seja ela psiquiátrica ou área diversa, começa a partir do momento em que
o médico avista seu paciente (p. ex.: postura e expressão apresentada pelo indivíduo ao entrar na
sala, como o olhar caminha, higiene geral, etc.), pois essa percepção inicial indicará o grau
patológico em que se encontra o enfermo.
Primeiro, o médico deve escutar minunciosamente o paciente. Depois disso, é válido direcionar as
perguntas a fim de obter as informações que realmente colaboram para um diagnóstico preciso.
Importante adaptar a entrevista de acordo com as condições do paciente, assim como atentar-se ao
que será dito e de forma a afirmação será expressa, pois é crucial avaliar não somente as palavras que
foram ditas, mas também o pensamento dentro do contexto.
ANAMNESE PSIQUIÁTRICA

A anamnese psiquiátrica segue o mesmo padrão das demais áreas, tendo como estrutura avaliatória:
identificação, queixa principal, histórico da moléstia/doença atual, interrogatório sistemático,
antecedentes patológicos (pesquisar a história psiquiátrica previa), antecedentes familiares, hábitos
de vida, histórico psicossocial-econômico e exame físico.
HISTÓRIA CLÍNICA PSIQUIÁTRICA

Ao pesquisar e avaliar a história clínica psiquiátrica, deve-se atentar aos fatos antecedentes,
contextos/ocasiões e características pessoais do paciente - p. ex.: personalidade, preocupação
excessiva (ordem, limpeza, pontualidade, peso, beleza, etc.), estado de humor atual, capacidade de
expressar os sentimentos, nível de desconfiança, competitividade, negatividade, maneira como reage
sob pressão, entre outros.
EXAME PSÍQUICO

ASPECTO GERAL: costuma-se avaliar a aparência, psicomotricidade (comportamento, maneirismo,


velocidade, flexibilidade, atividade motora), situação da entrevista/interação (local, cooperação,
oposição, indiferença e negativismo), presença ou ausência de acatisia (incapacidade de ficar quieto).

NÍVEL DE CONSCIÊNCIA: quando se fala em “consciência”, inclui-se o nível de sonolência


(lentificação geral dos processos ideacionais, com predisposição para dormir), obnubilação da
consciência (diminuição da vigília e do foco), estupor (permanece em mutismo sem movimento),
delirium (há alteração cognitiva).
LINGUAGEM E PENSAMENTO: quanto a linguagem, avalia-se a espontaneidade da fala, o mutismo, se
ocorre defeito na verbalização (afasia, disartria, gagueira, rouquidão, etc.), velocidade da fala e da
verbalização do paciente durante a consulta, linguagem diminuída, fluxo lento (longas pausas entre
uma palavra e outra), prolixidade (fala muito), fluxo acelerada (fala com velocidade aumentada).
Quanto o pensamento, avalia-se a maneira como este é formulado e transmitido, ou seja,
circunstancialidade (fala/pensamento acaba com detalhes desnecessários), tangencialidade (objetivo
da fala/pensamento não foi obtido), perseveração (repte a mesma resposta para várias perguntas),
fuga de ideias (sempre na presença de pensamento acelerado), pensamento incoerente (perda de
associação e de lógica), bloqueio de pensamento (interrupção súbita da fala), neologismo (habito de
criar uma nova palavra), ecolalia (repete a mesma palavra inúmeras vezes). Além disso, nunca se
esquecer de investigar os conceitos emitidos pelo paciente e sua relação com a realidade (ansioso:
preocupação exagerada; depressivo: desamparo, suicida, frustrado, triste, humilhado; fóbico: medo).

SENSO E PERCEPÇÃO: avaliar as sensações e percepções do paciente (conversar consigo mesmo, rir
sem motivo, etc.), assim como se há despersonalização (se refere a sensação de estranheza, como se
seu corpo não lhe pertencesse ou fosse irreal), ilusão (percepção alterada, distorção da realidade) e
alucinação (percepção do meio externo totalmente ou parcialmente alterada).

AFETIVIDADE E HUMOR: avaliar se há flutuação de humor, expressão de sentimentos e controle de


afeto. Importante acompanhar manifestações que trazem riscos de autoagressividade ou
heteroagressividade, tal como: ideia de suicídio, projeto de homicídio ou qualquer tipo de agressão
voltada ao meio. É absolutamente errôneo alimentar a ira do paciente a fim de obter informações
quanto ao seu estado emocional. Para isso, é recomendado fazê-lo se expressar por meio de
perguntas, como por exemplo: Como está seus pensamentos? Já achou que sua vida não tinha mais
sentido? Já quis tirar sua própria vida? Já agrediu outra pessoa? Aconteceu outra situação parecida?
Este não é você, mas sim um momento pelo qual está passando.

ATENÇÃO E CONCENTRAÇÃO: observar se há capacidade de focalizar e manter a atenção em uma


única atividade (avaliar atenção vs. distração) frente aos estímulos externos ou internos. Indivíduos
com déficit de atenção/concentração tendem a apresentar problemas de cálculos simples,
incapacidade de assistir um filme do começo ao fim, dificuldades no trabalho, entre outros problemas

MEMÓRIA: nesta etapa, deve-se avaliar todos os tipos de memórias, senda elas a memória remota
(capacidade de relembrar eventos do passado), memória recente (capacidade de relembrar eventos dos
últimos dias) e memória imediata (capacidade de relembrar momentos que acabaram de acontecer).

ORIENTAÇÃO: de modo geral, o médico deve avaliar a orientação autopsíquica do paciente, a fim de
que exista um reconhecimento de si, de pessoas próximas ou do próprio entrevistador.

INCAPACIDADE COGNITIVA: este evento está diretamente relacionado com o desempenho intelectual
do paciente. Cada ocasião apresenta um nível de intelecto esperado ou que deveria ter atingido.

JUÍZO CÍRTICO DA REALIDADE: o termo “juízo crítico” refere-se a uma das mais importantes
capacidades que o cérebro nos oferece, sendo ela parte da inteligência analítica, da lucidez e do
autoconhecimento. Ou seja, é exatamente a partir deste ponto que o médico distinguirá se o paciente
consegue separar a realidade da fantasia.

OBS . Nunca se esquecer de direcionar as perguntas, principalmente em casos de depressão (Já


ocorreu tentativa de suicídio? Qual a frequência?), psicose e ansiedade (Já teve algum ataque de
pânico? Sintomas?).

SEMIOLOGIA NEUROLÓGICA
O estudo da semiologia do sistema nervoso é possível graças ao exame neurológico, que é dividido
em: anamnese; avaliação no nível de consciência; avaliação do estado mental e funções corticais
superiores; nervos cranianos; provas cerebelares; marcha e equilíbrio; sinais meningorradiculares;
força muscular; sensibilidade; reflexos profundos e superficiais.
ANAMNESE NEUROLÓGICA
Qualquer tipo de avaliação neurológica depende do estado psíquicoemocional em que se encontra o
paciente. Sabendo disso, ressalta-se que haverá dificuldade na entrevista quando o indivíduo
apresentar prejuízo cognitivo e/ou neurológico, pois a comunicação de forma ampla será impedida. A
presença e o relato de acompanhantes ou testemunhas são importantes.
Para as ocorrências descritas na anamnese iremos considerar um padrão de evolução, o qual
classifica-se em: início (minutos/horas vs. meses/anos); súbita (traumatismo, distúrbios vasculares,
etc.) ou progressiva (doença degenerativa ou neoplásica); elementos precipitantes, agravantes,
aliviantes ou trauma de fatos anteriores; evolução da moléstia (caráter progressivo, surtos e
remissões).
OBS. Sempre considerar os antecedentes pessoais (infância: condições pré-natais, parto,
desenvolvimento neuropsicomotor, carteira de vacinação, etc; vida adulta: traumatismos, parasitoses,
ISTs, moléstia dos aparelhos, cirurgias, hábitos alimentares, vícios, alergias, intoxicações, atividade
profissional) e familiares (doenças musculares, patologias degenerativas do sistema nervoso,
consanguinidade dos pais, religião da família, alcoolismo, drogas, problemas metabólicos, etc).

QUEIXAS MAIS COMUNS EM UMA ANAMNESE NEUROLÓGICA

DISTÚRBIOS DA CONSCIÊNCIA

VÍGILIA: pode estar afetada em diferentes níveis: obnubilação (estado de alerta comprometido de
forma discreta); sonolência (paciente é facilmente despertado, mas volta a dormir); torpor ou estupor
(paciente é despertado por estímulos mais vigorosos, realizando, consequentemente, movimentos
espontâneos – p. ex.: acordar assustado com as mãos posicionadas); coma (mesmo com estímulos, o
paciente não acorda, nem apresenta movimentos espontâneos).
DELIRIUM OU CONFUSÃO MENTAL: distúrbio caracterizado pela ausência de clareza nos
pensamentos, tendo perda na orientação temporoespacial e na atenção/concentração. Tal advento é
classificado em: hiperativo (o paciente apresenta-se em estado hiperalerta, ou seja, com atividade
psicomotora acelerada, agitado, agressivo, podendo desenvolver inclusive alucinações); hipoativo (o
paciente apresenta-se em estado de hipoalerta, onde a letargia domina suas atividades psicomotoras);
misto (no decorrer do mesmo dia o paciente apresenta episódios com características hiperativas e
hipoativos).

PARALISIAS E PARESTESIA
A paralisia é a disfunção ou interrupção dos movimentos (tal déficit motor pode ter origem tanto do
sistema nervoso central quanto do periférico) de um ou mais membros, sejam eles superiores e/ou
inferiores. Conforme o grau do comprometimento fala-se em paralisia ou paresia, uma vez que este
último se refere quando o movimento está apenas limitado ou fraco. Já a parestesia é a sensação de
formigamento, geralmente temporária, ocorrendo muitas vezes nos braços, nas mãos, nas pernas ou
nos pés. Não apresenta causa necessariamente patológica, visto que pode ser desencadeada por uma
simples restrição de fluxo sanguíneo para parte do corpo, usar sapatos apertados, ficar sentado por
longos períodos, picada de insetos, entre outros.

CEFALEIA
Popularmente conhecida como “dor de cabeça”, a cefaleia pode iniciar de modo súbito ou gradual.
Dependendo do caso, a localização da dor será na região retro-ocular, região occipital, região frontal,
região hemicraniana ou holocraniana. Importante atentar-se para a irradiação de qualquer tipo de dor,
seja ela pulsátil, lancinante, constritiva ou “em queimação”. Além disso, sinais ou sintomas
secundários (náuseas, vômitos, sudorese, palidez, fotofobia) podem ser desencadeados devido a
elementos agravantes, tais como: esforços físicos, posições desconfortáveis, ruído, alta luminosidade,
stress, etc. O uso de analgésicos, realização de repouso e postura adequada ajudam no alívio da dor.
IMPORTANTE: caso apresente sintomas de cefaleia forte associada a febre, recomenda-se fazer o teste
de irritação meníngea. Fora isso, dificilmente será achado no exame físico a justificativa para a dor
de cabeça.

DOR
A dor pode ser classificada em três tipos, sendo elas: dor neurítica (surge a partir do território de um
ou mais nervo periférico, tendo como características a queimação, descargas elétricas, câimbras,
neuralgias de breve duração, sensação lancinante); dor radicular (origina-se devido a irritação da raiz
sensitiva raquidiana, tendo como característica a sensação lancinante. Agrava-se com o aumento da
pressão intracraniana e o estreitamento da raiz correspondente); dor central (é considerada uma dor
generalizada, visto que não apresenta topografia específica).

TONTURA E VERTIGEM
A tontura é um termo difícil de ser definido, sendo muitas vezes equivocadamente usado para
descrever sensações como desiquilíbrio, náuseas, hipotensão, fraquezas, visão dupla, turvação visual
ou mal-estar. Sendo assim, a tontura verdadeira é aquela que se apresenta como uma falsa sensação
de movimento próprio ou do ambiente, estando frequentemente associada a desiquilíbrio e/ou enjoos.
Quando a tontura é causada apenas por uma simples sensação de movimento rotatório, ou seja, parece
que tudo ao redor está girando, damos o nome de vertigem. Logo, conclui-se que a vertigem é o tipo
mais comum de tontura.
Além disso, sabe-se também que a tontura/vertigem compõem os seguintes dados: 40% das doenças
do aparelho vestibular (Doença de Meniere, Labirintite); 10% das lesões cerebrais (AVC); 15% dos
distúrbios psiquiátricos; 25% não são verdadeiras tonturas, mas sim pré-síncopes e desequilíbrios
(patologias cardiovasculares, hipotensão postural); e 10% são de origem indeterminada.
CRISES EPILÉTICAS
As crises epiléticas são manifestações neurológicas, que ocorrem devido às descargas bioelétricas
originadas em alguma área do cérebro. Tal disfunção pode ser classificada em: motora (tônico-
clônica); sensitivas (parestesias); psíquica (déja-vu); vegetativa (palpitações). Não obstante, é
possível depara-se com manifestações pós-crise (pós-ictal), como por exemplo: cefaleia, amnésia,
paresia, afasia, confusão mental, etc. Muito comum ocorrer a perda dos controles esfincterianos
durante uma crise epilética. Vale ressaltar que existe vários tipos de crises epiléticas, esta
nomenclatura utiliza-se de forma generalizada.
CONVULSÃO: movimentos musculares súbitos, involuntários e paroxísticos. Pode ocorrer em apenas
segmentos do corpo ou por completo.
CRISES PARCIAIS SIMPLES: afeta funções motoras, sensitivas, autônomas e psíquicas; consciência
preservada.
CRISES PARCIAIS COMPLEXAS: afeta funções motoras, sensitivas, autônomas e psíquicas;
consciência comprometida.
CRISES GENERALIZADAS: ocorrem quando as descargas afetam a maior parte do córtex cerebral, p.
ex.: tônico-clônica, mioclônicas, atônicas, espasmos infantis, tônicas, clônicas, etc. Além disso, pode
acontecer de ocorrer crises parciais com generalização secundária.

DISTÚRBIOS VISUAIS
AMAUROSE: é a perda (parcial ou total) da visão. Ou seja, amaurose é o termo técnico para
denominar a cegueira. Pode acometer um olho (unilateral) ou os dois olhos (bilateral). Ela pode
também se desenvolver de forma progressiva ao longo dos anos, de forma rápida em alguns dias ou
de forma súbita em poucas horas.
AMBLIOPIA: conhecida também por “olho vago” ou “olho preguiçoso”, a ambliopia é uma disfunção
oftálmica caracterizada pela diminuição da acuidade visual (uni ou bilateralmente), sem que o olho
afetado mostre qualquer anomalia estrutural. É a causa mais comum de deficiência visual em crianças
e adultos jovens e de meia idade. Causada por qualquer condição que interfira o foco ocular durante a
primeira infância. Isso pode ocorrer devido ao mau alinhamento dos olhos, astigmatismo, miopia,
hipermetropia, entre outros.
HEMIANOPSIA: caracterizada pela perda parcial ou completa da visão em uma das metades do campo
visual de um ou de ambos os olhos. Esta patologia é originada por uma lesão das vias visuais situadas
na parte da frente do cérebro (isto é, das fibras nervosas que ligam a retina ao córtex cerebral).
DIPLOPIA: as pessoas com diplopia não conseguem fundir as imagens de ambos os olhos numa única
imagem, criando a sensação de que se está enxergando dois objetos ao invés de um só. Vale
mencionar que a diplopia é também chamada de “visão dupla”.
DISTÚRBIOS AUDITIVOS
HIPOACUSAIA: é a redução/perda da capacidade auditiva (uni ou bilateralmente). Pode ser
classificada em graus: leve (perda auditiva entre os 20-40 decibéis); moderada (perda auditiva entre
40-70 decibéis); grave (perda auditiva entre 70-90 decibéis); profunda (perda auditiva > 90 decibéis).
ACUSIA: é a perda total da audição, ou seja, ausência da percepção de sons. Geralmente, causada
devido á insuficiência vertebrobasilar.
ZUMBIDO OU TINNITUS: percepção sonora incômoda que surge na forma de chiados. Pode ser leve,
ouvido somente durante o silêncio, ou ser intenso a ponto de persistir durante todo o dia.

MOVIMENTOS INVOLUNTÁRIOS
TREMOR: são movimentos involuntário-rítmicos, oscilantes, de qualquer parte do corpo, causados por
contrações alternadas de grupos musculares. O movimento pode estar presente em repouso (tremor de
repouso ou estático), aparente apenas na movimentação (tremor cinético ou de ação) ou em
determinada postura (tremor postural). É importante observar a posição em que o tremor aparece,
assim como sua frequência (quantas vezes o movimento se repete por minuto). Esses dados são
essenciais para analisar qual a causa do tremor e solicitar exames complementares para confirmá-la.
O tempo de instalação do tremor, a distribuição no corpo e outros achados na história e exame físico
também são valiosos.
DISTONIA: são contrações musculares sustentadas, causando abalos lentos, tremores, movimentos de
torção e posturas anormais. Ocorre a contração simultânea de músculos agonistas (que facilitam o
movimento desejado) e antagonistas (que dificultam o movimento desejado).
COREIA: é uma palavra de origem grega que significa dança. Os movimentos involuntários coreicos
têm início abrupto, explosivo, geralmente de curta duração, repetindo-se com intensidade e
topografia variáveis, assumindo caráter migratório e errático, o que faz parecer que o indivíduo está
realizando um tipo de dança ondulante.
ATETOSE: são movimentos involuntários mais lentos, sinuosos, frequentemente contínuos, lembrando
uma contorção, que envolvem predominantemente as extremidades.
MIOCLONIA: na verdade, o termo “mioclonia” descreve um sintoma. Não é diagnóstico de uma
doença, pois refere-se apenas a contrações repentinas, incontroláveis e involuntárias de um músculo
ou grupo de músculos. Os puxões mioclônicos, geralmente, resultam de contrações musculares
repentinas chamadas mioclonia positiva ou de um relaxamento muscular chamado mioclonia negativa.
BALISMO: são movimentos involuntários amplos, de início e fim abruptos, que levam a
deslocamentos bruscos, violentos, colocando em ação grandes massas musculares, assemelhando-se a
chutes ou arremessos. Em geral, o balismo ocorre apenas em um lado do corpo, sendo assim chamado
de hemibalismo.
TETANIA: é a ocorrência de contrações musculares involuntárias, que quase sempre se localizam nas
mãos e/ou nos pés. Entre as causas deste problema estão hipocalcemia (falta de cálcio no sangue),
excesso de fosfato (na proporção com o cálcio), doenças infecciosas, redução no funcionamento da
glândula paratireoide e baixa concentração de dióxido de carbono provocada por hiperventilação.

DISTÚRBIOS DA COMUNICAÇÃO
DISFONIA E AFONIA: dificuldade ou alteração na emissão natural da voz (p. ex.: rouquidão).

DISARTRIA: é considerada a dificuldade na articulação da linguagem  produzida. Isso ocorre devido


uma alteração cerebral ou nas fibras nervosas  que regulam a articulação e a produção da linguagem.
É considerado um tipo de dislalia orgânica.
DISLALIA: o desvio fonológico, anteriormente conhecido como dislalia, é  um problema da linguagem
oral, no qual ocorrem dificuldades na articulação, tornando a linguagem um tanto compreensível e
limitando a participação social.  O paciente com tal distúrbio não pode emitir de forma correta alguns
sons e, geralmente, faz substituições, transformações e omissões deles. O desvio fonológico não
possui causas orgânicas, o que o iguala à antiga dislalia funcional.
DISGLOSSIA: é uma dislalia orgânica produzida por alterações morfológicas que impedem ou
dificultam o uso normal da linguagem e a pronúncia correta. Um exemplo é encontrado em pessoas
com lábio leporino ou malformações faciais. Também  é considerado um tipo de dislalia orgânica.
DISFEMIA: também conhecido como gagueira, é um problema relativamente comum na infância,
embora em alguns casos seja crônico. O principal problema reside nas dificuldades na fluência com
que a fala ocorre, sendo enfatizada na presença de público. Em seu discurso, o sujeito  sofre
diferentes bloqueios que perturbam o ritmo usual da fala, seja abrupto no início da palavra, seja
vários pequenos espasmos ao longo de uma palavra/frase ou mesmo uma mistura de ambos. Eles
tendem a gerar grande ansiedade ao tentar falar corretamente e, às vezes, esquivam. A disfemia pode
ocorrer também devido a taquilalila (falar muito rápido).
TAQUIFEMIA: fala excessivamente rápido, a ponto de haver um  voo de palavras e erros contínuos. 

DISLEXIA E ALEXIA: é a dificuldade para a alfabetização, na qual o sujeito tem  dificuldade para
entender o que lê ou realizar a ação da leitura.  A dislexia pode ser superficial (na qual ocorrem
problemas ao ler as palavras globalmente), fonológica (na qual a pessoa tem dificuldade em ler, pois
não consegue associar a imagem da letra ao seu equivalente fonema) ou profunda (uma mistura das
duas anteriores, geralmente aparece ao lado de problemas semânticos).
HIPERLEXIA: problema caracterizado por  uma grande capacidade de leitura rápida, mas geralmente
com pouco entendimento e retenção do material lido.
DISGRAFIA E AGRAFIA: é entendida como a dificuldade de produzir linguagem escrita. Existem
problemas ao codificar e gerar letras, palavras ou frases. Existem problemas na capacidade de se
organizar no espaço da escrita, dificuldades de cópia, problemas motores ao nível do uso de lápis e
outras habilidades similares,  problemas para transferir pensamentos ou mensagens para a linguagem
escrita, soletrar, usar ortografia diferentes (maiúscula, minúscula, letra de forma, letra bastão), entre
outras. Seria o equivalente à dislexia, mas no nível da produção manual.
DISFASIA E AFASIA: qualquer tipo de alteração que resulte na perda ou dificuldade de produzir,
entender ou repetir a linguagem devido à existência de uma lesão cerebral (ou seja, tal capacidade já
havia sido adquira, mas com o advento da lesão passa a apresentar déficits). Dentro do grupo de
afasias, existem muitas variantes, que dependem da área lesada e do efeito que ela tem na
comunicação/linguagem. Os tipos de afasia são: motora ou verbal (lesão na área de Broca,
dificuldade na expressão); receptiva ou sensorial (lesão na área de Wernicke, dificuldade na
compreensão); global (lesão na área de Broca e Wernicke); condução (compreende, mas expressa com
dificuldade); amnéstica (não consegue nomear objetos); transcortical (dificuldade motora e sensitiva
da linguagem).
DESORTOGRAFIA: problema no qual o principal déficit ocorre ao escrever o conteúdo da mensagem.
Também chamado de “disgrafia disléxico”, pois ocorrem erros de gravação que afetam a plotagem
correta da ortografia.
GLOSOLALIA: é o uso de uma linguagem inventada pelo sujeito,  sendo incompreensível para os
ouvintes.
DISTÚRBIOS COGNITIVOS
AMNÉSIA: problema clínico que causa déficits importantes na hora de codificar, armazenar ou
recuperar informações de experiências já vividas.
DESORIENTAÇÃO TEMPOESPACIAL: de modo geral (normalmente em quadros psico-orgânicos),
ocorre quando três áreas encefálicas são comprometidas: lesões corticais difusas e amplas ou em
lesões bilaterais (p. ex. doença de Alzheimer); lesões mesotemporais do sistema límbico (p. ex.
Síndrome de Korsakoff); afecções do tronco cerebral e do sistema reticular ativador ascendente,
comprometendo o nível de consciência(p. ex. delirium e demais síndrome decorrentes de alteração do
estado de consciência).
DISTÚRBIOS DE GNOSIAS: gnosia é a capacidade que o cérebro tem para reconhecer, através dos
nossos sentidos, informações adquiridas anteriormente, tais como objetos, pessoas, lugares, etc.
Existem gnosias para cada um dos canais sensitivos e gnosias que realizam diferentes combinações
entre esses canais. Temos: gnosia visual (capacidade de assimilar informações relativas à imagem ou
fisionomia); gnosia auditiva (capacidade de reconhecer, de maneira auditiva, diversos sons); gnosia
olfativa (capacidade de reconhecer, através do olfato, diversos odores); gnosia gustativa (capacidade
de reconhecer, através das papilas gustativas, diversos sabores); gnosia complexa (aquela com mais
de um canal sensitivo, p. ex. capacidade de reconhecer o cheiro de pizza e representar mentalmente
seu formato). Portanto, caso ocorrer qualquer alteração ou distúrbio de determinada gnosia, o
reconhecimento correspondente será afetado.
AGNOSIA: é a incapacidade de reconhecer ou identificar objetos, mesmo apresentando as funções
sensoriais intactas (visão, audição, tato, olfato e paladar). Existem vários tipos de agnosia, tais como:
agnosia visual; agnosia auditiva; agnosia olfativa; agnosia gustativa; agnosia tátil; agnosia espacial
(dificuldade para se orientar e criar mapas mentais); agnosia corporal (problemas para identificar o
próprio corpo.); enteroagnosia (incapacidade de reconhecer objetos na mão quando suprimida a
visão); somatoagnosia (não reconhece o próprio corpo no espaço); prosopoagnosia (não reconhece
fisionomia alheia); autoprosopoagnosia (não reconhece a própria fisionomia).
DISTÚRBIOS DAS PRAXIAS: é a realização de um único movimento ou de um sistema deles que são
coordenados, intencionais e eficazes para alcançar um determinado objetivo. Portanto, caso ocorrer
qualquer lesão cerebral que afete a área motora, a praxia (ou seja, a movimentação em geral) sofrerá
incapacidades, descoordenações e limitações ao ser executada.
APRAXIA : é a dificuldade ou a impossibilidade de realizar corretamente movimentos voluntários que
já foram aprendidos antes; quase sempre em consequência de uma lesão cerebral. As apraxias têm
bastante impacto na realização das atividades de vida diária, por causa da dificuldade para manipular
objetos ou da expressão de gestos que visam à comunicação. Tipos de apraxias: ideomotora
(relacionada a uma alteração na produção de gestos após um comando verbal, ou seja, os indivíduos
sabem o que devem fazer, mas, quando têm que colocar o gesto em prática, não conseguem);
construtiva ( tem como base dificuldades visuoconstrutivas, ou seja, as pessoas com esse déficit
apresentam falhas para executar tarefas que exige habilidades visuais e planejamento motor, p. ex.
fazer um desenho ou uma construção tridimensional); reflexiva (refere-se à sequência de gestos não
conhecidos, como fazer uma série de gestos com as mãos. Pacientes com esse transtorno podem ter
dificuldade para fazer imitações e aprender movimentos novos, quando não reconhecidos como um
gesto com significado); bucolinguofacial (dificuldade em movimentos faciais, p. ex. pessoa não
consegue mostrar a língua ou fazer uma mímica/careta); ideatória (incapacidade de executar gestos
para uma ação desejada, p. ex. acender cigarro).

DISTÚRBIOS DO SONO
Existem diferentes tipos de distúrbio do sono, tais como: dificuldade para adormecer (insônia);
problemas para continuar dormindo (acordam muitas vezes durante a noite); parassonias (realização
de movimentos involuntários durante o sono); síndrome da perna inquieta; apneia do sono;
narcolepsia (distúrbio neurológico em que o cérebro se torna incapaz de controlar o ciclo de sono e
vigília, p. ex. pessoa pega no sono subitamente durante o dia).
NÍVEL DE CONSCIÊNCIA
A racionalidade é o que normalmente guia nossas decisões diárias. Entretanto, quando recebemos
informações dos sentidos, analisamos os fatos e tomamos decisões baseadas nessas informações,
estamos usando os níveis de consciência. Ou seja, a consciência é a capacidade do indivíduo de
entrar em contato com a realidade, perceber e conhecer os seus objetos. A partir do momento em que
o nível de consciência estiver aumentado, o parâmetro usado é o grau de vigilância.
Além disso, aprofundando um pouco sobre a temática, importante saber que o cérebro emite
minúsculos impulsos eletroquímicos e a maior ou menor frequência dessas pulsações ou ciclos é que
vai determinar o seu estado de consciência. Os quatro níveis de consciência:  beta, alfa, theta e delta.
Quanto mais elevada estiver a sua frequência mental, menor será a sua capacidade.

VALORES NORMAIS DE FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA ESCALA DE COMA GLASGOW

AVALIAÇÃO PONTUAÇÃO
ABERTURA ESPONTÂNEA 4 PONTOS
OCULAR
POR ESTÍMULO VERBAL 3 PONTOS
POR ESTÍMULO À DOR 2 PONTOS
SEM RESPOSTA 1 PONTO

RESPOSTA ORIENTADO 5 PONTOS


VERBAL
CONFUSO (MAS AINDA RESPONDE) 4 PONTOS
RESPOSTA INAPROPRIADA 3 PONTOS
SONS INCOMPRIENSSÍVEIS 2 PONTOS
SEM RESPOSTA 1 PONTO

RESPOSTA OBEDECE À ORDENS 6 PONTOS


MOTORA
LOCALIZA DOR 5 PONTOS
REAGE À DOR, MAS NÃO LOCALIZA 4 PONTOS
FLEXÃO ANORMAL (DECORTICAÇÃO) 3 PONTOS
EXTENSÃO ANORMAL (DECEREBRAÇÃO) 2 PONTOS
SEM RESPOSTA 1 PONTO

ESTADO MENTAL
O exame do estado mental é a pesquisa sistemática de sinais e sintomas que indicam alterações do
funcionamento mental. Normalmente realiza-se durante uma entrevista/consulta psiquiátrica ou
neurológica. As informações são obtidas através da observação direta da aparência do paciente, da
anamnese, bem como do relato de familiares e outros informantes como atendentes, amigos, colegas
ou até mesmo autoridades policiais. O exame do estado mental não deve ser realizado apenas pelos
psiquiatras, mas deve fazer parte do exame clínico do paciente, independente da sua morbidade. É
essencial não só para o diagnóstico de possíveis transtornos psiquiátricos, como pode também
oferecer indícios importantes de transtornos neurológicos, metabólicos, intoxicações ou de efeitos de
drogas.
Para fins didáticos e de forma arbitrária, divide-se o funcionamento mental em funções na seguinte
ordem: Consciência, Atenção, Sensopercepção, Orientação, Memória, Inteligência, Afetividade,
Pensamento, Juízo Crítico, Conduta e Linguagem. O primeiro grupo, CASOMI, destaca as Síndromes
Cerebrais Orgânicas, por exemplo, nos estados de delirium estão alteradas as primeiras quatro
funções: Consciência, Atenção, Sensopercepção e Orientação; e nos casos de Demência, a Memória e
a Inteligência. O segundo grupo (APeJuCoL), por sua vez, altera-se nas Síndromes Psicóticas e nos
Transtornos do Humor.

O QUE O MÉDICO DEVE SOLICITAR AO


O QUE ESTE TESTE INDICA
PACIENTE
Indicar a data atual, local ele se encontra, dizer nome Orientação no tempo, no espaço, e
de determinadas pessoas. reconhecimento de pessoas.
Repetir uma lista curta de objetos apresentados. Concentração.
Lembrar de três itens que não são relacionados entre
Memória imediata.
si (após 3min – 5min de entrevista).
Descrever algum evento ocorrido um dia antes ou dias
Memória recente.
antes.
Descrever algum evento pertencente a um passado
Memória remota.
distante.
Interpretar um provérbio e explicar sua determinada
Pensamento abstrato.
analogia.
Descrever pensamentos e opiniões sobre a doença. Interiorização da doença.
Citar qual a capital do Brasil e o nome dos últimos
Base de conhecimento.
cinco presidentes que governaram.
Relatar como se sente no dia a dia (sentimentos,
Humor.
sensações, pensamentos, etc).
Executar um movimento simples que envolva três
Capacidade de obedecer a comandos
partes distintas do corpo e que dependa da
simples.
diferenciação entre direita e esquerda.
Nomear objetos simples e partes do corpo. Realizar a
Função da linguagem.
leitura, escrita e repetição de duas frases.
Como o cérebro processa informações a
Identificar pequenos objetos com as mãos e descrevê-
partir de órgãos sensoriais (mãos, nariz,
los (realizar o teste com olhos fechados).
ouvido, etc).
Desenhar duas estruturas simples e duas estruturas Relações espaciais e capacidade
complexas (p. ex. círculo, retângulo, casa, etc). construtiva.
NERVOS CRANIANOS
Numerados em sequência craniocaudal, os nervos cranianos são nervos que realizam a conexão com o
sistema nervoso central. Suas origens possuem maior complexidade comparado aos nervos espinhais.
Vale destacar que os pares de nervos cranianos I e II ligam-se diretamente ao telencéfalo e
diencéfalo, enquanto todos os outros partem diretamente do tronco encefálico.
Os componentes funcionais desses nervos são compostos por fibras, sendo elas: fibras aferentes
somáticas gerais (originam-se em exteroreceptores e proprioceptores, conduzindo impulsos de
temperatura, dor, pressão, tato e propriocepção); fibras aferentes somáticas espaciais (originam-se na
retina e no ouvido interno, relacionando-se com visão, audição e equilíbrio); fibras aferentes
viscerais gerais (originam-se em visceroceptores e conduzem, por exemplo, impulsos relacionados
com a dor visceral); fibras aferentes viscerais especiais (originam-se de receptores gustativos e
olfatórios localizados em sistemas viscerais - normalmente os sistemas digestório e respiratório);
fibras eferentes viscerais especiais (inervam os músculos estriados esqueléticos); fibras eferentes
viscerais gerais (inervam os músculos lisos, cardíacos e as glândulas); fibras eferentes somáticas
(inervam músculos estriados esqueléticos miotômicos).

NERVO OLFATÓRIO (I)


Exclusivamente sensitivo, uma vez que além de realizar a inervação, também são receptores da
mucosa pituitária na cavidade nasal. O bulbo olfatório localiza-se no topo da placa cribriforme. A
origem real deste nervo corresponde a região olfatória das fossas nasais, entretanto, sua origem
aparente no crânio é a partir dos forames da lâmina crivosa do osso etmoide. Importante saber que o
nervo olfatório não se liga ao tronco encefálico, é o único a entrar diretamente no telencéfalo.
CAUSAS DE ALTERAÇÃO DO OLFATO: geralmente, a alteração do olfato ocorre devido mudanças na
região intranasal (pólipos, hipertrofia acentuada dos cornetos, rinite alérgica crônica, atrofias de
mucosa nasal, uso de cocaína, etc); na região extranasal intracraniana (tumor de lobo frontal,
trauma/fratura dos ossos da base do crânio, meningite, oclusão vascular cerebral, esclerose múltipla,
etc); ou na região extranasal extracraniana (diabetes, hepatite, insuficiência renal crônica, psicoses,
etc).
ALTERAÇÕES CLÍNICAS: caso ocorra qualquer tipo de lesão/trauma no nervo olfatório ou sua região
de origem, será possível perceber algumas mudanças clínicas, tais como: hiposmia (diminuição de
olfato); anosmia (ausência de olfato); hiperosmia (aumento da olfação); cacosmia (sensação de
odores desagradáveis, que pode ser subjetiva - quando só o indivíduo sente/sinusite purulenta - ou
objetiva - quando o indivíduo e outras pessoas sentem); coprosmia (cacosmia de odor fecal);
parosmia ou disosmia (distorção de odores, interpretação errônea de uma sensação olfatória);
fantosmia (sensação de odores que não existem).
EXAME PARA AVALIAÇÃO DO OLFATO: apresentar ao paciente, o qual estará com os olhos
fechados, substâncias que tenham odores fortes (p. ex. café, canela, cravo, entre outros). Importante
testar uma narina por vez, sendo o lado anormal primeiro. Além disso, pode também solicitar uma
tomografia computadorizada (TC) e/ou uma ressonância magnética do crânio para
complementar/aprofundar a avaliação.

NERVO ÓPITICO (II)


Este nervo está diretamente relacionado com a inervação dos olhos e suas funções. Logo, qualquer
trauma em tal estrutura poderá afetar a acuidade visual, a visão das cores, o campo visual e o fundo
olho. Dessa forma, a avaliação do nervo óptico se dá por meio de alguns testes: exame do campo
visual (primeiro deve fixar a visão no nariz e, depois, mostrar algum objeto de fora para dentro);
fundoscopia (este teste avalia o disco, a mácula e os vasos sanguíneos do olho. Importante realizá-lo
em um globo ocular por vez. Através do oftalmoscópio, a análise do fundo do olho pode ser direta ou
indireta, e, de forma complementar, tem-se ainda a biomicroscopia da mesma região); exame grade de
Amsler (com a visão centralizada, solicitar que o paciente descreva tudo aquilo que seja perceptível
ao seu redor).
NERVOS OCULOMOTORES
NERVO OCULOMOTOR (III): realiza a inervação do músculo reto medial, músculo reto superior,
músculo reto inferior e músculo oblíquo inferior. Para avaliá-lo, deve ser aplicado o teste de reflexo
fotomotor direto e a elevação de pálpebras (atentar-se aos casos de ptose, midríase ou estrabismo
divergente).
NERVO TROCLEAR (IV): realiza a inervação do músculo oblíquo superior. Caso ocorra qualquer
tipo de trauma ou lesão neste nervo, haverá certa dificuldade ao subir os olhos (muito comum que o
paciente fique com a cabeça baixa para enxergar melhor).
NERVO ABDUCENTE (VI): realiza a inervação do músculo reto lateral. Para avaliá-lo, bastante
observar se o olho vai até o final; pois, se não for, significa que o músculo ou o nervo está lesionado
(característica muito comum em estrabismo convergente).
Além dessas informações básicas sobre os três nervos oculomotores, é importante saber também
alguns distúrbios que estão relacionados com alterações anormais ou lesões ocorridas com eles, por
exemplo: discorria (irregularidade no contorno); isocoria (igualdade de diâmetro das duas pupilas);
midríase (aumento de diâmetro da pupila); miose (diminuição de diâmetro da pupila); anisocoria
(assimetria de diâmetro das duas pupilas). E, para identificar tais alterações, realiza-se testes, como:
reflexo de acomodação (aproximação de um objeto); reflexo fotomotor direto e consensual (ao
iluminar apenas um dos olhos, ambas as pupilas serão contraídas igualmente).

NERVO TRIGÊMEO (V)


Esta estrutura é o maior nervo craniano, e dele partem três ramos: oftálmico, maxilar e mandibular.
Além disso, o nervo trigêmeo apresenta duas raízes, sendo elas: raiz motora (composta pelo nervo
mastigador, o qual inerva os músculos temporal, masseter e pterigoide) e raiz sensitiva (composta
pelos nervos oftálmico, maxilar e mandibular. Em suma, esta raiz é responsável pela sensibilidade
geral da metade anterior do segmento cefálico).
Muito importante saber que caso ocorra alguma lesão na raiz motora, pode ocorrer atrofia das regiões
temporais e masseterinas, desvio mandibular para o lado lesionado e dificuldade em realizar
movimento de lateralização da mandíbula. Já em casos de lesão na raiz sensitiva, as consequências
mais prováveis são dor (decorrente da neuralgia do nervo trigêmeo) e parestesia.
OBS. a neuralgia do trigêmeo é uma alteração neurológica caracterizada pela compressão do nervo
trigêmeo (responsável pelo controle dos músculos da mastigação e pelo  transporte de informações
sensitivas do rosto até o cérebro), resultando em crises de dor, principalmente na parte inferior do
rosto, mas que também pode irradiar para a região em volta do nariz e parte superior dos olhos. Para
diagnóstico, o profissional da área (dentista, clínico geral, neurologista) deve solicitar uma
radiografia e/ou ressonância magnética da região da boca, a fim de verificar se há alteração na
trajetória do nervo; além de avaliar os sinais e sintomas através do exame físico (manter o paciente
com os olhos fechados e aplicar estímulos que irão avaliar a sensibilidade térmicos (água gelada ou
quente), sensibilidade tátil (algodão ou pincel delicados) e sensibilidade dolorosa (estilete rombo).
Também pode ser testado o reflexo corneopalpebral e o reflexo mentoniano. Sempre comparar a
bilateralidade e simetria.

NERVO FACIAL (VII)


Este nervo é considerado misto (80% motor e 20% sensitivo), sendo responsável pela expressão
facial, lacrimejamento, reflexo do músculo do estribo (tensão timpânica), salivação, paladar,
deglutição, sensibilidade tátil retro auricular e pavilhão. Apresenta três funções: sensitiva (via
aferente visceral especial e via aferente somático geral - percepção do paladar em 2/3 anteriores da
língua, e sensação exteroceptiva do tímpano e do canal auditivo externo); motor (via eferente visceral
especial – percepção motora braquial); parassimpática (via eferente).
SINAIS E SINTOMAS DE LESÃO NO NERVO FACIAL: ardor no olho, alteração no lacrimejamento,
lagoftalmia (fechamento palpebral), impossibilidade de assobiar ou assoprar, dificuldade de conter
líquidos na boca, otalgia (área de inervação sensitiva do nervo facial), desvio da rima para o lado não
lesionado (sempre contralateral a paralisia e ipsilateral à lesão), paralisia total ou parcial dos
músculos faciais, disartria.
CAUSAS DE LESÃO NO NERVO FACIAL: paralisia de Bell (herpes simples), traumas em geral,
doenças idiopáticas, doença latrogênica, patologias congênitas, infecções (otite média), tumores,
entre outros.
EXAME FÍSICO DO NERVO FACIAL: sinal de Bell (observador percebe que no lado afetado pela
paralisia há um movimento para cima e para fora do olho, sobretudo quando o paciente tenta piscar
os olhos ou quando tenta-se tocar a córnea.); escala de House-Brackmann (utilizado para classificar a
paralisia de acordo com graus. Pode ser uma paralisia central ou periférica); teste de Schirmer (avalia
o lacrimejamento - diferença de pelo menos 1/3 da quantidade entre os lados).
OBS. exames complementares: eletroneurografia, eletromiografia, ressonância magnética e
audiometria.
OBS. geralmente, a paralisia facial periférica atinge toda a hemiface homolateral; paciente não enruga
a testa e não fecha o olho. Já a paralisia facial central atinge apenas o terço inferior da face
contralateral; paciente enruga a testa e move a pálpebra superior.

NERVO VESTIBULOCOCLEAR (VIII)


Responsável pelo equilíbrio (“ vestíbulo”) e pela audição (“ coclear”). Os sintomas cocleares são:
hipoacusia, hiperacusia, anacusia e zumbido.
EXAME FÍSICO DO NERVO COCLEAR: o uso do diapasão é o método mais eficaz, pois irá testar a
capacidade vibratória atrás de dois testes: prova de Rinne (audição de condução óssea e aérea) e
prova de Weber (é um complemento da prova de Rinne; coloca o diapasão sobre a cabeça da pessoa e
observa se ela escuta dos dois lados). Além desses, utiliza-se também a audiometria como forma de
avaliação.

EXAME FÍSICO DO NERVO VESTIBULAR: neste caso, a avaliação do equilíbrio dinâmico se dá


através do tipo da marcha. Sendo assim, os tipos de marcha existentes são: marcha helicópode,
ceifante ou hemiplégica (comum após um AVC ); marcha anserina ou de pato (normalmente comum
em pacientes com doenças musculares, gerando a diminuição da força dos músculos pélvicos e dos
músculos da coxa); marcha parkinsoniana; marcha cerebelar ou de ébrio (pessoa embriagada); marcha
de pequenos passos; marcha vestibular; marcha escavante; marcha claudicante; marcha do idoso.
Desse modo, diante da variedade marchas pode-se afirmar que há alterações, as quais são
classificadas em: disbasia (qualquer distúrbio de marcha); astasia (paciente não consegue ficar de pé
devido a lesão cerebelar); distasia (dificuldade em ficar de pé devido a lesão cerebelar).
Não obstante, ainda existe a avaliação do equilíbrio a partir do movimento nistagmo, sendo dividido
em: nistagmo espontâneo (paciente olhando para o infinito) e nistagmo semi-espontâneo (paciente
com desvio do olhar de 30%). Vale mencionar que o tal distúrbio é sempre unilateral, e que
geralmente vem acompanhado de vertigem e náuseas.
Por fim, tem-se a avaliação do equilíbrio por coordenação. Alguns dos testes aplicados são: prova
indicador-nariz (index-nariz); prova indicador – indicador (index-index); prova calcanhar-joelho;
prova dos movimentos alternados. OBS. exames complementares: videonistagmografia, posturografia
dinâmica.

NERVO GLOSSOFARÍNGEO (IX)


Assim como a veia jugular interna, os nervos IX, X e XI também atravessam o forame jugular.
Considerado um nervo misto, já que é responsável pela sensibilidade gustativa (estruturas: terço
posterior da língua, faringe, úvula tonsilas palatinas, tuba auditiva, seio e corpo carotídeo), inervação
das glândulas e da musculatura. Além disso, lesões do nervo glossofaríngeo levam à alteração na
deglutição, e, caso houver lesões concomitantes do IX e X, pode-se notar o desvio do véu palatino
para o lado normal, gerando a regurgitação de alimentos/líquido pelo nariz. O exame físico é feito
por meio da oroscopia (abrir a boca e falar “AAA...”), que possibilita ver a contração da úvula.

NERVO VAGO (X)


Junto dos nervos glossofaríngeo e acessório, o nervo vago também é misto (essencialmente visceral).
Responsável pela inervação da faringe, laringe, traqueia, pulmão, coração, esôfago, estômago e
intestino delgado. Importante saber que quando o nervo vago é lesionado, pode correr: paralisia ou
paresia do véu palatino e das pregas vocais; disfagia; desvio da parede posterior da faringe, do palato
e da úvula.
NERVO ACESSÓRIO (XI)
Essencialmente motor, uma vez que é responsável pela inervação do músculo esternocleiomastoide e
a porção superior do trapézio. Os sinais e sintomas mais comum em caso de lesão são: deficiência na
elevação do ombro e na rotação da cabeça.

NERVO HIPOGLOSSO (XII)


Responsável inervação motora da língua. Os tipos de lesões que podem ocorrer são: unilateral
(atrofia da parte lesionada da língua; alteração no movimento da língua; fasciculação), bilateral
(atrofia de toda a língua; comprometimento da mastigação e deglutição; fasciculação; disartria),
infranuclear (desvio da língua para o lado da lesão) e supranuclear (desvio da língua para o lado
oposto da lesão).

SENSIBILIDADE
A sensibilidade é gerada graça aos receptores superficiais e profundos que estão presentes no corpo.
Os estímulos, que normalmente atuam sobre os órgãos, são conduzidos ao sistema nervoso central
através das vias condutoras aferentes e eferentes. Além disso, sabe-se também que as vias sensitivas
e motoras possuem estreita ligação nesse processo, pois totalizando-os ocorre a formação do ato
reflexo.
O esquema das aferências sensitivas constitui em: fibras que transmitem as impressões tátil-
protopática; fibras que transmitem a sensação de dor e temperatura; fibras para sensibilidade
vibratória (palestesia), cinético-postural e tátil-epicrítica. Importante enfatizar que não há
especificidade absoluta nas fibras de transmissão, seja ela de qualquer modalidade sensitiva (fibras

DOLOROSA
calibrosas: vibração, modificação postural, tato discriminativo | fibras finas: frio, calor, dor, tato
grosseiro).

SUBJETIV OLFAÇÃO GUSTAÇÃ


A O
AUDIÇÃO VISÃO TÉRMICA
OBJETIVA
TATÍL

ESPECIA SUPERFICI
L AL
PROFUNDA VIBRATÓRI DOLOROSA
GERAL A
SENSIBILIDA CINET. PRESSÃ
DE POSTURAL O

SENSIBILIDADE SUBJETIVA: está nas queixas sensoriais que o paciente relata durante a anamnese,
ou seja, a dor e as parestesias (dormência, formigamento).
SENSIBILIDADE OBJETIVA: não deixa de ser subjetiva, já que depende da resposta do paciente aos
estímulos percebidos. Entretanto, ela é nomeada objetiva porque há um estímulo aplicado pelo
examinador.
SENSIBILIDADE SUPERFICIAL: tátil (hipoestesia, anestesia e hiperestesia); térmica (água quente ou
gelada); dolorosa (estilete rombo).
SENSIBILIDADE PROFUNDA: palestesia (sensibilidade vibratória em saliências ósseas. Utiliza-se o
diapasão para teste); barestesia (sensibilidade à pressão em massas musculares. Para examinar aplica-
se uma compressão manual ou utiliza-se um compressor digital); batiestesia (sensibilidade cinético-
postural ou artrocinética. É avaliada ao deslocar algum segmento do corpo em diversas direções; p.
ex. flexão e extensão do polegar); sensibilidade dolorosa profunda (Realizar a compressão moderada
de massas musculares e tendões - normalmente, não desperta dor. Caso o paciente relatar dor, é
porque há sinais de neurites e miosites); estereognosia (capacidade de reconhecer objetos apenas com
o tato das mãos); astereognosia ou agnosia tátil (incapacidade de reconhecer objetos apenas com tato
das mãos. Isso pode ser indicativo de alguma lesão no lobo parietal contralateral).

REFLEXO
O reflexo é apenas uma resposta (motora ou secretora) do organismo a um estímulo que foi detectado
em seu exterior/interior. Ou seja, toda ação gera uma reação. Além disso, sabe-se também que o arco
reflexo humano é possível devido a presença de algumas estruturas, tais como: via aferente
(receptores e vias sensitivas); centro reflexógeno (substância cinzenta do sistema nervoso); via
eferente (fibras motoras do nervo); órgão efetor (músculos).
REFLEXOS DE DEFESA OU DE AUTOMATISMO: movimento involuntário diante de um estímulo
nociceptivo.
REFLEXOS SUPERFICIAIS OU EXTEROCEPTIVOS: através do estilete rombo, o estímulo para
avaliação será aplicado na superfície da pele e/ou mucosa externa. Por exemplo: exame físico dos
nervos cranianos.
REFLEXOS CUTÂNEOS: neste caso, há dois tipos: reflexo cutâneo-plantar (após posicionar o paciente
em decúbito dorsal e com os membros inferiores estendidos, o examinador estimula a região plantar
aplicando movimentos semicirculares próximo à borda lateral em sentido posteroanterior. A resposta
normal esperada é a flexão dos dedos. Entretanto, pode ocorrer a extensão deles, o que se caracteriza
como um advento anormal chamado de “sinal de Babinski”) e reflexo cutâneo-abdominal (após
posicionar o paciente em decúbito dorsal e com a parede abdominal completamente relaxada, o
examinador estimula o abdome em três níveis: superior, médio e inferior. A resposta normal esperada
é a contração dos músculos abdominais, sobretudo onde há um leve deslocamento da cicatriz
umbilical. Esse reflexo não é detectado em algumas ocasiões: presença de alguma lesão na via
piramidal; pessoa obesa com ou sem lesão no sistema nervoso; mulheres multíparas, interrupção do
arco reflexo sensitivo, etc).
REFLEXOS PROFUNDOS OU PROPRIOCEPTIVOS: existem três tipos: os fásicos, os clônicos ou
tônicos, e os posturais. Pois bem, utilizando o martelo de reflexos, o estímulo será aplicado através
da percussão do membro desejado, normalmente no tendão do músculo.
De rotina, em uma consulta são testados os seguintes reflexos: aquileu (L5-S1), patelar (C6-C7-C8),
flexor dos dedos (C7-C8-T1), supinador (C6-C7), pronador (C6-C7-C8-T1), bicipital (C5-C6) e
tricipital (C6-C7-C8). Não obstante, essas estruturas podem ser classificadas em: reflexo normal,
reflexo diminuído ou exaltado, reflexo vivo e reflexo abolido.

NORMORREFLEXO OU REFLEXO NORMAL +


ARREFLEXIA OU REFLEXO ABOLIDO 0
HIPORREFLEXIA OU REFLEXO DIMINUIDO _

HIPERREFLEXIA OU REFLEXO EXALTADO


+
+

REFLEXO VIVO
+
+

SEMIOLOGIA ABDOMINAL

O exame do abdômen possibilita que sejam retiradas informações referentes às estruturas abdominais,
utilizando todas as etapas de exame no paciente, tal como inspeção, percussão, palpação e ausculta.

ANAMNESE ABDOMINAL
Ao realizar uma anamnese abdominal, é de suma importância realizar perguntas que envolvam o local
de incômodo relatado pelo paciente (sempre questionar se há ou não irradiação), utilizando como
referência as 9 regiões e os 4 quadrantes abdominais. No decorrer da consulta, pesquisar com cautela
o início, frequência, duração, horário preferencial dos sintomas, intensidade (deve ser graduada em
cruzes: +++/4+), tipologia da dor (em pontada, em aperto, latejante), fatores desencadeantes e fatores
de melhora ou piora (sejam eles farmacológicos ou não farmacológicos). Buscar fazer o
interrogatório sistemático do abdome bem detalhado, descrevendo os sinais positivos e relatando os
sinais negativos.

INTERROGATÓRIO SISTEMÁTICO

APARELHOS GASTROINTESTINAIS : apetite, intolerância alimentar, disfagia, dispepsia, regurgitação,


náuseas, vômito, pirose, constipação/ obstipação, plenitude gástrica, ritmo intestinal e características
das fezes e possíveis alterações. Relatar o ritmo intestinal do paciente, perguntando sobre número de
evacuações e características das fezes (consistência, quantidade e odor), avaliando alterações no
hábito intestinal.
APARELHOS GÊNITO-URINÁRIO : disúria, poliúria, polaciúria, nictúria, oligúria, anúria, enurese,
urgência ou incontinência urinária, hematúria e alterações de coloração e/ou odor da urina. Em
pacientes homens, é importante perguntar se houve redução do calibre ou força do jato urinário,
hesitação e gotejamento pós-miccional.

DIVISÃO DO ABDOME
Para melhor avaliação e organização de um exame físico abdominal, divide-se o abdome em regiões e
quadrantes.
EXAME FÍSICO
O médico deve se aproximar pelo lado direito do paciente, o qual estará deitado, com braços e pernas
relaxados. Após isso, pedir para o sujeito abaixar as calças até a crista ilíaca e, assim, já pode iniciar
o exame físico.

1. INSPEÇÃO

INSPEÇÃO ESTÁTICA : observar a pele da região à procura de manchas, abaulamentos, retrações,


lesões e cicatrizes (a cicatriz umbilical deve ser descrita, indicando se é centralizada ou
descentralizada, protrusa ou intrusa); avaliar a conformação do abdome, identificando se ele é plano,
escavado (desnutrição) ou globoso (panículo adiposo, ascite, gases, tumores); se o abdome é
simétrico ou não, e se apresenta deformidades. Sempre utilizar as regiões e quadrantes para descrever
a localização das anormalidades.
INSPEÇÃO DINÂMICA : identificar o tipo respiratório (tórax, abdômen ou misto); verificar presença
de circulação colateral, movimentos peristálticos/peristalse e pulsações visíveis; classificar a
tipologia da hérnia caso esteja presente.

PRESENÇA DE HÉRNIA TIPOS DE ABDOME


2. AUSCULTA
Visa identificar dois principais sinais: ruídos hidroaéreos (RHA) e sopro nas artérias abdominais –
aorta, artérias renais e artérias ilíacas (posicionar o estetoscópio em 7 pontos). É possível detectar
também: peristalse (aumentada: obstrução intestinal; diminuída ou ausente: retorno de movimentos
pós-operatório, pois a princípio o ílio fica paralisado após a cirurgia) e aneurismas.
Antes de iniciar a ausculta, recomenda-se que o médico esquente as mãos e o esteto, visando maior
conforto ao paciente. Geralmente, a avaliação de cada quadrante dura mais ou menos 2 minuto,
podendo se estender devido presença de anormalidades.
3. PERCUSSÃO

Ao realizar a etapa de percussão, é importante que o médico esteja com as unhas cortadas e aqueça as
mãos. Além disso, antes de começar as manobras, sempre perguntar ao paciente se ele está sentindo
alguma dor abdominal, se está com a bexiga cheia e se defecou no dia do exame. Durante os
procedimentos, atentar-se a qualquer sinal de desconforto na expressão do paciente. O modo correto
de realizar as manobras é utilizando o método dígito-digital.
Logo, com a percussão abdominal é possível verificar: som timpânico (normal) ou maciço;
hepatimetria (mensuração do tamanho do fígado); hipertimpanismo (aerofagia com meteorismo);
espaço de Traube (esplenomegalia); vísceras sólidas aumentadas ou ocas repletas por líquido; ascite
(macicez móvel).
HEPATIMETRIA : começa na região abaixo do umbigo, indo em direção ao fígado até que o som mude
de timpânico para maciço. Após isso, percutir da região hemiclavicular direita (na altura dos
pulmões) em direção ao fígado, até que o som claro pulmonar mude para maciço. O fígado estará
localizado entre a 6 e 10° costela. Lobo esquerdo: 4-8 cm. Lobo direito: 6-12 cm.

ESPLENOMEGALIA : realizado no espaço de Traube, ou seja, na região inferior esquerda da parede


torácica anterior. Solicitar ao paciente que respire fundo em cada movimento da percussão, pois
quando o tamanho do baço está normal, o som timpânico se mantém mesmo com a respiração mais
forte. Especificar quantos centímetros abaixo do rebordo costal esquerdo é possível percutir o baço.

ASCITE : para identificar tal anormalidade, faz-se o uso de várias manobras que correspondem ao
sinal de Piparote (sinal é positivo em médias e grandes ascites), macicez móvel (sinal é positivo em
pequenas e moderadas ascites), semicírculo de Skoda e sinal do Rechaço (além de ascites, também
detecta órgãos sólidos aumentados ou qualquer tipo de massa abdominal).

SINAL DE PIPAROTE OU SINAL DE ONDA LÍQUIDA

É um sinal médico indicativo de ascite. Um impulso percebido devido a transmissão pelo líquido
acumulado, através de uma percussão em um dos flancos. Para realizar o procedimento pede-se para o
paciente (ou outra pessoa, pois dependendo da grande adiposidade ou presença de edema na parede
abdominal é necessário ajuda para realizar o procedimento) colocar a mão na linha mediana do
abdômen (apoiar com certa firmeza, sem utilizar a palma, mas sim a lateral da mão) e então realiza-se
a percussão em um dos lados. Observa-se se há transmissão de onda líquida para o lado oposto do
abdômen. Assim, caso haja prosseguimento da onda para o lado oposto, o sinal é considerado
positivo.
MACICEZ MÓVEL

O líquido ascítico encontra-se livre na cavidade peritoneal. Para verificar se há macicez móvel,
posicione o paciente em decúbito lateral e percute-se o flanco sobre o qual ele está apoiado, obtendo
o som maciço. Depois, sem retirar o dedo do local, peça que o paciente vire apoiando-se no decúbito
contralateral e realize uma nova percussão, buscando o som timpânico.

SEMICÍRCULO DE SKODA

O líquido ascítico ocupa as áreas de declive do abdome, ou seja, a região do hipogástrio e flancos.
Ao percutir o abdome, delimita-se uma linha semicircular, mais especificamente na transição entre o
timpanismo e macicez. A concavidade estará voltada para a região epigástrica, fazendo diagnóstico
diferencial em cisto gigante de ovário, que tem sua concavidade voltada para o púbis.

SINAL DE RECHAÇO

Não é uma manobra apenas para identificação de ascite, como também para palpação de órgãos
sólidos em tamanho aumentado ou qualquer tipo de massa abdominal. Isso pois, em pacientes com
ascite, esses órgãos encontram-se boiando na cavidade abdominal. Passo a passo: o examinador irá
realizar uma compressão no hipocôndrio direito e o fígado vai se deslocar posteriormente. No
momento em que o fígado retomar sua posição, será possível senti-lo na palma da mão.

vídeo aula: https://www.youtube.com/watch?v=FdnjHxAXIRE

4. PALPAÇÃO
Esta parte do exame físico é realizada em duas etapas: palpação superficial (palpar todos os
quadrantes com apenas uma mão, buscando áreas sensíveis e/ou alterações de consistência) e
palpação profunda (palpar as mesmas regiões, também buscando áreas sensíveis e/ou alterações de
consistência, porém com as duas mãos - uma sob a outra).
Vale destacar que nem todas as estruturas palpadas indicam anormalidades patológicas, alguns órgãos
são facilmente palpados devido sua localização, como por exemplo: artéria aorta, borda do fígado,
alguns linfonodos, bexiga distendida, polo inferior do rim direito, músculo reto abdominal e seus
tendões, cólon com fezes.
OBS . durante a palpação superficial, fazer sempre movimentos circulares, sem ultrapassar o músculo
reto do abdômen. O objetivo é avaliar a sensibilidade do paciente, bem como a espessura da parede
abdominal, tumores, tensão, sinal de Piparote e sinal de onda líquida.
OBS . para uma palpação profunda de qualidade, realizar a compressão no tempo expiratório. Sempre
deixar as regiões sensíveis por último. O objetivo é detectar massas abdominais e órgãos doloridos.

5. MANOBRAS ESPECIAIS

FÍGADO

Técnica simples: fazer movimento de mergulho, subindo conforme inspiração. Realizar a manobra até
sentir o fígado na ponta dos dedos.
Técnica de Mathieu: conhecida como palpação em garra, consiste no movimento em que o médico
apalpa e puxa com a mãos em garra. Muito utilizada para analisar a consistência da borda do órgão
(romba: borda abaulada; lisa: borda normal; pontuada ou endurecida: cirrose).

PONTO CÍSTICO (PROBLEMAS DE VESÍCULA)

Sinal de Murphy: para realizar a manobra, posicione os dedos da mão direita sobre o ponto do
rebordo costal - especificamente onde a borda lateral do músculo reto faz interseção com o gradil
costal - pressione e solicite uma respiração profunda. Se o paciente sentir dor, o sinal é positivo,
indicando colecistite aguda.
BAÇO

Esplenomegalia: com o paciente em decúbito dorsal direito, posicione uma das mãos atrás das costas.
Feito isso, utilizando a outra mão, pressione a região em que o baço se encontra e tente senti-lo.
Lembrando que não é normal palpar o baço, porém há exceções - 5% da população consegue realizar
a palpação do baço.

APENDICITE

Sinal de Blumberg: para realizar a manobra, primeiro o examinador deve dividir em três espaços a
região que corresponde entre a crista ilíaca superior direta e a região umbilical. Feito isso, comprimir
o ponto de Macburney e soltar. A dor estará presente no momento da descompressão.

Sinal de Roysing: para realizar a manobra, o médico deve realizar uma pressão no colo descendente
esquerdo. Não obstante, outra maneira de obter o mesmo resultado é exercendo uma pressão em
forma de punho; e, nesse caso, a dor será relatada no lado oposto.

Sinal do Psoas: com o paciente em decúbito dorsal esquerdo, tracione a perna para trás. Durante a
manobra, o sujeito irá sentir dor no ponto de Macburney. Embora seja a técnica mais comum, existe
outra maneira de obter o mesmo resultado, em que o paciente irá levantar a perna enquanto o médico
tenta abaixá-la.
Sinal do Obturado: para realizar a manobra, pegue a perna do paciente e tracione em seguida, fazendo
uma rotação externa. A dor deve ser relatada no ponto de Macburney.

RIM

Sinal de Giordano: levante a camiseta do paciente e posicione a mão espalmada na região lombar.
Utilizando a outra mão, dê um soco com pressão moderada. Se a pessoa tiver algum problema renal,
irá relatar dor.

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