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Manejo da

intoxicação
aguda causada
por plantas

Olá, aluna(o)!

Plantas tóxicas são capazes de


produzir manifestações clínicas de
efeitos nocivos aos seres humanos.
Boa parte dos acidentes ocorrem em
crianças.
Na sua prática profissional, você já
atendeu algum caso envolvendo
intoxicação aguda causada por
plantas?

A intoxicação causada por plantas


pode ocasionar danos prejudiciais à
saúde e bem-estar das pessoas que
tiveram contato com elas. Dessa
forma, é importante que você,
profissional da saúde que atua na
Atenção Primária à Saúde (APS),
compreenda os componentes
presentes nas plantas, bem como a
sintomatologia e o tratamento, para
recuperar o bem-estar do paciente
que procura atendimento.

Bons estudos!
Apresentação
Com base nesta apresentação
interativa, você vai entender a
abordagem aos casos de intoxicação
aguda causada por plantas na APS.

Os acidentes causados por usos de


plantas podem ocorrer por ingestão,
contato ou por infusão.

A maioria dos acidentes ocorre com


crianças em idade pré-escolar,
menores de três anos, mais
comumente do sexo feminino.

Também há acidentes causados por


uso de plantas como entorpecente ou
mesmo com finalidades abortivas. Há
também acidentes que ocorrem por
erro na identificação da planta
medicinal [1, 2].

No Brasil, em 2019, ocorreram 971


casos de intoxicações agudas
causadas por plantas. A seguir, você
vai conhecer as plantas mais comuns
que podem causar intoxicação aguda
[1, 2, 3]

Plantas que contêm


Cristais de Oxalato de
Cálcio
Grupo de plantas mais envolvido nos
acidentes. A maioria deles envolve
crianças, sendo raras as
apresentações graves.
O oxalato de cálcio presente nas
folhas penetra a mucosa e deposita
enzimas proteolíticas. Em seguida há
a liberação de histamina e de
bradicinina.

Dentre as plantas conhecidas, estão:


Comigo-ninguém-pode
(Dieffenbachia picta);
Antúrio (Anthurium sp);
Caládio (Caladium bicolor);
Copo-de-leite (Zantedeschia
aethiopica) - imagem ao lado.
A ingestão de plantas que contêm Cristais de Oxalato
de Cálcio causa:
Dor em queimação;
Edema de lábios, língua e mucosa
oral;
Pode haver salivação;
Disfagia;
Odinofagia;
Acometimento gastrointestinal;
Afonia e;
Dispneia.
Para o tratamento, é indicado o uso
de demulcentes, corticoides e
antiespasmódicos para controle de
sintomas.

Ao lado, a planta Comigo Ninguém


Pode.

Plantas que contêm


Glicosídeos Cianogênicos
Promovem influxo celular de sódio e cálcio
intracelular, levando ao um aumento da força contrátil
do miocárdio. Causam náuseas, vômitos, cólicas
abdominais, arritmias, taquicardias, tontura,
cefaleia, torpor e coma. O uso de carvão ativado
pode ser uma opção para o tratamento. O caso deve
ser encaminhado com urgência para atendimento
hospitalar. Abaixo, como exemplo, temos o Louro
Rosa e o Chapéu-de-Napoleão.

Como representante, temos a


Mandioca-brava (Manihot
utillissima).
O envenenamento ocorre pela
liberação do ácido cianídrico, que
interfere no metabolismo oxidativo
celular. As manifestações mais
comuns são: .
Gastrointestinais
Neurológicas com midríase
Convulsões
Coma
Além de distúrbios respiratórios que
podem evoluir para asfixia,
comprometimento cardiocirculatório e
óbito.

O paciente deve ser prontamente


encaminhado para atendimento
hospitalar. A conduta terapêutica é
semelhante aos casos de
envenenamento por cianeto. O
antídoto hidroxicobalamina é uma
opção terapêutica, além das medidas
de suporte.

Plantas que contêm


Alcaloides Beladonados
A presença de alcaloides tropânicos
leva à ação anticolinérgica. Seu uso é
popularizado como alucinógeno.
Como exemplo, temos:
Trombeta (Datura suaveolens);
Dama-da-noite (Cestrum nocturnum)
Fonte: Kenpei. Wikimedia Commons.
©
Causam náuseas e vômitos, além de
manifestações anticolinérgicas que
levam a alterações de comportamento
e alucinações.

Indica-se a possibilidade de
esvaziamento gástrico para redução
da absorção, além de medidas físicas
de controle de hipertermia,
benzodiazepínicos se agitação
psicomotora.

Antídoto: Prostigmina, em caso de


síndrome anticolinérgica.
Plantas que contêm
Toxoalbuminas
Fonte: Martina Nolte. Wikimedia Commons.
A lavagem gástrica pode ser
realizada, se não houver vômito. O
uso de antiespasmódicos se e
antieméticos está indicado para
controle de sintomas.

Encaminhar para atendimento


hospitalar para correção de distúrbios
hidroeletrolíticos e alcalinização da
urina com bicarbonato de sódio para
prevenção de tubulopatia renal. Na
imagem ao lado, temos a Mamona.
Fazem parte dessa família a Mamona
(Ricinus communi) - imagem ao lado
- e o Pinhão de purga (gênero
Jatropha).

A toxoalbumina tem ação irritativa e


efeito hemaglutinante. O quadro
clínico é composto de náuseas,
vômitos e diarreia com
desidratação, hipotensão e acidose
metabólica. Distúrbios
hidroeletrolíticos podem levar
a quadros
neurológicos e insuficiência renal.

Pode evoluir para hipotensão e


choque, prostração, sonolência e
convulsões. São sinais de mau
prognóstico: oligúria ou anúria.
©
São plantas ornamentais, cultivadas
como cercas viva. A ação irritante é
proveniente do látex, que também
tem ação cáustica.

São exemplos desse tipo de plantas:


Plantas que contêm Ésteres
Diterpênicos
Fonte: Ezra Katz. Wikimedia Commons.

A ingestão leva a sintomas


gastrointestinais, enquanto o contato
com a pele a manifestações locais de
dor, prurido e bolhas.
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Coroa-de-Cristo (Euphorbia milii) -
imagem ao lado;
Bico-de-papagaio (Euphorbia
pulcherrima);
Dedo-do-diabo (Euphorbia tirucalli).
Plantas que contêm Ésteres
Diterpênicos
Fonte: Own work. Wikimedia Commons.
Se ocorrer contato ocular, pode haver
comprometimento da acuidade
visual, conjuntivite e
ceratoconjuntivite. Para manejo
terapêutico, estão indicados o
tratamento sintomático e a lavagem
local, se houver contato cutâneo.
Bico-de-papagaio (Euphorbia
pulcherrima)
Dedo-do-diabo (Euphorbia tirucalli)
Plantas que contêm
Furanocumarinas
Limão taiti (Citrus aurantifolia);
Figo (Ficus carica);
Caju (Anacradium occidentale).
Agem absorvendo os raios
ultraviolentas, o que provoca
fitodermatites. Como exemplos de
plantas que contêm Furanocumarinas,
estão:
A reação epidérmica pode evoluir na
forma de bolhas, hiperpigmentação,
eritema e vesículas. O tratamento é
sintomático, com corticoides e anti-
histamínicos.
Plantas que contêm
Graianotoxinas
Pertencem à família Ericaceae.
Apresentam resinas tóxicas que se
ligam a canais de sódio e mantêm a
célula em estado de despolarização, o
que provoca o efeito ionotrópico no
miocárdio, além de alterações no
sistema nervoso.
A toxicidade causada por ingestão da
planta é rara. A maioria dos casos
ocorre por ingestão do mel
contaminado por abelhas que
utilizam o néctar dessas plantas. As
manifestações clínicas mais comuns
são náuseas, vômitos e bradicardia.
Em casos graves, há manifestações
cardiovasculares e neurológicas.
O tratamento inclui medidas de
suporte. Pode ser considerado o uso
de carvão ativado, além de
sintomáticos. No caso de bradicardia,
pode ser utilizado atropina, além
de beta agonistas para manejo do
broncoespasmo. Em caso de
convulsões, podem ser
administrados benzodiazepínicos. Se
houver acidose, pode ser
utilizado bicarbonato de sódio.
Plantas que contêm
Saponinas
Trata-se de uma planta que apresenta
saponinas no seu látex. Como
representante, está a Heder helix,
como mostra a imagem abaixo. A
ação das saponinas é irritativa e leva
a lesões pruriginosas e a alergias.
As saponinas hemolíticas agem
alterando a tensão superficial dos
líquidos. O contato dessa substância
com a pele leva à destruição da
queratina, além de desencadear
dermatites alérgicas e de contato.

Se ingeridas, podem levar à sialorreia


e à sensação de queimação e, em
casos graves, a manifestações
neurológicas.
São indicadas medidas de suporte e
tratamento sintomático com
corticoterapia para controle das
manifestações cutâneas; e
benzodiazepínicos, se houver
manifestações neurológicas.

Plantas alergênicas
A Aroeira (Lithraea sp, Schinus sp) é
a maior representante desse tipo de
planta, como mostra a imagem ao
lado.
O envenenamento ocorre por
substâncias alergênicas que se
acumulam na membrana celular e
reagem formando antígenos, o que
leva a reações de hipersensibilidade.
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