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ESTRATÉGIA DE CONTROLE PARA ACIONAMENTO A VELOCIDADE VARIÁVEL

PARA MOTORES MONOFÁSICOS COM OPERAÇÃO OTIMIZADA

Article · January 1997

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Ronilson Rocha Selenio Rocha Silva

Universidade Federal de Ouro Preto Federal University of Minas Gerais
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P.F. Donoso-Garcia
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 ESTRATÉGIA DE CONTROLE PARA ACIONAMENTO A VELOCIDADE
VARIÁVEL PARA MOTORES MONOFÁSICOS COM OPERAÇÃO OTIMIZADA
Ronilson Rocha* Pedro F. Donoso Garcia*
Selênio Rocha Silva* Márcio Fonte Boa Cortezx
UFMG -CPDEE* & DEMECx
Avenida Antônio Carlos, 6627, Campus Pampulha
CEP: 31.270-901 - Belo Horizonte - Minas Gerais - Brasil

Resumo - Motores de indução monofásicos são comuns
em aplicações de potência fracionária, principalmente em
equipamentos domésticos, o que despertou o interesse
com relação a acionamentos desta classe de motores nas
últimas décadas. Este artigo descreve uma estratégia de
acionamento a velocidade variável para motores de
indução monofásicos, a qual permite otimizar o seu
desempenho.
Abstract - The use of single-phase induction motors are
commons on fractional horse-power range, mainly in
domestic appliances. This fact woke up a great interest
for drivers for single-phase motor. This paper describe a
control strategy for single-phase induction motors
variable speed drivers, who allows performance
optimisation.
Neste artigo é descrita uma estratégia de acionamento a
velocidade variável para motores de indução monofásicos,
que busca manter o fluxo constante sobre toda a faixa de
operação e promover a otimização da eficiência da máquina.
II. CONJUGADO EM UM MOTOR DE INDUÇÃO
MONOFÁSICO
Os enrolamentos de um motor monofásico formam um
conjunto bifásico desequilibrado, motivo pelo qual é usual o
emprego do método de componentes simétricas, em conjunto
com o conceito de estrutura de referência estacionária para a
sua análise em termos de seqüências positivas e negativas
[Krause, 1987]. A Figura 1 mostra o circuito equivalente em
componentes simétricas para um motor monofásico.

I. INTRODUÇÃO I1
Um dos motores mais utilizados na faixa das potências
fracionárias é o motor de indução monofásico, sendo comum
encontrá-lo em residências, escritórios, lojas, fazendas e
indústrias desempenhando aplicações variadas. Em muitas
dessas aplicações, tais como refrigeradores, maquinas de
lavar, ventiladores e processadores de alimentos, a
possibilidade de acionamentos a velocidade variável para
motores de indução monofásicos representa uma opção
bastante interessante. Devido a esse fato, uma especial Zaux
atenção tem sido dedicada ao desenvolvimento de
acionamento a velocidade variável para motores de indução
monofásicos.
Um método simples para se variar a velocidade de um
motor de indução monofásico é através do controle de tensão I2
em seus enrolamentos [Xu, 1992]. Entretanto, a faixa de
regulação de velocidade obtida com a utilização deste
método é muito restrita. Para faixas maiores de regulação de
velocidade é necessário o uso de motores com alta resistência Fig. 1 - Circuito Equivalente do Motor de Indução Monofásico
rotórica, o que implica na redução da eficiência do
acionamento. O conjugado eletromagnético (Te) desenvolvido em uma
O método mais indicado de controlar a velocidade de um máquina de indução monofásica em regime permanente é a
motor de indução monofásico é através da variação da resultante de duas componentes em oposição, decorrentes das
freqüência de estator. Para o emprego deste método de correntes de seqüência positiva (I1) e negativa (I2). De acordo
acionamento, deve-se estabelecer uma estratégia de controle, com Fuchs et alii [1987] e Rocha [1995], o conjugado
geralmente do tipo V/f (tensão/freqüência), a qual é eletromagnético é dado pela equação 1:
determinada a partir de restrições externas com o objetivo de
limitar a corrente máxima para um máximo conjugado de
2. P 2  
saída [Reggiani et alii, 1983]. A grande limitação dessa T = .X .  Z . I 2 − Z  .I2  (1)
e ω ms   s  1 2 − s 

2
estratégia é que o fluxo não se mantém constante a baixas b
freqüências, tornando necessário o uso de uma relação V/f
ajustavel. onde P é o nO de pares de polos, ωb é a velocidade síncrona e
Z(x) é dado por : enrolamento principal do motor (IA).
Para manter a corrente de magnetização constante (e
x. rr′ consequentemente, o fluxo constante), a corrente do
Z( x ) = (2)
( )
2
rr′ + x . X ms + X′r
2 2
enrolamento principal IA é relacionada com a velocidade de
escorregamento conforme a equação 5:
É necessário a conversão das variáveis de seqüências da
[ ( )]
2
equação 1 para variáveis estatóricas com o objetivo de rr′ + s. X ms + X r
2
2. I ms
IA = . (5)
( )
analisar o conjugado em termo das correntes dos
(1 + k ′ )
2
rr′ + s. X r
2 2

enrolamentos principal (IA) e auxiliar (IB). Dessa forma,

conjugado eletromagnético será expresso pela equação 3
[Rocha, 1995]: onde k’ é a relação entre as amplitudes das correntes IA e I’B
(IA/I’B).

[( )]
A especificação da relação k’ entre as correntes depende
)( ) (
2
P X ms
Te = . I A + I ′B . Z ( s ) − Z ( 2− s ) + 2.I A .I ′B .sen ϕ. Z ( s ) + Z ( 2−s ) (3)
2 2
. do tipo de otimização que se pretende obter nas
2 ωb
características de operação do motor. Neste artigo, optou-se
pelo aumento da eficiência de operação do motor de indução
onde I’B é a corrente do enrolamento auxiliar referida ao monofásico (minimização das perdas). Segundo
enrolamento principal e ϕ é o ângulo de defasagem entre as investigações realizadas por Fuchs et alii [1987], o motor de
correntes IA e IB. indução monofásico opera com maior eficiência quando os
A análise da equação 3 mostra que o conjugado do motor enrolamentos principal e auxiliar apresentam densidades de
monofásico pode ser controlado a partir da variação da corrente praticamente idênticas. De acordo com este
amplitude da corrente IA, da amplitude da corrente I B, ou do princípio, a relação k’ pode ser dada pela equação 6:
ângulo de defasagem ϕ. Embora seja um método de
1  d oB 
2
implementação mais simples, o controle do conjugado I ′B S oB
através da variação do ângulo de fase ϕ raramente é utilizado k′ = = = .  (6)
IA n . S oA n  d oA 
[Jang & Won, 1994].
Para assegurar a operação do motor monofásico sob fluxo
constante, evitando a saturação magnética e perdas Assim, o módulo da corrente do enrolamento auxiliar IB
excessivas no motor, é necessário o controle da magnitude da será determinada pela equação 7:
corrente de magnetização [Miller, 1988]. Uma vez que a
corrente de magnetização de seqüência negativa é I B = K. I A = n . k ′.sgn(ω s ). I A (7)
desprezível em um motor de indução monofásico normal
para qualquer valor de escorregamento, a corrente de onde n é a relação de transformação entre o principal e o
magnetização (Ims) pode ser expressa pela sua componente de auxiliar. Com o propósito de obter-se maiores conjugados, as
seqüência positiva, conforme a equação 4: correntes IA e IB devem estar em quadratura (o ângulo de
defasagem ϕ é sempre ± 90o). As referências das corrente IA
rr′ e IB são geradas e aplicadas a um inversor CSI para a
+ j. X′r
rr′ + j. s. Xr
( ) alimentação em corrente do motor de indução monofásico.
s 1
I ms = I1 . = . I A − j. I′B . (4)
rr′
(
+ j. Xms + Xr 2 ) rr′ + j. s. Xms + Xr ( ) A limitação do escorregamento é grande importância em
s acionamentos a velocidade variável, uma vez que
proporciona o controle de aceleração, cuja função é evitar
III. ESTRATÉGIA DE CONTROLE mudanças bruscas na velocidade devido a dramáticas
A Figura 2 mostra o diagrama esquemático do mudanças de carga e, consequentemente, o aparecimento de
acionamento proposto. A partir da malha de velocidade, um sobrecorrentes [Garstang, 1988].
controlador PI gera uma velocidade de escorregamento (ωs),
a qual determina a freqüência estatórica (ωb) e a corrente no
Inversor CSI

IA.sen(ωb.t) Motor
+ω s IA Gerador
K
IB senoidal
ωref PI ωs bifásico IB.cos(ωb.t)
ωb
+ +ωr +
ωr -
-ωs

Fig. 2 - Diagrama de Blocos do Controle de Velocidade

IV. RESULTADOS alimentado por uma fonte de tensão contínua de 250 V. O
Os parâmetros do motor de indução monofásico utilizado limite de escorregamento imposto foi de ± 30 rad/s e o
para simular a estratégia de acionamento proposta neste controlador PI foi sintonizado de forma a se obter o melhor
artigo são apresentados na tabela 1. Admitiu-se o uso de um resultado possível.
inversor tipo histerese de corrente, com ∆I = 0,05A, Devido ao desconhecimento de aspectos construtivos da
máquina em questão, adotou-se uma relação entre correntes Conjugado (N.m)

igual a k’= 0,3 e a corrente de magnetização foi fixada em

1,65 A.

Tabela 1 : Parâmetros do motor

Tensão de placa 110Vca
Polos 4
freqüência 60Hz
Potência ¼ HP
n 1,18
rs 2,02Ω
rS 7,14Ω
rr 4,12Ω
Ls 7,4mH
LS 8,5mH 12 Hz 24 Hz 36 Hz 48 Hz 60 Hz
Lr 5,6mH
Lms 180mH
J 0,0146 kg.m2
velocidade (rpm)

Fig. 3 - Característica de Operação Conjugado-Velocidade

A. Regime Permanente
As curvas conjugado-velocidade da figura 3 mostram que
Corrente (A)
a estratégia proposta é capaz de assegurar o conjugado
eletromagnético constante para uma ampla faixa de variação
de velocidade do motor monofásico. Este tipo de
comportamento é particularmente desejável para aplicações
que tenham a característica de carga mecânica constante, tais
como sistemas de refrigeração [Miller, 1988].
As curvas corrente-velocidade da figura 4 representam a
corrente de linha, ou seja, a soma vetorial das correntes dos
enrolamentos principal e auxiliar. Como pode ser observado,
durante a partida as correntes são altas, o que demonstra a
necessidade da realização do controle de aceleração do motor
através da limitação do escorregamento.
12 Hz 24 Hz 36 Hz 48 Hz 60 Hz
B. Regime dinâmico
As figuras 5, 6, 7, 8 e 9 mostram o comportamento
dinâmico do acionamento proposto durante uma operação de
velocidade (rpm)
variação de velocidade do motor, que consiste na partida em
60 Hz, redução para 30 Hz e aceleração para 45Hz. A relação Fig. 4 - Característica de Operação Corrente-Velocidade
entre correntes k’ foi dobrada durante a aceleração da
Velocidade (rpm)
máquina de 30 Hz para 45 Hz, com o propósito de aumentar
o conjugado neste período.
Como pode ser observado na figura 5, o controle de
velocidade através do método proposto conseguiu ajustar a
rotação do motor de acordo com a referência imposta. Nota-
se que o acionamento proposto é relativamente lento, devido
principalmente a limitação do escorregamento.
As figuras 6 e 7 mostram, respectivamente, o conjugado
da máquina durante toda a operação de variação de
velocidade e característica conjugado velocidade. O
conjugado pulsante obtido é característico do motor de
Velocidade no eixo
indução monofásico, devido a existência da componente de
Referência
seqüência negativa.

Tempo (s)
Figura 5 - Velocidade de rotação
 Conjugado (N.m) Corrente (A)

Tempo (s) Tempo (s)

Figura 6 - Conjugado no eixo do motor Figura 8 - Corrente no enrolamento principal
Conjugado (N.m)
Corrente (A)

Tempo (s)
Velocidade (rpm)
Figura 7 - Característica Conjugado-velocidade durante a partida Figura 9 - Corrente no enrolamento auxiliar

Corrente (A)
Um aspecto importante que deve ser observado é a
redução acentuada do pico de corrente durante a partida do
motor, conforme observado nas figuras 8 e 9. A corrente de
partida direta da rede para o motor em questão no
enrolamento principal e no enrolamento auxiliar é
respectivamente da ordem de 25 A e 12,5 A [Krause, 1987].
Com o uso do acionamento proposto, o pico de corrente foi
limitado, respectivamente, a cerca de 7,5 A e 3 A.
Pela filosofia empregada nesta proposta de acionamento, a
responsabilidade da geração do conjugado eletromagnético
da máquina é dividida entre ambos enrolamentos. Desta
maneira, é esperada uma redução da corrente no enrolamento
principal durante a operação em regime permanente (figura
10). Também percebe-se que tanto a corrente do enrolamento Principal
principal quanto a do enrolamento principal permanecem em Auxiliar
cerca de 3,5 A e 1,4 A para qualquer velocidade de rotação
do motor em regime permanente.
Tempo (s)

Figura 10 - Corrente principal e auxiliar (detalhes)

 V. CONCLUSÕES financeiro.
Como constatado pelos resultados obtidos em regime
permanente e dinâmico, a estratégia de controle descrita VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
neste artigo apresentou respostas satisfatórias de conjugado e
1. FUCHS, E.F; HUANG, H.; VANDENPUT, A.J; HOLL,
corrente, e representa uma boa alternativa para acionamentos
J.; APPELBAUM,J.; ZAK,Z.; ERLICKI, M.S. -
a velocidade variável de motores de indução monofásicos,
Optimization of Induction Motor Efficiency - Single-
nos quais se pretende estabelecer algum tipo de melhoria na
Phase Induction Motors - Final Report -USA, EPRI,
operação da máquina. Alguns picos de conjugado foram
1987, Volume 2.
detectados e são provenientes, provavelmente, de um ajuste
não otimizado nos controladores. 2. GARSTANG, S.W.- Variable Frequency Speed Control
Um aspecto importante a ser observado é que neste a of Refrigeration Compressors -Part 1 - Australia -
artigo foi realizada otimização estática da eficiência, ou seja, Australian Refrigeration, Air Conditioning and Heating
somente a operação do motor de indução monofásico quando - Março 1990.
operando em regime permanente foi otimizada. Entretanto, é
interessante a extensão desta filosofia para a operação em 3. JANG, D.; WON,J. - Voltage, Frequency, and Phase
Difference Angle Control of PWM Inverters-Fed Two-
regime dinâmico. Isto pode ser feito de duas maneiras:
Phase Induction Motors - USA, IEEE Trans. on Power
• Estabelecimento de uma relação k’ variável com a
Electronics, vol 9, no 4, 1994
velocidade de rotação;
• Introdução do controle do ângulo de defasagem entre as 4. KRAUSE, P.C. - Analysis of Electric Machinery - New
correntes, mantendo a relação k’ constante. York, McGraw-Hill, 1987
A estratégia de acionamento desenvolvida neste artigo
5. MILLER, W.A.- Laboratory Efficiency Comparisons of
visava a otimização da eficiência do motor de indução
Modulating Heat Pump Components Using Adjustable
monofásico, o que era feito através da determinação da
Speed Drives - USA, ASHRAE, Vol 94, Part 1 - 1988.
relação k’. Entretanto, é possível utilizar tal procedimento
para a otimização de outras variáveis ou modos de operação. 6. REGGIANI,U.; TASSONI,C; FIGALLI,G. - Analysis
A titulo de ilustração, uma interessante proposta é relatada of an Inverter-Fed Single-Phase Induction Motor Drive -
por Reggiani et alii [1983], que tem como objetivo assegurar Switzerland - IFAC - 1983
a densidade de fluxo constante em um valor nominal e evitar
7. ROCHA, R. - Contribuição ao estudo de um sistema de
o sobreaquecimento da máquina em qualquer ponto de
refrigeração com compressor operando a velocidade
operação do motor de indução monofásico. Apesar de ter
variável - Belo Horizonte, Tese de Mestrado em
sido desenvolvida originalmente para o estabelecimento de
Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Minas
uma lei V/f, tal estratégia de acionamento pode ser
Gerais, 1995.
facilmente adaptada para a determinação da relação k’.
8. XU, L. - Dynamic Model of a Integral-Cycle Controlled
VI. AGRADECIMENTOS Single-Phase Induction Machine - USA, IEEE Trans. on
Os autores agradecem a CAPES e FAPEMIG pelo suporte Energy Conversion, Vol.7, no 4 ,1992.

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