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parada da dáversidade
Prof. Dr. Luiz Mott GRU PODIGN IDADE

ESQUINA---1

1 EM ^` e i= E se Gilberto Freyre
.
Conselho Editorial - Adão
Acosta, Aguinaldo Silva, Antônic
Chrysóstomo, Clóvis Marques,
Dar--y Penteado, Francisco Bi ten-
court, Gasparino Damata, Jean-
também fosse negro?
Sob a cínica pergunta Racismo no Brasil?", pantados negros, após a passagem de uma nuvem negros e dois mulatos, na peculiar diferenciação
Claude Bernardet, João Silvéric a Folha de São Paulo de Oi-05-79 publica artigo de poluição. Pelo jeito, (e segundo G. Freire), o cromática brasileira), marcam encontro numa
Trevisart e Peter Fry. assinado pelo Sr. Gilberto Freire, responsável fato de que não haja racismo no Brasil não im- nova hoite supostamente ga y em São Paulo; e
Coordenador de edição: direto pela mítica e furada teoria da harmonia pede que exista um espaço para ridicularizar a atenção ao nome: 266 WEST, na rua Marquês de
racial brasileira. Ao relativizar nossa situação figura do negro, como exemplo, atual de cld&dio Itu. Aproximadamente à meia noite, dois deles
Aquinaldo Silva. com a dos outros países, afirma o sociólogo per- poluido. são impedidos de entrar, sob a alegação da casa
nambucano: " não sei de país - e tenho estado Entendo pouco de sociologia e tabelas estatís- estar lotada. Uni deles desconfia, atravessa a rua
Colaboradores - Agudo Gui- em meio mundo - onde haja, com todas as ticas. Mas não é necessária muita sapiência e constata o ingresso continuo de elementos bran-
marães, Fredirico Jorge Dantas, deficiências, causadas principalmente por fatores sociologês para perceber que preto no Brasil não é cos. No dia seguinte, conversam com os outros
não raciais, tanta harmonia racial". Feito isco, vitima de preconceito racial na medida em que ele dois amigos pretos com quem haviam marcado
Alceste Pinheiro, Paulo Sérgio menospreza e minimiza qualquer atitude oficial e se coloque no seu devido lugar. Neste sentido,
encontro e que são vitimas da mesma discrimi-
Pestana, Zsu Zsu Vieira, José Fer- organizada em defesa do negro, considerando-a para a olímpica e cândida visão de um compo. nação, só que às três horas da manhã. Inconfor-
nando Rastos, Henrique Neiva, mera imitação do modelo americano: "Tenho nente da aristocracia rural pernambucana, mados, pedem pelo menos que lhes seja permitido
Leila Miccolis, Nélson Abrantes, notícia de um movimento que se intitula anti- poucos momentos podem ter-lhe servido como ex- "dar uma olhada". Também foram impedidos.
Sérgio Santeiro, João Carlos racista em São Paulo, Creio que nele há consi- periência vivida de preconceito racial, Isto é um
derável imitação - voluntária ou organizada - possível resultado de ter escrito a respeito de Desejo aqui tornar público o meu repúdio a
Rodrigues, João Carneiro (Rio); das reis indicações do chamado "negro ameri- racismo no Brasil dentro da "Casa" e não den- quem discrimina, sabetidu que a vítima no caso é
José Pires Barroso Filho, Carlos cano". Ironicamente, na página lateral do jornal, tro da "Senzala". Sustentaria as mesmas teorias duplamente discriminada pela sua condição de
Alberto Miranda (Niterói); Mariza, o nosso conceituado sociólogo caso ele fosse p reto-homossexual Faço um apelo para que
Edward MacRae (Campinas); é publicada uma "charge" do cartunista Gê negro? minha atitude de denúncia se concretize sob for-
("Poluição do ar bate recorde na área central"), ma de boicote por parte de todos os lampiônicos
Glauco Mattoso, Celso Curi, Edêl- No sábado 5 de maio (quando o artigo da conscientes, freqüentadores da gay-life paulista.
cio Mostaço, Paulo Augusto, em que dois brancos se metamorfoseiam em es- Folha estava sendo rodado), quatro amigos (dois (Jorge Schwsrtz)
Eduardo Dantas, Cynthia Sarti
(São Paulo) ; Amy(ton Almeida
(Vitória); Zé Albuquerque (Recife);
Gilmar de Carvalho (Fortaleza); Á palavra dos_____________________
Alexandre Ribondi (Brasília); San-
dra Maria C. de Albuquerque
(Campina Grande); Poljbio Alves ofendidos
(João Pessoa); Frank(in Jorge
(Natal); Paulo Hecker Filho (Porto Já tínhamos programado a publicação de ar- para conhecer a casa, ver o ambiente e, se fosse essa a maneira que uma casa recém-inaugurada
Alegre); Max Stotz e Wilson tigo de Jorge Schwartz, quando nos chegou às conveniente, passar a ser clientes, No entanto, recebe seus posdveis clientes, mesmo estando
Bueno (Curitiba). mãos unia carta, denunciando o mesmo fato - quando as duas primeiras pessoas chegaram ao lotada, tratando-os de uni modo brusco e proi-
racismo na 266 Wesi de São Paulo (que, é bom bar à meia-noite, não puderam entrar, sendo o bindo-lhes uma olhada apenas para conhecer o
Correspondentes - Fran Tor- motivo alegado bruscamente pelo porteiro que a
frisar, nada tem a ver com a boate do mesmo ambiente? (4) Será que o 266 WesI está fazendo
nabene (San Francisco); Allen nome do Rio) -, assinada pelas quatro pessoas casa estava lotada. Depois de ter atravessado a uma seleção para criar uns determinado nível de
Young (Nova lorque; Armando de vítimas da . discriminação: Wilson Ferreira rua, os dois constataram que grupos de pessoas clientela? Se for o caso, perguntamos novamente,
Fulvié (Barcelonal; Ricardo e Hec- Menezes. Bcrsê J. dos Santos, Marco A. Ferrati e estavam entrando diretamente sem interferência qual é o critério empregado? Se é nível cultural,
or (Madrid). Orlando S. Paiva contam, em sua carta ni- do porteiro, que, aliás, simplesmente abria a por- nós todos temos um bom nível. Um conta até com
holicamente datada de 13 de maio, como foram ta para eles. cursos superiores realizados tia Europa e nos Es-
Fotos - Biliy, Acio)ly, Maurício "A mesma coisa ocorreu com os outros dois
vítimas de racismo numa boate para homosse- tados Unidos. Se é financeiro, nós todos somos
S. Domingues, Dimitn Ribeiro xuais: colegas ao chegarem ao bar três horas depois; foi contribuintes de imposto de renda. Se é profis-
líRio); Dimas Schitini (São Paulo) e -Partimos do princípio já constatado de que o alegada a mesma coisa com o mesmo tom gros- sional, estamos iodos bem empregados: operador
arquivo. homossexual é um sujeito que sofre pressões da seiro - Não podem entrar, casa lotada. Ademais, de sistemas, professor universitário, bancário e
Arte - Jo Fernandes, Mem de sociedade. Normalmente ele procura um ambien- foi-lhes impedida uma mera olhada lá dentro tradutor-intérprete.
te gav para sentir-se bem, tranqüilo, seguro das para conhecer a casa.
Sã, Patrício Bisso, Hildebrando de "Agora colocamos as seguintes perguntas: (1) "Nós alegamos que a maneira em que fomos
investidas, sem ter que preocupar-se com os
Castro. preconceitos da sociedade. Ao procurarmos tal Qual é o critério empregado que permite a en- recebidos pelo 266 Wèst foi por sermos negros.
Arte final - Edrnilson Vieira da ambiente numa nova casa recém-inaugurada em trada de grupos de cinco e oito pessoas de unta Aproveitamos a ocasião para acrescentar que o
Costa. São Paulo - o bar 266 Wesi - ficamos muito vez logo depois de proibir, a entrada de duas pes- homossexual brasileiro nunca deve se queixar dos
decepcionados. soas com o motivo de "casa lotada ­ . sem ter saído preconceitos existentes na nossa sociedade en-
LAMPIAO da Esquina é uma
"Nós quatro havíamos combinado para nos ninguém de lá dentro? (2) Que bar em São Paulo quanto ele mesmo niatitiver determinadas res-
publicação da Esquina - Editora encontrar nesse local tio sábado, dia de maio, lisa Lotado às três horas da madrugada??? (3) Ë trições para com o seu próximo de cor."
de Livros, Jornais e Revistas Lt-
da... CGC 29529856/0001-30; Ins-
crição estadual: 81 .547.113.

Endereço para correspondên- Estamos aqui, plantados, sempre


cia: Caixa Posta(41031, CEP 20241
(Santa Teresa), Rio de Janeiro,
RJ.
Composto e impresso na
à espera da chamada "abertura"
Gráfica e Editora Jornal do Comér-
cio S.A. - Rua do Livrament, No dia 24 de maio os jornais cariocas pu- possuía. Sim, porque, apesar da crescente injustific ás'eis. -
189/203. hlicarunt uma foto do Ministro da Justiça, liberação de temas até há pouco proibidos, o in- Claro, o inquérito sobre LAMPIÃO. uma
Peirônio Porte/a, atravessando o Av. Rodrigues quérito contra LAMPIÃO continuo a circular vez iniciado, não pode mais parar, anão ser por
Ah'es, no Rio, em direção ao prédio on- Pelos canais competentes. Agora mesmo, en' decisão da Justiça. A ele parece que vai se juntar
Distribuição: Rio - Distri- de, sob o nome de "Imprensa Nacional", fun- viado à Justiça Federal com pedido de baixa, ele um outro, agora contra ojor,tal Repórter e
buidora de Jornais e Revistas ciona o Departamento de Polícia Federal. Nu retornou ao DPF "para amas diligências". jornalista Jura Reis, por causa da matéria in-
Presidente (Rua da Constituição, o Ministro atravessa a ai ,. sozinho, sem Enquanto isso, o assunto cuja t'eiculação titulada "Lésbicos metem o pau na repressão",
65/67); São Paulo - Pauhno Car- motivou o inquérito - o homossexualismo - feita por ela e publicada pelo jornal, Mas, paro
guarda-costas à vista, em ,naLç uma re.'nariva de
,?tostrar que está sendo Sincero quando diz que deixou de ser tabu, para se enquadrar entre os que ele não se torne uma espécie de monstro
canhetti; Recife - Livraria Reler; mais discutíveis da atualidade. O animador Pré-histórico e circular como um fantasma pies-
5)5 tempos são oujios
Salvador - Literarte; Florianópolis Flávio Cavalcanti chegou mesmo a debatê-lo 'ia sa época de libertação e abertura, seria bom que
Vendo a foto do Ministro, eu me lembrei de
e Joinville - Amo, Represen- mais vigiado de todos os veículos, a televisão.' fosse, pelo menos, apressado. Do contrário,
outra foto, feita pela revista Isto É, em que cin- durante três domingos, a cores e via Embratel, haverá o risco e continuarmos sendo -proces-
tações e Distribuiç& de Livros e co de nós, editores de LAMPIÃO, aparecemos
pessoas sérias e competentes falaram de homos- sados por ter falado, neste jornal, sobre um as-
Periódicos Ltda; Belo Horizonte - atravessando a mesma av,, caminhando em
sexualismo concluindo que os homossexuais sunto que, ao mesmo tempo, é livremente di-
Distribuidora Riccio de Jornais e direção ao mesmo prédio. Íamos, então, para a
têm toda razão ao lutar pelo direito de ser o que cutido em outros meios de comunicação, muito
Revistas Ltda.; Porto Alegre identificação criminal a que teríamos que nos mais poderosos que esta nossa modesta con-
süo, sem que tenham que ser reprimidos por isso.
submeter, já que furamos indiciados no in- tribuição à liberdade de expressão que - se-
Coojornal; Teresina - Livraria quérito 25178 do DPF, enquadrados no Ari. 17
Findo a série de debates tia TV, não acon-
teceu o que as mais radicais esperavam: não gundo outro Portela, o Ministro Eduardo, da
Corisco; Curitiba - Ghignone; da Lei de Imprensa, por "ofensa à moral e aos Educação - deve ser considerado, em qualquer
houve desagregação da família, nem um subs-
Manaus - StanleyWhide. bons costumes'. A diJèrença de tempo entre tancial aumento no índice de homossexuais, ar, 't empo e 'não apenas nos de abertura, um
Assinatura anual (doze nú- uma foto e outra era pequena demais, para que contrário, os pessoas, mesmo que não dire- direito fundamental dos homens; que nós, como
meros): Cr$ 230,00. Assinatura acreditássemos, sem nenhuma ressalva, na tamente interessadas nele, acabaram por ficar o Ministro Portela, também possamos atraves-
Para o exterior: USS 15. riqueza de significados que, segundo os jornais mais esclarecidas sobre um assunto cuja simples sai' livremente as nossas ruas e dar a essas
que a publicaram a foto do Ministro Funda menção, geralmente, já é motivo para receios travessias o dignificado que nos apnou ver. (as).

Página'> LAMPTÁO da Fiqulna

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APPAD i e
Centro de Documentação
Prof. Dr. Luiz Mott GRU PODIGN IDADE
v:
da parada da diversidadi -
ESOUINA

PORTUGAL:
sem bacalhau, mas
com muito paneleiro
Chego a t.i'oa de trem. sindo de Sevilha. caricatura e o humor eram as caracteristicas prin-
Corno eornboii ' atrasou q ti ase três horas, meu cipais do tras'.'stisnin de cena.
lei ii 1 )1 ) 03 cidade fic1Iri reduzido a duas noites e Um tios travestis encerrasa nessa noite a suo
0111 tua. Acontece que um dos meus planos é oh. temporada de atuações, por coincidência o dia (e
sersar diferenças entre o Portugal de agora e a noite) do seu atiisersário, No palco. ele era unia
aquele da minha última sua, oito anos ai ríls, figura alia e magra, de ombros largos. ossusl1' 1,'
sob tiiiia ditadura ttc estrciiiudireita, ferrenha e cadeiras estreitas (se tivesse praticado esportes
moralista. Além das anotaçúes políticas, pretendo poderia ter um honirui corpo masculino). Obtinha
colher dados sobre as conseqüências da brusca a simulação da feminilidade com maquilagem,
mudança em relação às aeni ur;Ls. priiieipalmen. 0100 possível depilação do peito e braços, e recur-
te as sex tia is r' isi ltd ficame ole as fio tiios• sos de cena. Nào se preocupas a eni fazer a chiar.
SCXilíiIS. 1510.01101 ik' teniar estabelecer contatos moia, nem uni caricato nem a vedete do espe-
parti LAMPIÃO. l'orr iii tenho alguns Ia lo res táculo. porque as chances eram iguais para os
e•rura 1111111. Prirriciro. li leUlpo esígitil de ação: é quatro: porém sua característica principal, daí
tini total de Páscoa, port.ttl m,itiiria das pes- faLi r mais cicie que dos ou t nos, é ser filho de uma
silos C es131 tora iLi i.ipttal tici l ois, tto tenho fadista ízsrnosa, Marta José ilo Guio, de quem ele
quaisquer referências de pessoas ou de mosinien faz tinia dublage iii. Sotu t ti fu,rmuudu que Maria s
los de irtIeIraço. e ucui telho obié- los com tiieut Guia foi algumas se/es, dttrantc a teoiporada.
31111 gI)5 ci s i ti ice 1115 itshsoias, iisrq ue estes, se j sistir ao show do filho. Após o show suo apre s.i
itAi 1 intirrerani. 1 crà&i sia i tido, sendo que alguns tado a ele, Jack Brideni. isto é, Carlos Guia.
itcili ''çtttetitttartt ' ou eram curtistidos t coisa lUx- lhe COVIS ida litura tini a champanha coniemo l'a
iiítca I1 naqueles 1 cllisis ietiipitsi do atiist'rsíuruo tio bar tio andar superior. 1
A tinica pista na é liruceida no niiats puro quatro artistas vesterit etitão roupas t'oiltsiIi..
acaso por iini guia tu ris t tIo que recebo na por. rietihtim deles tras-estido. e Carlos Guia parte
torta do hotel e que, incaphicas cimente, é escrito utii mutiisersitário estudioso, de óculos, cabeIs
ciii alt' iii tiot ii' procurar uni 111110 restaurante. curtos. mãos enormes e corpo meto tlescui t
para compensar os sanduíches do trem, encontro ado.
ira lista tias casas IitLirttas o nome de 11013 dis- Vem ainda conversar contigo um rap.u,
Cl eco que 1 trith' iii aprese itt o shows de t ras estis. mulato. de calças de couro preto e camiseta reli-
lentar coriiOti.t tini grupos 1C eottseit'titiJaçAi dada, que cii já notara tia discoteca pelo bizarro Os meninos do "Rocambole": muito humor e talento, nada de silicone
homossexual. ai i- as és cio tistis 0111 51110 deste - e tio traje, diverso da maioria. Entre outras coisas apresentou, sobre a existência de mosinierutu'is de Ainda o Memorial. O Scarlaty e o Final.
dos iia j s coniercjithi,aclos, corno é o traestrsnio me di, que atualmente trabalha no Brasil, con- c'onscientízaçào. A resolução criou aberturas para
ant e mente- Duas saunas: LI.. próxima à Rua São
parcet' h as t te errado; mas n lo tenho tratado por tinia multinacional do petróleo, es. todas as reinvitidicações virem à luz. portanto Bento, e outraãna As'. Pedro Altares Cabral. As
00 tro eito. 1 ek'íout e falo coou uni dos pro- natido de férias em Lisboa. E tim "ilheti" (nascido não fias-cria razão de também o homossexualismo n
informações o são muito precisas, reconheço,
priciári,rs do Rocambole, e quti tido 1110 LAM- 011 Ilha da Madeira), mas que precisou emigrar não pedir licença para atuar. Lisboa porém hão se lias também, tenham paciência porque nem
PIÃO C a 0011113 illidlS,'ãO de dOilttitItS, gentilmen- pura o continente. "porque depois da resolução, malilfestoil, parece que satisfeita em poder fazer Jesus Cristo conseguiria melhores em tini dia e
te CIC 01V dotO ida para tsithecer 11 101(11. quctit hão concordas a(?) era perseguido. porque coti mais naturalidade aquilo que antes era leito ditas ti (ii ICS.
Corno teuhtt teirtjist. irei amar antes. Os res- lá na ilha os homossexuais sempre foram bastante is 'portas fechadas: mas na cidade do Porto or-
visados''. P. S. - (a) O Largo cio Rossio ou o Chiado
taurantes que eu conhecia decairam, informa-me ganizaram-se passeatas coto flâmulas e cartazes.
Apesar de falarmos a mesma hinguta, talvez podetii ser tradicionais, mas são lugares peri-
ii porieiru do hotel, que tenta me encaminhar Mas o próprio povo, ainda desprevinido e des-
devido ao 'inho do jantar, ao champanha e ao ,gosos. Prefiram bares especializados, onde a
para uma casa de fados, com um grupo de traiu' preparado, podou as asas das "corajosas por.
cansaço da viagem, não consigo entender a gente é bonita e de bom nível. (h) Gritarem ''olha
ceses e alemães já forniados ciii posição de ataque itietises" e O movimento diluiu-se; é o que me
diferença de "ames" do ''depois''. quando me a bicha. olha a bicha", não se assuste, pensando
lis h.11 do hotel. Mas eu reluto em ser turista de contam.
iuitada e nessa ulite quero jailtar bem. Reco' pareceu haser mais liberdade em iodos os setores. ,Sai do Rocambole às três da madrugada e o estar dando -bandeira — : bicha pra eles é fila coes-
nicndaut . me o Celta. Ótimo. aliás. Não entendo. linittcupalnttertte, como uni regime local fervia de gente. Enquanto aguardo um táxi mo. Mas pandeiro é sitigação pesada, principal-
opressor porque também moralista, pode ser para toe levar ao hotel, vejo num outro que passa mente qttatido escrita tuas condições em que vi,
As pessoas, rw Port ii guil de agora, gosta ni e tiielhmtr que outro que o suceda e que lute por uma louca. muito maquilada e de peruca: Por- eni leiras enlornues, rabiscadas lia parede exterior
podem final mente falar de política. Deles e nossa. liberdades políticas e individuais. Na verdade, es- tuga I todas.. tia catedral de Coimbra. Lá estava: "Vote em
E começam os contrastes: o chofer de táxi que me se rapa, me pareceu um dos tiluitos protótipos Como simples indicação turística, aqui vão ai' Otelo para Presidente". Por cima, com outra
dibnttulilt tio hotel era 11111 nostálgico da ditadura desse cotifuiso Portugal, que depois de viver em- guinas dicas lisboetas: O Rocannbole fica na Rua letra e eni otitra cor, um adversário político acres-
O dono cio resta uro ti te. por sua sei. tese uni botado durante 50 anos, de repente acorda, sê da Imprensa Nacional 104-A. Existetii vários centou: "E pandeiro"...
periodo de participação ativa na res silução - mários caminhos pela frente e não sabe por qual outros locais bem conhecidos, todos nas proxi.
''iodos luarttcilutsrani'', diz ele -' mas depois a deles seguir. rnidades. Por exemplo, o Blc, que por constar de
sit tiação foi ficando tão confusa que preferiu Pergiutili, ainda ao proprietário da discoteca e guias especializados ititernacionais, é pródigo em Darcy Penteado
acomodar-se na rotina do trabalho. ''A iii ii da nç a a Jorge Rosa, tini cartunista de Jornal que ele me dinamarqueses, espanhóis, franceses, ingleses.
era necessária - ele explica -. e a experiência de
liberdade está valendo a pena. mas corno é na
oral, certas coisas andam bem piores que antes.
O bacalhau, por exemplo, só se consegue rio "Shirley": breve,
hio negro, e por preço três vezes mais alto. Relatório sobre a
pensou em Portugal sem bacalhau?"
nas livrarias
O Ritam/ioh' é gênero prlse: toca-se a homossexualidade
paintha. paga-se um ingresso. O bar é no rés
chào e a discoteca no sttlisolo, cmii um Pitis masculina No numero anterior de LAMPIÃO publicados
miii i mo para ii shou. Os garçons são escolhiits o dois trechos do roteiro de Shirley. escrito por
dedo ( bem, a dedo é modo de dizer...). Aliás, a Leojiiuldo Serrano para um filme que foi provi-
(lese ser difícil encontrar gente interessante Um livro de soriamente retirado de produção, com um de'
essas funções, porque 0111(111 são poucos 05 lssis safio: que aparecesse um editor ousado para
para lama gente entendida hi mi ta;e a safra is MichelBone publicá-lo. Três dias depois de o jantal cheitar às
1 ug tesa que está saindo
.0 Itt, tia hás' revoluçt e
Antoine d'Arc
excelente. O ambiente é bastante eclético. bancas, o editor já aparecera: Jaguar, da Co'
me parece agradável, porque tira aquela wiprs decri (O Pasquim 1 telefonara aos lampiónicos,
são de festinha dentro do gueto. completamente histérico, em busca do telefone de
Uma edição
Serram, pois queria publicar Shirley a qualquer
Marcado pela improvisação e por um certo preço -
pritiiinivisnso instintivo, o show é mantido por Interlivros
quatro elementos que ''se viram" parti irr ar ficamos satisfeitissimos, é claro. Não só por-
rapidamente de roupas e manter o time do es- que essa era mais uma prova da nossa "força"
petáculo. Esse mesmo primllis isolo me faz pensar Peça pelo reembolso postal
lpois é: ela também está c'otroscr), como também,
se o exagero dos lravCstis de showi de São Paulo e porque a gente tem um interesse todo especial no
Rio atitalmeitte, na base de plásticas, silicone e rateiro de Leopoldo Serrum'm - que conta a história
à Esquina - Editora de Livros,
liortiiônios, não será mais uma necessidade de de amor entre um travesti da noite paulista e um
realização pessoal que uma criação artística operário de Cubarão. O litro tal ser best- seller. a
propriamente, porque. nesses casos, a simulação Jornais e Revistas Ltda. - gente nem duvida.
feminina chega a tais perfeccionisnios, alguns Caixa Postal 41031,
irreversíveis, que a única dilerença de um show de E pra continuar com o embalo, aí cai outro
vedetes ferninitia.s acaba sendo a inipostação desafio: á. Gilberto Manso,, da Editora Cultura:
CEP 20000, Rio de Janeiro - RJ
mental do espectador. O pequeno shosu do Ro- em que ficaram as negociações com Manoel Puig'
cambole lembra as coisas do gênero produzidas Estamos a fim de ler, em porvugues, o magistral
Jack Briden, o filho de Maria da Guia Beijo da Mtilher Aranha, Quando é que sai?
há dez anos atrás no Rio e São Paulo, quando a
hiPLÀO da Esquina Pagina 3

* -lk,

Centro de Documentação

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APPAD Prof. Dr. Luiz Mott


'imt GRU PODIGN IDADE
da parada rIa diversidade
fin-R

lei-mas Icarai. que ficava na Moreira César, Henrique Filho (este, corno vocês sacam, é u

Para os fechou, há algum tempo. ao que dizem as más


luuiguas, porque nào chegou a compreender a
necessidade de fornecer o 'algo mais" a que já
nome do cartunista Hentil; dai, começamos a
pensar que quero mandou a carta Fui um dos per-
sonagens (Sele, o Fradim ... ). Ele avisa que "não é
nos reíerinsos. muito ruelro nem boêmio", e que, por isso, só
Nas saunas Lidei- funciona um sistema muito conhece alguns lugares gueis em Be'-agá. A julgar

meninos, 1 especial: para fazer "aquilo'' praticamente fica-se


obrigado a fazer massagem. Isto porque a casa
só dispõe de quartos individuais, cada um deles
pela vendagem de LAMPIÃO na capital mineira
á é a terceira cidade em vendas -, a gente
diria que lugares guieis nessa cidade deve haver
tendo à frente uni massagista mais deslumbrante muito mais, Hcnriquiuui.

mais um que o outro. E há também as massagistas fe-


nhininas. Sacaram? Vocês tanto poderão escolher
um joens e guapo mancebo quanto uma bela e
saudásei senhorita. E é ai que a porca torce o
dicas.
Atenção, pessoal que sisila Belô: aí vão as

Chez cua ("Em casa deles", iuiíornl -a Hen-


rique Filho. — para que nu não entende fra u iv's''),
rabo - nu melhor: é na hora da escolha que vocês Rua Alagoas, logo após ti Geui'ditu Vargas. Não

roteiro. se reselans. Mas, tudo bem, porque ae)fl1CCe. tCfli v'tlfli(i errar, pois é em plena zona comercial

Lt V*
COMO já disse, entre a' quatro paredes de um da cidade. E só pegar o Ônibus ''São Pedro"
quarto individual, que é o do massagista esto- (Goitica,v's, esquina v'om Riu' de Janeiro), que ele
tudo pelo freguês. Outro detalhe ''escabroso": o percorre toda a Rua Alagoas e - of course -

Nite rói pagamento pela nuassagem (ou ''serviço extra, se


iocês acharem melhor a expressão) é feito di'
reta mcii te ao lnas'sagi sta . E é claro que as taxas
pára ciii frente à boate.
Brulé, tia Asctiida Aliares Cahra11.20. Aos
sábados é tinia curtição. Llustuuite arejatisi cm
ariant de massagista para ntasstigista. Se vocês relação is outras. Situada num lugar muito
chamarem isto de mkhê estarão acertando ttgradts cl.

e Bê-Agá exatamente lio alio, meus amores. Ah, antes que


eu me esqueça: traia-se de tinia satina nIlsia.
No capítulo dos har,iuuhiis. ainda iettut's que
Akgvo. u,u Rua Timbiras. 2. 758 (esquina com
.ii ettid,i Ariia,,,nas) Espaçosa, tem área rcscr-
a tia - se III iii iii tO h;tru 1 hti, iiara geti tt' cmii criar, E
relacionar, e recomendar, o Ba! LÁ. lua Pereira da alt, Ititiel ao lado.
5 iii a, quase esquina de Gai (ão I'rtoio, cm estilo La Rue, na Asenida do Contorno.
As meninas se mu%imentaram no Rio e São casa antiga, todo fechado e, lá dentro, bastante quase esqtiin a c'tii A' . A ttgtlsiiu de Lima. E heriu
que Niterói não tem locais para isto. Menaa ver-
Paulo, e Fizeram seu roteiro no maior capricho. E rechatho. Há também o Eros, & Anteros, 'iTt agradas ei. 1 em Lima stili,'iti no suhlo iiiitk a
dade. Todo dia sabe-se de um barzinho novo es-
os meninos? Andam meio preguiçosos, apesar das Moreira César. sempre eni karai. 5'5sO.L' p ' itk'ni ficar mais à luliulutIe.
pecializado, em entender de enlefidido, Ou de
promessas (até aqui nào cumpridas) de Celso Ciri Um reCistro a parte merece o Cli.)., na es Primeiro Passo é tini bar, nu mesmo quateirão
uma sauna nova coro aquele algo mais que toda
e Eduardo Dantas. de bolar uni roteiro com toda quina da Praia com a Miguei de Frias, que está da Brule. 1. i utuats ,ije'ttatlinlio.
sauna que se presa telil para oferecer.
a parafernália de lugares gueis da Paulicéia (o atiteçado de fechar para ser transformado em lati. Sauna Sana, na Rua Aininrs. Hctt riq iii ni tli,
Filtre os harzinhos, o mais noso é o Psppui.
roteirão do Rio sairá no priximo número). En- chonete, imaginem socês. Trata-se do bar da iii- que ''1á ou u itt falar'', mas nunca foi Li. Por isso,
situado em São Fra i',eo. de frente para a praia.
quanto isso, ai vão dicas masculinas de Nictheroy. te Ice tua! idade e da boêmia da Zona Sul da ci - não poilt' dizer que tipo de atrações ela oferece.
Faz o gênero discreto e aconchegante e é uma boa
a cidade de Ararighôia (atenção cariocas: o outro dade. sempre frequentado por quem é e por quem L.tie'ares iiàu excltisisanictute guieis, mas onde
pedida. Quando começou ainda não entendia"
lado da baia atida quentérrimo). e de Belo Ho- no é. que lii uutnca hoLite destas disuitições. 1111 L'ltltili
muito não, mas agora já está pintando como um
rizonte, onde o prazer há muito tempo deixou de Aberto. cm todos os senti dos do t criou, se torli iii Siage I)oor, no 1 catri' Manha (As. Alfredo
bom lugar guei da cidade.
ser prisilégio da Tradicional Família... um ponto de encontro e de badalação obrigatório. H,,teii,i, perui da }',uculdadv' (1V Medicinal. Dá de
Quanto a sauna, foi inaugurada recentemente
Não se pense que. em siléncio, como costu- Seu fechamento. já anunciado pelo proprietário. tudo: a patiia das aries, estudantes, gueis ele...
mais urna sauna Líder, no final da Aieuida
mam fa,t'r os mineiros, os ni(croietises também Jerónimo Ais es Monteiro, está prosocando de- Galeria Maleta (As. Augusto de Lima, es-
R'heri, i!i eira, e que 'ei se juntar a que já
não deixam cair. e cair adoidado E nem 'e peii'e bates acalorados e protestos e,ierali,ados, e até qtuiiu,u:,,rir H na Bahia): quem não adora urna boa
tt,i Pereira l,j 's:'' .1. ILinhas L'i karn já a
um tnov 1 mettuo dc seus habituais frcq Liv' uut adores. galeria" \'. s,ttuact,ss, a Maleta é irmã iv'rcladcira
que estão se cotizando para comprar o luar, sob folia ht',ic,ituise
um esquema de ecxuperaiisa. Ltna passeata de Praça Raul San's tia dois bares curo unia
protesto ao longo de toda a praia de L'arai já foi certa frcqüéuieia giuci. 1. ni recado de Henrique
frita e as declarações de repúdio à tcntatisa infeliz Filho: ''aos mentis a s3dos, cuidado com
de criar mais unia lanchonete onde setuipre lun- a trasCssla desta praça durante à noite. ('tun'o'an.
ciunu'Lu o barzinho nial', folclórico da cidiade se iv'uiucnt,' lá 115531I1s Lii ia lIs C d)is ci'leias assal
sucedem. (0010 a do adi ogadu Paulo Nuties. que lados lá.'
nunca foi de esconder o Jugo sthrc si mesmo, e Henniquini Fala tk otiir ' s lugares que. tia
calo tom a declaração enfática realmente hão opinião dele, são de baixo astral - ''Soa Filho de
deixa .i nuen'r dúsitla em uliiugtiém: - \'oui mc classe média. Port IL it ti, tini pouco hu rgtuês"
sentir orUit se st .R 'uufCCer Carlos Alberto Ai. Afonso Pena (entre Rodo; ária e Praça
Miranda) Sete): iia Rua Caetás, quase esqiuuuu.i .'i'iii esta
asenidu. bit um bar, Cinemas: Metràpol. tRua
As dicas de Belo Horizonie nos Foram cri- Bahia cont Goitaea,esl: Jat'ques. na Rita 1 upt, e
actas por uni leitor que utiliza o pseudônimo de Brasil (Praça Aftiiisui Peiva).

Devolvam já
o Tabuleiro
Cruzes! Vocês já viram o que sorumbático. Mas nem por isso
fizeram do antigo Largo da Carioca, vamos deixar passar tudo isso sem
no Rio, depois que por ali passaram mais nem menos: queremos de volta
as obras do Metrô? Transformaram as árvores, o Teatro de Arena que
o antigo largo (?), com suas árvores ficava ao lado do Convento de Santo
frondosas (lembram-se, meninos?), Antônio, e mais os bustos de Car-
tão propicias nã' só ao aconchego mem Miranda e Francisco Alves,
dos casais de namorados, como tam- que foram tirados de lá por causa
bém ao passeio dos entendidos de das obras e jamais devolvidos.
então, numa espécie de paisagem
lunar, fria, asséptica, desumana - e E queremos de solta o Tabuleiro
antiestétk'a, com todos aqueles da baiana também, com sua cober-
monumentos ao cimento vivo que tura de tão saudosa memória, onde,
eles colocaram lá e que, se não me abrigados da chuva ou do sol, es-
engano, eles chamam de respira- perávamos os bondes que ali faziam
douros. ponto. Com sua deliciosa pegaçãoem
pé. na parte de trás, os bondes,
Pra mim o Metrô mais parece sabemos bem, é que não voltam
urna ptoduçSo de PEDRO CARLOS Átila, o rei dos hunos, que ficou mais, mamo. Mas quanto às ár-

Andre de Quase Angelina Monui., Zaur Zemuç conhecido como 'o flagelo dos vores, os bustos da Pequena Notável
PAIRO VILAÇA SELMA EGREI ROBERTO BONFIM GRACINJDA lRFlR deuses" - aquele que onde pisava a e do Rei da Voz, o Teatro e o Ta-
'tbio Amoral Sreçxn Neccessuon Jocque)irie Loureesce MOuto Mendoriça grama nunca mais nascia; o Metrô, buleiro, não há perdão nem es-
..., . .... Suzy Arrudo Fbvio Sõcibuogo por onde passa, deixa uma devas- quecimento; cobraremos sua de-
volução até a morte. Tenho dito.
-» ..,. .,.. No Grande Rio, a partir do dia 11 de lunho, no Odeoru, São Luiz, Roxy tação tão grande que nem dá para
Lebloni. Opera-2, América, Imperator, Madurõira-1. Olaria, Vitória-Bangu falar. Assim, eu me quedo mudo e (CAM).
Palácio-Campo Grande, Santa Rosa- Nilóncilis, learaí. Paz-Caxias e outros
nor'- inta t de 24 c'nernas
Página 4
LAMPIÃO da Esquina

o
*.

Centro de Documentação

APPAD Prof. Dr. Luiz Mott


i t' GRUPODIGNIDADE
da parada da diversidade
ESOLJINA 1

Viva São Paulo


MULHE,ReS Um roteiro pará mulheres
,Nós, as mulheres homossexuais que participamos do
'LI A ,uumero anterior deste jornal, resolvemos responder às
de dados sobre os bares, restaurantes e discotecas do guei
feminino em São Paulo. Queremos deixar claro que iic2o es-
ts'tru.'s curtas solicitando um roteiro especificamente nosso. tornos çP'opozdo o gzu'to e sim, expondo o gueto. Fica aqui a
Pensamos fornecer às interessadas o maior número possível .sttgt'.tli)o para que se c:pre'.se'?,tem roteiros de outras cidades.
CAClliç.4o
Existe há 1 rk anos; nma administração: a partir das 7 horas da matthà, Os preços das
uni lugar específico para ficar, entende? Mas, drinque: e a Partir das 21 horas, Cri 100,00
:mco meses. FreqsiLiisia: X)" homossexual. A bebidas silo: itisque estrangeiro. Cri 80,00 a
no momento, diante de nossa realidade,, ainda com direito a dois drinques.
nova adiisiiiislraçãss tem como proposta tornar o Cri 150.00: nacional, Cri 40.00. Preço médio 'te bebidas têm o preço mínimo de
não temos força para sairmos do gueto , e termos
local uni ambiente kchado, objelis ando elevar o' dos drinques, Cri 25(X). Preço médio das Cri 50,00, inclusive refrigerantes, sendo a dose
as mesmas possibilidades que temos dentro
livel dos freque ti tadores. refeições: Cri 150.00. Possui 40 mesas, com de uísque importado (' ri 150,00. De quinta a
dele, Então, nesse sentido, os locais entendidos
Cachação- BAR drinques e lanchonete. capacidade para 200 pessoas. O atendimento é
são necessários e, sendo assim.., vale as pena es- domingo uma baiana vende petiscos, a caráter.
Rua Martinho Prado. 25. Funciona de lar aqui, feito por oito garçons. Tem dois ambientes (bar Possui 70 mesas, com capacidade para apro-
segunda a segunda, a partir das 18 horas. Preço e restaurante). Não possui uiiúsica anshieuital e é xiiiiadaiiiente 500 pessoas. O atendinictito é
médio da bebida: CrS 35.00: cerveja, Cr$ 30.00 bastante iluminado. À noite, a frequência é feito por dois garçons. Quanto ao ambiente,
e os lanches custam Cri 25,00. Possui 15 mesas, Predominantemente entendida. em fliperama a ('ri tIPO a licIta: Pista central,
euni capacidade para 60 pessoas. () alendimen- e a iluminação é qualquer coisa... A uiidsie;u é
to t feito por seis garçons. Como dicersito, J.B. DRINKS C,nii tapes. A freqüência é l()0% homossexual,
apresenta nidsica ele1rsnica e ílipperaiiia. Entrevista com Nádia, uma freqüentadora: sendo que 7tt 1 'o é feminina.
Existe há quatro anos. Está com nova ad-
ministração há sete meses. Até o momento a P. - há quanto tempo você conhece este Progra uiação anual: t'eselllon. carnaval, fes-
ENTREVISTA ('(iM TEK'i, UMA FRE casa ainda é chamada de Lady's Bar, mas local? tas joulinati, baianas, havaianas, da primavera,
QUENTA DOR.I: haverá mudança do luminoso na porta, para seu aniversário da casa, festa da mulata etc.. , Em
P. - há quanto tempo ssacé conhece este nome atual. Conheço o Ferros há quatro anos e breve será instalado no local o ''Café Teatro
local? - J.B. Drink'. (ex-Lady Bar) frequento com rir aior assiduidade há dois anos; Leila Diii i,.' ' . Frequentemente prouiim'c shows
R. - Conheço há dois meses. Vim ao LII- [Is' uitúsica popular brasileira.
Rua Maior Sertório. 684. Funciona de terça até então não tinha tido coragem de entrar aqui
timo Tango e, na saída... saquei. a domingo, a partir das 20 horas. Os preços'das sozinha.
P. -- ()que saci cem fazer aqui? bebidas são: uisque estrangeiro, Cri 80,00: P. ()que você sem fazer aqui? ENTRE.Ll,ÇT..-1 ('O.f ('ON('E/Ç4o, LL4A
E. - lenho ser as pessoas, bebericar, nacitiuual Cri 50.00. lodos os outros drinques FREQUE\ 1.1 DURA:
namorar, jogar fliperama. têm preço único de Cri 35,00. incluindo a cer- R. - O Ferro 's é uni lugar para se jantar e P. - Há quanto tempo você conhece este
P. - Que tipo de pessoas frequenta este veja. Preços dos lanches: Cri 25,00: petiscos de beber alguma coisa. Aqui a freqüência de en- local?
lugar' Cri 30,00 a Cri 40,00. Possui 17 mesas, com tendidas é muito grande e variada. Pode-se R. - Foi quando inaugurou a hoare, há um
R. -- Entendidas alguns acompanhantes. capacidade para 70 pessoas. O atendimen t o i paquerar sem naiores preocupações e o lugar é ano e meio, através de amigos. Foi também o
P. O que iocé acha das instalações e do feito por dois garçons. A música às terças e ideal pra se encontrar pessoas. .4 partir daí, início de mi/ta vida homossexual.'
atendimento? quartas é com tape e, a partir de quiuta.feira, programas os mais diversos podem pintar e a P. - ()que você vem fazer aqui?
P. E legal! O lugar é aberto, dá pra olhar a casa apresenta uiiúsica ao siso. Possui unia noite pode continuar por muitos caminho. R. - .iqui é o local de menor repressãopara
a rua e o bar ao mes rito tempo. E barato e es. pequena pista de dança. Todas as quintas há duas mui/teres entendidas namorarem. E isso
carinho. umjcgn de Bin go com distribuição de prêmios. P.j ,..... Que tipo de pessoa freqüenta este que tenho fazer aqui. Além do que, pode-se
P. Como sies acha que deteria ser um Prograutiação anual: rcseiiion com ceia. paquerar, trocar telefones, beber, dançar, en-
lugar entendido ideal? canta cal, tes: a do pijatisa . (e un do chapéu, fes- E. (orno/a disse, aqui as pessoas são as contrar amigos, conversar, etc... Tem muito es
R. .4/tI Música legal, leve assim, luz es- tas (uuuinas. lesta do branco. Pra este tiiés está mais diversas. há, sem duvida, a predominân. paço e as pessoas f ica m à vontade.
cura lambem... Aberto e Fure, sem homens de J lista .Io s inhoqacuite. eia de tipos mais estereotipados, ostensivos 1'. - Que tipo de pessoas freqüenta este
bigodes. mesmo. E quase impossível identificar-se o lugar?
!"erros- eh' dia e de noite como o mesmo bor. E R. - .1 inalo ria da frequência é de mulheres
CRISTINA, UMA FRLQUENTM)oR,
RESPONDE: cismo se av entendidas aparecessem de noite, Ide todo os tipos), apesar 'de também pintar
.4NJ0Ç surgidos não se sabe muito bem de onde. alguns homens.
provavelmente dos infinitos escritórios, facul- P. - 0 que voai acha ds instalações e do
Existe lia ci ne . N,, a adiiiiiiiNtraçãw P. - li á quanto tempo você conhece 5'Sti
local? dades, lare.s e bares. atendimento?
ilois meses. Futuramente será iniciado o verviç.' R. --- Entre os locais entendidos, este é o que
de petiscos. lia dois anos. Conheci através de duas P. - O) que você acha das instalações edo
amlqas entendidas. possui melhores instalações. Essas são boas
Anjo'. Drink - Ponto de encontro.
1'. .. ()que você semfazer aqui? atendimento' mesmo: luzes suaves, som legal (apesar da
t
Rua Consolaçào, 1394. esquina com Rua R. - As instalações do Ferro's realmente seleção de musicas tiào ser do meu gosto), e
R. - Venho ler as pessoas, beber, ouvir
''.'rgcpc. Bar uudona de segunda a segunda a
AREM X11 e Namorar. não são as melhores, .sobretudo os banheiros, pode-se transar à vontade. O atendimento é
partir dzt'4 19 horas, Preço dos drinques: variam que .são pequenos e nem sempre muito limpos. rapido e as hri,'as não são freqüentes qua.s'e não
P. - Que tipo de pessoas freqüenta, este
de Cr$ 30 a Cri 50.00. tfisqiic esirangeiro, Cri
lugar? O atendimento é em geral bom, mas como bar a nóss ser em festas grandes).
120,00: nacional. Cri O,()): cerveja, Cri
R. .i.s pessoas aqui são ótimas, ei sUUiOtiQ
tem uma população muito oscilante, nem sem-
10.(X), Possui 22 nsssas .com capacidade para pre os garçons vão .i ufieienres.
100 pessoas em dois cnihscn;s. O atendimento sendo mulheres que geas'tani de ouvir um violão e
até faze. r uni sambinha. li l'l.%ft) TANGO
leito por dois ga:.,.:e. .- inússeas são de P. - (orno você acha que deveria ser um
tapes, a iluminaçlt .om lui negra. Todas as P. - . O que você acha das instalações e do lugar entendido ideal' 1-viste há três anos. A nova administração
quartas e sábados há showa nus quais o
atendimento:' veni procurando melhorar o uivei dos freqen-
coucit artístico é de Cri 50.0(1. R. Acho mais ou menos legal.' Nunca as- R. - Deteria ser bar, boate ou mesmo um La dores.
Programação anual; reelIlon. carnaval e
sisti a briga nenhuma,mas, por outro lado, as salão de chá, onde nós entendidas pudéssemos Boate Ultimo Tango
instalações são precárias, não vejo nada que se
(estas. ['ara este mês está seno programada a fazer ou falar tudo, sem nenhum tipo de repres- Rua Martinho Prado, 29. Funciona às sex-
pareça com ar condicionado e as mesas e ca-
Is (.'autdounhlé_
deiras vão desconfortáveis. Porém o atendimen- são. nem por parte dos freqüentadores, nem dos tas e sábados a partir das 21 horas. Os preços de
to é bom, amável, não há repressão. Só acho um donos do lugar. Unia coisa de que não gosto são entrada são Cri 100 para homens e Cci 50,00
pouco cara a cerveja. as manifestações violentas, mas estas são para mulheres. As bebidas custam Cri 50,00
EVTRFVIS ri (O.WMARISA, UMA DAS P. . Corno você acha que desseria ser um exatamente um problema dos lugares, e ,sim do (preço único). Possui 20 mesas. coto capacidade
FREQÜENTA L)ORA 5: lugar entendido ideal? comportamento homossexual frente à repres- para 100 pessoas, e o atendimento é feito por
R. - Um lugar ideal... pra mim,' Um am- são, sabe? E tentar afirmação assumindo um dois garçons. Possui luzes de efeito e pistas de
P. há quanto tempo voce conhece este comportamento masculino. dança. A música é com tapes.
biente at-t tiouveau , com uma livraria espe-
local? cializada: serviço de chá ou café e nas altas Durante o ano fazem reselilon, carnaval,
R. - ('unheci há pouco tempo através de ai- [estas juninas e outras. Todos os sábados há
madrugadas joz: brabeira, com garçons e gar- DJNOSSA L.R
çun.v amigos entendidos. Erou soltando hoje vhows de dublagem.
çonetes de caras bem surrealistas, e, é óbvio,
pela segunda vez. sem repressão. Existe há um sito e meio. Os proprietários
P. O que roci acha das insta!açs5es e do são três mulheres e um hesuneni. Possui ampla
atendimento? FALA MiRLAM, UMA DAS FREQ U EN
variedade de bebidas importadas e funciona -TADORS:
R. -- Bem, o local é bem instalado, tem boa FERROS BAR com um sistema de tickets.
iluminação é o estacionamento é fácil. O aten
dimenw é rápido e as preços- bons. O que real- Existe há 18 anos: Surgiu em função do ex- Discoteca Dlnosauru'i
P. - Há quanto tempo você conhece este
mente falta é uma freqlíéncia de/regueses mais tinto Canal 9, que tinha seus estúdios nas local?
Rua Major Sertório, 223. Funciona de R.
definidos; àç vezes, as entendidas são minoria. proximidades. Desde então, frequentado por Faz mais ou menos um ano.
segunda a segunda a partir das 2J horas. Os
P. - -Como deveria ser um lugar entendido artistas entendidas, vem tendo mulheres tio- —preços de entrada são de segunda a quinta, P. - Que tipo de pessoas frequenta este
ideal? mosses sais cismo freguesas constantes. Cri 100,00, com direito a dois dringues: sexta- lugar?
R. - Eu penso que um lugar entendida leira, Cri 150,00, com direito a três drinques: R. - Infelizmente, as frequentadoras do
Ferros Bar Lida.
ideal não deveria existir porque cria-se o gueto. aos sábados, Cri 200.00, com direito ,'u três local são basicamente mulheres rep resenrnmtdo o
Os homo.vs.exuai,ç sãu discriminados e nós não Rua Martinho prado, 119, Restaurante,
podemos ser tratados assim, a ponto de termos
drinques: aos domingos, a partir das 16 horas, estereotipado papel papai-mamãe. fanchona-
pizzari-a e bar. Funciona de segunda a segunda, fady.
matinê dançante a Cri 50,00, com direito a uns

LtiavIr1t1.., uu £quLLIu Página 5

** Centro de Documentação
APPAD i
da parada da eliscrsicttudv
s
Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE
REPORTAGEM

Uma praça chamada República


1 lis S Ciil11 qtIIsc sempre Clii llIli1t. Duas iiiho da Repu'thlica próximo ao cruzamento da paulistano -, onde casais heteros se acariciam alto. Está fazendo sucesso. Conseguiu um ra-
ou ires, 15 1 e,cs rilais até Clii cada gflipo, de iiiios a' enoda Lpiranga com São João (lugar quentis- com liberdade.
liberdade. Poutca gente vai lá, talvez devido lia,ittho que perdeu h ónibus de meia-noite -
lidas algtiittas. De bairros distantes. Se a iwite sinto também e cantado em versos por Caetano ao risco de assalto que a escuridão propicia. De comno tantos que perambulam pela praça àquela
cst is cr quente, serão mais de mil curtindo a Veloso, lembra-se?). Nesse canto fica o banheiro qualquer maneira, tudo na praça é feito dentro hora - e terá de ficar na cidade até as quatro da
madrugada. E passeuini. Cumpri nietoando as público. E claro, o banheiro, que sem ele a praça das regras da moral e bons costumes, Se coisas manhã pelo menos, já que não tm dinheiro para
jiliteas. mexendo com os bofes, recebendo tão teria vida, não teria graça. Imundo. Sempre tiverem de acotitecer, acontecerão tios hotéis das tomar um taxi. Mas sabe Roberta que grande
ricejos de alguns que Ficam parados em cima lotado tias horas de badalação fo que fazer? as ruIas Aurora e Vitória (mais ou menos próximas), parte desse pessoal está mesmo a fim de ir para
das POfl ICS sobre o 1 agi iii ho artificial onde fatal- necessidades fisiológicas .1. que pode ser de guie cobram por 30 minutos de hospedagem (tem uma canta do hotel.. .com o único e exclusivo ob-
nicitie se e admirado, medido, curtido. Os olhares ntatihà. de tarde e à noite. O ato de urinar pode que ser rápido)) o guie esse pessoal pode pagar: 40 jetivo de dormir.
c cru,aiii. Das pontes vai-se até a região central demorar horas. Formam-se filas. Muitos olhares. ou 50 cruzeiros, O relacionamento pessoal na praça é car-
da praça, onde íit.'itt limite o parque infantil Muitos guardas, fardados de marrom (segurança regado de tensão e medo, por diversos motivos. O
(que st titiciona durante o dia), o coreto (igual- particular, contratada pela prefeitura). Tudo É possível que nos velhos álbuns de fotografias mais importante de todos é o preconceito decore
Anho aos das cidades do interior) e unia árvore muito silencioso - apenas o olhar e os gestos seja possível ler uma Idéia do que foi a República. social (são Fatores interligados, não?). Os enten-
que se presunie centenária. Novos flertes acon- garantem a comunicação. Hoje em dia não dá mais, porque foi totalmente didos mais pobres, ou seja, os negros, imi.
tecem it;i passagem em frente aos bancos de devastada - é esse o termo. A praça é horrorosa, grantes recém-chegados de outros Estados,
cituenlo das diersas ruas que saem dessa zona tem tambéni um porteiro que cobra disca. operários da construção civil, só contam com a
maltratada, esquecida de qualquer senso estético.
central, Estamos tia praça da República, em radanietite tia saída dos fregueses. E deve faturar praça da República para suas izar a solidão da
Se as árvores e os patos que nadam na pequena
pleno eoraçio de São Paulo, tinia boa nota, porque quase todo mundo deixa cidade grande. Por causa disso também sexuais
lagoa artificial dão um toque meio ecológico ao
sua gorjeta, o preço do sossego, Em frente às são claramente marcados no contato público
ambiente (aliás, nem os patos estio mais agüen-
grades de ferro que circundam o w.c. muita gente aparentemente só fsá hofes e bichas na praça, em-
tando a barra, pois de vez em quando aparecem
Nove entre lObrasllelrosJá ouviram falar des- esperando a saída do pessoal. Sozinhos, aces- bora a credibilidade dessa permanência de papéis
vários deles mortos sem se saber direito os mo-
sa praça, o pomo mais famoso da bicharada de sit eis. Alguns nem querem dinheiro. num contato mais profundo seja discutível.
tisos), por outro lado. as obras do metrô serviram
são Paulo. E a menção do lugar sempre leiva a um A praça da República é um monumento vivo para acabar de vez com a Intenção de se criar algo Essa pobreza evidente nos elementos que
comentário maldoso ou gozaço, mais pelo fato ztts travestis de São Paulo. Durante o dia é um bonito ali. Isso sem contar com o estrago feito no frequentam ti República lesa a outra conseqüên-
de ser um antro de bichas do que pelo conheci- misto de agitação e paz. a primeira representada ,onto de ônibus em frente ao colégio Caetano de cia: o michê, que ali varia entre 59 e 190 cru-
mento do que acontet'e de falo naquele quadrado. pelo corre-corre habitual dos homens de negócio, Campos (onde agora só existe o buracão das zeIros, mais os custos da penicilina para curar a
da marginalidade e da repressào- officc-ho y s, estudantes e donas-de-casa fazendo obrssl, que ficará eternamente na memória das posterior doença venérea. O fato é que esses
Em termos de badalação ou freqüência, a compras. Cruzam-na quase sem a perceberem, freqüentadoras como um dos pontos mais eficien- elementos não têm realmente mais da que três ou
praça perde de longe para a rua Vieira de Car- tendo só tini uthjetivo: chegar o mais rápido pos quatro cruzeiros no bolso, o suficiente para pagar
tes de pegaçio da cidade.
lho ou o Largo do Arouche, locais considerados sível ao sei desuno, que pode ser qualquer lugar Mas resta uma esperança: imagine-se quão o ônibus de volta às suas casas, nos bairros do
mais ttol'res, mais classe média, onde o pessoal tiienos a praça. A pai fica por contados selhiLihos diferente será a futura Estação República das subúrbio. Isso não quer dizer, no entanto, que e
sai mostrar sua nova camisa Pierre Cardin ou o uposetitudos que vêni apanhar uns restos de sol demais paradas do metrô. Vaie a pena esperar transação se dê sempre ao nível de dinheiro: a
sapato bico fino que está na moda. Ou o carro do tios bancos, sob o embalo do barulho para ser. maioria das bichas garante que nunca pagaram
ano que papal está ajudando a pagar. O en tias crianças que brincam na creche que a pre- um centavo.
graçado e que a Vieira de Carvalho começa na feitura construiu dentro da praça. Alguns con- Lady Hamilton é uma nota destoante na
Rcpsiblica, mas o pessoal classe média se eseati• seguem ignorar toda a agitação e cochilar. E os paisagem. Blusa de cetim meio espacial. calça — Corre bicharada que a polícia chegou'. O
dali,a, torce o nariz para a praça. Para irem ao engraxates perto dos pontos de Ónibus também branca de preguinhas e outros badulaques. di- alarme soa e dc repente começa a correria para
outro lado da cidade (rua Barão de itapetinga), o estão sempre bem httniorados. batem tias caixas e ferentíssimos, Hamilton (nome de batismo, né?), todos os lados. A repressão é diária na praça e
máximo que admitem á andar pelas calçadas nas conversam com os fregueses. Madames passeiam 25 anos, instrução superior, causa impacto aumenta tio final da semana. E quando o pessoal
extremidades. Entrar lá dentro, nem mortas. com seus eacls, ' rros, tios exercícios da tarde. naquele ambiente de roupas simples e sapatos está a fim de mostrar o serviço, lesa qualquer um,
A praça da República já dever ter tido seus De lioite. como qualquer travesti. a República furados da maioria dos nordestinos que freqüen- comi, oum sem carteira profissional assinada, preto
dias de glória, pois faz parte do chamado centro mttuda totalmente de aspecto. tam a República. Mas Hamilton só sai para lá em ou branco, bem Ç)ÇL mal sestido. Emmntiguétn quer
selho, que se deteriorou com o avanço da cidade ultimo caso, tarde na madrugada, porque sabe dar tinta sacilada desse tipo: passar a noite no
para os bairros da zona sul e os Jardins. Natural- Luzes, sombras e escuridão fazem parte dessa que sempre há alguém disponível por ali, pelo xadrez, lesar utmas bordoadas possivelmente (vai
mente, há algumas décadas, deve ter sido o ponto rira de dimensões razoavelmente reduzidas. Os menos no fim de semana. depender de vários fatores, até da lua e dc quanto
de encontro de namoradinhos; devia ser um lugar corredores da praça, onde o joguinho da paquera E diferente do problema de Marlene, calça de o cidadão carregar consigo era valores). Além dis-
muito calmo, com suas palmeiras lalnda resistem acontece igual ao de qualquer cidadezinha do In- brim justíssima salientando a anatomia, taman- so, muitos ali já têm alguns tipo de antecedente e
algumas delas ao progresso) e outras árvores. terior. com gente passando prá li e prá cá, re- co'. arrastados com barulho, dois dentes a menos simplesmente não podem dançar de novo. Nessas
Tem ali um busto de bronze homenageando cebem toda a claridade das luminárias altíssimas. tia boca. Marlene chega cedo (por solta de 22 h.) horas valeu lei do sitive-se queni Puder.
Baden Powell (o do escotismo l. E bem em frente à O mesmo não acontece na região das sombras, is- rara poder voltar logo para casa. Está morta de Geralmente o rapa é feito por volta de meia
praça está o colégio Caetano Campo., onde es- to é, as pontes e embaixo da folhagem das ár- sono, pois acordou cedo para ir trabalhar tia noite e pouco tempo depois os policiais se retiram.
tudou a maioria do que formam hoje ai famílias iores, sem que, por isso, deixem de ser locais fábrica neste sábado. A praça solta a ser do povo, está pronta para
mais tradicionais le ricas) da cidade. muito freqüentados. Mesmo com o friu, que costuma fazer nas receber novos visitantes. Aíinal, a noite mal
A escuridão é privilégio do setor que fica ii.idruigadas de São Paulo, Roberta está à von- começou...
O passeio das honecs, por mais que faça vai- próximo aos tapumes de obras - no local está tade com seu macacão branco, ombros e braços
las e ,iiiuezag ue, sempre vai confluir naquele coo sendo construída uma das estações do metrô descobertos, pernas e nádegas bem justas, sapato Eduardo Dantas

Independência,
tchê!
ENTÃO &-iA 554 A
gz
INbEPENDÊ,vc/Ã OVE
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NA 10EPE/j1ÃJCIA,,, ÍKX/ g/HO


Cada cidade tem o
seu bixordesco luyar de
badalação. A macha
Porta Alegre não rá.
poderia fugir à regra:
é a famosa Avenida
Independência, aqui
visitada pelo nosso
cartunista, Hartur. Na
calada da noite,
gaúchos de cabelos
nas ventas tomam
posição na Avenida. Ë
a independência, tchêl


Página 6 LAMPIÃO da Esquina

**
APPAD ie
Centro de Documentação
Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE
E]
da ismriil;i da diversidade
REPORTAGEM]
Um protesto contra a rotina da bolina ção

"Mulher . JORNAL
DO BRASIL

não é'

maçaneta: )

tira a
mão d A mu/tid,go diante da agência-JB
-- --
As mulheres, com os cartazes denunciando o machismo de fsaac

Sábado, cinco de maio. Fin gi de tarde, para provavelmente, encerrar a questão. Afinal, esse preensís'el, já que é comum, nos grandes jornais, presença de alguns deputados e vereadores do
alivio das recepcionistas que estavam de plantão negócio de "passar a mão— não costuma dar a tentativa de "bolinação", principalmente em grupo autêntico do MDB. Heloneida Studart fez
no edifício sede do Jornal do Brasil. O expediente maiores problemas aos patrões, já que quem cima de estagiárias, carentes de emprego. um discurso, em meio à multidão, aplaudidís-
começara e terminaria calmamente se lá pelas 17 reclama é sempre mandado para a rua. Só que simo. Na loja do 18, os contínuos, aparentemente
Mas nem o silêncio da imprensa conseguiu
horas o editor dc) "Caderno Internacional", 1sac dessa vez foi diferente. O caso chegou até os diverliodo-se,à bessa. eram os únicos funcionários
evitar uma maior propagação da história. A
Piticher, no tivesse tido uma idéia infeliz: ao grupos feministas do Rio, que resolveram agir. que se arriscavam a olhar a manifestação, através
cidade toda foi devidamente parifletada pelos
passar pela recepcionista, no corredor do sexto Começaram a espalhar cartas abertas à popu- das vidraças. Isso nos primeiros momentos, pois
grupos feministas, que organizaram uma ma-
andar, resolveu dar-lhe a chamada ­ bolinada". - lação, contando a história e exigindo a readmis- depois de certo tempo, provavelmente advertidos,
nifestação pública no dia 18 de maio, uma sexta-
são das moças. Tentaram, também, contato com sumiram. Em compensação, e gerente de clas-
Assim, sem maiores escrúpulos, enfiou, sem a feira, às 17 horas, numa das esquinas mais
a Condessa Pereira Carneiro - proprietária do movimentadas do centro da cidade e onde, não sificados da empresa, Hélio Sarmento, protegido
menof cerimônia, a mão no decote da moça,
JB -, para pedir que interviesse em favor das Pelo anonimato, arriscou-se a ir para a calçada,
apertando-lhe o seio. por acaso, fica uma agência de classificados do
recepcionistas. quando a manifestação escava no auge. Foi re-
18.1 No mesmo dia, o editor conseguiu permissão
Chocada, a jovem - Elaine Ferreira, 19 anos Esse contato não foi possível, no entanto, e a conhecido por uma ex-repórter do JB. que lhe
para viajar, desde que depusesse antes na 27
- reagiu de maneira bastante feminina: começou alegação era sempre a mesma: elas tinham ferido disse, sabendo de sua fama: "Cuidado. O pró-
delegacia, onde foi feita a queixa/ crime. No seu
a chorar. E ludo teria ficado por aí se Elaine, ao a hierarquia, e por isso tinham sido puidas. ximo pode ser você". Ao que o Sr. Sarmento res-
depoimento, o Amigo do Peito, que está sujeito .c
contrário (Ia', vitimas anteriores, no tivesse resol- pondeu: "Faço isso há 22 anos e nunca me acon-
Nem o editor nem o jornal, no entanto, con- uma pena máxima de oito anos, alegou ter ten-
vido botar a boca no mundo. De sua mesa - teceu nada.
tavam com o processo que Elaine, devidamente tado, apems, "ajeitar o colar" do pescoço da
acon,l)ailhada de um repórter que providencial-
instruída pelas feministas, colocou contra o recepcionista,
mente chegou a tempo - de ver o final da cena - Só que agora pode acontecer. O "caso do
primeiro. Acusado de "crime contra a honra", ele Essa "explicação" serviu para incentivar ainda
Foi impedido de deixar o pais, como já tinha JB mostrou que os tempos são outros. E claro
foi ao seu chefe direto, reclamar. Este, por sua mais a manifestação feminista - a primeira do
que mulheres/ trabalhadoras continuarão sendo
rei, falou com o chefe do Departamento, que programado, sem autorização da Justiça. Rio - que conseguiu reunir mais de 40 mulheres,
Nessa altura, o caso tinha se transformado no humilhadas através do sexo. Haja visto a repor-
aconselhou Elaine a ir para casa, garantindo que além de uma multidão de curiosos. Centenas de
tagens publicada no último número de Play Boy:
tomaria as providências cabíveis. Na segunda, ela "assunto" da cidade, A deputada Heloneida panfletos contando a história toda foram dis-
descobriu que o JB, como em outras empresas, a Studarl fez uma intervenção na Assembléia tribuídos pelas feministas, jovens, em sua "Como conquistar uma colega de trabalho". E o
corda continua arrebentando do Lado mais fraco: Legislativa, denunciando o editor e a empresa, maioria, que denunciaram, com cartazes e pa- pior é que a tal matéria foi escrita por uma
ao chegar ao seu departamento, comunicaram- "que se acumpliciou com o machismo, por lavras de ordem, o afastamento do jornalista da mulher. Mas, felizmente, um outro tipo de
lhe que tinha sido demitida. motivos que não só Freud explica". O editor cidade. Diziam os cartazes: "O JB não teve peito mulher, como Elaine, pensa diferente. E isso
ganhou uma dezena de apelidos, mas o que para punir lsaac" "Condessa. a senhora também pode pôr um fim à carreira dos bolinadores.
Ao saber de sua demissão, sete outras recep- pegou, mesmo, foi o de Amigo do Peito. E, no
é mulher"; "Abaixo a violência contra as mu- Como dizia o cartaz, mulher não é maçaneta.
cionistas, sentindo-se inseguras, decidiram apoiar meio dessa confusão toda, o silêncio da impresa. lheres". Mas um deles foi considerado definitivo. Nem buzina.
Elaine, exigindo sua volta. Foram castigadas com A não ser uma pequena nota na Folha de São Ele dizia: "Mulher não é maçaneta: tira a mão
demissão suniária, sob o argumento de que ti- Paulo, e uma crônica bem humorada do crítico dai".
nham cometido indisciplina. TeImo Martino no Jornal da Tarde (que, infeliz-
mente, não deu nome aos bois), não se publicou O ato público durou quase uma hora - quan., Isa Cambará
Com essa medida, a empresa pretendia, nada sobre o caso. Atitude mais do que com- do foi dissolvido pela polícia - e contou com a

A ironia de um certo humor


As lutas das minorias têm sido, a cada mo- marcado das palavra, dos que estio lá para serem congregam todas as coligações que lidam com tou para um possivel comodismo em não criar
mento, neutralizadas e desativadas por pessoas, ouvido,. Zlraido e Novais falavam de seu trabalho aquela velha senhora, a representatIvidade, ou nada para a capa do jornal, uma vez que bunda
grupo,, partidos, seja num discurso direto contra e da luta que desenvolvem contra a ditadura. seja, os centros acadêmicos, os diretório,, os par- de mulher já custe, e ven& bastante. Nani falou
elas, seja através de palavras displicentes pro. Minha intervenção velo em forma de pergunta (se tido,, etc.) - lula que dá lugar a que se chame de muito pouco. Novais, alguma coisa, multo menos
feridas a cada dia por grande número de pessoas. bem que já tinha sido demasiado audaz para o revolucionários alguns reformistas machistas do que Ziraldo (estreia, grande homem, simpático,
Ë comum descaracterizá-las, colocando-a, no clima de riso e de prévia e absoluta adesão) - Pasquim, capazes de tratar o homossexualIsmo etc. etc.).
mundo das emoções, esfera psicológica, prática por que não fazer de uma capacidade criadora como caso teratoióglco (confira Pasquim n? 436). Isso aconteceu num espaço multo importan.
de costumes, enfim, despolltlzando . as em prol do como a de escrever e desenhar humor, um mi- Ziraido utilizou velhos esquemas do tipo "você é te uma Universidade. E Isso tem acontecido
que seria a política verdadeira, a única poIítica a trumento de combate não-somente contra a multo Jovem pra saber" (não viveu os IS anos de muito. Esse discurso de Política Conseqüente ver.
que fala de assembléias, ditaduras, aios públicos, ditadura, mas servindo também a essa série de ditadura). Aliás, Zlraldo provou que está bem sua murmúrios humanistas e esse tipo de violação
repudiou, comparecimentos maciços, etc. Acon- lutas que as minorias desenvolvem, a luta dos velho. O lamentável é que um n? tio grande de verbal do corpo da mulher, são muito, muito
teceu recentemente )dla 28 de abril), na Facul- homossexuaIs, da mulher, do negro. Enfim, por Jovens delire saborosamente ao som de seu velhos e continuam a se dar por toda a parte.
dade de Economia da Universidade Federal do que o não falar sobre a ditadura é articular um "humor". E que mulheres (aquelas mesma,, Acho que uma das tantas coisas que se pode fazer
Rio de Janeiro, na Uma, uma palestra doa hu- discurso despolitlzado? alunas da UFRJ, de Economia, Comunicação, é denunciar, o mais claramente possível. Não
moristas Ziraldo, Carlos Eduardo Novais e Nani. Ziraido respondeu. Não sem antes fazer com Psicologia) riam despreocupadas da pequena denunciar um nome (o que redundaria numa lista
Este artigo quer ser uma denúncia. Uma denún- que o "Inimigo" repetisse de pé a pergunta em historinha do Pasquim que ele (velho guerreiro Imensa), mas uma atitude, uma atuação, um
cia do que se engendrou ali em termos de: 1 - meio às gargalhadas da platéia e as piadas que ele tentando orientar a moçada) alegremente contou. fazer, uma prática política (aí Incluindo não só
Uma manipulação total dos discursos que sur- Ia fazendo. Enfim, após neutralizar, usando do E a história (contada para provar que homem tem atos - o de fazer um Jornal, dar uma palestra,
giram (o que a estrutura de palestra já favorecia) seu "humor", melhor dizendo, seu sarcasmo, timidez de mostrar a bunda e mulher não) da- editar um livro - mas também discursos que da
no sentido de ridicularizar sarcuticamente lutas qualquer força que pudesse emergir da Interven- quela moça que foi posar nua com os homens do mesma forma são práticas políticas). Denúncia
políticas minoritárias (em especial a luta da ção, apenas mostrou que não entendeu nada. Jornal (eles vestidos, é claro) e então o Ziraido lhe desse tipo de política que se arroga o direito de ser
mulher) e 2 - Um ataque repulsivo ao corpo da Sugeriu que fosse lido Millor ("pai de todos nós") deu uma toalha no intervalo e ela pendurou no A única Política e de calar vozes que falem outra
mulher através das palavras e dos desenho, do pois, faz um humor "humano". Citou Supermie ombro (risos) e depois nenhum cara do Pasquim colas que não os seus princípios. Como por exem-
Ziraldo, riso, e omissões da platéia. como uma espécie de humor não político. Não en• quis posar nu com ela. Vejam, por que será que é pio, numa sala de aula, de uma Universidade,
O clima que se Instaurara era de humor a tendeu nada. E ao fim de sua resposta, crivada de assim? O Ziraldo não sabia. Ele sé sabia que uma palestra, homens conhecidos e admirado.,
priori. Gargalhadas gerais e Irrestritas antes me,. piadinhas e riso, subseqüentes (descobri que am- bunda de mulher vende. E vende multo. E para famoso humorista falando a língua velha e
mo de qualquer palavra dos conferencista,. A es- bo, mantêm uma relação intrínseca e necessária demonstrar a um só tempo sua inventividade, dominante de uma política estagnada.
trutura da situação já sugeria, inala que Isso, - piada de Zlraldo e riso da meninada), o que humor e indubitável masculInidade, desenhou no
determinava o tipo de relação que poder-se-la es- ficou foi que o "InimIgo" ou aquela menina" ca- quadro, seio, e bunda de mulher com traçado de
tabelecer entre eles e a platéia. Uma palestra. E tava reivindicando uns humor despolltizado que bola de futebol (mais riso.). Isso para responder Janlce Calafa
assim foi até o fim. Os que estio à frente, à mesa, falasse de coisas amenas, coisas "humanas", em àquela outra menina que perguntou porque não da Comissão de Contra-Informação
falam - a audiência faz perguntas, levanta o detrimento da única e Verdadeira Política, a colocavam homem nu na capa, e também àquela do Coletivo de Mulheres
dedo e circula pelo território já claramente de- brava e valorosa luta contra a ditadura (na qual se outra (tachada de "feminista timIda") que aler-
LAMPIÃO da FAquIUa Página 7

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wM
Centro de Documenta~
APPAD cc
da parada da clivrridatlr
Prof. Dr. Luiz Mott GRU PODIGN IDADE

Ninuccia e
acusada
de homicídio,
Texto de
17LlS SO
provam que ela é lésbica
última semana de maio. no IV Tribunal do Francisco, no Rio. Em pouco tempo as duas es-
Jóri, no Rio: em dois dias, depõem as teste- tavam vivendo juntas tio apartamento 404, do
niunhas de acusação e defesa, e é concluído o bloco K, do Conjunto Habitacional Bandeiran-
sumário de culpa do chamado "processo de tes, em Jacarepaguá. As duas eram lésbicas,
Nino, o italianinho". Nino é Ninuccia Bianchi, mas formavam um casal, de acordo com os es-
uma secretária de 29 anos: e quem acompanhou tereótipos: Ninucia, durona, decidida, era o
com atençào as duas sessões no tribunal, pôde homem. Vânia, tão feminina que chegara a dis-
perceber claramente que todo um clima está putar o título de ''Miss Rio de Janeiro" como
sendo montado, a partir da ação do promotor "Miss Jacarepaguá'". era a mulher. O romance
Gil CasteLo Branco e do advogado (de acusação) tIas duas, como qualquer romance, teve tempos
João Carlos Maltet, para que, ao final do felizes: quem poderia falar sobre isso era Vilma,
processo, ela seja condenada. Sç nào por ho' irmã de Vânia. que morou algum tempo com
micidio - já que, no processo, não existe a elas, ou Bartolometi, também irmão dela, que
menor evidência de que ela tenha empurrado freqüentava muito a casa das duas (mas eles não
sua companheira Vânia da Silva Batista. -do o fizeram; tio sumário de culpa, apresentados
prédio em que moravam - ,pelo menos por sua como testemunhas de acusação, procuraram, de
condição de lésbica, e pelo fato de ela ter todas as maneiras, incriminar Ninucia) . E,
deixado bem- claro, a todos os que conviveram também como qualquer rum atice - ViVeLL mo-
com elas. durante o tempo em que moravam mentos de crises; numa dessas, Vâniaseparou-se
juntas, o amor que sentia pela outra. de Ninuccia e foi morar com um rapaz, Alternir
"Olhos semicerrados, unia expressão de Figliolo: era dele que ela estava esperando um
atenção concentrada no rosto"? como a des- filho quando morreu.
creveu o repórter Jorge Elias, Ninuccia ouviu, A experiência com o rapaz, no entanto, ao
na sexta-feira l, e na quinta-feira 24 de maio, que parece não satisfez Vânia: ela voltou para
a versão que o promotor e o advogado, sob o casa, onde foi recebida por Ninuccia. Pelo que
beneplácito do juiz José Carlos Waltz, criaram dizem as pessoas que trabalhavam com a cx-
para a sua vida. Na história que eles impro- mli,., e os vizinhos das duas mulheres, é eviden-
visaram - após desmontar os depoimentos das te que ela atravessava, ipiando morreu, uma
testemunhas de defesa, iio dia i, e reforçar os violenta crise emocional: pode-se até dizer -
das testemunhas de acusação, no dia 24 -, mas sempre à base da suposição - que sua
aparecem, com estarrecedora freqüência, aventura com AI temir tenha sido unia tentativa
palavras como ''pervertida", ''anornial" de rc,Catar sua — normalidade— ; para tikj'
— doente — . e expressões conto "festinhas de em- cão, Vâitia seria tini desses liomosextiai ''que
halo'': é o vocabulário - que o uso constante não se ai-citam'', e aí estaria a origem a crise
ainda não desgastou -. com que o sistema Ninuccia: na carta ela assinou "s"/no, o ita/ianinho"
que a les ou à morte.
iiiaiiiém pes s oas como Ninuccia, mesmo que Mas, para o promotor, o advogado e as tes-
não submetidas a umasuspeita tão grasi- como tcniuiihas que eles apresentaram, a crise de tas, recebiam amigas em casa, á noite e tios fins iii) hall de onde cairia tcpentre
'is.....epet indo,
ela. permanentemente condenadas: são as V à liii tinha uma ú ii ii- a origem: o remorso por de semana, para drinques e bate-papos: essas soluços, que ti ão itiais itsl t:L r 1 ao apartamento
palavras que o júri encarregado de julgá-la estar vivendo uma ligação homossexual, e o reuniões, no eiimanio, foram habilmente trans- de Ninuccia",
brevemente - tor iii udo por lídimos e bem pen- medo que sentia de Niu uccia, cuja ''paixão ar- formadas em "festinhas'' - a palavra ideal
santes cidadãos da classe média - gostaria de dente" poderia levá-la a um "gesto extremo" para deixar bem claro que, nelas, "coisas ter- OS VELHOS CHAVÕES
li. (mi sela: o homicídio) vaso a outra a abatido- ríveis Zlcou tecia fli''.
lilitórla de Amor tiassi'. Para ri-forçar esta versão é que são LADO "FEMININO"
Por que, para acompanhar a versão que até
utilizadas as palavras q tieitamos acima, Uni aqui prevalece - o honnddio -, Nitiuccia,
imiccI,j Biiiiçltj conheceu Vania da 'Silva Além disso, tia escalada para obter a con- (Ieiis de perder Vátitu para Altemir e consegui-
exemplo: Ninucia, e Vânia, como quaisquer - denação de Ninuccia. Promotor e ads-ugado tão
llttiisii nititi lei fim_ti de õii j hti dii lar&t dc São soas— lidero mili,'lt)v'sslLOjs - que titeni jimil- la de s oh tu. iria matá-la? Ai é que entram os
licsilaratii em ignorar que uma lésbica, para sê- chavões com os quais se consegue que Gran-
lo. necessita de uma parceira, e que esta tans- de Júri, a cada julgamento, se coruporie como
iii o é: tudo o Itlo '' fem iiiitt1," de Vânia foi uni reflexo do sistema que ele representa dentro
rcsa 1 tado iii, processo, além do fato de ela ser elo tribuinal: segundo a tiiàe de Vânia, D. Delozi
filha de um pastor evangélico: José Lias Batista, da Su, a Batista, porque, ao saber que a outra
o pai de Vânia, disse em seu depoimento que a estas a grávida, Nicuccia conseguira Prosas con-
filha só saio de casa para morar com Ninuccia cretas de que "fora traída". Mas - pergun-
porque foi "influenciada" por esta: mas que tamos a D. Delozi - se Vâitia era Lima moça
"tiunca aceitou" aquela situação; apenas, todas "normal", se vivia declarando à família, tios úl-
as vezes em que pretendia acabar com ela, "era timos meses, sua felicidade por estar vivendo
ameaçada de morte pela outra" (ninguém per- com uiii homem e, mais ainda, por estar grá-
guntou a Batista porque ele deixou que sua vida, porque voltara para a companhia de
outra filha, Vilma, também fosse morar com as Ninuccia? Responde a mãe da ex-Miss: ''Minha
duas, e porque ele permitia que seu filho, Bar- filha só retornou ao convívio de Ninucia porque
toLomeu, as visitasse com freqüência; afinal, is- foi ameaçada de morte".
so tião acrescentaria nada ao tipo dejulgamento
que, segundo a Justiça dos Homens, Ninuceia Fecha-se, assim, o círculo que lesará Ninuc-
merece). cia à condenação, e é mais uma vez distorcido o
sentido da Justiça: não é a policia que vai provar
Muitos dirão que não se Pode, num caso se Ninuccia - contra a qual não existe ne-
conio este, chegar ao outro extremo, ou seja, iiliLima Prosa concreta - é ou não culpada; é
dizer que Ninuccia é inocente só porque é lés. esta que deve provar de modo concreto se é ou
bica. Acontece que. ao longo do processo, não não inocente.
há a menor evidência de que ele tenha empur-
rado Vânia do prédio em que moravam, levan- O que está acontecendo por trás das porias
lo-a à morte, 'fanio que o caso foi inicialmente do IV Tribunal do Júri, tio Rio, está a merecer
registrado como iujcidlo ira delegacia de Ja- iiiais que uma assistência fascinada pelos de-
carepaguá; o delegado José Guedes somente talhes escabrosos - o prato de resistência das
resolveu mudar para ''morte suspeita" depois perorações do promotor e do advogado de
que descobriu uma carta de Ninuccia, ende- acusação. Épreciso que, de alguma maneira, se
reçada a Vânia, na qual ela falava do seu amor e deixe hetii claro - ao juiz e ao Grande Júri -
Vâni'a, assinas a assim: Nino, o ilallaninho. que não se pode considerar unia pessoa suspeita
um fim de homicídio só por causa de sua preferência
Vânia caiu ou fui empurrada do h.II dl) ter- sexual. Ninuccia pode ser até culpada - em-
trágico ceiro toidar do prédio (as duas moravam no bora, como diz, com tranqüilidade seu advo-
para a quarto andar). Horas antes, unta vizinha - les- gado, Georgiano Mulier, n'ida exista que a lii-
tetnuiilia de acusação. evidentemente - ouvira crimine; o que não se pode é condená-la a partir
crise de Lima "forte discussão" no apartamento das da única prova que a Justiça tem contra ela: o
ntidade mulheres; e outra enc-ontrara Vânia chorando fato de que ela é lésbica.

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LAMPIÃO da Esquina

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APPAD im
da parada da tlivt-rsidadi'
Prof. Dr. Luiz Mott CRU PODIGNIDADE

Segundo Calmon,
o Cinema Novo I
.iáS
tinha um forte
componente IN

guei.' EFe era


misógino, odiava
as mulheres".
Mas isso tem muito
a ver com o
homem brasileiro.

paralus4s, tt se prostituindo da mesma forma


que uma pessoa que vai trepar. Então foi que eu
5 '
coluquei no filme o fato de que se prostituir
através cio sexo não é mais aviltante que outra
forma de proxtittiiçào, sem nenhum juizo de
valor.
Lampião - E esie tipo de Juizo dai peuoaa,
ieglndo o qual teu. mm.. aio pornochanchada.,
ou pelo menos fazem o gênero, isso te deixa
chateado de algum. maneira?
Calmon — isso me deixou no Gente Fina.
Roberto Bonfim ("Das Bocas") e Paulo Vilaça (o entendido) na praia Ca/mon e seu novo astro: Jece
Porque houve o caso da Cláudia Lessin. que era quando vim de Manaus, passei um ano no Le-
fazer filmes citando a pornochanchada, já re-
irmã da Márcia Hodrigues, e que conheceu presenta tinia sofisticação do gênero. hlon e depois fui morar cnn Ipanetina.
aquele filho da pula (Michel Alhert Frank) na Mas soltando ,,. ' s nW'u- projetos. Além do
Lampião - Mesmo sem ter trabalhado nele
projeção do meu I»me. Aí o filme ficou marcado Galeria do Amor, i: ten' o ,.ini outro, chamado
como se fosse um projeto seu, socê tem um certo
por um nmralismo muito escroto; porque eu acho Imitação de Cristo. pra t s rsear meus fia ntiusnsas
amor por este filme, não é? Acha que ele é um fil-
que a imprensa, no que tese um pouco mais de me especial. znma,ôniicos: é um IjIti" - t o padre Burnier, o
abertura, partiu para unia série de campaiih,t projeto Jari, a ocupe - ' o \ r- ia/.ôiiia, etc... 111 se
Calmon -,--- Aclio. Mas eu tenho alguns
muito justas, mas também andou cometend' lei. muito fil nie viii- i - '. i • i . , cnoiiais tio Brasil,
projetos meu*. Por exemplo: Galeria do Amor,
umas picaretagens. Aquele livro daquele rapa,. mas tudo mia base da i a: eu quero fazer uni
que seria uni filme sobre os michês. Aliás. meu
por exemplo (Porque Cláudia Lessm ai filme político, mas (li um grande espetá-
nitilii para Os Embalos de Ipanema era Amei um
morrer. de Luis Valrio Michel), eu achei urna culo. Quero fazer um ' 1h - - itire discoteca, cen-
Míchê; mas o Ros'ai não aprovou. disse que a
tremenda picaretagem, porque ele coloca o sura 14 altos. Porq'i. .Ini que a discoteca
palavra "niichê" não era conhecida nacionalmen-
problema da droga de uma maneira totalmehte adapta à era elc,ni .i . niológica em que a
te; no Norte ninguém sabia o que era. Aí cii sugeri
errada. Por exemplo: qualquer morador de
ipanema sabe que da Niemever ao Arpoador a
praia inteira tá fumando maconha; e todo mundo
fr - Amei um Xibungo; também não deu. Agora eu
acho que o primeiro título também não foi
gente vive, toda uniun tm,T: de juventude - do
namoro, da paquera. - 'sfregação, do apelo
sexual, e então a gente ti.:. n 1,tide negar a discoteca
aprovado pelo profundo moralismo dos exibi-
sabe que muita gente do meio artístico se droga, e só na base da senoforia, -
dores, que embora façam pornochanchada.
sempre se dtogou. Então, isso não é uma coisa es- Lampião — Seria "Os Embalo." o primeiro
acham que algumas coisas agridem muito. O
pecifica do setor mais comercial do cinema filme guei brasileiro?.
título que ficou não é o meu título, mas é um
brasileiro. Eu acho que essas coisas coincidiram e André de Biase, o ativo Toquinflo titulo que comercialmente ficou perfeito, porque
Caimon - bom. eu queria' falar sobre os
houve urna campanha contra o filme. lionio.ssexuiais que aparecem no filme: tem aquele
de. E eu não tenho moralismo nenhum em re- vende o filme em qualquer lugar do Brasil:
Acontece também que eu não tenho uma pos- que 5 ise na praia, à espera de que surja um gran-
lação à prostituição do corpo; é apenas mais uma [panema já é um mito, e embalos tem uma mar-
tura ''autoral", "artística"; faço filmes pra mas de amor, e que acaba sempre vítima das mordidas
forma de prostituição; uni operário de uma fá- ca.
'vii. rro consumo. O problema é que eu faço uma da garotada (o ator é Carlos Prieto, numa se-
brica: ele fica dez, doze horas por dia apertando Mas título pra mim já não é mais aquela
pula pesquisa de linguagem, porque fazer um fil- qüência rápida mas genial): tem a "fada ma-
coisa. Porque o problema é que no Brasil tem
me que seja coerente comigo e que, ao mesmo quanto a pornochanchada mesmo é outra barra. tirinha — . que é o gerente do hotel: temo o "enten-
muita gente que faz filme sem saber porque lá
tempo. atinja o grande público, é. no mínimo, Quer dizer no fundo é um problema emocional: dido", o Paulo Vilaça que é ao mesmo tempo o
fazendo, mas por urna satisfação pessoal sem
uma experiência de vanguarda. Há também o porque o sexo no cinema brasileiro agride mutilo que corrompe o garoto tias o que lhe acrescenta
pensar no consumo. Eu sou um cara que já dei
fato de que a maior parte da crítica não tem urna mais, está mais perto da gente. etisinarnentos para se niv , iniienlar e sobreviver no
minha contribuição pessoal para o underground e
formação mais moderna, enquanto cvi sou for- Lampião — De qualquer maneira, na por- inundo corrupto em .i.i. .ii'e: e tem Dona Flo-
a vanguarda. Atualmente o que estou querendo
mado a partir do pop pra cá. Então, teu cagando nochanchada, é outro gênero. ra....
fazer é cultura de massa. Você. vê o fenômeno
e aticlando tiros clássicos do cinema, pra esse tipo Calmon - Mas mesmo sendo outro gênero:
John Travolta: ninguém no Brasil pode escu- Lampião — Mas ci.: é uma mulher, é a
de postura. porque a realidade do comportamento sexual do
lharnhar com ele. em primeiro lugar porque aqui Gracinda Freire!
1: 51 acho que 90% dos filmes que se faz no brasileiro é aquele da pornochanchada. Tem
muito mais a ver com a realidade. Por exemplo: o
hão se faz filme para adolescentes; se o pessoal Calmosi - Nunc.i 'Flora é uma bicha
Brasl' são absolutamente medíocres, principal- Virou mulher no (uniu' t .rque seria difícil fazê-la
cinema novo é misógino: o cinema novo odeia que faz cinema não se preocupa com o público,
mente os chamados "filmes'de arte''. Mas o fato é passar pela censura cii,'Jan,i homossexual. Mas
mão pode reclamar da influência do gosto externo.
que quando a gente se dispõe a fazer uma coisa mulher; o cinema novo tem um forte componente
Então nessa parte, a minha experiência com eu filmei toda aquela , arte da arrv'gimu'ntaçào
nova, as primeiras reações são sempre contrárias. guiei, eni seus filmes a mulher sempre representa
Rovai foi riquíssima mesmo. Uma vez eu até dei dos gani tini tio licitei pensando isuni t rai esti. In-
Só levei porrada por causa de Gente Fina, mas, o lauto mais conservador no processo revolu-
uma entrevista pra Minam Alencar na qual disse clusive é a primeira Vi t que eu digo isso publi-
no caso de O Bom Marido, por exemplo, tive duas cionário. Tinha até uma piada que a gente fazia,
que meu master degrée foi com Rovai: foi sim; camcllte, mas é verdade.
criticas ótimas em São Paulo, o que inclusive me logo depois de 19b4: tios filmes de cinema novo,
não que eu tenha virado um capitalista, porque Lampião - Pois oiha, no filme tem mais um
surpreendeu. Já com O, Embalo., dá pra sentir nas cenas de amor era sempre a mulher quem
inclusive não ganhei dinheiro com os filmes que homossexual: é o Das Bocas, o personagem do
que a reação tcfli sido muito melhor. ficava por cima. O cinema novo era misógino por-
fiz: mas como proposta artística mesmo, porque Roberto Bonfim. Aquele ex . guarda-sidai que
Então o negócio da pornochanchada também que o brasileiro é misógino. Eu acho que o
essa preocupação com o gosto do público me arr.nja garotos proa entendidos endinhelrados d*
é dc certa forma uma coisa que eu assumo — brasileiro tem um componente cultural guei
etiriquleccu. Você tem que fazer uni filme não praia? Ora, a gente manja o tipo...
quer dizer. da mesma forma que eu faço um filme muito forte — negro, índio -, e que é uma outra Calmon — E ele existe. E uma figura muitc
realidade: quer dizer, a amizade masculina é on- apenas sobre os problemas brasileiros, mas tam-
citando a pornochanchada, poderia estar fazendo conhecida...
de você joga o afeto, a ternura, enquanto a re- bém ligado à realidade das pessoas que vivem
um weatern nos Estados Unidos citando o wester- neste Pais. Lampião — flon., agora você está às voltai
é um termo típico e popular, que o povo curte e lação com a mulher tem um lado mais careta do
Lampião — Tem - outro aspecto Interessante com outro projeto, que também nio é seu, mas de
casamento, e tem a relação com a puta: a muilher
gosta, e não é atôa. O fato é que a maioria dos
no leu filme. Hoje em dla o que mals se vê no Jece Valado "Eu matei Lúcio Hâvlo". E um m.
intelectuais tem 'um certo pudor de assumir a é desprezada. Quer dizer, a pornochanchada des-
Brasil aio fumes sobre joen,. Só que os josen., me sobre Manel Maniseot, que, aliás, é um dos
coisa cafona nossa — quer dizer, a própria creve isso, esse tipo de comportamento de uma
nestes filmes, parecem muito velhos. mitos do povo guei.
brasilidade — Por exemplo: Roberto Carlos s6 maneira claríssima,
Caimon — Claro. São filmes feitos por pes- Calmon — Na minha cabaça ele é um filme
passa a ser aceito depois de citado por Caetano. Lampião — Você acha então que as pessoas de ficção. e Manel renega qualquer tipo de
fleam chocadas .ó por ente tipo de clareza? soas de mais de 30 anos, sobre pessoas de mais de
Esse tipo de processo (daqui a pouco as pessoas aproxinnaçllo com o novo guei que lhe tenha acon-
Calmon — Sim, porque é tudo uma pula 30 anos.
vão descobrir Sidne y Magal): determinados tipos tecido. Bom, o Manel do filme é pura fião; é
de fenômenos de cultura popular recente, que não hipocrisia. O que me agride na pornochanchada é Lampião - Nos "Embalos", no entanto, os
apenas um seit'ulo iiama o estrebito de Jece Va-
são o candomblé. as escolas de samba — porque o fato de que ela é artesatialmente muito gros- l osens são realmente jovens, falam a linguagem
ladão. que eu considero tini dos poucos mitos do
isso tudo já perdeu o sentido social-comunitário, seira. Se bem que tem um ou outro filme interes- deles. estão envolvidos com problemas que os
nosso ementa. porque ele é '' arquétipo do macho
sante. Eu acho, por exemplo, que um cara capaz lovens costumiim enfrentar hoje em dia.
passou a ser cultivado pela elite, virou uma coisa brasileiro: u o culajcstc ,'cara que bate na
morta e acabada —. fenômenos como a -por- de bolar uni título como A Ilha das Cangaceira. Caimon — Claro. Eu inclusive adoro sso,
porque faço tinia linha unnii pouco jovem pra mulher, etc., embora na vida real seja unia pes-
nochanchada, por exemplo, são rejeitados pela Virgens é uni gênio, um inventor! Pensa bem. Ele
idade que euenho... Mas tiào posso nega que soa gentiií.ssittta, qiim- mma ' I.i tem a ver com isso.
elite, porque perturbam, porque têm a ver com a não seguiu nenhum, parâmetro. Porque o cinema E claro, o filme v também uni pretexto pa-
brasileiro entrou pelo cano por causa desses fes- houve uma contribuição enornne do André de
atualidade. ra falam dos anos Mêdi'' história de um cara
O Jean-Claude Bernardei, na crítica que faz tivais de Cannes, de Veneza, Cada amigo meu Biasc e também de Zaira Zamhelli, ii atriz que
q - foi guarda-vidas, tec- mt' chácara, segurança
que foi a uni deles voltou com um bruto complexo faz a mocinha Zonal Sul. Os dois são de Ipanentu.
ao Bom Marido, ressaltou que a pornochanchada de Minnislro. escola ov' 'la-na, homeni de ouro,
era o cinema típico da fase do "milagre brasi- de inferioridade e começou a odiar o pais. Eu tem uma sisêticia muito grande e me ajudaram
envolvido coro o 1- s.j:-----ao da Morte, pistoleiro
leiro": quer dizer, este gênero estava [alarido de passei unia semana no festival de Cannes. odiei, bastante a dar esse tom :10 filme. Tudo isso além
no Paraguai e l'm' ii.' i;a Grande. Quer dizer:
urna coisa sobre a qual lodns as manifestações voltei e nunca mais saí do Brasil. Pode ser um do tu lent no inato q une eles têm corno atores.
Lannpião — O filme tem inclusive uma se- urna trajetória UL rmvl'i 0 que me preocupa é
artísticas tio pais tinham passado por cima sem lado prosinciano nleul, mas também tem tem o lado
glaniuricam esse r - rs( rn I e ni: ou seja, no final,
se dar conta. Então, eu não me incomodo quando que eu saquei de que as pessoas ficam coloni qüência antoióglca: aquela em que os dois
saimá uni lilme vuguiite Lv inspirado em Manel
me acusam de fazer pornochanchada. Entre ,adas; quer dizer, você passa a ter o padrão de queimam fumo dentro do carro, e que, Infeliz-
Maniscot - t) q ue e' 1, ii diin do mesmo é filmar
outras Coisas porque eu sou unia pessoa de tal fora. Claro, eu acho que a pornochanchada é es. mente. foi censurada.
com Jece Vatadã,-: t-'rqo' eu veio Valadão no
nisel que, mesmo querendo, não poderia fazer crota. é reacionária. é moralista e segue o sis- Calmon — É. Aquela eu escrevi inteira. Sim.
ci nema desde imune miv" ii' 'n do por gente. e ele
liortiov'liitttu'lisda : falo três línguas, tenho tema. embora ela represente o que eu disse atues: porque Leni também toda a minha vivência de
agora cvt s menu! u-t".:''rnenlo niais honitun.
agora acho tamhétii que um cara como eu, tio lpatnenna colocada nesse filme. Eu tinha 15 anos
-cslucaçào universitária, sou fino de berço, eu- Página 11
LAMPIÃO da Esquina

**

Centro de Documentação
AiPPAD e;
da parada da dis's'rsidide
Prof. Dr. Luiz Mott GRU PODIGN IDADE
[REPORTAGEM]

Uma alegria que vai durar muíto


A opinião é geral: nunca houve uma vidados tinham uma plataforma ou
festa tão alegre como o ¶how "Bixór- uma mensagem em mente. Como as
da", que comemorou o primeiro ano melhores coisas da vida, esta também
de existência do LAMPIÃO. Tão aconteceu naturalmente, gerada pela
egre e tão bem comi*rtada, é bom alta carga de calor humano. Ninguém
1 nbrar. Bem comportada no sentido tinha a intenção de escandalizar (o es-
que eram pessoas felizes as que se cândalo só existe nas mentes doentes),
rtuniram no Café-Teatro Rival para de provocar ou fazer mal. As estátuas
civirem os maiores nomes da música de sal não se derreteram, o teto do Rival
brasileira. Para aqueles que estavam não desmoronou com a estrepolia das
torcendo pelo fracasso da festa, para bonecas. Terminado o show tudo con-
aqueles que afirmam que toda bicha é tinuou como era antes, com a pequena
louca e insociável, que seu lugar é nos diferença de que se formaram uma
asilos psiquiátricos russos, "Bixórdia" nova solidariedade, um novo enten-
foi um tabefeina cara. Mas isso é outro dimento entre as pessoas.
assunto. Como dizia o nosso querido e
digno Oscar Wilde, "Os cães ladram e Para algumas bichas filosóficas, a
a caravana passa". platéia do Rival foi um espetáculo mais
O show foi um teste para o pres- empolgante do que o montado por Chry-
tígio de LAMPIÃO e dele o jornal sóstomo. Exageros à parte, foi de fato:
saiu 'definitivamente engrandecido. A empolgante ver as gerações mais novas Ai ími ()T (13 Esqueraa- Carrnern, Hka, ,'/i"oca, t/iíl(i'ó7c 1
convocação de Antônio Chrysó.stomo suando de tanto aplaudir artistas que
responderam não só todos os monstros são, su postamente, apenas conhed ido
sagrados da música popular brasileira dos mais velhos, como as divinas Car-
como a geração nova de maior talento. mem Costa, Emilinha Borba ou Angela
Á relativamente pequena publicidade Maria. Não era saudosismo, não. Era a
feita do espetáculo responderam 500 descoberta de que a alegria é um fe-
espectadores pagantes (mais, certa- nômeno para ser dividido generosa-
mente, 500 convidados e penetras). O mente entre todos. Esse pessoal mais
entusiasmo na platéia, nos bastidores e novo que foi ao Rival, entregou-se, ao
no lado de fora do teatr6 resultou som de músicas e Dolores Duran can-
numa grande noite de confraternização tadas por Mansa Gata Mansa, ao ritual
e esprk de corps. No fim, a festa ul- liberador a que costuma se entregar nas
trapassou os limites do aniversário de discotecas, dançando e cantando sem
LAMPIÃO para ser a primeira grande camisa, ao lado dos mais velhos e
manifestação guei do Brasil e, por saudosistas. Na força do embalo de-
que não, a marca do nascimento de sapareceu o que os comunicólogos
unia nova era para os homossexuais chamam de conflito entre as gerações.
brasileiros. Lembra, por isso, o Festival
de Woodstock, que marcou para os "Bixórdia", portanto, passou para
hippies da década de 60 o nascimento a história, mas terá outro desenvol-
da era de Aquário, a tomada de uma vimentos. Ás bichas chatas e casmur-
,ras, que desaprovam o LAMPIÃO, ÃÍ?gE'kJ, F!v9 ncisco, EIke le o bolo) Chtys, ,4d, e Caro;ern Costo
nova consciência.
Guei ou não, quem foi ao Rival na nós avisamos que terão muitas "Bixór-
noite de 7 de maio estava assumindo dias" pela frente, para que roam as
um compromisso libertário de con- unhas até o sabugo. E para enlou-
fraternização com todas as minorias
oprimidas e se solidarizando por tabela
quecê-las ainda mais informamos que,
em breve, poderão ver o filme super-8 Sem essa de amor maldito!
que foi feito sobre a festa, "Night & Oscar Wilde estava certo no seu tempo. Mas as coisas mudaram, e
com os que sofrem perseguições seja
por suas preferências sexuais ou Gays", realizado por Dinah Guima-
ideológicas, por suas raça ou cor. Foi a rães, Lauro Cavalcanti e Reinaldo estes autores mostram por que. Leia-os e aprenda: o ex-amor mal-
Leitão, três entre os melhores artistas dito agora é uma boa.
saída definitiva do gueto, um com-
promisso com a liberdade humana. de vanguarda brasileiros.
Claro, ninguém estava pensando Os Solteirões
nisso ao comparecer ao grande show, Cr$ 120,00
Francisco Bittencourt
nem Chrysástomo nem os artistas con- Ga.,sparino Damata

Crescilda e Espartanos Cr$ 90,00


Um espetáculo A Meta
Cr$ 110,00
em plena rua Darcy Penteado
Na Rua Ãls'art Altim, diaite do Café
1 eturo Rival, unia fcsta à parte da Bisórdia; "gttardador autPntçsmo também é minoria '' , e
unia multidão pergutitava, curiosa. ti que es-
empolgando, cciii isso, o fero Francisco Bit- Primeira Carta aos Andróginos Cr$ 90,00
ienccsurt, enearregad,i de vigiar os penetras
l ava actOil ecendo aquela noite tio local. E ao
1 inarem con hecimen to dos grandes nomes da ele atitorF,tou na hora ti entrada do rapa7,
til isica popular
ouvindo deite a promessa de que, a partir República dos Assassinos CrS 100,00
brasileira que estariam
presei tes, nos (asa ni de deslocar uma grinitili zi daquele instante. guardaria o seu carro com o
ntainr ,,elo (in feliz nieute para o rapai.. Fran-
ara pagar e poder ver - o espetáculo. FoiP
o caso ele U iii qrtt P de jovens, que pediam de;' e isco ii ifo eu rie au tttiióvcl. . O Crime Antes da Festa Cr$ 70,00
Cruzeiros a Lad,t :m que
héni poder etilrar.
entrava, para tain-
O ti los detalhe do sermo: o carinho com Aguinalo Silva
que os artista, que che g avani eram Ira tadtjs.
Perto &iti uício do grande es; tetâculo. um
nionietil o si os utá tko e enloc j
o o te: um dos
As pessoas que itân puderam entrar no teatro Testamento de Jônatas Deixado a Davi Cr$ 90,00
se ecu teu taraus ciii tia ii seu -eu rjnho e
in úmeros sLI rd,ttires de atitolliéiveis da
•idmiraçZso at,s ari istus q ii,. t li estes COtras mi João Silvér j o Trevisan -
Cinelânidia. que também queria ver o lilho w
oitos tifo ttt-iha sllithelto os propnelãrjos dos ti sai uni pela si age duttr Jo Ri', ai. Enni1i lia
carro, a li esTiniur
1 teu ai) os,
(claro) e W-a tt sk-rk'u Í,'ram tia mais (ti-acio- Peça pelo Reembolso Postal I
á riente , só nados. Senda CIte CSta só sa;u 'is luas
;ittgarlati t por scsi, cri iços quando sjern do Lia I';sJina Editara de Livros, Jornais e Revistas Lida.
leu 1 ro, ti fi la da Bis órdI - Irtnrnvisnu Li 01 madrugada; depois que (tido term ii o ii, fican-
di.si.itru, lcslartl(I L I cio .tk. e 01t -
do surrresa tio ter. li 'ri, .t 11 11lilidãO qtts' Caixa Postal 41031 - -
im que espera ia. ( Ad i o Acosi Ccp 20241
Página 12 -Rio) de Janeiro — RJ

MMPIÀO da Equina

-i^,
Centro de Documentação
APPAD *
associação paranaense
da parada da diversidade
Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE
[.REPORTAGEM]

Os
meninos
de
Maurice
Béjart
Não, não vamos repetir, aqui, as
baboseiras que os "críticos
especializados" e os colunistas sociais
(meus Deus: eles entendem de tudo, são
verdadeiros enciclopedistas!) vêm
repetindo a propósito da passagem,
pelo Brasil, do Balé so Século XX. de A gente aproveita
Maurice Béjar:. Tudo o que temos a a passagem de
fazer é repetir uma singela declaração Béjart por terras
do coreógrafo, segundo o qual, cada tupiniquin& pa-
balé que ele monta tem um pouco da ra protestar contra
história de sua vida e de suas relações os granfinos d
com o próprio corpo. Dito isso, Rio e SP, que se
deixemos que falem as imagens - as
apossaram de
lotos de D. Limongi Batista, que sua arte e fizeram
captou com extrema felicidade as de suas apresen-
qualidades de andróRinos, de taç Óes mais um da-
mutantes, de seres de uma raça que queles regabofes
certamente ainda estar por vir, tão que costumam o fere-
evidentes nos bailarinos deBéjarj. Não cer no fundo dos
vamos sequer dar seus nomes, ou os seus quintais
nomes dos balés que eles estão fotos de
dançando. Que fique apenas a for-ça, o D. Limongi Batista.
equilíbrio e a harmonia de cada uni. pi

LAMPIÃO da Esquina Pagina 9

ri

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Centro de Documentação
APPAD t
da parada da diversidade
Prof. Dr. Luiz Mott GRU PODIGN IDADE
ENTREVISTA]
AO CONTRÁRIO DOS OUTROS CINEASTAS, ELE NÃO TEME O SEU LADO GUEI

Nos embalos de Cal m


-on


1
6

Antônio Caimon foi uma espécie de Rimbaud


lo Cinema Novo. Basta ver as fatos em que ele,
1
mais a gente fez só três filmes, porque ele está
cansado, quis parar; por isso, quando ele viu que
dolescerite ainda aparece ao lado de figuras im- as coisas não estavam saindo como ele queria,
ilutas corno Glauber, Joaquim Pedro Andrade, falou comigo e disse que eu devia assumir o
élson Pereira dos Santos, Cacá Diegues e Gus- projeto.
aio l)ahl. para que não se tenha dúvidas sobre Quando eu assumi, achei o roteiro muito
'su. tii[eliarnente. a figura que lhe pareceu mais fraco, muito disneilândia - a disneilândia do
iroxinia de um Veriairte ele só a encontrou anos surfe: não tinha o lado mais maldito. Então
.lepois, na pessoa de Pedro Rovai. Não, ferrenhos chamei o Silvan Paezzo, e eu mesmo escrevi ai-
defensores do nosso cinema, não se trata de unia camas seqüêncis: dei o clima final do filme, que
ironia: os três filmes que eles fizeram juntos - 5 coisa mais importante.
Gente Fina é Outra Coisa, O Bom Marido e Nos Lampião - Você Já encontrou o André de
Embalos de Ipanema - Rosai corno produtor e Bisse fazendo o surfista?.
- - — w... CaInion corno diretor, si tendem a crescer com o Calmon - Sim, porque ele se impôs desde o
primeiro instante. Mas fiz algumas modificações
COLEÇÕES COMPLETAS DO REPORTER, DO NÚMERO O AO 46 tempo: até o dia, no futuro, em que um critico
no elenco e na equipe, muito poucas, e comecei o
suficientemente corajoso os coloque no devido
A FACULDADES DE COMUNICAÇÃO ESIBLrO1tCAS tE. QUALQUER lugar de filmes muito importantes, neste período filme,
PARTE DO BRASIL, ESCREVAM PARA AUA MIUE1C0UTO,4 1.1 —442 (que termina) em que o divertimento principal Lampião - Ele Já tinha feito alguma coisa,
dos nossos cineastas foi se deixar devorar por antes, no cinema ou no teatro?
E MANDEM Cr$ 50,00 PARA meia-dúzia de esfinges. Calmon - Nada. Nunca tinha nem pensado
AS DESPESAS Pra se manter sempre alguns dias adiante da tuSSO.
atualidade é que Calmon fez de Os Embalos - Laiuipiào - E como é que vocês o desco-
r r? rá - DE CORREIO. filmado no período em que LAMPIÃO engati- briram?
.IJ?4J nhava - um filme que com algum esforço, se
poderia chamar de "guei". Ë por isso que, agora
Calmon - Através de uni anúncio no jornal.
Apareceram dezenas de candidatos, foram todos
que o filme está sendo exibido nacionalmente, rigorosamente testados, Eu não cheguei a par-
fomos conversar com ele. Aguinaldo Silva e Adão ticipar dessa fase mais exaustiva da produção...

tca
Acosta fizeram a entrevista, em meio aos cenários Lampião - A gente gosta multo do filme,
delirantes de Eu Matei Lúcio Flávio, o novo filme mas gosta principalmente do final, que é total-
do diretor, que tem, como produtor e estrela, a mente amoral. Foi você quem deu o
figtira mítica dc Jece Valadão. Calmon - Foi. Aliás, fui eu que. escrevi
1, 1 Lora
Lampião - "Os Embalos" n.o era um filme
seu, no é? Quer dizer, no é um filme que você
toda a coisa da namoradinha do subúrbio, porquê
achei o outro final muito ruim. Ninguém sabia
«(-no planejou fazer. Você pegou o bonde andando... como resolver esse personagem por uma falta de
Calmon - E mais ou menos. Porque eu tinha parti . prlst Leopoldo e Armando têm uma for-
r mação marxista, então pintava muito o negócio de
............ V" contrato com Pedro Rovai para fazer três filmes.
Entào fiz Gente Fina é Outra Coisa e O Bom o garoto se dar mal; a colaboração do Bigode era

t441
Marido. E indiquei uma pessoa, Luis Carlos
Lacerda, o Bigode. pra fazer este filme. Na ver-
dade. "Os Embalos" era um projeto antigo, em
cima de um roteiro de Leopoldo Serran e Arman-
do Costa, que seria um filme de episódios só com
a parte do hotel. Mas Rovai sempre achou que
unia colaboração mais flower power, "Havaí".
não tinha muito a ver; Rovai também não sabia o
que queria; entãô eu desenvolvi uma história
paralela com a menina; os dois sonham com a
Zona Sul, mas ela é careta e ele desbundado; são
quando ela
duas trajetórias, que só se encontram quando
saca que o esquema todo é corrupto, e que ele é
À daria uni longa, porque ele tem uma visão muito boa
úas coisas, e realmente Funcionou. Quanto a não que está certo. Ou seja, que no sistema em que
vivem, e à niargem como estão, um caminho é
ser um projeto nico, inicialmente, mesmo assim
5 rio sugeri que o garoto fosse um surfista de subúrbio. usar a própria beleza para sobreviver,
001 OS Porque eu achava que um surfista da Zona Sul
não dava um bom filme, o surf é uma coisa muito
Isso casa com um conceito meu, que eu descri'
olvi nos, três filmes, que é o da Prostituição
alienada. Então eu pensei que seria melhor pegar num sentido arrpio - pode ser a prostituição de
< uni cara do subúrbio, que sonhasse como o acesso valores, a prostituição profissional. Eu acho
1u11NEI-11:211 •1l'AC
r
às coisas da Zona Sul, e mexi muito no projeto. AI
o Bigode não conseguiu dar o tom que Rovai
que o Brasil é uns pais onde todo mundo se
prostitui; na medida em que a gente é muito
UM JORNAL QUE METE O PAU queria; eu e Rovai tínhamos uni casamento, unia colonizado e não tem uni desenvolvimento na-
cional próprio. de unia forma ou de outra se ven-
sociedade que era um projeto a longo prazo -
Página 10 LAMPIÃO da Esquina

** Centro de Documentação
APPAD
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[REPORTAGEM 1
Nos bastidores, outro "show"
Gente óootima - e variadissima —como a
poeta Olga Savary. o craque Alonsinho, o cineas- pessoas agarradas umas nas outras, se aproxima
ta Alex Viany, produtor e diretor Abelardo Fi- ameaçadoramente da entraria de certa. Or e u
gtteredo, a bicha honorária Jaguariba (do Pa- -ni,adopel brLica,tl"enzh.
quim), modelo Tânia Caldas, a ihow-woxnan Ed. senil apitando corredores a fora, disposto a trans-
d y Star, ator Raul Cortez, guemitt míltar Dati usa Leão por qualquer barreira para. "pelo menos, car
esteve na platéia do Café Teatro Risal, no su uma voltinha mio palco". Na frente, como no
percspeláculo Blxórdl, comemorativo do pri- podia deixar de ser, abraçadas, aos beijos e
meiro anosinho do LAMPIÃO. Pagaram ingres- abraços, hIke, Rogéria e Lv'iloca, agarradas pelos
so, vibraram e alguns, no fim, assaltaram os traseiros por Mauirjç'io Loyolla, os novatos Ra y
tidures na base do "que coisa divina", "quand -rotundSé,AiseGumarãFlvioL;
que tem mais, etc... Tânia Alves e seu marido, o percussionista Lêmno,
O que eles - e os outros quase mil esp.; aderem alegrememtiu.' a idéia; Angela Maria -
tadores - não psidcram ver - infelizmente - quieto diria - coiiiaiida uni vagão em que estão
o outro lado do ihow, nos intensos bastidores, Emilitilsa, Zé Ricardo e Mansa Gata Mansa;
camarins, corredores e coxias do Rival, onde lv unir Geraldo e Mancluka finigt'iir que não Par-
outra multidão de asiros e estrelas, maquinistas. iicrpisnii, tuas taniihém se cnfilcirani ara par-
iluntiiiaciores, assistentes. técnicos de som, hi- ticipar da insubordinação; Lecv Brandão tenta
ées e penetras desfilaram por seis horas mm-- convencer Cannsem Costa das vantagens de par-
lL'rrttpias, sob o beneplácito (?) e comando do ticipar do ' ' treiiziiiho' ' ; Johutiny AIf e Neuza Bor-
lampiônico Antônio Chrysóstomo, diretor do es- ges agciarclam u) niscumemito de aderir à compo-
petáculo, Alguns dos lampiônicos presentes se sição; nu rabeira seni 1)iaiia, pulando e apitando
deram ao trabalho de anotar - bixordescamente, cotiio se aquilo foste uni jardim dc infância.
cotilti convinha - fatos & fofocas desse mundo No palco está Aline. Sentados mio banco de es-
mágico que a platéia não vê. pera. disciplinadamente, Wammderléia e Toninho
Emiliiiha Borba foi a chegada mais notável: Café, que - heroicamente - prometeram fechar
repentinamente o espaço povoou-se de ruidosas o show, confabulam exaustos, com Minam Pér-
criaturas que, até agora ninguém conseguiu saber Chrysósiomo: "Viado, e o bolo?. Você esqueceu sia, sobre os problemas da pesca da baleia na cos-
Intervalo para drinques e tititis da platéia
como, conseguiram furar a forte barreira de de Providenciar o bolo de aniversário do LAM- ta brasileira. Está formado o quadro de um
segurança colocada na entrada de artistas. Foi PIÃO! imperdoável!" De mãos nas cadeiras, tumulto em gnmtiide estilo, Estóico, Chrysóstomo
Durante o intervalo as coisas continuam acon-
uma verdadeira vaga de beijinhos, gritos e Clirvsóstonin contra-atacou: "Oral Além de se põe à frente da improvisada "composição
tecendo nos bastidores. A dona da casa, Angela
abraços que, lá pelas tantas, ameaçou invadir o produtor e diretor você queda que eu fosse coii ferroviária". Grita, entredentes (o show corria
Leal - da dinastia dos Leal - se confessa
palco, sendo expulsa pelos assistentes de direção leiteira? Se vira e arranja o bolo!" Resultado: o próximo, apemias três metros dos acontecimentos
emocioiiadíssima pelo sucesso da noitada; es-
Míliou Tierry e Nélson Cerino, Olípica, com cara tão decantado bolo do LAMPIÃO, que a revista internos): "Já falam tão mal da gente e ainda tem
tafada pelo excesso de trabalho (ajudou muito na
de menina de vinte anos, a divina Miloca sorria Isto á chamou de "terceira classe", acabou por essa de "tretizinho" entrando em cena?" As pes-
gloriosa, acima do tumulto dos fãs, produção), contínuo sente falta de ar; literal.
ser tinia broa velha. comprada no botequim da nmeinte desmaia de cansaço e emoção. Outra que soas são (o guie ninguém diz: isso ninguém lembra
Antes da enérgica intervenção de Tierry e Nél- esquina, sobre a qual alguém providencialmente quando fala de artista. intelecutal, negro, homos-
passa mal : a divina Zezé Motia, vitima de pres-
sou, aliás, a única menos agradável - apesar de espeloti urna rombuda e longa vela branca. sexual. dissidente etc.) altamente profissionais:
são baixa
engraçadíssima - dos bastidores: dois rapazes Nacerimônia do apaga vela, por sinal, outra acaba a brincadeira, entre sorrisos, suores e sus-
nervosos e muito perfumados que ninguém Por isso, após IS minutas regulamentares,
alegre aconitecência tendo por protagonistas os qutemn primeiro entra tio palco ''para dr uni piros (dos usais entusiasmados), Todos voltam aos
sabia qem eram - titxar,ini desaforos em defe- P róprios lampiônicos: suado, de bolsa atiracolo, seus lugares rios cauiiariini, e bastidores.
sa de suas clivas: Emilinha e Carmem Costa. As recadiniho, uma satisfação à platéia", é Zezé. Ex-
caneta e roteiro em punho - a própria' imagem plica que a pressão "está no pé". anuncia Angela
doas, amicíssimas, se encarregaram de acalmar Wamiderléia entra, ovacionada. São duas da
de quenii nunca deveria estar em cena - Chrysós- Maria e se retira - debaixo de fortes aplausos -
os meninos. Depois do que Carmem, um poço de manhã de lima terça-feira gordíssima. Daquelas
torno foi ao Palco para, cercado por todo elenco direto para casa. Entra Angela: os bastidores se
dmttjdacIc, st' recolheu ao seu camarim, de onde de relógio de ponto e mamãe e papai dando (ti-cri-
do show. chamar "os colegas de LAMPIÃO, pra agitam Mesnnio quem está rios camarins mais
SÓ 'omiti quando chamada para pisar o palco - eu em casa Ninguém, na platéia, tinha arredado
dividir o bolo", ELke Maravilha segurava o assim lonignquos, distantes quase 100 melros mia coxia, pé Chrvsôsionio (tescoiifia que deu tinia grande
nionietino de uma das mais longas e emocionadas chamado bolo, Carniem Cosia e Ensilinha so-
osaçues da noite. escuna o trovejar e relampejar da platéia. Leiloca, mancada ciii não permitir que o ''trenzinho'
pras-uni a vela; começou a chamada: "Aguinaldo das Frenéticas, coiiieitta que Aitgela merece, tivesse passado pelo palco. Mas já é tarde. O shovs
Noite alia, ihow rodando, Chrvsóstomo re- Silva! Adão Acosta! Francisco Bittencourt! CLvis
i, ti itt presente no posto de trabalho, a copia Num dds camarins, Rogéria e Elke Maravilha acahoui. Em comnipenisação, aLi apagar das luzes do
Marques!" Lépidos, Francisco e Adão aen- resolvem fazer um caso de amor. Sentada no colo
de oticle comandava a liii, a entrada e saída dos 1? aniversário de LAMPIÃO, Tonv Feri-eira teve
traram o proscênio, enquanto Clóvis se escondia de Elke. Rogéria lhe acaricia ternamente o pen-
ari isi as no palco: um também lampiónico Francisco a feliz idéia de agarrar o figurinista Mário Valle
na platéia e Aguinaldo, que segundos antes estava teado louro. ''Seu" Zé, chefe dos camarins, comi- - nessa noite iiuexpiicavelmeiite caneta, de pasta
Hitiiicouii vinha lhe ira/er uni vidrinho de Din- na cosia, se evaporas a desabaladamente ba-
pus. Iranqüilii.anic do qual, nas últimas 48 horas cluti que ''esse mundo tá mesmo virado; quem das de execcitivo na mão - e dar urna volta s-oiiipletic
tidores a dentro. Em cena, Chrysóstomo se viii- doias é homem, mulher ou bicha?—.
- sem dormir, 5v-oh conter, na batalha da pro- lido fundo do palco, enquanto Wanmderléia se es
gasa: "Aguinaldo e o fadinha não estão aqui por- Inteiramente entretido eni - como dizia - iiicrasa ila grad. Í'lnale de cmii pout . pourI cai--
d utçu da noitada - de vinha praticamente se que a primeira é um donzel de legendários recato
clmniciui milo. Foi quando Francisco. além de "fazer rodar o espetáculo, não deixar brancos nc mias alesco qciv' leu autuou o respeitável público. Es.
e timidez; o segundo, o apelido diz tudo fadinha, palco riem falhas na luz", Clsr y sôstomo é pego de lava 'ou Is a a ltisuurclimi. í só aguardar: pana o ano
trantillilifailles, resolveu ministrar cmii pita em a novinha, caçula das Bandeirantes gueis", surpresa quando um — trenzinho" enorme, as temi mii,ais. 1 LAMPIÃO, equipe)

II

Se
Gueificura: a nova festança popular
a testa ou nixoroma 101 um acontecimento, a eerc altura, iluminados pelos spots, debruçam-
inauguração do Caharé-Palt*ce, a gueificira que do ao anjo a ingrata tarefa de ler os poemas que, cubano Ly R&haiiehera, 70 inconfessáveis anos,
se ilas duras janelinhas do primeiro andar - que até então, ele manuseava (oh, Ode Marítima,
Passou a funcionar todas as sextas e sábados no Passou-se dessa para melhor.
dão diretamente para o salão térreo - duas fi- quantos crimes deliciosos se comete em teu Fins da noite: o pessoal saindo do cabaré
Cine São José (o dos bailes dos enxutos) não ficou guras: tini anjo andrógino, com uni calhamaço de nome!). Palaux naquela manhã. de sábado, anunciando
atrás, Luís Gareia, o responsável pela folia, pus- poemas de Fernando Pessoa à mão, e cima sereia Apoteose? Nada disso. 1_uiziniho pcservara aos quatro ventos guie logo mais t noite estaria de
sou mais clv um mês preparando a ambienração de peitos niíticos, um travesti cujas próteses de mais ajuda para o público já inteiramente emisant- volta. O que efetivamente aconteceu, com a casa
- inteiramente kltsch. lembrando uni pouco o silicones fariam Rachei Welch morrer de inveja. decido. Sob unia espécie de platôs, surgem os no v amente cheia, num hapening que se repetiu
moribundo cabaré ('asatiosa, numa espécie de Delírio geral. Os homens declaradamente
recriação à qual se acrescentou o bom gosto do Frenéticos, o conjunto criado pelo Superb no fimn-de'seniiana seguinte e que vai se repetir -
liereros que se achavam no salão cometiam, sem Madrid, inirosisados em Gogogsys. esperamos ardentemente - por muitos fins-de-
produtor -, e os panfletos. anunciando a glo- saber, o pecado do homossexualismo, ao olhar
A essa altura, o úmtiu'o garçom de plantão semana ainda. O endereço? Só podia ser lá, na
riosa noite de estréia, foram Passados e repas- cobiçosamente para os polpudos seios do rapaz
trotava por entre as mesas, incapaz de atender de Praça Tiradenites, às testas e sábados, no Cinema
sados de mão em mão pelas esquinas da vida. que se pendurava na janela. O anjo, ao lado des-
unia só vez a tantos pedidos. A um canto, um São José, a partir de onze horas. O ingresso: 50
Assim, ria noite do dia 18 de maio unia ver- te. fazia poses e trejeito,, preocupado eni não ser
grupo de travestis, hieráticos e inipassíveis, fingia pratas, mais barato que uma r)as%;igeiii pelo Hotel
dadeira niti!lidão tomcsit conta do salão especial- o seu ahow roubado pela outra. Lá embaixo, tio
estar num sarau da Baronesa de Rahicó Pela tio Pepe. LAMPIÃO, com sua experiência de fes-
mente decorado com cartazes de filmes gueis, salão de danças, todos dançavam de olhos paao
porta mais principal possível, entrava a estreia tanças, recomenda (Agulnaldo Silva).
capas de LAMPIÃO, fotos de ídolos do pessoal - alto - era o espetáculo que começava com aquela
incluindo tinia, mcii, perdida entre as capas do absoluta da noite - Mansa, a Greta Garbo da
dupla insólita e se balançar lá em cima.
nosso jornal, pros idcncialrneiite colocada no Latia -, que atravessou a nsultidaão de pares
Começava o espetáculo e ia continuar logo
corredor que leva aos mictórios, apresentando o depois, com a entrada de Shirley Moiiteiiegro, o
:oiii'-u um raio de Júpiter não faria melhor: im-
,ávida e certeira. Ela seria, tio final da função, o
Os pulinhos de Fafá
divino e injustamente desaparecido Mário Go- rapaz que eaiina várias oitavas acima do que a
mes, inteiramente pelado, Ao mesmo tempo em ;erceiro monientro delirante da noite.
decência permite O show e Shirley, cantando
que, do lado de fora, se acotovelava a multidão desde Babalu a Folhetim (iiifeliznienle, apesar O terceiro momento, tini, porque o seguindo Além das observações feitas por Agciinaldo
.iabitual de voyeurs, já hastane conhecida, que a seria a apresentação de Edy Star, um artista que Silva sobre a Gueifieira, o show idealizado por
dos apelos, ele não cantou aquieta famosa ária da
cada baile dos enxutos ocupa aquela mesma está a merecer, há uiiuuito, a ousadia e a coragens I_cui-,itiho Garcia teve miiais dois momentos de
Traslatal, foi uima apoteose. Ao longo desses
posição, só para ver passar os fantásticos e ines- de si rir produtor. Edy eletrizou a platéia moia tinta grande impacto: o primeiro foi a apresentação da
anos em que vem se apresentando como soprano,
quecíveis travestis que lá comparecem. desenvoltura tal que parecia estarapenas es- sósia de Fafá de Belérmi, unia bicha que por des-
ele adquiriu todo uni status de grantdecstreia,fa-i
Quando a gente chegou ao local, por volta de uni ar e tini gênero com qual nem as clivas mais covando os dentes. E, em sua alegria. iião es- cuido iiào chegou ao estrelato como a artista
meia-noite, o Cabaré-Palacc já fervia. O conjunto, temperamen tais sonhariam. Inteiramente camp queceu sequer de agradecer a presença de dois panaeiise.
tocava samba, e mia pista de danças evoluíam os jornais: LAMPIÃO - of eoursc -- c o Pasquim outro detalhe: Mansa (tão bem definida pelo
com seu penteado louro, sua niaquilagens muito
pares: homeni-com.mulhe,-. homem-com- (esscdois nanicos são acabar uk' CítSO nosso coleguinha Aguinialdo) deu um verdadeiro
pálida, seus braços longos e sua gesticulação
homem, mmi lher- com- mulher, tilinta manifes- Iremelicante, Shirle y fez a platéia literalmente A essa altura o hicharéu é que incitava atrás de sbow de intelectualidade quando apresentava seu
tação de democracia sexual com a qual nem o pobre garçom, aos gritos de "me dá uma cer- monólogo. Eis que algumas bichas, pouco
endoidar. E conquiiston até o conjunto que a
mais delirante adepto da abertura sonharia. No acompanhava, quando anunciou que era iii- veja", "me traz unta tônica", "Cci quero uma preocupadas com a sua intelectualidade, resol-
primeiro andar, em torno do bar, o pessoal mais pedra degelo". "o copo está sujo, bote!" Só cmii ão veram agredir a grande estrela, Mansa, que não
teiramcnte a favor do músico brasileiro, e que
gastador —e portanto mais uiob - tratava de eu me manquei - o garçom, na verdade (idéia leva desaforo para casa. respondeu à altura. "As
nunca cantaria com play-hack.
consumir as cervejas (infelizmente quentes) e os genial do Luizinho), fazia parte do&how. bichas que não têm capacidade de entender o que
Novo intervalo para danças e drinques. A
drinques. Àquela altura ainda reinava, naquele Que teve seu ponto máximo com a aparição de é importante pura o público girei exigente e in-
sereia, depois de virar de costas e exibir riu nia
local, um ar meio bliaé. Mas, aos que lá esta- Mansa, essa godes das trevas, a mais veneranda telectual que se retirem: a ponta está aberta",
determinada parte de sua anatomia marcas vi-
ram. Luj,.inho havia reservado uma surpressa: a de todas as senhoras gueia desde mie o travesti (AA)
síveis dos caninos do vampiro, retirou-se, deixan-
LAMPIÃO da Esquina Página 13

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ussiici.içào paranaertsv-
tIa iiaraclu da diversidade
Prof. Dr. Luiz Mott GRU PODIGN IDADE
4JixÓ rdia-
Recados para LAMPIÃO
Lima das boluções mais quentes do divjne androginos" "Claudete Babulu é o amor de
Luiz Garcia para a sua Gueifleira é, sem
dúvida, o quadro de "recados para LAM-
Luiz' "Vaikiria Vasquez: com amor ao
IAM'P1.40 79 11. "LAMPlÃOjá morreu e não
TENDÊNCIAS
P140": uma enorme folha de cartolina, com sabe (a) Chocho ' . "LAMPIÃO vive e viverá
uma caneta Pua: Ia mesma da Censura) pen- sempre! Ia) Clarice Verasont" (escrito bem ao
durada do lado, na qual os freqüentadores do lado da frase anterior)- "&tina: salitre 79".
Cabaré Palace podem escrever, à vontade, "L'h! L'h! LTlt! Lh!". "Jorge Maurício esteve
suas mensagens para o jornal. Algumas
preciosidades e.wrif as já na primeira noite (a
aqui. .1h30m da manhã' "Eu estou amando
muito" Iescrito dentro de um coração).
o show
folha de cartolina ficou lotada de "recados"): Desenhos, foram feitos muito poucos. E um
"LAMPIÃO é gostoso, inteligente, e me faz detalhe importante, para quem imagina que a
um bem enorme (a) Jorge Alberto" "Enian- c4eça do pessoal guei vive cheia de porcaria:
cipem o homossexual e estabeleçam seu nem um só palavrão. A parede de "recados
código de ética,". "Já podemos ser mãe la) Ary para LAMP1ÃO"vai continuar, segundo Luiz
Kern ". "Quando 1. 1M1'1,10 acender, cui• Garcia. Vamos publicar, no próxima número,
dado com a tocha, pra não queimar o cdl- os melhores recados do mês. Afinal de contas,
tor...""Reis'in dii O ti emancipação para os essa bolação é a maior bixórdia!

Aliás, uma co'islaluçd, l';re,('.isa'; o quan-


to ao fato da maioria das mulheres gavs
quererem co.'::i.':uw no ''c'loset '. Foram
Quatro criaturas mais afoitas pouquíssimas as que se aventuraram 'ias
(entre elas uma moça hetero) resol- mesas de pista pura assistirem ao shois'
veram vender o N' 12 do "Lam- 'Bi,vórdia '. A grande maioria se refugiou 'ios
pião,, no intervalo de "Biórdia". lugares mais escuros e remotos, 'ias mesas
Foi 1ma verdadeira pesquisa de mais discretas, enquanto que a rapaziada sal-
mercado: dois dv.s vendedores zuava e jogava confete das primeiras filas em
(mais entrados em anos) passaram suas cantoras preferidas.
pouquíssimos jornais, e assim mes-
mo quase à força. O mais jovem
não só vendeu toda a cota que lhe
1Ô•
E por falar em caneta Pilot: a dita cuja
foi destinada como recebeu diver-
soltou a ser utilizada, na redação do Pasquim,
sos convites para drinques e
durante o fechamento da edição de 18.5. Só
propostas para que colocasse no
que, dessa vez,, quem a manejava não era um
exemplar rendido o seu número de
telefone. 4," Audácial' diria ele
depois. "os carteiros da ECT estão
censor, mas sim, o cartunista Ziraldo, que
resolveu tirar, de um texto escrito por Sérgio
Buhby "Mojica Marins"
Augusto, o nome do fauno que atacou a moça Com uma iongululma folha de serviço@ pres. onde atualmente pinta - fez de tudo: de shows
ai mesmo, todos de àspecto tão ex-
rio Jornal do Brasil (vide matéria na página 5). lados à Blzódla, o ator, cantor 'etc. (um vaatis-
celente que até parei-em escolhidos
Para um jornal que tanto sofreu por causa da elmo etceter*) Bubby Montenegro é nua figura em hospitais psiquiátricos a apresentações no
a CkdLI para entregar o "Lampião" cabarã Sayona,a, da zona portuária de Sslsador.
Censura, como o Pasquim, foi uma coisa im- m*ra-vi•lho .ia ai da foto. Convenhamos: com ra-
na casa das bonecas".) A moça não
conseguiu transar um único Jorna]. perdoável. Na semana seguinte, no mesmo sas barbas, riras coisa, Já deve ter pO1os os Agora, 'vai estrear o musical Anjo Azul, em São
Por que? Se perguntaram todos. Pasquim. Ziraldo tentou se explicar, mas não pesadelos (ou sonhos?) de multo machio dure Paulo. Todos li! E ainda este mês, no Cale
deu — não dava mesmo. Qual é a tua, Zizeitê? País, Da Bahia — onde nasceu — a São Paulo —
Muito simples: é que ela não teve a Teatro A Pulga.
coragem de subir ao segundo an- De tanto ver os homens em ação ai rio Pas-
dar, onde se encontrava a grande quim acabou aprendendo? A gente gostou
concentração de meninas. tanto da manifestação de mulheres na
Avenida Rio Branco, que está pensando
seriamente em promover uma outra, de
Enquanto isso, no Rio...
desagravo ao Sérgio Angusto...
Você pode ver "Norma é terna": Norma Ben-
geil apenas )surprise.') votando, "o Tc'arr,i da
Lagoa. X No Teatro Alasku, Valéria e Peri
Ribeiro em "Frescaras", X Dois shosvs de
Jornalista, tia bem posta na vida com cargo de chefia numa das maiores editoras ,"avestis: ''ci teatro Carlos Gomes, o "Super-gav''
brasileiras, o rapaz chegou com seu ar blasé à boite La Curva, em Copacabana, dispos- e no Teatro Brigirte Bluir, "Mimosas até certo
to a tomar uns drinques, sondar o ambiente e ir logo embora, em direção a uma dessas ponto—. X Pra quem gosta dos olhos do cantor
festas sofisticadas, tipo mistura fita, são comuns na ZS carioca. Eis que - em suas João Bosc,s (:;(Ss gostamos.,,) é imperdivel is show
próprias palavras - divisa uma 'figurinha tímida, encolhida num canto do salão "de "Linha de Passe", que ele está apresentando no
quem, claris, imediatamente se aproximou. O abordado, depois dos prolegômenos de Teatro Clara Nunes. X Pra quem prefere uma
praxe, explicou que, pela primeira vez na vida vinha ao Rio, onde também estreava na ca,-;fora tmpenue ' ;t ementa heterussexual, Gol
vida no, urna entendido. "Mas como foi que você veio parar logo aqui, no La C'ueva?", Costa está aí mesmo: "Gol Tropical" é a melhor
s,,ndou o experiente conquistador. Resposta: "Um amigo meu lá de São José dos Cara' uhN
,j coisa que ela ,fez até hoje. X No teatro, Raul cor-
pos apareceu com um Jornal, o LAMPIÃO, onde vi o endereço dessa boate". Resul- les e LUla.': Lemeriz contj ' uwn fingindo que 'cão
iodo.' a tia deu logo um jeito de retirar o rico achado do local, casaram-se e, até o são um casal guri em "Quem ee,n medo de Vir-
momento, a ponte-terrestre Rio-São José dos Campos-Rio está funcionando "às mil gi.';ia Woolf', de de Edward Albee )no Teatro
maravilhas". O fato acima foi relatado pelo próprio - e agradecido - protagonista Av. N. S. de Copa cabana, 1241 - Moiro.': de Fra'ce). X E, para quem sente uma
dessa nova história de amor do século XX. loja M i.':evi:ável atração por aquela famosa palavra de
Telefone: 267 6298 cinco letras que começo com M. cossi.'cha está
mostra n do "O Entendido" ccc, Teatro Serrador,

Ntte dessas, no Rio de Janeiro: blhz


Passageiros de um ônibus da Cometa, dia
piilicul numa das bocas mais malditas do
liiLlIId.O guiei, ourieo da Ma y sa, no centro da
desses. Viveram um espetáculo extra, numa
viagem Rio-São Paulo, quando um Iam-
cidade. A vcrlaltnra, tomados pelo niesnio
pavor, PMs, bichas e os assim chamados bofes
piônko, que viajava com um lugar vazio ao TEOREMAMBO
saem do buraco em desabalada carreira, es-
palhando-se em todas as direções, proviso-
viajava no banco de trás, com ~filhinho
lado, não permitiu que uma mulher

colo e o banco também vazio — pusesse o


que
ao
riamente esquecidos de seus Papéis de repres-
bebê ao lado dele "para poder descansar um
? reprimidos. A explicação para a pouco". -lave a resistência do lampiônicv, em
rena só foi dada muito depois: é que, quando
questão, a mulher começou a xingá-lo pri. Um novo livro, com histórias curtas, de
os PMs estavam no auge daquela de Pedir
melro em português, depois em espanhol. era
documentos. alguém acendeu não um. mas
francês, e finalmente em inglês, recebendo,
urna caixa inteira daqueles fósforos cujo fedor
faz empalidecer e sair correndo até uni gani-
em troca, respostas à altura, em todos estes
idiomas, Vendo que era preciso caprichar um
há. O autor da proeza. somente identificado
horas depois - era uma boneca que disfar-
çava a cal v ície com uma incrível peruca acaju
—, declarava modestamente, nas proximi-
pouco mais na cultura, a, mulher resolveu
atacar em árabe; e o lampuinico, que não
conhece esse idioma mas possui como ma-
li IWID!1IIC
drinha uma promba-gira fortíssima, não fez
dades do buraco, a quem lhe perguntava
conto tivera aquela idéia: ''Aprendi isso lendo
Por menos: respondeu em... nagó! Transfor-
uni artigo que o Jornal do Brasil publicou
mado em verdadeira Babel, o ônibus da
Cometa atravessou, dessa forma, toda a Via
sobre os vleicongs.
Dutra. LAMPIÃO e a Editora Cultura convidam para o
lançamento festivo, no dia 25 de junho, a partir
o pedir uma audiência ao Presidente Flgueiredo, o ex-Minis-
m k
tassado) da Justiça do Governo João Goulart, Abelardo
das 27 horas, no Happy Da ys (Avenida Brigadeiro
Jurema, disse que "a hora é de acender Iampiôes" Tudo bem, Faria Lima, 613, 1.° andar).
44
belardo. Só que o primeiro que acendeu fomos nós. Etá um sufoco!


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I-
LITERATURA

Fernando Pessoa:
poeta ou
"macho-man"?

Glauco Matioso

Urna resenha da ISTO E sobre as "Cartas de amor ridículas" de Fernando


Pessoa à sua namorada Ophélia, publicadas em edição brasileiro-portuguesa,
adverte que "os detratores do poeta, aqueles que duvidavam da virilidade de
Fernando Pessoa, vão ter que refazer seus conceitos a partir deste livro.. r
Bem, acho que não é o caso de querer "reabilitar" Fernando Pessoa, nem
corno hetero nem como homo. Talvez fosse o caso de refazer o próprio
conceito de virilidade, que não implica necessariamente em heterossexualidde
nem em motivos pra detratar. Mas não se trata aqui de polemizar. De resto,
algumas cartas de amor não vão esclarecer uma biografia.
\' y
Comentando a obra do amigo Antônio Botto (outro sobre cuja "virilidade"
pairam "dúvidas", e que focalizaremos em breve no LAMPIÃO), diz Fernando
Pessoa que "Um homem, se se guiar pelo instinto sexual, e não pelo instinto
estético, cantará, como poeta, só o corpo feminino. Essa atitude representa
uma preocupação exclusivamente moral. O instinto sexual, normalmente
tendente para o sexo oposto, é o mais rudimentar dos instintos morais. A
sexualidade é uma ética animal, a primeira e a mais instintiva das éticas.
Como, porém, o esteta canta a beleza sem preocupação ética, segue que a
cantará onde mais a encontre, e não onde sugestões *externas à estética, como
a sugestão sexual, o façam procurá-la. Como se guia, pois, só pela beleza, o
esteta canta de preferência o corpo masculino, por ser o corpo humano que
mais elementos de beleza, dos poucos que há, pode acumular".
Justificativa? Pretexto? Não importa. Apenas aproveitemos a deixa pra
reler de Fernando Pessoa algumas passagens mais escancaradas (e
escandalosas, para a época: 1915) tiradas dos longos poemas "Ode
marítima" e "Passagem das horas", assinados por Alvaro de Campos. E
deixemos aos estudiosos o trabalho de averiguar se este foi o menos
"fingido" dos heterônimos do poeta.

PASSAGEM DAS HORAS ODE MARITIMA


(fragmento) (fragmento)
Cometi todos os crimes, Eh marinheiros...
Vivi dentro de todos os crimes Quero fr convosco...
(Eu próprio fui, não um nem o outro no vício, Fugir convosco à civilização/
Mas o próprio vício-pessoa praticado entre eles, Perder convosco a não da moral!
E dessas são as horas mais arco-de-triunfo da minha vida).
Sim, sim, sim... crucificai- me nas navegações
E as minhas espáduas gozarão a minha cruz!
Multiplique- me, para me sentir, Ata/-me às viagens como apostes
Para me sentir, precisei sentir tudo, E sensação dos postes entrará pela minha espinha
Transbordeç não fiz senão extravasar-me, Eeu passarei a senti-lo num vasto espasmo passivo!
Despi-me, entreguei-me,
E há em cada canto da minha alma um altar a um deus diferente. Roço- me por tudo isto como uma gata com cio por um muro!
Piratas, amai-me e odiai-me!
Os braços de todos os atletas apertaram-me subitamente fe- Ser o mu corpo passivo a mulher- todas-as-mulheres
Que foram violadas;, mortas, feridas;, rasgadas p'los piratas!
minino,
Ser no meu ser subjugado a fêmea que tem de ser deles!
E eu só de pensar nisso desmaiei entre músculos supostos. E sentir tudo isso - todas essas coisas duma só vez - pela es-
Foram dados na minha boca os beijos de todos os encontros, pinha!
Acenaram no meu coração os lenços de todas as despedidas, Ó meus peludos e rudes heróis da aventura e do crime!
Todos os chamamentos obscenos de gesto e olhares Minhas ma,ftimas feras, maridos da minha imaginação!
Batem-me em cheio em todo o corpo com sede nos centros Amantes casuais de obliqüidade das minhas sensaçesI
sexuais. A minha feminilidade que vos acompanha é ser as vossas almas!
Fui todos os ascetas, todos os postos-de-parte, todos os co- Queria eu...
mo que esquecidos, Não era só ser- vos a fêmea, ser- vos as fêmeas, ser- vos as 1-
E todos os pederastas - absolutamente todos (não faltou timas
nenhum). Ah, tortura/-me para me curardes.1
Rendez-vous a vermelho e negro no fundo-inferno da minha al-
Piratas...
ma!
Obrigai- me a ajoelhar diante de vós!
Humilhai-me e batei-mel
(Freddie, eu chamava- te Bab y, porque tu eras louro, branco e eu Fazei de mim o vosso escravo e a vossa co/sal
amava-te,
Quantas imperatrizes por reinar e princesas destronadas tu foste Esfoladores amados da minha carnal submissão!
para miml) Mas isto no mar, isto no me-a-ar, isto no MA-A-A-ARI
LAMPIÃO da Esquina
Página 15

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da )rada da divtr,,i(Iad('
Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE

ENSAIO

Moral e ]bons costumes:


uma questão de economia
-I .1111' 1 iiiisral quino os huii' i.t)siLlnies" não deseje sexualmente seu chefe? Que lealdade como ela é: burra e niaria-sai-coru'as-iiultruus. O que é certo é que xvii se verificar iii.' Brasil -
'ii1&I.iç'it ltiienic ih'uraia — las- eia pode ter? Como alimen lar sua s ul,serviência? No se pusule culpar os executores da lei: os es- porque terti que ser assini - uni-a abertura nos
ouse descui ols crani ao lollgo da eisiIiaç ão MOSinlClItOS populares. revoluções soclidustas.. birros e .setiielhautes são parte integratite dessa lilanos político e econômico e um conseqüente
1 muni ciii f1i'':Ii de claros ol Clisos ciis- ele. su's ac,mueceni onde não há uma classe média classe média e pensam sinceramente que estão echanue tIo tio campo nioral. E a História tem
Iii 1¼Os. Ri. 1 o / InLIO- 'i. L'OI5 abSlraÇoe%.L li lurte. Ou onde essa classe média foi proletarizad'a agindo em defesa da ''família" e outros cliclsês a comprovado em toda a humanidade e em todas as
c iii&slo de produção, e a,en&i-se Lima análise por excesso de geltâncla du.s poderosos, sejam que a classe média atribui um valor exagerado e, épocas que a proporcionalidade sempre foi man-
cis,i de conio evoluíram historicamente. a reis. prilielpes, ditadores ou meros presidentes. claro, falso. tida: lieruludc moral e ec,uiônhiCvt são corno sol e
icliislo é simples: morai e bons costumes são Dai a rcaeioltária e autolu'rgica frase da época da preciso detectar quem niatiténi a lei em iria: quando Ltrn aparece a tIIIF,l Si. esconde.
adquirem a IL'rnla da -u 'ciedade que guerra fria: ''Se eu lhe der um televisor, em pouco vigor - e por quê.
i'oiitéut. SOLUÇÕES
tempo dc deixa de ser comunista." Aí entra um problema sério, tio caso do Lam-
A iiis1ss ri :1 rei c Ia que lanto em I94 qua udo o Tudo isso pode parecer niuilo fatalista. Mas
O CASO BRASILEIRO plo. O homossexualismo é o alvo mais fácil que não é se percebermos que existe um imponde-
iii i j IIII
13 rasil lese sua legislação sobre o assu:ito,
existe. Para pessoas ititeligentes ser chamadasde rável: a Natureza. E ela tens seus próprios meios
alto na época bíblia, na Grécia antiga. rio Níi Brasil de huije - lão e ci ritraditório - homossexual pode ser até uma forma muito sofis-
s de defesa, . Aí entramos na seara txológie'a delat.
Egito de Cleópara ou na Roma dos Césares, as retiro unia cia-a rvu posição. Urna cetisuira tnorih o ti- licada de elogio. Para a classe média é xingamen.
sCssOiIs sempre fi7.eraIll as mesmas coisas, iii- temberg. Se a espécie humana é a espécie animal
da, baseada 1111155 etiuligo de nsoral e bons cos- IL) alé 110 trânsito tumultuado das cidades. O
eileinkn tenleute de paLlres morais de compor- mais predatória, unia das que mais se reproduz, a
luhinC\ arcaico, agride apare ntemente a ''liber- homossexual é um ser que, todos sabem, descri- Natureza tem para essa espécie também sua
nem o. O detalhe é que essa liberdade de fazer dade de expressão — de tinia minoria. Naverdade, volve com tremenda facilidade seus dotes de in-
1:111%iU, elaranietite -- e estamos falando de sexo defesa. E a tese de que o homossexualismo (quem
o que acontece é que tios Últimos atina a classe teligência e bom gosto. E o homossesualismu na
parik ularmeni e de li imossexual kmo — sem- diria, antigamente era chaniado de antinatural
média brasileira se prolevurieou. Quieni morava classe média é 0111 perigo para a eslabilidadc Lima reação natural a expansão popttacionai,
: 41! Foi dada, porém, apenas às classes privile- em Copacabana at 5 há dez anos atrás está-.w desejada - porque ele sai deseissolver um foco de
eia das ecoiltuni icamen te Parece ter razão pois tiuuea em nenhum outro
mudando para o Méier para I s isler cuislear questiotiamento difícil de ser respondido.
Fui plelio olsse ora Til ismui cristão da Idade século o lioniossex lia] istiun foi tão difundida
aluguel, cliii ida , vestuário e colégie, para os ii- Coniu ruão liá interesse •em dividir a classe
o homossexualismo náo causava escân. quanto leste — justamente neste século que
Ilios. A cohuceuutraçào de relida ciilicui de poder média, é fácil jogar .t classe média contra os
,Ialu etiire nobres e senhores feudais: o adultério meia-clu'tzia de fansilias. Nessas famílias, é claro, lripltcoui vi população do mundo. geouusetricamen-
homossexuais que vão surgindo em seu seio, te. O que Ilaje pode ainda ser considerado
llU, poIs este poderia causar sérios problemas às não há escândalo ruetihsiirn, riem é "feio" ser reprimindo-os e marginalizando-os das mais ''minoria'' (hoje em 110o) — a seguir vis atuais
Llt'sises dcF.stado, já que através dos casamentos hiriiiosse'u tu al , coruio- usa uso, sadonsvi sô, delirante, diversas formas, seja no mercado de trabalho.
& qLIC si.' lui,juni os gratides acordos ecotiàmjeos. etc. A sofistica, çàõ dos eoslunues respeita a liber- tendências —' em breve se equilibrará e, quem
sido em repressão ostensiva às suas atividades sabe, tornar-se-á mais cedo do que se espera
Depois da Revol uç ão lo LI LI si ria 1, tani o faz que dade individual do Outro que, por suta vez, não es- "sociais
es 1 eInIOs lia época da s alsa vienense q Ilanhi) na maioria de, pelo menos, 50% mais tini..'
frega ria cara dos demais suas preferências. E E o homossexual tia verdade só é democrata
Ra me usO nie'.m,s iia do Tico-Tico, no Fuh á. Nesse dia,, certamente voltes do Fim do mi-
tudo itatoral. Só a Natureza tem suas imposições, mesmo em queslàes de sexo - pois sabe que tan-
.1' elites sempre liserilui. para uso interno, lêutio. dli adiantarão as repressões, pois não
5 Ora, a prolelarização da classe média e cliii- to entre ricaços quanto entre fascIados existem
as ihrii.'s elevad j .ss j nias de liberdade sexual. haverá qli.':n possa jogar 'a primeira pedra. Toda
seqüenhemenle o agras:uniciito tia miscrabiliulvude belos espécimes humanos, bem dotados e tudo
O problema da moral e dos bons costtltlies a classe média será uns único telhado de vidro.
(Se qtieni lá era nilserásel — o proletariado mais, para usar e jogar fora. Os homossexuais das
omeça e acaba num lugar: a classe média. Deu- O que o Lanuplio faz é simplesmente não es-
propriamente dito — tornam essa meia dúzia de super elites -, e eles são até maioria no poder, na
ro de loda sua e:iretIee cearense. nossa colega de perar setitado por esse dia. E corno todo o ira-
fatiiilua'. Liliesar de todo o ouro acutriuulaclo, vul. poli t ic a. li a\ nacionais e multinacionais - não
ro(issào HeI si ter da sviart tem um momento de halho pion e iro, sofre pressões. Até a situiria. Ai,
tiertus eh à sanha dessa ''horda de fvuistiiitos" . E o Iêiri unteresse econômico em democrat j ar o
rara felicidade ciii sei romance uns O pardal e citando Érico Vcrjssinso, '' tu' vencedor (iC ha-
_I-, 'lii , que tiis foi d is idido. é tinia te ti tação para liotriussexuialismo da classe média. Desequili-
Qm Pássaro Azul. uu ,uilncar na boca de uma lalas".
ulite lis famiuituss se lancem sobre ele O irã esta aí braria a produção da qual se beneficiam dire-
rsurIa eeni. por :1 caso uiuus homossexual, que —e seuus iguais começam a pôr- 'as barbas de 1 anieuu te,
não acredito CIII ilada, a tián ser nos ricos e nos molho e rever modelos econômicos. Newton Martiaez ('uni
Daí pode ser até uni homossexual quem esteja
O quis' fazer então? A solução,,'- simples: é hora Iiie:ivlo 111 se,tcri: que reprime o Lamplo.
DA CLASSE MÉDIA liv reforçar a classe média. Dá—, vi eha t,iaiõr l ) vir- Quem sabe?.
I.IITiiÇãI ii'liuicti - . eeiirrol:ud;, e i. lv't .. ,-- e

j/i ,I
Na "pi.'.. U. íctiilvtl ruão existia classe média.
rik is e lires. Cuurii si desgaste civis ricos em
I1ti.'ttil,u', 1 1 c ruas, f ..ii. se desetis olscti do tini sis-
c b ama ' se a histi "abertura" Faz-,' & cla,sss: édia
ganhar rim quuittliãi' niat ' 'r da ri. 'a::,'ici(iiial
t's',U nuesítua el:ussc niéulia que cri ,, 1964 nsarchivuvc
eh fêz o ue rnhum homem
'tllvi t'ji)ulôln co qiie riais iarde evoluiu ilara o
.I dal capi 1 ali situo I- , 5':upit atismo precisa da
'15111 [)' 'LI'!'' lv Liheru,uuIr e que agora TCLvvil'i;i
pelo riu ' • t cijãus muurvssilha''. vii, receber
Õusono fazeil
:vsst' iuié 111.1 i.',unus . e s rpo li o tiiauto precisa de puniqiuiiluu de feijãu,_ ficará calrhla, 0e barriga
r&iti's. Atitivul e clvi . iusisisr de águas — é a es. iv hei a , i e! a se média diz tudo o que a elite quiser e
ahuliilviuie- por e.ss't'l&iucivi A classe média freia a hiu,undar. Coiit isso livra-se ii pais tio espectro do
reei auuuvuçts via' classes luchos favorecidas, mi v'' 1 r,Ilhui'ituiu), iIi' viria ttsiiduur iu' ao '' regras
ucd liii l seitu pre que elas se irga nizetu. E tem do jiugu, nas o voder vias lçu s -- , :d1, aos
ilusão ubi,iirila de qule tini dia poderá chegar a lieões valor de ra j iihts e 51)5 bispos, cuv.ulo'v ru'.
sI uir até chegar ii clvssc A. f ti uições 111t'1ii5 tiobres .
l'it'tiutiitidea lima pcqvic::a v'seniplifvciçiiu.', i 51 is p. ra ni iii r e- .i ; 1 visse nh:iia i.i cirsle iii
,lasse nié ili,u .t secretária que oprime olTice- . tifieit'u te ..::'..Ie: he a tsarrva. i_ preciso
boy e itnpede que ele fale com o patrão direta criar para clvi vi :hui:ã,s de Status e- u' .su'tu'ruiósel
uluetlte para silvo, reivindicações e, ao mesmo tem foi utrn ohte ti vk ' ': ,ii,u us felizes ',iesse i.irh Cul 1 ar.
po. a ule.siva secretária vai puxar o saco do chek Virou síuitbtilo .iqtiaiiti) ele pijuico itt nada
para mostrar aos outros que é íntima dele - e is- rcpresx'nlas a rarr o reuluuierite rico, para 1) d.5.
so já satisfaz sua necessidade de status. I)epen- cnuurário é motivo de insónia e si!; ., :Iiegt'ia iiiairir
detido de seu físico, Pode ser usada pelo patrão: é qirvunulo adquire o primeiro tu sq tu n a. Sim.
vim pintar à luz de velas e uma esticadinha a um tauuih'éni a classe média é isso: o melhor mercado
motel uni garçnn1àe. consumidor do muurido. Mas isso não hvustii. Para
A tiiorvil -- que existe sõ na classe média - é q ue a classe se média se matenha eivt:ssl, não
interesse polílteo e, portanto, econômico. hasian essa', migalhas de riqueza. É preciso tini
Alinal. ela é o freio, o litisite para a contenção ela sUstctitaculo psicológico, moral, hiuunsvun., Dvii a
classe média dentro das suas proporções. A época criação de padrões cotuportanueuitvuis – .l u e' sé
vliortatia. que tanto o [mplo gosta de citar em vigoram para a classe tiuédia.
função de Oscar Wilde, é uni exemplo vivo para A empregada doméstica vise e, tua homem
esta iloss'a análise: nunca se criou uma classe e não é casada. Isto não causa escânti,sio para
média tão esforçada e trabalhadora, que tamar tiinguiém. A classe média torce o nariz e fala:
ultiusas deu à Grã-Bretanha para encher de ouro vu "Coitadihilivi, os cartórios estão cobrando tanto!"
"augusta Saca" Rainha Vitória. O pecado de fica por isso mesmo. Se uma mulher colunhs'el
Wilde. que o levou à prisão, não foi o fato de ser casa 5 se/es, a classe média puvule aló Íitiir-se es-
homos s exual, corno se pensa. Seria demasiado candali/ada. Mas fliu fundo senipre hã uinsa
simplista. Tivesse ele se mantido de eaío apenas palavra de Compreensão: — Coitada. a iii el. não Cli'
com Lord Alfred Douiglas, como já era há muito cotitrouu sim homem quis' servisse de
uempo, além uie outros aristocratas, tudo estaria tenta uni há- la tias roupas, tias u"i as, 'ias Pci
'limo. Wtldt- foi perigoso politicamente porque teadvis. Mas tente a mulher de eiase média abati-
.Ll'alluui a tritural que a suiperelite estava IroUuziu- doirar seu uuuarilo e os filhos porque se apluixonou
lo para tis, externo, ou seja, da classe média, Peio homem quis' sai fazê-la felie.: é tio niitu ri,
e,im exeeleties resuiltados. E isso ele fez através tu Iria pira u isa sem-vergonha, sumariamente ex -

de seus livros e, mais ousadamente, frequentatiul cl uiíd a do se o coit vivio social


e enhisciciutiziundo a classe média e parcelas das LAMPIÃO
classes luChos favorecidas. Seus biógrafos, em- Um filme de P,.uiulo Porto — Produção., Vent-iniae Embrafilnie
hora ltsereios, não deixam ele coti lar suas PC- No momento em que uiuui órgà, de :ii prensa é
gações pelos bairros p'res. perseguido por uma teu tzut ii vi (1/ con si'ieittizar Lançamento da li de Junho no Rio, nos cinemas: Pathe
E é isso que qualquer elite, qualquer sistema
parcelas não estanques via sociedade. é preciso - Paratodos - Art-Copacabana — Art-TLJuca - Art-
overtI-aiite, não admite: que a classe média seta
encarar objetivamente o que está sendo feito, Madureira - Stúdio Paissandu - Arte UFT — Novo Pax °
por quem e por quê.-.
e"siiscueuitizada, porque isto represenivu um risco
É de se acreditar quis' as leis de 194b ,tinda nà, Casablanca (Petrópofls) — Iguaçu (N. Iguaçu) — River
I l vira vi esiabiliulaje lo regiulie. Já ima g inaram que Casias) - Imperial (Nilõpolis) — Arte (S.J. Menti) —
tenham sido mudadas porque elas servem come
coisa terrível para 1111 regunie urna Secretária que
unia luva aos propósitos de nsautter a classe média Matilde (Campo Grande).
Pãgina 16
LAMPIAO da Esquina

** Centro de Documentação
APPAD i e
da parada da diversidade
Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE

1 ENSAIO 1

De Sodoma a Auschwitz a
matança dos homossexuais
Pti \iI.i de 193. MastiiittGirk, Iliclili
mais importante iii que todos os outros, , fato de
,éric de i ri ig. is sobre oh u mau ismo proletário''.
que só sobreviveram muito poucos condenados,
,usienl a udo a tese de que o tiiosse ua 1 isnio
que pt,deniani colilar lis acontecirneitlos com mais
.'ilqIIauIltI ''ruína dos jovens — . era um produto precisão.
ípkt do fascisiuto e que, portauilo, não linha
1-rui iodo caso, apesar do esquecimento a res-
Ligar no coração tio pino. Na mesma época.
peito. existem raros e cspauttl,sii, tcstcniuitfios,
tu 1 ri is escritores e Ii tnieiis p01 ii icos so iéi kos
Ettgeii Kogutu, enu seu lis ri O Estado S.S. .
itieratios por Kalinim. iniciaram unia itilentis-
apetites: "Sobre o destino rcserv-atlu (aos hinuos.
liiI.i c.iiiipaiilii propagailislica contra lis fio
scxiiais), só se pode di,er que foi terrível: estão
uliissexti;Lis. iitiianiiii . o', a itt tipo de erimi-
quase todos murros'',
lisos sti.iais: ii-, bandidos, os iiiidoi's. OS es-
,iiws. ciii 1 ra • rei ii iii.-ioui ãriiis e ageti les do mi- O medico e escritor Ciassen Neudegá publicou
ieruiIisiiii. Essa ieiidt' iicia alcançou seu piillio ai-
uma série de artigos no jornal de Hamburgo,
ti ciii m.lrçit de 1934. quando uni decreio assi-
Humanistas: ai ele faia de muitos casos de que
iiado pelo Itr'iIirui Kaliiiim passou a considerar as soube ou que viu diretamente: "Os homossexuais
rt'I.içt-s ililHhlas entre itilisldtiiis tiLi SISO 11h15-
J tinham sido torturados e morriam lentamente
iuliiii cliii ptiiuii eis com prisão de três a illi
de fome ou por excesso de trabalho, tudo com
.tiros. c i ' i i li trine irgras idade daquilo que rui ciii ão
uma crueldade inimaginásel 1...). Então a porta
ituiado e eiiqiiauirailii comi
da residência do Comandante se abre e um oficial
(irki esi.reteii: 'Nos vii se s tais 0,1,15, ti liii- do nosso grupo anuncia: "3t) imorais selio
iiIist'i.ihsnh, que é a ruína dos ticiis. floresci-
reunidos por ordem". Fomos registrados e então
niptu it'inciiic. Já esisie aii' 11111 ilititi, ia Ah.'- percebemos que nosso grupo Iria ser Isolado
ua iili,i 1 pri- 11,1/isia): t'limineni-sc is lioniosse- numa companhia de punições mais rigorosas;
si.0 is e Ias _isiii' 1 desaparecerá. 1-. iii re 1,11110. tia
soubemos lambem que no dia seguinte seriamos
ii, ii ic de .10 de iii iii de 1934 kaliclias 1 r's meses
levados para uma grande fábrica de tijolos, para
ti .iprtt aç.o da lei 50 kiii.-a que elilerras a. trabalhos forçados. A fama dessa fábrica em
UM si u,''lp'-. todas as i.-ouiqtiislas sexilais liber- liquidar com as pessoas era absolutamente ter-
liii da Rei de it,çàii
Outubro). o Coiu,aiido Es. i'í'.el". IA S.S. considerava o trabalho nas fá-
1 de Iiiiiiinler. a S....iiii adia a hospedaria bricas de tijolos como um terceiro grau de onde
,le Hail Wesses, 11111.1 estância termal itiude estai a
no se saia com sida; kogon chama-as de "tri.
rciiiiiii, o I-siadii-Maior da S.A.. e exiernuinasa 1 ereeirti Reieii: sers III de tuiidelui t - utuspiraçáti mente. l)r. 1 ri, li 'utlti inge é professor de furadoras" 1. Von Neudegg conta até mesmo
quase itt ' s is prest-iulcs. 1-tu pitiucos duas foram pertlitiuicuie parti ti iluiti entras iiiiuutigis di 1)urs-itt Iiiiblio, euut ril_irbire. sobre experiências com fósforo em pessoas suas
:Iiiuuiii;uIis tiniras 2tKi uuuiuilas das quais regulile ou tldsCrs1rI, ' iess,l.its, Já com uma cobertura ideológica, a sia legal - o que lhes provocava dores "lmpos.J'.eis de
pitilco itil llada tinham a ser com a S.S, liii iOfll para a repressão foi aberta no dia 1 de setembro traduzirem pala'. ris".
wii chefe. Ernst H,chni . [rir função disso, II itier O Artigo 17 foi introduzido na legislação de I95, Na primavera desse ano, a Comissão
til/ia (em seu discurso de II de ui,neiiitirit de 1936 penal alemã no ano de 1$71, para punir o "com- Penal Alemã — à qual pertenciam dois juristas Nesses campos de couueenuraçào. os himmos-
sobre perigi rtisitil-btikitticut da hiintsse- portamento homos sexual entre homens". O nazistas como Freisler e Thiersak - expusera sesttars erautu marcados cotui Lini iniâiigtilo rosa
siialiit.itic) qiit' ''não iiitihetunios ciii L'siurj).ur essa grande estudioso e humanista Magnas Hirschfeld tom prudência sua opinião negativa sobre oeven- 'obre a man g a ou vibre o peitiu, o que servia para
P."c ciii .1 PrPa morte. Iliesmi dure uu15''. lutou contra ele por muito tempo. defendendo os to endurecimento na interpretaçào e aplicação do ilisttiigüi . iiss dos presos políticos (triângulo ver-
qutaitilui esse perigo im ,iduii ianutsiuii a Aleiuiaiuha. direitos dos homossexuais atrases do Comité Artigo 17Ç um de seus membros mais competen- titelhim. dos ladr'it's (verde), dos iesicmutuihas de
liii 2e dc i;ittcir de I931. ti nuesnui argumeni Cientifico Humanititrio, ao lado de AdoR Hrandt, tes, o professor Erlch son Spach, recomendou:-0 eová 1', ileij(. dos ciganos (marrou), dos judeus
t.,i ni.'pci uilo por ( ;t.'hhi.'Is, Miutusir ' tia Propagais- 1-eh, Radzuweit e alguns mais. De todo modo, es- legislador deve manter a moderação num campo O uia relu) e dos criminosos (negro). Cotu forme
da, a' l,c,er sete primeiri, ataque declarado à se Artigo nunca provocou muitos problemas até o ondc, grandes iiuuestigações podem provocar gran- relato de uma tesicrnLlnha no livro de Wolfang
Iltreiti sailui-a ai. tis.indi-a sobrei titi. de mui- momento em que os nazistas conquistaram o des prejuízos". Mas na reunião do Partido em Harthauser O grande tabu, somente no período
r,iliii,ude. 1 )i'eiudo que is uiiembrits do clero e poder e decidiram usa-lo como arma política e de uremherg. Goering tocou no problema pedindo de 'oca permanêtucia em Saehsenhausen, foram
dirigentes lis irgaiui,aç.'ids iiiseiuis católicas vingan ç a pessoal, Em 1933. house 11"S pessoas "a defesa e proteção do sangue e da honra ele. eluiititiados ti satugite frio de 300 a 400 houuuos-
ik't crua iii. si.- ti IIies. adotar ,t Ordem'' na- condenadas a partir de sua aplicação. Em 19U. mi": enquanto isso. Hitler mostrou-se lasorásel sexual,, nuorrius etuu conseqüência dos trabalhos
tonal- s'cliIIs!,i. Goehhcls aíirtiuuii: Quando, imediatamente após o caso Roehm, o número ao endurecimento do -tuligo 175. Schautier. forçados ou pirqttc chegavam corri lis ossos dos
tu 1934. curtas pcs,itas IreR- ide ra Iii fai er 1111 subiu para 948; e de repente as cifras eniou- L)lee(or Geral do Ministério da Justiça enchia-se braços e pertuas quebrados. Apeivas nu campo
l'trtuit., o que se I, nos cItttetiuis e dure 05 quet'em: em l)(u foram os condenados; em de alegria: "Foi preenchida uma séria lacuna". ttúnucro cinco de Neusustnitnu. um terço do
i i adrt' s . sarretintl,i essa imoraltitadi.- para 11551 19W, Já são eni lados para os campos de coneen-
prisioneiros era composto de homossexuais. Num
uit'io, lis as t'lliutilL,uluucis, 1k' eiiiis ser siimanieui- tração 24.I50 pessoas acusadas de aios homos- Passados 2h alis di final di guerra e da aber- processo cliltira uni guarda acusado de outros
t e cri i 's a 1 iii, ri.- r. que nt- ti r ti de ss.i peste'' sexuais. tira dos campos de concentração (I) ainda não cent homicídios. foi ciuiustatado que esse homem
es t aitckceii o u ô mero exalo de si tintas. Q ua itt ira especialista em lançarlançar potentes jaiums de água
Apesar da leu xigente. as punições contra o aos homossexuais, poucos sobrevisentes (e muilc gelada contra o preso, até lcsá . lo à morte, Conta-
Mas e bastante provável que Ilitlerjamais teria
Iintosscsiiais tinham sido bastante reduzidas, raramente) apareceram parti reclamar indeni- Lli
considerado seu lugar-tenente Roehm como um se que suas s itimus preferidas eranu os judeus e
monstro degenerado se este no tivesse Insistido antes da guerra 1914 IS. Após a guerra. o goser- ,ações. pagamentos ou reabilitações, inclusive os homossexuais.
liii i.'oiistiiitjdui de punidos de esquerda também porque até poucos anos atrás estavam ainda ainda (I) Este artigo foi publicado pela primeira sei
demais nas ideias radicais que lodos conhecemos;
acontece que sua S. A. andata pregando a neces- uuà.0 apikat a uieuihtiiiia medida repressiva. dei- ameaçados pela vigf'uicia do Artigo 175, depeut- em 1972, no Boletim do Cldims, 3. Posterior
sutido ais itoni,isses luis a liberdade de Se juti- iii rtLtl o comi u tinia espada de Dá uuuov-les sobre sua' mente, Terias resistas e jornais do mundo inteiro
sidade de uma segunda reituluça(, para arrasar
com os capitalistas que em trota cortejavam ttirctil e se rgtLuivarcni tini pouco cm setis bares, cabeças. Assiiuu, a cifra oficial fala de 50,000 ti reprotluziram.no, sobretudo na Itália, Suiça.
hitler) e ('0(11 o exercito (que a S.A. queria subs- clubes. stiotutis 011 através de suas resistas Fitual- MO.tXX) vítuuuias. mas pris Li cImente esta nuble França e Argentina.
titule, contra a opinião do Fuhreri: afinal, os niv-uIie, a 16 de otittibro de 1929, a (omissão litugi' da realidade que. cimo se pode imaginar.
militares eram importantes para a constituição de Penal do Reiclu-ttag protiuttciou'se a favor de unia parece sor tiltilto tutttis trágica. (E preciso leni-
uma poderosa '%crmuçh i almejada por llltkr. esetut ital supressão dci Artigo 175. Referindo-se a tirar, Por 11L111r11 lado, que in ui los diii condenados
essa decisà,, o ttltlr' Miiiisir, (ia Justiça.
Jitstiça, Frank, e ' snl base iuesse Artigo não eram homossexuais,
A I - 11 ii naus. .1 iiiljçuti ''prus .uda'' de Rot'linu 1 aluo a ID de de/e nuluro do alui' seguinte, para llhas si lii l)ieSllK'utic Opositores do regime ou itiu-
.v. r,i de 31XJ uiuti h,niens em 1932 para cerca de definir coleio imoral - 'essa tolerã id a que se nrigos pess(tosmIspoderosos. i- abe udo- 1 lues.. por-
3 iiuiliiies em ile,s'uuibrii il' 1933 e titilitu sido um prelciiile impingir a iiidu ii poso alemão'' - a lii), a acusação cimuusidcrad mais degradante).
latir cies-isis ii lia escalada dc 11 itier ao poder.
Rieiiiuu era um dos ptiuicos, c m melhor, ii t'iuuicii Apesar dissc i, os próprios na,islas, que Depois de julgados e condenados. os s ttl.i-
que puislua elianiar ol- tilurer de ''ic''. 1.. qtiauud ttlttini ntttitIs lucintiissexi.iais em suas fileiras, não dures do Artigo 175 ptissas aio para as tuiàuis da
,ilttiieiiu lhe v-hamai a tu ;uieiição para ti sitilipIr- .ipresv'iitarant neiiliiinia iuticitutis a mais radical, c ;est api 1 a p' ilis- ia secreta do Estado) e eram e tu

itlnht'Iii Iuontuisseiu iii de seu Ittgar-iettentc. ii ti,,% primeiros uns de cxlsrL"nv-ía do seu partido. s uadis aos canupis di.- cutcetut ração: Auisclisi iI/,

I-ithrcr respondia colhi lilsliíiczflivas do tipo: D'acluau. Ncueiugatius'. Rtuscrtls riLi-k, Sachse-
isso te ii tece SI' itt 'te que as pv'ss ias rica nu ni Lii lo As premissa-, ideotogietis para unia repressão uulu:iuscit, Natso eiler, Bcrgs'it- Bclseuu_ Fttehls.
t'lulrc os nu Llitarcs. 1 ortuani-se tão idiittas qIlanli ,oiui ''itieiiis ttttuts sofitietitlos" fortuuu dadas pelo biet reI. F-usctiberg e outris lulais: ai eram Frc
eis: ,,. 1 si ' silis-ar Ernst Roc tini no seu a nu hieit ue ,turista Riidilf Klare, especialista LI Pttrtidi qüetirenleuite castrados e iuuandados parti ii'
adequado e etitão tiidi isso acabará''. Nti,isia para assuntos relaiLi ao houuuisse
os uali,s- ira Ind luos mais repugul alt les e tiiais pesados qLLc
iuuo: de F,Ltt. cm seu ii; ri homossexualidade e tus-tiltit tiuiu as-elerauido seu fim: ou então rirtuti-
Qiutiiidu' fitutulttuciire Riv-luuui liii ticLlsadi), em Direito Penal. Klire l ) r isp tLuu ha iiuii reforço das s am'se bode-expiaitiru (15)5 demais companheiro -
1934, i.iini httse lio Artigo 175 di Código Penal ptiniçies eilttrti — esses ituduviduis '' que consti- de prisão, que os nua tratas ti nu e 5 iolentava iii -
Aleuuiãui ( que pulha is lutos de naiilrç/a homos. tuem niai 'r perigo para ''o poso, o 1-sI adu ,e a Nào cxiii ciii nu iii loS dite ii iuietutøS sobre te niti -
se sutil), o partido uuav-iotial-steialistti não tese riuça": e sugeria a riaçAui de reformatórios para espeeitiluuieuiic pela ctimiprccuisível as ersão dos
qualquer reação legal ti a ao contrári ri:o :ii rtl iii- Is kshietis. Referia-se também a tinia ' - pliri Ei- html isscs tia is viii u ori 1 a r p ábl eu unia perseguiçàt
ttiíil&iii que prius-tirio tirar l i ros ciu de tinia au- eaçãi cnutl l lctt'. atrasés do extermínio uieces- que ,u sociedade uuiulla pretende justificar e per-
1 tga te iaço 5- tini R 'chio (iii .is',I ssi li,itli 1 pelas sárii, de hotuunsctitiis - :ifiriivat a que "os dc- pcI tuar: além disso, muitos historiadores mandes-
%..S., eutqhi:uttti Riicituuu era dcfv'iulido e iuroteid eneradis (levem ser ter eliminados para manter a ttirtini iii di kreiiça uru te o tema, v i t assoc are ITt os
I t ir Ii&-sdrii.-lu, Mais larde..i itt de 1,11v- irl i tk- raça port '' - rece iti tcrcssa n ie Cotista lar que '1 lii it Iii lsSC i. tt ais eito de li qi,ic-liles '' 5- t i ni ibliS ' - e
ti' falar si tire .i purificação moral e saúde litro ciO qttcsCti [-ti dedicado ai jtriifcssiir [)r. rcsv'is tiram todo seu interesse partI os press
biológica rel;ilistturueutie ai etis.' Rtelttiu. Hitler
disse 11à cl tuco allis atrás, hino e tilgitus nuctuu-
Erie-lu Seluwitige. a qtienu se deve o mérito cIeuu
euilubuiaçii si-rlatleirutiteiute
fraterna entre
pilitjs'os (2 mi1luics de siiinuas), ou p ar a osjudeus
(ii, umi.t is d,tra tuieti k- ,Lt ii gil. s: ii ind 1 i ',es de ruim-.
LAMPIÃO
bros do partido que se um ai eh atam tic ettipa in -
fanie e [tiram ftiiuladiis puir esse crime'. O caso
professor e disei1iiulo, sem qual esta obra iiãti
puukrit: ser re,Ll.'L,da num espaço de t.&'iuului l tãi
1h5). Oiros motustis dessa abiselidia de dados: o
inéteidu usado pelos rcspiulisàveis d s campos de
o Assme agom
R ' meltnt ti de máxima importância tia história do breve. 1-Li liii agradeço iiiuito por isso'' Atual- concentração p.urtl esconder seus crimes e, tuise,
LAMPIÃO da Esquina Página 17

*-
Centro de Documentação
APPAD Í(
cl,i ;i.iratlu (Ia ilis'rsidtidc
Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE
CARTAS
NA MESA
R. - Você tem razão quanto ao tratamento dade eni relação a tais comentários destrutivos, e tinha nada a ver com "relações comerciais" e
Ecos da inquisição "rigoroso, careta, autoritário, inquisitorial, o único a percebê-los. coisas assim: era solidariedade mesmo, e bem no
fasci sta-que
burocrático, empresarial e Irracional- Espero que tenha conseguido me expressar, comecinho do jornal, quando muita gente achava
lhe foi dispensado, Zeluis. Só tem um de- pois não gostaria de ver a minha opinião transfor- que ele não passaria doa quatro primeiros nú-
Meus caros membros do Conselho Editorial
talhe: este tratamento não partiu de nenhum dos mada numa exaltação à cocaina, e discotecas meros. Agora que estamos no n? 13. a gente tem
de LAMPIÃO: aqui quem lhes escreve é o José
dez membros do Conselho Editorial deste jornal. mais permissivas (???). Mas é que acho que tal que deixar bem claro: nossa alegria tem que ser
Luiz Dutra de Toledo, aquele que foi queimado
Ao contrário, fomos tomados de surpresa com o tipo de lugar, principalmente se for guei, dá dlsldida com pessoas como você, que é Iam-
moralista e inquisitoriaimente por alguns elemen-
grau de importância que a coisa tomou —. sem aquela sensação de gueto, de angústia daquelas plônico, tanto quanto nós.
tos deste conselho ante o aparecimento de denún-
que fossemos sequer cientificados —, levada por pessoas, as quais passam a noite se procurando,
cias quanto a ''vigarices" que eu teria cometido
pessoas que não pertencem ao jornal como até desfilando,c ninguém quase acaba se dando aI'
aqui no ano passado usando o nome do jornal.
Estes dolorosos fatos me foram comunicados Pe-
dizem discordar dele. Não é estranho tudo isso?
Tudo o que fIzemos, neste caso, foi mandar uma
guns prazer. Além do mais, alguns se contentam
coro suas noitadas de fim de semana em tais
Ensaio histórico
lo Sr. João Antônio de Souza Mascarenhas. que carta ao seu amigo N., tentando explicar nossa lugares, quando se "assumem", para depois en- Prezados anhigos. Não sou apenas um dos
aqui fiquei conhecendo há um ano, precisamente posição nessa história toda, quando as acusações trarem em suas ostras, voltando à realidade, a primeiras assinantes do LAMPIÃO, como tam-
por intermédio de Francisco Bittencourt (com o
já tinham deixado soei para irás e começa v am a qual, os condena e não os aceita, héni um de 'seus grandes admiradores.. Tenho
qual falei após uma palestra/debate no Museu de nos atingir lagluém chegou a nos ameaçar: Iam A batalha seria melhor se cada um se im- ieotiipaiiIiadn muda a vida do jornal, me regozijei
Arte Moderna do RS.) dar queixa à policia, porque nós ficáramos com os pusesse, csigituulo respeito a si próprio, um res- COM o seu aparecimento e também sofri a angús-
Primeiro, 'gostaria de me apresentar: sou Cr$ 1(4) que N pagara pela assinatura e não lhe peito humano, à individualidade. Assim. lia dos dias de repressão. Estive no Rio em laneiro
professor (licenciado em História pela U F de mandásamos o jornal...). Com surpresa, " ri - aproveito para deixar minha critica em relação e Fiquei alarmado cofli as notícias. O número de
Juiz. de Fora em 19 7 6). técnico em educação não ficamos que o próprio N nada tinha a ser com o aos portadores de frescurite e desniunhequices, as fevereiro me deixou mais preocupado. Tive mes-
formal (de base), e com oito cadernos de textos- encaminhamento do caso - simpática e gent il quais só ajudam a perpetuar essa imagem ca- mo O propósito de visitá-los e comnuitis-ar-lhes o
cnsaios/pocmas e contos pra editar (não consigo -ment,ldsauorizpct,squeo ricata dos homossexuais. meu apoio, mas tudo ficou só no propósito. como
por falta de grana). "defendiam". Foi, em suma, um suténtico rolo, Por vezes, já li no Lampião referências a tal a maioria das coisas, para uns provinciano no
Primeiro argumento em minha defesa: eu sou
provocado pelos que, tanto quanto as forças fato, mas por outro lado. são publicadas piadas. Rio.
repressivas de que você faia, gostariam de ver situações gastas, as quais também terminas ant Sugestões? E difícil sugerir, em especial por-
aquele que foi às boates e saunas entendidas de
LAMPIÃO morto e enterrado (esse gostinho a tendo o mesmo efeito depreciativo. Não acredito que não entendo de jornalismo, e creio que é
Porto Alegre divulgando e tentando discutir com
gente não sai dar pra eles, até?). Por tudo Isso, que a aceitação de ser chamado "bicha" resolva difícil cotis iver com a "moral e os bons costumes"
mais gente o jornal que se lançava (maio/agosto-
não há razia nenhuma para "desexcomunhar" alguma coisa, pois a aceitação talvez se deva a dos . . , (autocensurado). Acho que um gênero que
1978). Segundo argumento: neste trabalho de
divulgação, fiquei conhecendo e falei e/muita você, já que LAMPIÃO nunca o excomungou; uma tentativa de acostumar os ouvidos a tal ad' poderia ser cultivado pelos lanipiôniens seria o
gente, e dava o meu endereço e o formulário para excomunhões. ainda mais por via epistolar é jetis o pelo simples fato de gastá-lo rapidamente. ensaio histórico. À prinleira vista pode parecer
preencher e pedir assinatura. Fui até São Leopol- cômodo, ná?) nunca fizeram o nosso gènero. Da mesma forma, não aceito o fato desse jornal pedante e i:túlil, até mim retrocesso, porém unia
do num fim de semana. Mas nunca recebi di- Mande noticias sempre. lii? publicar um anúncio de filme, com a legenda sen- sisãi) histórica da moral e uluis humo, costumes pode
nheiro de ninguém. Só o meu amigo N: professor sacionalista dizendo ser um "filme para enten- ser hastzirmie esclarecedora. Ainda '. ivenivus sob as
numa cidade próxima. me entregou em agosto a O colunista ladra didos". Assim, ninguém vai pra frente. No mais,
desejo expressar meu sentimento de afeição em
tres as do n)oitoieisnuii judaico- islátiiico-cristào
- sem dúvida a maior desgraça tia humanidade.
importância de Cri 160 para uma assinatura, que
realmente não remeti a vocês, por deixar Passar. Caros editores. Por várias veies estive tentado relação aojornal de vocês, o qual considero peça Quem hão tens conhecimento de história ou de
Mas para evitar maiores julgamentos, coloquei a escrever-lhes, mas acabava me esquecendo e imporia nussinla no terreno de imposição dos in- literatura clássica, cm regra ignora fatos tais
hoje de manhã um saie postal de Cri 200, pra não o fazia. Agora aproveito para enviar-lhes esta divíduos homossexuais que habitam este planeta como O exército dos amantes, organizado por
pagar a assinatura dele (Cri 200 e não Cri 160— carta, na qual pretendo fazer alguns comentários Força prá vocês. Um abraço. Pelópidas e Etiatuiimioiidas.. a Roma (lv' Petronius
juros, correção monetária. UPC, alíquotas em relação ao jornal de vocês e deixar aqui o meu Marcv' Antônio - 1-tio. Arbiter e o casamento de Júlio César com o rei da
reajustáveis do Tesouro Nacional. ORTNs, arte.. protesto e irritação em reaçào à, nota publicada Bitinia. Dai decorre o mito, tão decantado nos
et.). Os outros que me denunciaram, não Con- pelo Sr. lhrahim Sued no jornal O GLOBO. do R. - Sobre a nota de lbcahlm Sued, vide a exemplos dos falsos moralistas. de que foi a
fiem neles. estes são os reais "vigaristas". Agora. dia 22/04/79. Não Sou, de maneira alguma, seção "Bixordla", em LAMPIÃO nP 12: a gente pularia que acabou com o Império Romano.
O Terceiro argumento: apesar do deslize, cometi- apologista de drogas, as quais condeno pelos Já falou sobre isso. Mas é possisei acrescentar al- Preconceito', sex uiaiv são compori aniemitos liis-
esperava não merecer tratamento tão rígido. danos físicos que provocam, nem tampouco [1V guma coisa: lbrahtns Sued falando contra drogas 1 oricanieni e condicionados e fundados cm valores

rgtiroso, careta, autoritário, inquisitorial. bu- tais discotecas referidas na nota, as quais, depen- e homossexualismo? Qui, quá, qui! Você faz falsos, anti-humanos, religiosos ou deturpados.
rocrático. empresarial e irracional-fascista que a dendo de como sejam utilizadas. são bem alie. restrições ao anúncio do filme "Os Embalos de As dicas sobre as cidades brasileiras devem
mim dispensaram. ignorando a minha militância nantes e simplesmente a nada levam. Ipanema". Pois bem: leia, neste número, a eis- continuar. São ótimas, Também são interessantes
lamplônica e até aquela singela contribuição para Mas o que interessa, realmente, é o vínculo tresista do diretor, Antônio Calmon. Nela, ele até reportagens sobre a sorte dos companheiros de
um guia "guei" de Porto Alegre. que estamparam Dá
(proposital?) que o dito colunista fac entrei drogas faia dessa coisa de discoteca, e tem-uma resposta Lampião mia Colômbia. Eis iv que ele me diz:
no n? 2. Fora os xerox, entrevista que fiz com o + decadência social e homossexualismo. ele muito boa para os que a consideram apenas um "Dejando este tema que me saca deI juicio (a
pessoal da Coligay, etc. que alguns homossexuais já perderam a vergo- modismo, ou uma coisa alienante, ou simples- repressão aos guerrilheiros do M-19). quieto
Afora todos estes grilos meus e de vocês, aqui nha. O que ele quer dizer? Tais homossexuais mente condenável. Quanto à palavra "bicha" o comentarte acerca de esos periódicos que men-
expresso o meu amplo, efetivo, combativo, geral e deveriam se envergonhar pela sua natureza? A Importante é que ela está deixando de ser uni es- cionas co tu carta. De verdad ha habido uni
inflamado pronunciamento de apoio a este jornal nota, para mim, é de uma discriminação osten- tigma, ou seja, eia está perdendo sua única fun- apogeo en esc sentido. pero desgraciadament no
ante as investidas dos aparelhos repressivos, pois siva e digna de repulsa, pois revolta é o que sinto çio; por esse caminho, fatalmente cairá em he tenido eI gust de leer-los. pues. si ]os han
todo anti'íaseista há de ter em mente que tanto em relação a estes indivíduos que desejam per- desuso, você não acha? Felicidade ampla, geral e sacado, nos los han puestim aI c000cimiento. cisca
Stalin como Mussolini. tanto Brejrtcv quanto petuar a imagem do homem ou mulher homos- irrestrita pra você também, Marqulnho. que ha sido rnuv eis secreto, diria vii. Larnentan-
Pinochet, tanto Mao quanto Franco nunca ad- sexuais..cmmi pessoas doentes e sinônimos de dote de eso te digo que cml cvi' sentido esto es por-
mitiram uma identidade entre arte e sida, pro-
dução intelectual orgânica e vida, abrindo sempre
marginalidade.
O que irrita é a cilada para os leitores, armada
De solidariedade que se encuentra uno satisfecho y porque no?
realizado. Si. se tiene niucho receio, pues ia
aquela velha dualidade;: uma moral para a im- pelo dito colunista, o qual faz um elo entre co- Preiados amigos: nunca soube expressar o sociedade siempre recrimina coo mano de hierro.
prensa. outra para a vida; uma moral pra arte, caína e homossexualismo. Por acaso não haveria que sinto. Ainda mais quando, o que Sinto é forte Bueno, amigo mio, espero me entiendas, Si [lego
outra para a vida. Já estava para lhes escrever há também beterossexuais cheirando a tal da "bran- e Profundo. Porém, a pedido de vossa carta úl- a conseguir esos periódicos te los bago ]legar.–
muito tempo me pronunciando sobre este fato ca de neve"? irrita mais ainda, pois os "mar- tinia, direi iv que penso de LAMPIÃO, para não Bueno, agora o mais importante: segue anexo
deste Estado de Fato. Mas, a semana passada. ginais" devem ser temidos pelos "rapazes e parecer frio ante os queridos lampiônicos. E unia à presente o cheque para a renovação de minha
quando li no Estado de São Paulo os documentos meninas de famliia", segundo o nosso prezado publicação que fazia falta: ela preenche um assinatura.
puhlicados(n.r. - o documento do CiEx sobre a colunista. A atitude machista de tal homem, que grande vácuo. LAMPIÃO não é só bem dirigido e E MUITO FELIZ ANIVERSARIO. LAM-
imprensa manica). não me senti em condições de se dá o direito de publicar tal nota num jornal de bem escrito, mas sobretudo é um abraço fraterno PION ICOS!
adiar mais uma vez esta carta: tirei uma tarde alcance, é simplesmente lastimável. E digno de nessa ''minoria" que por vezes é tão estupida- Uni forte abraço tio amigo,
para regularizar minha situação com voeis. pena observar um ser humano julgando seus mente criticada e maltratada por alguns, que, J.A.L. - Pelotas. RS
Gostaria que LAMPIÃO registasse o assas- semelhantes com tal arbitrariedade e despoja- quase sempre, a ela pertencem, mas não têni
sinato de mais um homossexual: meu tio João muco Lo. coragem de assumir e encarara realidade; e assim EL - INda em LAMPIAO é retrocesso, J.A:o
Macedo, em meados de março/ 7 9, em Juiz de Pois tal tipo de pensamento e de poder que se [ornam verdugos de si mesmos. Uni abraço ensaio histórico é uma boa, como é uma boa,
Fora. Minas Gerais. A policia até hoje não es- certas pessoas possuem em utilizar uma folha de amigo aos corajosos lampionicos (anexo o cheque também, a fotonosela guei (estamos programara.
clareceu o lato. um jornal para publicar as ditas "amenidades", é referente à renovaçàoda minha assinatura) de do uma que vai dar o que falar). Sobre o pessoal
Em anexo envio o comprovante do vale postal que me lesam a um grande estado de irritação. A O. G. N. (Galeria Ypiranga) - Rio. colombiano. você deve ter visto a seção "Badalo",
que lhes remeti hoje pela manhã. Abraços e beijos conotação segregacionista imposta pelo colunista,
em LAMPIÃO n? 12. na qual a gente dava os cri.
em todos vocês e no pessoal do Somos também. em sua minta, é realmente triste, pois não acredito R. - Você, Osvaldo, foi a primeira pessoa. dereços dos jornasi de lã. E quando vier ao Rio,
José Luís Dutra de Toledo - Porto Alegre. que seja eu o portador de uma maior sensibili- Inserir um anúncio no LAMPIÃO. Teu gesto não nos procure. Abraço pra você também.

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o seu jornal Sst, P.avk, São Paulo
Página LAMPIÃO da Esquina

APPAD
avscici.içits p:mratt_r'tt5r
Centro de Documentação
Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE
Y"
da t)iritIm da (1it'rsid,idc
CARTAS
NA, MESA
de que isso ganharia uma maior quantidade de demais. Aguardo sua colaboração e desde já for, .to comum porque fala de felicidade. Breve
Ternura e política simpatizantes para o jornal. agradeço o envio do que lhes solicito. porque feliz.
Acho que seriam muito propícios, artigos Isso ai. Esta carta é tão relaxada assim por
sobre anarquismo existencialismo, estruturalismo Marialuísa - Rio. que é tio verdadeira! Parece até o Caetano can-
Felii antsersário! Indo para o show, acabo de e, até mesmo, sobre as possibilidades de sistemas tando Carolina... Um abraço e força total prá
ler o número 12. Enfim a fala das rnças. Iden- capitalistas ou socialistas com total liberdade R - Alvíssaras, MarIalui*a e tantas outras vocês, continuem se espalhando.
tifico cata sensibilidade que vem do reprimido, o sexual (tem que ser ampla e irrestrita, que nem que nos escreveram pedindo cate bendito roteiro.
cuidado com a palavra, antes com o sentimento anistia). Ele está neste número, coruscante, ainda limitado Wanderley Sanches - Sào Paulo
atrás dela. Não chegaram tarde. Chegaram no Bens, eu estudo Matemática na UERJ e, nas a Rio e Sio Paulo, mas com promessas de am-
seu tempo. Bem-vindos meus votos para que a horas vagas, escrevo contos e poesias. Estarei pliaçio e abertura (ampla, geral e irrestrita. R. - Obrigado pela divulgaçiozlnha, Wan; a
fase confessional - tio importante nas identi- sempre ao vosso inteiro dispor, no que me for naturalmente). Pequenos comentários sobre cada gente precisa muito dela. Se você puder mandar o
fiLaçcs interpessoais - ceda iapidamenle lugar possível, podem estar certos. Confiante em 'que local permitem que as possíveis Frequentadoras pessoal comprar o Jornal, melhor ainda. O seu
a unia ação mais política. Lembro-me aqui do minhas sugestões serão devidamente analisadas, escolham os que melhor lhes convêem. Nio é conto está sendo lido pelo pessoal aqui da casa; a
lamentável Encontro Nacional de Mulheres onde aqui me despeço com um abraço bem apertado ótimo? Aproveite. gente está querendo reformular a parte de lite-
se tratou da lula "maior" pela democracia, e não em lodos vocês. Um abração mesmo, que eu gosto ratura, pra dar um Jeito de encaixar textos de
se falou de orgasmo, menstruação, prostituição,
lesbianismo... Vocês têm um papel muito impor-
à beça de vocês.
Alfredo R.A.F. - Rio de Janeiro.
Pro que der e vier leitores, Aguarde.

tante, enquanto mulheres e enquanto homos- R. - Tuas sugestões serio debatidas na nos- Pessoal amigo do Lampião. Hoje estourou a
sexuais. Sinto que o farão com brilhantismo.
Aos colegas do SOMOS, confesso que sua
sa próxima reunião de pauta, Alfredo. Mas como
LAMPIÃO aio gosta de coisas multo fechadas,
greve dos motoristas e não tive como sair de casa Pra lara Reis
para o útil/ fútil do cotidiano. Que bom. Me pego
pouca objetis idade me desaponta. Há uma sen- eia Já vai publicada, para que os leitores também relendo o Lampião e sinto que devo escrever prá
possam participar da discussão. "Pelas Liber-
Atenção, lata Reis deu pra
sível desorganização no movimento: "nossas vocês. Prá dizer que estou com vocês, pro que der
trepadas eram atos políticos, a nossa atuação dades Sexual," é uma ótima; entre outras coisas, e vier. Dar força pro jornal, que está muito bom.
publicar tua carta nesse número, por-
política deveria vir cheia de ternura,.." Mas a gente reabilitaria o sentido do "alogan", tio Pra dizer que bom que Lampião não é apertas que são 60 centímetros de texto (pra
pode??? Num faz muito tempo um de nós foi distorcido, nos últimos anos, por revistas de guei, que Lampião também é qualquer problema você ter uma idéia rodas as cartas
levado em estado grave para o Miguel Couto, por pura sacanagem como "Ele/Ela", "Homem", humano de interesse. Estou feliz por existir Lam- publicadas nesta página somadas,
agressão da turma de machinhos da Miguel "Ptay Boy", ele... pião, único no gênero, o resto ou é muita via-
Lemos, e vocês me falam de ternura, pô (por es-
dão 72 centímetros). Fia teria que ser
dagem ou muito machismo. E as coisa, na rea-
tas e por outras a espécie de solidariedade que lidade, não são bem assim. Vocês estão sabendo. editada, mas, como é um assunto muito
recebemos do Pasquim no dia do aniversário do Olha oroteim! Lampião está ai e faço, sempre, uma divul. polêmico, agente prefere que você mes-
Limpa vem dirigido "a nossa irmãzinha"). En-
À direção do "Lampião. Conheci este jornal e gaçãoz.inha, no que posso, entre amigos., gueis e ma faça esse trabalho. Não dá pra
quanto continuarmos identificados com o setor não. gueis. No trabalho, na escola etc., mostro o
feminino da sociedade machista brasileirá, o
estou me interessando por ele. Tanto que pedi diminuir uns 20 centímetros (40 li-
uma assinatura anual e já enviei a vocês o vale "da Esquina" pra todos, e não há malho, se tiver, nhas)? Se não, a gente vai ter que
papel a nós atribuído será o da feminilidade, pas- o malho perde-se no primeiro diálogo. Por falta
postal de Cr$ 210,00. Mas o motivo desta é pedir- deixar de publicar outras cartecas de
sividade, submissão, etc... Ora, se nem as fe- de argumento.
lhes o grande favor de me enviarem endereços de
ministas aceitam tal papel, por que vamos aceitá-
pontos de encontro (clubes, discotecas etc.) de Tenho 24 anos, trabalho no Shopping City leitores pra só publicar a tua, e isso é
los nós? Se pretendemos exercer livremente nos- News, estudo jornalismo na Caser Libero e faço muito chato.
pessoas homossexuais femininas. Evidentemente,
sas atividades sexuais - nada políticas -, re- poesia, escrevo coisas, textos, histórias e estórias.
acho desnecessário acrescentar, de lugares sérios,
usando uns lugar de segundo escalão dentro do Mando pra vocês uma história que escrevi noutro
isto é de pessoas conscientes e responsáveis, a fim
grupo social, não podemos cair em nenhum dos dia. Tá aí. Se quiserem, acharem que vaie a pena,
exageros: o papel do machão ou o papel de con-
'
de compromissos sérios. Desculpem este acrés-
publiquem, ti legal? E um texto feliz, neste dias LAMPIÃO;
cimo, mas como poderão compreender, a gente
dão para o "lado de lá", nem da glorificação do de tanta amargura. E um texto onde eu me vejo
palllet*ê virá o sucesso de nosso empreeiidimento.
tens que se precaver não só nisto, como em tudo o
feliz e inteiro, eu e o cara que amo. E um texto o seu jornal
Resumindo, temos de lutar com as armas mais
importantes possíveis. e não com as armas de
caricaturas feitas por nós mesmos, ou a nós im-
postas. As armas? A cabeça, a conversa e união.
-
Chi, já falei demais e queria mesmo era dar oc iesk o L,i'r'r',i Aeste 'rn,7 Ciro! por iti.ar vssso, , a esta 'r
parabéns ao Lamplio. Até uma próxima. rt'rsor ,'vs-,La, ttura.
Eduardo G. C. -- Rio

R. - Pode ser que haja diferenças na uttii-


zaçào de palavras, mas o que você diz na sua car-
ta é mais ou menos o que está exposto na matéria
do "Somos", Eduardo, E quando se fala em "ter-
nura". não se deve confundi-ia - o que é típico
dos machões - com pieguice. com frescura. Nin-
guém delaa de ser sh'ii por ler terno. Colocar ter-
nura na atuação política, é isso ali tem um livro
Importantíssimo sobre Isso, chama-se — 0 beijo cia
iii ti Iie aranha - , de Manuel Pula, E uma pena
que nossos editores ainda não tenham chegado a
um acordo com o autor, para publicá-lo no pais.
Mas quando Isso acontecer, você verá, através do 0
Puig, o que o pessoal do "Somos' quis dizer.
Aguarde.... r

Lffichiades sexuais
Prezados Srs. do Conselho Editorial de Lam-
pião.
a) Considerando a posição assumida por vosso
mensário em defesa das liberdades sexuais:
h) Considerando que tanto o capitalismo
quanto o socialismo atualmente marginalizam e
repriniento as minorias sexuais:
e) Considerando que em nosso atual momento
histórico as perspectivas são de uma virada à es-
querda, esquerda esta que, até o presente mo-
mento, tem procurado ver as minorias sexuais por
um mesmo prisma: como produtos de decadência
Desejo receber uma assinatura anual de
da classe burguesa:
dl Considerando o acima exposto, venhc
propor um debate amplo para além da dicotomia
Faça de t
LAMPIÃO da Esquina ao preço de Cr$ 230,00.
capitalismo/socialismo, uma vez que enquantc
existir o Poder, existirá a repressão. Proponho
mais explicitamente que se inicie uma discussãc
LAMPIÃO 1
1 Nome
sobre outras formas de se conviver em grupo,
além das duas únicas alternativas que nos são
apresentadas. Que se procure mostrar às pessoas
da Esquina Endereço

as artimanhas do Poder ao apresentar apenas


duas alternativas como se fossem idéias totalmen-
te opostas para melhor classificar e, conseqüen-
o seu jornal. 1 CEP
Cidade Estado
5
temente, reprimir os indivíduos. Proponho, tam-
bém, que se levante' e defenda a tese de que a
libido é anárquica e multidirecional e não, di-
tsuIe agora..
Á,,' Envie cheque ou vale postal para a Esquina - Editora
de Livros, Jornais e Revistas Ltda. — Caixa Postal
recionada em um único sentido, idéia que nos é 41031 - Santa Teresa — Rio deJanetro-RJ. CEP 20241
imposta desde muito tempo. Sugiro também, que
se lance, o "slongan": PELAS LIBERDADES
SEXUAIS, bem na capa do jornal. Estou certo
Pàgina 19
LAMPIÃO da Esquba

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Prof. Dr. Luiz Mott, GRUPODIGNIDADE
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