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Apresentação oral de português

APRESENTAR UM CONTO FELIZ E OUTRO TRISTE

mesmo sublinhado- mesma secção (introdução por ex); espaços entre a mesma secçã- diferentes sites

INTRODUÇÃO:

Fernando Gonçalves Namora, natural de Condeixa (Coimbra), foi escritor e médico até 1973, ano em que
abandona a medicina para se dedicar exclusivamente à escrita. O curso de medicina é completado em
Coimbra em 1942, com 23 anos. Exerce, pela primeira vez, na sua terra natal, Condeixa, por pouco
tempo, mudando para Tinalhas (Beira Alta), onde permanece em 1943 e 1944, tomando, ainda, em
1944, o lugar de médico municipal substituto em Monsanto (Castelo Branco).

Este livro pode, pelo seu conteúdo, “encaixar” em vários géneros literários. Há quem o classifique como
autobiográfico, de contos, de narrativas e até de interesse etnográfico. Escrito na década de quarenta do
séc. XX, a história decorre nas regiões da Beira Baixa e Alentejo. É-nos mostrado as dificuldades que o
médico, Fernando Namora (narrador de primeira pessoa) enfrenta para ser aceite pela população local
no seu início de carreira. O mesmo depara-se com a maneira simples de viver dos aldeões, e face aos
problemas e dificuldade de adaptação que enfrenta ora reage com ironia, ora com dúvida, ora com
cansaço e desilusão sobre o desprezo do povo. A estrutura da obra é feita por "retalhos", ou seja, de
forma fragmentária, sem preocupação de sequência cronológica.

Este livro foi, muito oportunamente, adaptado para o cinema por Jorge Brum do Canto, em 1962, tendo
sido selecionado para o Festival de Berlim. Em 1979/80, é adaptado para série, que obteve um enorme
sucesso na RTP nos anos oitenta, tendo sido já reexibida na RTP Memória.

DESENVOLVIMENTO:

Como escreve Namora, logo a iniciar o seu primeiro conto (História de um parto):

“Com vinte quatro anos medrosos e um diploma de médico, tinha começado a minha vida em
Monsanto”. A população da “aldeia mais portuguesa de Portugal” acolhe-o com desconfiança. A sua
juventude e adivinhada inexperiência são os motivos para a inicial falta de doentes. A população recorre
ao barbeiro da aldeia, um charlatão, que os convence com uma pretensa sabedoria que não tem. Entre
charlatães e bruxas, o jovem médico seria uma escolha de último recurso. Um dia, as parteiras amadoras
da terra, deparando-se com uma situação que não conseguiam resolver, informaram o futuro pai que era
preciso chamar o médico, mas que fosse o Dr. Valença, anterior ocupante do cargo atual de Namora.
Dizia a mais “avisada” que “a criança estava presa no osso da rabadilha”.

Na zona central da aldeia, decorria a boda de casamento do farmacêutico local, e Namora era um dos
convivas ao lado do anterior médico municipal. É, em plena boda, que aparece alguém a pedir o Dr.
Valença para acudir ao parto. Na mesa da boda decidiu-se que era um caso para o novo médico, já que
este era agora o ocupante oficial do posto de saúde. O médico parte, de burrico, para a espinhosa
missão de salvar duas vidas. Já em casa da parturiente, e vendo que não havia alternativa, pede que lhe
vão ao consultório e peçam à sua ajudante “os ferros”, nome dado aos odiados “fórceps”, instrumentos
médicos usados em casos de extrema necessidade, quando o feto, por mal posicionado, não se consegue
“ajeitar” sem ajuda dos tais artefactos. Era uma técnica que, quando mal executada ou em caso de
situações mais complicadas, podia provocar a morte ou graves deformações ao bebé e muito sofrimento
às mães.

“A história de um parto” abre caminho à série de narrativas que o autor vivenciou, enquanto médico e
atento observador, no meio social e político que o rodeava naquela província raiana, onde os problemas
sociais humanos dos mais desfavorecidos eram muito pungentes.

FALTA OUTRA HISTÓRIA FELIZ

Namora revelou, numa das entrevistas que concedeu, como a sua profissão lhe proporcionou uma
posição privilegiada para conhecer profundamente os dramas daquelas gentes, porque ao médico
revelavam-se com mais confiança e abertura. Em paralelo, na mesma qualidade de médico, convivia com
colegas e outras forças vivas, o que lhe permitia conhecer o outro lado da sociedade, mais desafogada e
comprometida com o regime, com os seus procedimentos marginais, menos claros, menos justos e
corruptos, que Namora foi revelando na sua obra, principalmente na que é escrita já na fase de médico
da cidade, já na década de 50.

Para começar a leitura da extensa obra de Fernando Namora, aconselho este livro. As histórias são
curtas, mas cada uma tem um relato que nos prende e nos informa do que era o Portugal profundo dos
meados do séc. XX. O livro, embora com relatos duros, como a realidade que os criou, não deixa de ter a
suavizá-la uma dose de humanismo e otimismo, tornando a leitura mais apaziguadora.

As histórias deste livro são terríveis, mesmo para um médico, mas salva-as a simpatia e a sinceridade do
autor.
As injustiças denunciam-se para que se possam conhecer e corrigir. Assemelha-se ao trabalho do
repórter, que vai ao local e relata o que vê, ouve e o transmite aos outros na sua reportagem. Era uma
espécie de jornalismo que estava vedado aos seus profissionais.

Namora foi malquerido pelo setor dominante e por alguns dos “barões da medicina” de então, mas
considerado, dentro e fora do País, como um escritor de eleição e um dos mais importantes
representantes do movimento neorrealista.

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CONCLUSÃO:

Por ter achado o título apelativo e por sugestão da professora.

Reacção à leitura das primeiras páginas: Certeza de querer continuar; Dúvida em querer continuar;
Vontade de desistir

Razão(ões): Achei o vocabulário muito acessível, e o primeiro conto – primeiras páginas do conto – eram
ricas em adjetivos e descrições, o que é algo que eu aprecio num livro.

Ao lermos a obra ficamos a conhecer a realidade dos médicos antigamente, deparamo-nos com os
sentimentos e pensamentos de Fernando Namora, uma vez que a obra contém uma escrita muito
pessoal.

Recomendaria o livro a todos os tipos de pessoas, uma vez que é um livro de fácil leitura, mas de rico
conteúdo. É um livro que apesar de apresentar uma forma fragmentária e sem preocupação de
sequência cronológica, é considerado uma obra mista, a nível de géneros literários, tais como:
autobiografia, conto, diário, apontamento breve do quotidiano, memórias. O que torna o seu interior
ainda mais interessante e apelativo.

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