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Ensaio elaborado a partir das reflexões na perspectiva do pensamento intelectual

indígena Aílton Krenak.

Resumo:

"Ideias para adiar o fim do mundo" de Aílton Krenak, assim como as construções feitas em
aula a respeito do assunto e do autor são importantes para a constituição de uma subjetividade
particular do ser e dos modos de estar em um mundo que está à beira de um colapso. Essas
construções e desconstruções surgem a partir das nossas vivências com a natureza, o cosmos
e o respeito pelo direito à vida dos seres. Em oposição à uma ideia de humanidade, baseada
em muitas de nossas escolhas, sendo frequentemente usada como dispositivo de violência e
exploração.

INTRODUÇÃO

O livro de Aílton Krenak, assim como as entrevistas e os diálogos realizados ao longo do


período partindo de outras perspectivas me movimentaram e afetaram-me na minha
constituição como sujeito, por isso optei por utilizá-lo como referência para este ensaio. A
abordagem do livro, trás a forma e os modos que nós brancos adotamos para viver, abrindo
mão do contato com a natureza e com a terra, estando sempre imersos na colonialidade,
caminhando assim para o fim do mundo; um fim o qual nós somos os culpados. Pensar nesses
modos de existência e resistência indígena, é atentar-se sobre outro olhar da nossa
proximidade com a natureza, estando ou não em harmonia com a mãe-terra. Além disso,
podemos perceber a importância dos vínculos de ancestralidade e memória, o cosmos e a
natureza que possuem vida. É a partir disso, que existe a necessidade de romper com a força
da cultura colonialista, propor uma decolonialidade; quando entendemos que somos
incentivados a ver um modelo progressista, como de bem-estar para todos em um processo
civilizatório e capitalista.
DESENVOLVIMENTO

Aílton Krenak, é um dos mais importantes líderes indígenas, com um forte posicionamento
marcado por protestos e defesa dos direitos de toda a população indígena. Ele aborda em seu
livro com bastante veemência reflexões acerca da nossa ocupação e nossos hábitos e práticas
com o Planeta, os cosmos e o outro. Pensar em nossas práticas com a natureza e com os
outros, nós faz refletir sobre os processos civilizatórios que estamos inseridos. Além disso,
diversos povos que mantém essa proximidade com a terra, com a organicidade, como os
indígenas são abruptamente retirados e reprimidos. A abstração civilizatório, suprime a
diversidade, nega a pluralidade das formas de vida, de existência e de hábitos (Aílton Krenak;
2019). Subverte a ideia de uma existência contra-colonial que se manifesta contrária a
linearidade colonial. Uma linearidade que é monoteísta, monista de uma única língua para
todos, e que vai de encontro com o deletamento de línguas indígenas, de regiões e povos
envoltos na pluralidade; além da existência de outras entidades e outras formas de ser e estar
no mundo.
Por isso, ao se deparar como as outras formas de existências culturais, os colonialistas
tendem a todo momento retirar e romper com essas relações criadas principalmente com a
terra, estão caminhando contrário a esse "progresso" exigido pelo Estado. Além disso, esse
processo de ruptura e modernização do Planeta, acontece sempre de forma violenta e
estruturalizada, seja institucionalizada ou não. Aílton Krenak diz que "a modernização jogou
essa gente do campo e da floresta para viver em favela e em periferias, para virar mão de obra
em centros urbanos." (pág. 8) Rompendo com laços afetivos e vínculos do povo com a terra e
do povo com o povo. Podemos notar assim, que a única preocupação das grandes corporações
é produzir, extrair e lucrar.
Enquanto povos indígenas resistem e lutam há décadas para se manterem vivos, cultivando
suas relações, experiências e sua ancestralidade e memórias vivas; nós brancos derrubando
florestas para o agronegócio, para produzir um monte de produtos, para satisfazer o nosso
ego; matamos sem nenhuma piedade os animais, e construímos aqui e ali sem se importar
com os povos originários que habitam nesses espaços, sem se importar com o abismo que o
mundo está indo.

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