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COLÉGIO MARISTA NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO

3º ANO DO ENSINO MÉDIO

GAL ALESSIO, GUILHERME DUARTE, GUILHERME STAUBUS,


MIGUEL CRUZ, OLIVIA STEIN, PEDRO HENRIQUE RODRIGUES E
PEDRO CONTU.

TURMA 305

O PAPEL DO ESTADO EM DIFERENTES PERSPECTIVAS


ANARQUISMO

PORTO ALEGRE
2022
BREVE HISTÓRIA DO ANARQUISMO
Em termos de surgimento histórico, a corrente de pensamento e modelo
político-econômico do anarquismo emerge a partir de um contexto de latentes mudanças
sociais, que encontraram seu ápice em meados do século XIX. A imposição violenta e
repressiva dos chamados Estados Modernos aos governados, em prol do interesse das classes
dominantes, ocorria por meio de políticas externas de caráter imperialista, viabilizando mais e
mais um método capitalista que reprimia qualquer iniciativa em sentido contrário. Desse
panorama, de onde o socialismo já projetava espectros provindos das revoltas dos
trabalhadores, surge a formação de uma consciência de classe fundamentada em valores e
tradições já provindas de lutas anteriores que, somadas à promoção do racionalismo e
consequente surgimento das Ciências Sociais, além de um aumento na taxa de alfabetização e
consumo cultural e intelectual, trouxeram à tona valores tais como a liberdade individual,
igualdade perante as leis e observação da tecnologia como ferramenta de emancipação
humana, sendo tais ideias muito influentes em diversas revoltas que puseram os oprimidos
em um lugar de destaque.

PRINCIPAIS PENSADORES
- Proudhon
Pierre-Joseph Proudhon, nascido em 1809, na França, foi o primeiro a chamar a si
mesmo de "anarquista". Opondo-se ao que enxergava como políticas de cunho centralistas e
autoritárias que tinha por fim a abordagem proposta por Karl Marx, Proudhon propõe ideias
de um socialismo de caráter mais libertário e descentralizado (em termos do Estado),
repudiando concepções de um governo e produção industrial unificados em monopólio. De
tudo isso, nasceu a famosa frase "a propriedade é um roubo", em uma crítica não à
propriedade individual/coletiva geral, mas em como era empregada no trabalho alheio. O
procedimento de mudança social deveria acontecer sem o uso da violência, de forma a
culminar em uma organização social livre em dimensões locais.
- Bakunin
Mikhail Bakunin, nascido na Rússia, em 1814, é considerado, junto de Proudhon, um
dos fundadores do pensamento e filosofia anarquistas. Testemunha da opressão e
autoritarismo, característicos do Czarismo russo ao longo do século XIX, empregados pelo
Estado, Bakunin irá propor suas ideias de forma a opor-se ao modelo marxista, uma vez que,
em sua visão, os fins objetivados pelas teorias de Marx iriam causar uma continuação da
opressão do operariado e não seu cessamento. Contrário ao absolutismo, ele ainda propõe
uma dissolução das diferenças entre as classes sociais através da coletivização da propriedade
e da criação de um salário base, afirmando que qualquer meio para a revolução é necessário,
inclusive o uso da violência.

ORGANIZAÇÃO POLÍTICA
Em termos práticos, o anarquismo, nas palavras do pesquisador Felipe Corrêa (2013):
é uma ideologia socialista e revolucionária que se fundamenta em princípios
determinados, cujas bases se definem a partir de uma crítica da dominação e de uma
defesa da autogestão; em termos estruturais, o anarquismo defende uma
transformação social fundamentada em estratégias, que devem permitir a
substituição de um sistema de dominação por um sistema de autogestão. (Corrêa,
2013, p.25)
Surgido da relação de práticas gerais entre classes dominadas, define-se então a
filosofia anarquista por meio do objetivo de transformação da capacidade de realização
dessas classes em força social, sendo o conflito social, caracterizado pela luta dos grupos na
sociedade, o meio para ocasionar a substituição do poder dominador. Por meio de cada
indivíduo que, individualmente, atua como membro da parcela dita injustiçada na população,
o anarquismo aumenta, de forma permanente, sua força de atuação e, como Corrêa (2013)
pontua, “participação crescente, visando à autogestão, estímulo da consciência de classe,
construção das lutas de baixo para cima, com independência em relação aos agentes e
estruturas dos inimigos de classe – sustenta, assim, meios condizentes com os fins que
pretende atingir”. A violência, nesse sentido, torna-se inevitável, “um marco de passagem de
um sistema de dominação para um sistema de autogestão”. (Corrêa, 2013, p. 26)
Mais especificamente, é definido, no cerne do pensamento anarquista, um corpo
ideológico baseado em dez princípios, que sintetizam de forma objetiva os fundamentos e
bases que regem o ideal em suas origens. São eles: 1) ética e valores, pautados,
respectivamente, na argumentação moral e liberdade, igualdade, solidariedade e estímulo à
felicidade, motivação e vontade; 2) crítica a todo e qualquer tipo de dominação, seja a nível
coletivo ou individual; 3) transformação social do sistema e modelo de poder, únicos e
principais responsáveis pela dominação citada no segundo item; 4) a existência de classes e
as lutas entre elas; 5) a força social como motor das mudanças; 6)
internacionalismo/universalismo da causa; 7) estratégia, vinda pela concepção racional; 8)
elementos estratégicos, no que se configuram princípios; 9) revolução social e violência
(como principal meio para esta); 10) defesa da autogestão a níveis de sociedade e
econômicos.
Ainda dentro da esfera teórico-política do anarquismo, é possível dividi-lo em duas
correntes fundamentais: o anarquismo insurrecionalista e o anarquismo de massas. Enquanto
o primeiro diz respeito a um metodismo que afirma a o conflito de classes como permanente,
defendendo a formação de grupos informais em detrimento de sindicatos e associações
maiores e uso da violência como única ferramenta efetiva em prol da obtenção de mudanças
no paradigma social, o segundo reconhece que a relevância e a notoriedade da causa só será
possível por meio da unificação de grandes assembleias, tendo participação plenamente
popular e ligada, como seu nome enfatiza, às massas.

ORGANIZAÇÃO ECONÔMICA
Sob uma ótica generalista, a economia anarquista pode ser definida com base em
ideais de anti-autoritarismo, pró-atividade dos indivíduos e auto organização dos meios.
Como já visto em termos teóricos citados em tópicos anteriores, também se baseia em
políticas que se opõe sistematicamente ao estatismo e mercantilismo, naturalmente dados pela
imposição através da utilização da força da classe dominante e seus monopólios, que
repousam sobre o Estado, naturalmente coercivo. Em consequência, o ponto econômico no
anarquismo faz-se anticapitalista, almejando o desenvolvimento de uma sociedade livre de
classes e estratificação, por meio de empresas autogeridas. Originalmente, pode ser definida
em três abordagens, sendo elas: mutualismo anárquico, introduzido por Bakunin e que propõe
a ideia de propriedade, matéria prima e ferramentas coletivas, num sistema em que os
trabalhadores têm a posse daquilo que lhes rendeu mais esforço. A distribuição dos ganhos
seria coletiva, respeitando a proporção do trabalho realizado. Diverge-se do comunismo pois
admite um sistema salarial; anarco sindicalismo, cujo método baseia-se na criação de
associações livres de produtores, dispostos a assumir a organização produtiva em princípios
de autogestão e horizontalidade, preparando a estrutura que irá substituir o Estado e a
burguesia (é a escola prática do anarquismo); anarco comunismo, no qual a linha de avanço
definia-se por meio da ideia de cooperação como chave para o sucesso evolutivo,
colocando-se em um pedestal de oposição em relação a visões sociais da teoria darwinista,
defendidas por personalidades como Herbert Spencer, etc. Para os defensores desse tipo de
anarquismo, o estágio comunitário mais evoluído encontra-se no patamar onde a vida não é
permeada pela concorrência.
O ANARQUISMO EM APLICABILIDADE
Dado um panorama, torna-se plena a observação de que o modelo metódico das
políticas anarquistas, a partir de um olhar de aplicabilidade, é complexa e requer exemplos de
natureza mais específica. Ainda em seus tempos de emergência, mais precisamente no ano de
1870, fundou-se a chamada “Federación Regional Española” (FRE), na Espanha, que anos
mais tarde viria a culminar na primeira associação de aderência programaticamente
anarquista, vindo a chamar-se Organização Anarquista da Região Espanhola. Paralelamente,
em 1873, as Revoltas Cantonalistas, que por meio da utilização de armamento buscavam por
autonomia através de um federalismo radical, contaram com a presença determinante de
combatentes e pequenos grupos anarquistas em cidades como Granada, Sevilha e Málaga.
Já na atualidade, a contextualização em torno dos movimentos de atuação,
primeiramente, requer a compreensão de que, de maneira diferente a como se via no século
XIX, o anarquismo vigente é muito diversificado e pode, dependendo da corrente, basear-se
em outros tipos de abordagem metodológica, como as muito inspiradas por princípios liberais
e libertários, diferindo do modelo clássico principalmente no que diz respeito ao foco da
defesa de liberdades, agora com uma visão que dá ênfase à preservação do capitalismo e
liberdade econômica, além de um posicionamento “anti-globalização”. Uma atuação
anarquista generalizada pôde ser vista no Brasil durante os protestos de 2013 e 2014, sendo
de forma independente, por indivíduos que vieram a assumir o movimento individualmente,
ou por meio de agrupamentos organizados, mesmo que não identificados popularmente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CORRÊA, Felipe; VIANA, Rafael. ANARQUISMO, TEORIA E HISTÓRIA. Disponível
em:
https://we.riseup.net/assets/442123/felipe-corrc3aaa-e-rafael-viana-da-silva-anarquismo-teori
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CORRÊA, Felipe. SURGIMENTO E BREVE PERSPECTIVA HISTÓRICA DO


ANARQUISMO. Faísca Publicações Literárias, 2013. Disponível em:
https://ithanarquista.files.wordpress.com/2013/01/felipe-corrc3aaa-surgimento-e-breve-persp
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ANARQUISMO CONTEMPORÂNEO. Wikipedia, 2020. Disponível em:


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ECONOMIA ANARQUISTA. Anarquista.net, 2013. Disponível em:


https://www.anarquista.net/economia-anarquista-como-seria-a-economia-no-anarquismo/.
Acesso em: 12 de Abril de 2022.

ANARQUISMO INSURRECIONAL. Stringfixer, 2015. Disponível em:


https://stringfixer.com/pt/Insurrectionist_anarchism. Acesso em: 13 de Abril de 2022.

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https://pt.wikipedia.org/wiki/Anarquismo_no_Brasil#:~:text=Entre%20os%20pioneiros%2C
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Acesso em: 13 de Abril de 2022.

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