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CIDADES DA NO ITE
BRASILIA,
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PORTO ALEGRE, NEDITO


NO 1Aiiu
NITEROI DE HARRY PAULISTA
LAUS SÕ DÁ
UM VOO RASANTE Só BRE .
O NOSSO 'TARA ISO RA BONECA

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Cen ocumentação
APPAD
iC
da parada diversidade
iv'ridade
Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE

r OPINIÃO

,ç^. I.AWIA0 Homo ss exualisnio: que coisa é e ss a.


Conselho Editorial: Adão A( w,
A h(fnC)S,;:
gené1lci, endocrini ou
píquic;i, tio só é difici, rnis im-
í'Y'/ P, com rodo od vsnco da c,ênc y-. .sin
i ;'; I'
regra, ronde/o, preceito, lei Recorri) ent-lo ao
podre católico, médico o sociólogo francês
Mni: Cra,snri e no ,s' pii livro "La quostion
brasileira e procur;irti S:IOr')eter nos a todos os
vexiflie5 sob ameaca de urna .,cusacio qual
quer
d i não se obteve urna def,n,co de suas ver homose kuel/e" encontrv. 'Mas dv que lei
1 Aquiruuldn Sva, Antônio Chry 5 0 - saber que neutralizamos os-nossos

j i drir,,s origens e mOt,Vh()eS falamos-' Todo culrur.i é f,jndda, em opressores machistas, porque os pnvimos de
mc p -d-,'rno, Clovis Marques, Darcy Un?s doenc? eleito, sobre uma Certo representai,:o do utilizar a única arma de que dispunham contra
P ' rrrt,',ado, Francisco Bittencourt, A t p ./qun.s -illOS ilr.i5. -S r7ed,cfni diriasim homem e dos seus relacionamentos com o nos, a amoaca de descobrir-nos, quando, na
Gasparino Darnati, Jean.CIalde i P.S t- pCr9ilf)t4, prescrevendo como frt mando, e aquele que não se assemelha a essa impossihilid. ude de acusar - nos de qualquer
Bornardet, João Antônio Masca- por exemplo, . • iphc;ci3es 'dos hor represi'nl ii'O é chamado anormal Mas essa
deslize, utilizavam-se desse recurso paro
.ïir?/os de que o p-icI(r?lo tivesse dehciéri rior'ri.iuvt, o mesmo que diiir ,'o.,nrer nus medronlados, obvi.umente, essa
r ' 'r-ihós. j oão Silvério Trevisan e
Isto t. msciI',iris para os homens. ir? iperiti vi' ela obnqa a ser ''normal' para que
gente nada pode fazer contra um homos-
.. minincis parad smulheres Havi- t.mbíim o o inid'v/duu encontre seu lugar na cultura em sexual ,ssurnudo;
. r.i.?'Onto psiquiátrico d) repulso, pelo uso quesrlo"
6 0 - dai, pelo nosso exemplo, apoio
Coordenador de edição :r eletro choques no órgão genir.l do pcien Neste caso, agora continuo eu, todos os moral aos homossexuais desejosos de os
Aciona) (o Silva Processos até certo ponto simples, só que que saem desta bitola estreita, os artistas, os sumirem se, mas com mcc,o de fazê lo, ,n -
'-idos O primeiro, ao coritr.-írio de suprira criadores, os imaginosos e tolentosos devem felizmente no raro jovens se suicidam porque
Colaboradores: Agudo Gui 1 '.cut"vrl def,cv5ncia, incentivava os desejos ser considerados anormais porque as normas no suporta no ri estigma imposto pela so-
marãos, Frederico Jorge Danias, pelas pessoas do mesmo sexo e o de uma sociedade são ditadas pela ideologia ciedade.
- -quodo, malqrado a sua violência, condi- e as excecões quando muito, são 7 0 - também peia nossa atitude, ajudar
A)ceste Pinheiro, Paulo Sérgio Pos - riava o paciente i impotência, no a uma suporl-ida,s e raras vezes .icei tas os familiares, que se indiqnrn quando por
lana, Nica Bonfim, Farnese An - :".'Jso pelo ato sexual realizado "fora das Coroo p icamos então. em relacêo ao cebem o homossexualismo de um parente, .i
tirado, Luís Canabrava (Rio); José como era previsto homoss,'xij. ilismo Porque a questão está questionarem a validade da posico de r,o
Prrs Barroio Filho, Paulo Augusto, A questao n.o é ertro hormonal e, se é de aqui, agora. palpitante e presente / As re pu/dio por eles adorado e o auxili4- los a darem
'qern mental, não pode ser tratada com esse e is desculpas que a nossa sociedade se conta dos preconceitos de que são por
Carlos Alber LO Miranda (N i Lerúl 1, cultural usou a p tenior,'iiente corno estacas de
ema bárbaro de cosi rçilo psicológica, tadores, na medida em que mais e mais
Edward Mac: Rae, Matiza ICam 1; 'es.ir de que esse tratamento irda é feito sustOntaOo, estão podres e desmoronando, homossexuais assumidos impuserem - se, pela
pinas) Amyl ton Almeida (Vi 1/ )r a) e. em certos p.-3ies A Ytied,cina atual está desde que a medicin,, e psiquiatria no tem qualidade do trabalho, na indústria, comércio,
Glauco Matoso, Celso Cúri, Caio ,; 'o, indo, possivelmente com mais acerto rir iis iqueles elementos que ela sefTipi'e usou
política e outras atividades, haver4 maior
is sempre em passos titubeantes, uma tese par., ,ç,iii apoio e acomodaco aceitauso por parti , dos heterossexuais, o
Fernando Abreu, Jairo Ferreira (São
o' conciliar:,o endócrino psicog'ênica. Se Quando Marc Qraion conclue no seu livro processo ji se acha em andamento. não
Pauto); Gilmar de Carvalho (For iodol,-i. Q'eS6'jo sexual e erotismo depen- que "o homossexualismo é um fato", est- a alimentara percentualmente o número de
(alua), Alexandre Ribondi (Bra -;oni, tanto no homem como na mulher, de pneu vOt constatando urna verdade que até
homossexuais, mas provocara uma progres
si lia), Sandra Maria C de Albuquer grupo de susbt,'ncvjs denominadas an- agora .- sociedade tentou manter adormecida, suva queda de máscaras,
((00 IParaibal, Franklin Jorge genos, aos quais os seres humanos mis essa constutaco é conformista, porque 8 1 - sentir que estamos batalhando par.,
"ogem com comportamentos masculino ou ela apenas e,sHbeJec'e uro marco UT1 ' /1."'!?? E con,srruc,o de um mundo melhor, onde os
i "Li 1,11 os /iriuit,95 devem ser tr-'inSf.iOStOs. uii--incln a
a
f,ntioino, conforme a sua maior ou menor direitos hu'tranos e os das minorias sejam res
Correspondentes: Fran Tor 4rr', cie'/urn( irli rrtn oferi'Cp razr5e.s e con
pi',t . uu/o.S, PO'S (3 .-,ssu,'iiir 5'i? consl'tui /1,7? 010
E possivel que o ser humano, em sua (h,, )u's di' SuLiS.'Sti'n CiO
nabene (Nova lorque): Allen Young l':,.',('p?cr- ,l,'ouni te político. .itr- i vo" do qual o vi
"',s p,'i i.-ra tinha sido h,s,sexuodo Mi'.', (I: 1/ia) 11,7? 11(11. ii ',i'?ii 3 -unte de um
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Francisco), Armand de Fluviu
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cli urO,,, - ,r ,'c'rinhece se ','omor ­
irqacis iCÀI'J.'..17' - 'ii' 'O ir, .aru,i E Ci rTOO 1 ii, rries r'rcr s'ni
grupo oprimido primeiro e indis/iensVPl9S$O
• .,,,, rii . j-i.r, p-'irtt-iS f'('f• 'Yii L,, iS ;o -do- -ilnibulo de uma rruao pa, está exigindo o
ra ltitisr 4' ap,esssk. Evidu.'nri'rnu»riw,
üs depri'xJisposio b,ssexua/ O mesmo sp ,, lulil,r atuante numa ociedade com ri
quem reme defender se . r)P'fl receio de iden
Fotos: Billy Aciol)y, Maurício S ;' y e entêo acontecer em sua parte central is Urni''O- i i'' -'('''1 . i "-'lo -,
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Dominques (Rio), D'mas Schlini é, no cérebro, contendo centros masco Ir
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(São Paulo) e arquivo. '(is e femininos resporis'-iveis pelo género de •,,-J.','(-ii' ii . (,,'O' '''- d 'riu ir' Oii/. .'i.'iii

Arte: Ivan Joaquim e Mem de Sá ,-ii:.o sexual A homossexualidade rp.çul - 't'r'; i,fr 'f 'iiiif.• '['0101 Rel.,c,c,nei cortas razões de ordem mdi
• ,."a enl.'O da predominância do centro er vidual, social e politica que me levam a cnn
isto é do sexo oposto Esta teoria e Darcy Penteado siderar conveniiennv,',uenu' o ato de assumir
Ate Finas: Hélio V. Cardoocr ,(:'s'7,-IVC/ mas no deixa de ser discutível. ri-' -.i- Corno decorrência das mesmas, posso
se encaixa por! eit,imerite como defini - ,-r-:i,'iiui rir nodo r,utra,'c, taiS com,i.
Domingos i n s( ., da Silvo tronsexu.i/isrriO, mas carece de r7.I/S 9 - maior -luto respeito, pí'la ausência de
7i'Fi)5 para o homossexua/c'mo. cujo t' m'ienf o de culpa.
1 AM PIÃO da Esque ia é unia
pi.it rir ;icào da Esquina - Editora de
Lvr os, .Jornais e Revistas Ltda
-ilportamento psíquico difere, sem ser
-; r. ,dotjvo ou corre/acionado com o oi
'ido
Assumir-se? ?O_ aumento de seguranca, por nos ver
- i-. livres de tensões e angus nós.
11 - melhor relacionamento com nossos
CGC: 29529856/0001-30
Endereço: Caixa Postal 41031.
Essi mesma tese prevê que a mi-ri
dos andrógerios nos centros Ci -ri' Porquê? - i r , -ritos e amigos, pl. ] maior fi ur?que/a,
12 - possibilidade de pI, na reali,"i7io
tis poderio ser o ponto de partida, no ti-o'. pessoal e profissional. pelo Cfl'?lilflf() de coo
ZC-09 (Santa Teresa). Rio de J,i -"a um futuro horvio,oei,-,l,smo, mas o. d'cries .lcim;,
noutra RJ ,.,s--is desse "desequilihrin"precisararr' .-" Estas, a meti ver. .ifqumas das v-int•ugens
Composto e impresso na Gráf vii 'sti9-id,.s no período pni- natal E poss- 5 ri, •: -1.'- ' .'lQ(i,li(a c ç)rrino:'.mc) Entretanto neo, tt,rios,o fki,emc H-1, de Outro
,:! ki que no futuro se possa reconheci'r di. •,Cu.'iOir com n,.i.'iir-i."id.ude a conduc4o de lido, murros e graves ir?co,ivr'nientes Os
e Editora Jornal do Comércio S A
oirO nascido ou detetar rio feto) os homossexual sem 'u/ardeó la, mas senu e$ opressores nnacbis:'is rióo se resignam de
Rua do Livramen)o 189/203 dessa ",ilteracdo' e ;idotar medidas iio bom qradn 4 perda de um tnuinuiu
condé la. Isto não se Cnnse,quie nem r,-4p.-da
Hiu Distribuição: Distribuidora de l':i'vOfltiJ De qualquer 'rirma, chama -se isto riem fac,l,'uente moas, em geral, a d,iri.s' Eu vIr-is ,'uinua, 'r ips, o fiki., punitiva i r,-i/
Jornais e Revistas Preso len o Rua 'desequilíbrio" ou anomalia—, deverá ser penas, depois de angústias e frustmaoêiq, coci un i de rins, ,ndrn"du,-Jloii"
(LI Conr'r I i ': i -:.Tn )5 7 1/ rT-!do rio estado fetal ou na primeira inf,n- Valerá o es/arco? Creio que sim Não preteri - ,cjr,i mci,' habilitado i der dir quanoi:J 1)
• . mis mesmo quando essa preverk'.o seja do enumerar todos os motivos, mas alguns como poderá arcar co',' as consequiénici.is de
- sto em prática, precisaremos do tempo deles uma nsnnsiv. l mejei óo dos preconceitos
'cess-rio para a coo firmaciki de resultados 7° - sentirmo nos desobrigados de fingir, dominiantu 's Apesar de absurdo, o boroas
o observar os efeitos colaterais, que sempre livrando rios do peso da mentira e da tensão sexual assumido sujeita sit ao risco de perda
ipir(com e que nem nos cabe agora imaginar provocada pelo terror de sermos descobertos; de emprego ou de arruinar a carreira pra lis
qri.-ns serav 2 0 - dispensai-mo nos da hipocrisia, de sional e, além disso, de alienar o afeto de
Você vai ler no próximo Pelo menos, uma coisa é certa e relevante: participar do jogo dos outros, do eu laco-que- criar ur.I.s que lhe são caras
nt$mero de LAMPIÃO da Es- •7S psiquia!r' iS modernos. na impossibilidade escondo-e-você- faz-que não-vê, via de regra Impossível ressaltar a capital i,7Jpnrt5ocia
de curar Ii) , rrabalham no sentido de ajustar as pessoas simulam ignorar o homossexualus dos dois primeiros pontos O terceiro, porém,
quina: os pacientes à sua homossexualidade, o que mo dos que as rodeióm para, assim, mantê p.-urpa)e me irrelevante Em meu u-'ni(en der, não
o r.irefa difiro!, co,iidürdo as barreiras da los sob domínio, para que eles conhecam os merecem nosso aproou as pessoas que cnn
-i,ioidadir de predominir?cii heterossexual, seus lugares, não se manifestem sigam as dicionam a amizade ao uso que damos 4 nos-
Os marginais do cinemão que i'eor obrigado o homossexual a viver em regras, curvem-se calados, gratos, até. peki sa genitália. salvo - é óbvio as que vão
brasileiro. + Um artigo de -'fliJtiS,710 a sua verdade, o c,rcunscntOu aos bom tratamento; para cama conosco, pois para elas - e só
limites do "gueto" da toler,incij coletiva. Por 3° - impedir a ocorrência de chantagem para elas o desempenho de um papel
Zsu Zsu Vieira contra o essa razão a maioria dos homossexuais tem de parte de indivíduos com quem mantivemos sexual determinado realmente significa muito
machismo + Reportagem: a desejado ser "normal" e durante toda a vida relações sexuais, do repórteres sensacionalis- Este, abós, parece ser o pensamento do
recalca e esconde seus sentimentos verda- escritor norte americano Truman Capote,
vida sexual dos operários do deirio-, numa tentativa de condicionamento
tas da imprensa marrom; de companheiros de
reconhecidarneote guei Após pronunciar
setwco, enfim, de todo o círculo de criaturas
metrô + Darcy Penteado - 'normalidade". com quem convivemos, até mesmo do círculo conferência em universidade dos E U A
falando sobre ecologia + As M. is sob o ponto de vista sociológico, familiar, onde is vezes um outro tipo de chan- durante os debates que se seguiram, um es
o homossexualismo um mal,' sociedade" tagem ocorre a chantagem afetiva - talvez a tudo rito perguntou lhe "Are vou gay;"
fotos proibidas do futebol + A O. ri-i linha dur.i do machismo o da desin for mais terrível de todas - , pue, surda, im- ("Você é homossexual?") e teve como res
história da Coligay, a alegre ii'.t? do-lo que Si,??. ",sio uns i,riora,s'', ''siki placável, prenhe de ameaças, traumatiza tan- posta. "Are vou proposing me?" (Você está
ta geri te: me dando uma cantada?")
torcida do Grêmio + Um desiquiliht.,dris mentais '', ''s'o anormois''etç
Mas o que é o normal? Consulto o pequeno 4 0 - fazer com que fiquemos a salvo da
debate: femini'tas e homos- ria Linguo Port,jr,a's-i - Normal' necessidade de subornar certos policiais unos- ,,bo Antônio Mascarenhas
sex u ais. m'i; . i/ici'-,de ,,'i: '''-tolo nie Norri',i/ crc;pulosos. que firigerri desconhecer que o
LAMPIÃO da Esquina
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o
Centro de Documentação 4
A PPADiaÇa() pa
da parada da duver'.idade
Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE
ESOUINA

Algumas historias de amor


urante a visita à boato Sótão, sua "p'rtagern. E vivemos junrcz tá
D Rio, para confecção da matéria quase dois anos, sem grilos. Pode

1 (I('1I4 Discoteca, sauna, clube: ad-


mirável mundo no vo? (LA MPIÃ O n.°
que nosso caso de amor dure
Pode ser que não. Em minha vida par-
filas
fl, a conversa com os donos da casa, ticular isso é tudo o que me preocupa
110? re(Idin lio Edson e Nei, não tratou só dos pos-
síveis atrativos, problemas, detalhes
nesse momento.
A. C. D. A. é o mais novo do duo, 11Olfrj(15S (10
técnicos do local. Lá pelas tantas, a porém suas idéias e posições parecem
izuI meu pedido, e/es apontaram alguns mais consistentes.
Pares de fregueses jhahirua,s que - Acho umcl grande virtude mi- .Nordeste
poderiam ser citados como exemplos nha, pessoal e intransferível, ser
Copacabana já não é mais a mesma. Não se
trai, de saudosismo, mas de uma triste coisa- de homossexuais de vida s'al e homossexual e estar em paz comigo A denúncia de que trinta doa 2.250 alunos da
tatação. O bairro está perdendo rapidamente privada norma, sem os de,'r'os mesmo. Se isso implica em ser co- Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte
Iodos os seus pontos de referência e se transfor- neuroses que a maioria tenta impingir, rajoso? Claro que sim! Mas sou feliz, tiveram negado a renovação de matricula este ano
mando num local triste e desumano, apenas uma sob a justificativa de "homossexualismo" foi des-
'nd'sr.'nni,nadamonte a todos os que na medida oro que alguém, homos-
(achada para turista ver. O calçadão, por exem- mentida pelo seu diretor, professor Arnaldo Ar-
plo. com todos aqueles bares horríveis, não pode não rezam pôr seu catecismo moral sexual ou não, pode ser feliz hoje em sênio de Azevedo, em Natal, um dia depois de
ser comparado com a bucólica e heróica Avenida
sexual, dvi divulgada pelos jornais: "Não existe nada disso, e
Aiiànilca antiga, onde se podia passear e rncon- Discretamente, pelos cantos, mas - O mundo está cheio de pro- o homossexualismo não é motivo para ninguém
risr pessoas; os poucos bares exisientes então também despreocupados de chocar, sair da escola", disse ele. Arsênio contava, para
b/emnas é urna crise só. E ser hemos
tinham uma categoria hoje fora de cogitação. desmentir de modo tão enfático uma coisa que, ao
ir serem ou não vistos pelos outros sexual declarado às vezes é difícil, né que tudo indica, aconteceu, com o possível silên-
Quem. entre as bonecas mais antigas, sal es-
quecer as noitadas de antanho no Alcazar, suas ircquentadores, estes rapazes - sem- Tem condenação social, tem uns até cio dos prejudicados, para -os quais a fama de
lestas prc e pós carnavalescas, antecipação econ- re a dois - trocavam carícias. A que não se aceitam corno sào. Eu mes- homossexuais numa cidade como Natal seria
Ílnuaçào dos bailes do João Caetano? Ah, como ma'or'a não tinha - não tem é mo JÁ tive problemas com a Iam/lia. nefasta. Mas bis sérios indícios de que a escola
são longe esses tempos Inocentes! Ninguém tem andou colecionando denúncias sobre alunos seus,
necessário concordar com Edson e Mas agora está tudo bem, porque eu
medo do progresso, mas Copacabana não pode se forçando-os a pedir transferência por praticarem
transformar numa citrina, onde se vive cm orin-
Nel, qualquer aparência, mesmo lon- me impus, não abri mão de ser eu mes- o homossexualismo ou apenas porque seriam
sho se chega de carro apenas para as noites pi/'iqua, de "anormalidade física ou mo. Tou bem assim homossexuais.
barulhentas das discotecas. Ë, porém, o que está psiquica". Nu entanto, no consenso - Isso no seu caso. E os outros
itointevendo. oo7Um, dparên1.:'las enganam. Então é homossexuais? Tudo começou em junho do ano passado,
Por isso decidi não deixar passar sem protesto .r vi7c i s conversar, averiguar. Um Nesse assunto de vida parti- quando a direção da escola, em colaboração com
a Polícia F ederal, fez uma "pesquisa" para des-
a queda de mais um bastião dos bons tempos. O '-ipaão bonito acompanhado por cular, cada um sabe de si mesmo 4/a,; cobrir quais os alunos envolvidos com droga.
Mercadinho Azul. conhecido no Brasil e no es- outro de sua 'dade, ambos de pre- de um modo geral o homossexualismo Dizem osjonlais de Natal: "No decorrer dos latos
trangeiro não mo como o que servia o melhor
svmJvei, vinte e poucos anos - se d's não vai piorar nem salvar o mundo, descobriram-se estudantes envolvidos com ho-
cafezinho do bairro, ruas também como o ponto
falar Tem 23 anos é de família mimo; do que 'é e.'-,,'é m''cir o,;i salvo, não é mossexualismo, e alguns foram chamados à
central de um "footiiig' perene, de 24 horas por
direção da sxcola c tu DPF para prestar depoi-
tua, tom sol ou chu'.a, c que agasalhava cari- 'uis hcirris "J'pQrn'v(/ nu acho que
mento sobre a.', 'utis situações. l)e aproxiiisa.
nhosamente, como um útero materno, as bonecas trabalha na insta?acão de uma fábrica ria muedc1n ecu que ,,:-ada um ficar na demente Sessenta alunos chamados a depor sobre
extraviadas, pois bem. o Mercadinho fechou. Ë
de pranchas de surf - esporte, infor- sima, for ele mesmo, só podo ajudar a os dois assuntos, cerca de trinta foram transfe-
possivel Isso? Na augusta Fachadu, sob a qual
deram-se tantos encontros e nasceram tantos ma de que já foi praticante - e melhorar as coisas.. ridos no final do ano passado, e a escola não os
aceitou como alunos no atual período letivo.
casos, está pregada agora uma enorme faixa com .ates, em sociedade com um irmão. Ei-los: não tão difíceis assim de ser
os seguintes dizeres: Khalll Gebara anuncia O outro, ao seu lado, de barba e bi- encontrados,
trados, os casais homossexuais
Para breve a abertura do maior supermercado de Arménio, o diretor da escola, disse que se
gode, blazer bem talhado e gravata, naturalmente estabelecidos, quase houve algum caso de homossexual transferido de
fazendas da América do Sul". Ë quase obsceno.
E bem verdade que bis multo tempo o Mcc.
opera no mercado imobiliário Aos 25 nunca mostrados em reportagens - lá , "não foi pelo fato de ele ser, mas porque o
cadinho Azul tinha entrado num processo de anos, estuda administração de em- pelo s'rriples e claro fato dê que a mesmo era Indisciplinado e estava contribuindo
decadèntja: cada se, que se ia lá, na paquera, /' rosas Prepara-se para , algum dia, sanidade de sua conduta não interessa para a desordem geral. E com essa gente é preciso
para tomar um simples cafezinho, ou as duas s''c:oder ao pai, presidente de um han- (ornar medidas sécias". E ainda: "Deve haver
- ou incomoda - a maioria. NOSSOS
coisas. notava-se o fechamento de mais uma loja. homossexuais na escola, pois onde há muita gente
'o Por exemplo tanto o nome de um entrevistados, pelo visto, são rapazes sempre aparecem esses casos, mas aqui nós não
O guarda, aquele baixinho porreta que gostava de
cuidar do mictório, desaparecera. Na agonia quanto do outro fariam as delícias de ricos, sem maiores problemas de temos a preocupação em apontar. E quando
final, só havia a charutaria e o balcão do cafè. -iloum bisbilhoteiro interessado no (com) pressão social., Outros, certa- localizamos alguém nesta situação é porque ele
Um espetáculo cunírangedor. Para onde teriam q uero é quem da sociedade brasileira. próprio se apresenta através da IndiscIplIna".
mente, adotariam o mesmo estilo de
ido todos aqueles que faziam do Mercadinho seu E's porque preferem se escudar nas vida, se tivessem igual desafogo para
quartel-general? Já que o outro lido da questão - os homos-
E N. M., o mais velho abre o escolhem. LA/WP1AO voltará ao assun-
sexuais - prefere silenciar para evitar o pior, não
(onhcci o lugar no seu período mais glorioso.
1)(7ii to, :omr Tinis ate.ncào e vagar, (Antdnio há Outra saída senão enterrar o caso com as ex-
Logo que cheguei ao Rio, meio caipira mas com -No:; 1 1 1:0, a r ivuniJ.r. /1000 dizer T'3 Chrysástomo) pilcações do diretor Arsênio. De qualquer modo,
uma disposição enorme, fui convidado para Fica registrado o lato: as coisas não estão nada
tomar um café no Mercadlnho e g omei-me um boas para o pessoal lá no Nordeste. Basta citar a
habitue. Ali nasciam lodos os programas, era o carta que nos chegou de Recife, na qual um
umbigo do mundo. Confesso que, nas minhasan- colaborador escreve:
danças posteriores, só senti saudade do Mer.
cadinho Alui e que nas cidades que conheci em
"Gostaria também de denunciar a repressão
outros países sempre procurei algo parecido com
ele, pois foi nele que passei alguns dos momentos
mais cialtantes da minha juventude, até hoje per-
ANTIGUIDADES policial que tem sido levada a efeito aqui no
Grande Recife. Eles levaram três camj,m,rtes
cheios de freqüentadores do Bar Atlântico (em
feitos e lapidados na memória como um diamen. Galeria Ypiranga Molduras Olinda) sem aceitar quaisquer argumentações ou
te. Nesses momentos de procura me vinham à
mesmo a apresentação de documentos. Vale
lembrança, proféticos, os sermos de Cavafi: "Não
encontrarás outros países, não encontrarás outros
Feitas com arte, carinho e sensibilidade salientar que o referido bar tem dois ambientes,
sendo um ao ar livre. As pessoas que foram le-
mares.,' A cidade te seguirá. Errarás pelas mes-
mas ruas,/ envelhecerás nos mesmos bairros/ e
teus cabelos ficarão brancos nas mesmas catas./
Máscaras decorativas vadas eram justamente todas aquelas que se en-
contravam na parte fechada. Houve também
quatro prlsães no Cantinho da Sé ftambém em
Tu pertence, a esta cidade." De inspiração africana. Más- Olindal, e motivo alegado, como sempre, era de
Minha Intenção era escrever aqui um registro
caras para teatro e dança exe- suspeita de uso de tóxicos".
frio e Imparcial s obre a rápida deterioração da cutadas por artista especiali-
E ainda: "Nas boates onde os raparas alegres
qualidade de vida da cidade em que viso, tendo
por base o fechamento do Mercadinho Azul, mas
zado se encontram houve uma batida policial, deixan-
saiu um depoimento P essoal e apaixonado.
Acredito que multas outras pessoas catarão se
Móveis coloniais maciços - Oratórios do assim um clima de inquietação no mundo (ou
submundol guei da cidade. É bom frisar que
sentindo como eu. Quando as coisas doem demais
aogente não deve caiar. O l'dercadinho não era um
P nto de encontro apenas nosso. Outro dia passei
Floreiras - Apliques - Porta-jóias - Etc. muitos souberam que Iria haver a referida batida
por um dos freqüentadores, filho de um policial".
Uma dai saídas para evitar situações como es-
por lá de ônibus, às dez da manhã, e aqueles Galeria Ypiranga de Decorações Ltda. ta é obter a aprovação de leis específicas; contra a
velhinhos que também costumavam freqüentá-lo discriminação (os negros Já têm a Lei Afonso
estavam lodos reunidos na porta do edifício Asirios), a exempio"do que se conseguiu nos Fi-
Próximo - Tinham um ar perdido, patético mes-
Rua Ipiranga, 46 (Laranjeiras), Rio de Janeiro - 205-9811 tados Unidos. Mas, até li, existe um longo ca-
mo. Era demais, Resolvi reclamar: pór nos e por minho a ser percorrido. E, por enquanto, os
eles. IF,-a,u-,v-t-r, Birtenco.,rt — 225-0484 homossexuais ainda estão aprendendo a cami-
LAMPIÃO da Esquina nhar.
Página 3
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Centro de Documentação
APPAD
;t',oi'ilç.Io pIrittlael1st'
(11i parada da diversidade
Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE
ESOUINA

Nossas cidades da noite


idéia de publicação de do Hotel Nacional é especialmente sinal, gesto ou olhar indecoroso ou in-
A uni gay gulde nacional, frequentada por travestis, alguns fa- sinuante, favor comunicar à gerência,
lançada por um leitor na seção mosos, outros anônimos ou recém- pois não nos interessa esse tipo
Cartas na Mesa do número zero, ao que
parece mereceu a aprovação geral, já
chegados. São como delicados postes
que tentam iluminar, um pouco, as es-
de freguês. Guardaremos sigilo quan- Dica:
to ao denunciante". Por conta de
que mais cartas vêm pedindo a mesma
coisa. LAMPIÃO chega lá. Mas como
curas noites do cerrado (Alexandre
Ribondi)
tais denúncias, vários homossexuais já
foram expulsos de lá. O que não im-
"Pasquiiin"
não temos a estrutura da revista Quatro CUIDADO COM O LAÇADOR - pede que, diariamente, bonecas
Rodas, teremos que fazer a coisa Na capital gaúcha, a cidade do Laçador "guerrilheiras" invadam o sacrossanto flLISIê
com mais calma, contando, principal- machão, temos urna das noites mais recinto em verdadeiros ataques-
mente, com a colaboração dos leitores. movimentadas deste país, excluídos os relâmpago, durante os quais, antes de
Até chegar ao guia, no entanto, fica- polos do eixo central Rio-São Paulo. serem expulsas, fazem amor adoidado. A notinha abaixo saiu no
remos com a publicação de roteiros Desde os tempos de Lupiscínio Ro- (José Luis Dutra de Toledo) Pasquim.'
sobre determinados aspectos das prin- drigues Porto Alegre goza de certa at- NOITES DE ICARAt - Unia "A luz tosca do Lampião:
cipais cidades. A vida noturna, por mosfera noturna de boêmia, loucura e aragem fresca varre as ruas de Niterói
exemplo: depois do roteiro carioca, paixão. Pode-se começar falando dos Antônio Chrvsóstomo me critica
desde há dois anos, aproximadamente
publicado no n°1, vamos focalizar mais pontos escolhidos pela lumpen- - segundo o historiador Emanoel no número um do Lampião, que
três cidades: Brasília. Porto Alegre e homossexualidade: Praça da Alfân- Bragança de Macedo Soares, que mora um amigo meu já definiu como
Niterói. vistas respectivamente por dega. Largo Parobé, Pracinha Otávio lá -, a partir do surgimento do Bar- 'jornal das tias ', por "falta de
Alexandre Ribondi, José Luís Dutra de Rocha e Viaduto da Borges Medeiros; roquinho, bar situado em Icaraí, bairro imaginação crítica "para
Toledo e Paulo Augusto. Parque Farroupilha (à noite), Avenida elegante da cidade, e que hoje faz parte compreender o que ele acredita
A CAPITAL - Decididamente, Independência (principalmente) e do complexo de pubs que começaram a
Brasília é unia cidade de poucas graças Farrapos (pontos de travestis), além dos proliferar na esquina das ruas Gavião que vê na ascensão das
noturnas. E não só porque se busque cines Carlos Gomes (Rua Vigário José Peixoto e Mariz e Barros, mais co- Frenéticas. Diz o C'hrisóstomo
algo mais específico: os heterossexuais Inácio) e Lido (Borges de Medeiros), nhecida como Esquina da Loucura. Foi que o rebu talho vocal formado
também se ressentem da mesma falta sem falar nas paqueras e calçadas da ali que surgiu. inclusive, em dezembro, pelo marketing para faturar uma
de opção, não sabem onde ir a cada fim Rua da Praia. a primeira boate guei niteroiense - grana é "descendente direto dos
de semana (lembre-se de que Brasília é Nos bares específicos há um certo ar Seven's, que passou a congregar todas as
unia cidade de funcionários públicos, Dzi Croquetes por parte de pai e
de coniadrice guei, principalmente no noites os rebentos malditos da pequena
essencialmente): e os lugares públicos New Flowers City, decorado pelos mais burguesia da Zona Sul da cidade. das Dzi Croquetas por parte de
já exalam uni desagradável odor de conceituados artistas da cidade. O mais mãe ­. E conclama a que preste
rotina. antigo, o Coliseu, entrou em reformas Embora sendo o quarto município atenção ao grupo "o povo
Essa terra, portanto, tem pouquis- e, segundo a gerência, "também vai da Região Metropolitana do Rio de entendido desse país ­. A mim,
sinios frutos. Para um visitante, como passar a selecionar a clientela". O Ego- Jaeniro, com relação à concentração fica difícil imaginar os Dzi
ovelha desgarrada, tudo será silêncio. Sum (parte baixa da Rua Santo An- demográfica, retendo significativa par-
O Planalto Central, por força do há- tônio) é um dos lugares mais acolhe- cela de sua população economicamente Croquetes pais do que quer que
bito, é discreto. Há de qualquer jeito, a dores, uni barzinho médio e bem ativa, e possuindo o segundo maior or- seja. Além do que, a
boate Aquarius, no Venâncio VI, ao freqüentado. O Maxini's, na Avenida çamento municipal - perde apenas discriminação é desnecessária.
lado do Setor Hoteleko Sul, que se tor- Osvaldo Aranha, o prefeito das mu- para o próprio Rio -, Niterói não per- Tem gente que desmunheca
nou, em seus três anos de vida, a única lheres, está passando por profundas deu até hoje, seu renitente provin- ouvindo Jamelão. Egente que
casa do gênero: oferece shows de reformas e' dizem' foi comprado pelo cianismo. Essa resistência da cidade em curte o Dali e o Oscar Wi/de sem
travestis às quintas e sábados e noites grupo New Fiowers, o qual está anun- preservar suas pilastras morais encon-
dançantes de terça a domingo. Mas há ciando para os próximos dias a tra, nas palavras de Macedo Soares, revirar os olhinhos". (Roberto
quem diga que seu sucesso é forçado: inauguração de mais uni bar, na rua urna explicação: "Niterói é urna cidade Moura)
ruim com ela, pior sem ela, já que não Marcílio Dias (entre Menino Deus e a muito pequena", diz ele. Para se ter
há outro lugar onde ir. Seus porteiros e Praia de Belas). unia idéia, há apenas 30 anos todo
graçons, todos eles fortes e musculosos, mundo se conhecia e, ainda hoje, a Mauzinho! E continua o
A Sauna Gaúcha, a mais antiga de
demonstram uni inexplicável desprezo Porto Alegre,apesar da decadência das cidade é unia cidade família. Ainda tem mesmo, heir: ? "Jornal das tias":
pela clientela e em dias de festa, como instalações, é a mais frequentada muito disto de todo mundo se conhecer. hum, hum, que imaginação
as estréias, os convidados especiais com (Cr$ 60 por pessoa). Ambiente não Os pais chamam o amigo do amigo do fertilíssima! Por que não das
mesas reservadas, são sadios casais, selecionado, liberdade total no gueto. delegado, mandam cercar o Barro- bichas, das bonecas, dos viados?
abertamente heterossexuais. Para dar Já a sauna Rio Branco (Rua Ric Bran- quinho e prender todo mundo. quando Ricas idéias.' luz tosca do
respeito ao ambiente, talvez. O es- co), indisfarçadarnente discrirninadora o certo seria chamar o filho ou filha e
petáculo atualmenLe apresentado, é de e racista, é a preferida das pessoas "que tereni unia conversa mais sincera. E por LAMPIAO deve ser a do bisavô
um pesado mau gosto: a Guerra das prezam acima de tudo a limpeza, a isso que, a frequentar a Esquina da de quem escreveu. A nossa
Estrelas (Cr$ 100 por pessoas) que, decência e a dignidade": tudo muito Loucura, muita gente prefere tomar a continua acesa, acesíssima.
além de ser baseado em uni filme de bem arrumado, grupinhos de amigos barca. atravessar a Baía e ir para a Sinceramente sua, Rafada
ideologia inconveniente, provocou vaias formados lá dentro, discrimiando uns Cinelândia, ou ficar mesmo na Praça Mam baba.
sonoras. aos outros, e pessoas irremediavelmente Araribóia. que é uni ponto que criou
Além disso, há o passeio público. barradas à porta, conforme as aparên- tradição e, atualmente, dá status.
Os altos da Rodoviária (centro de cias. Bem melhor, no entanto, que a A verdade é que Niterói tem outros Tá vendo o que você
Brasília) já foram devidamente clas- Sauna Guaíba (Rua Raniiro Barcelos), pontos de encontro. Só que estes não conseguiu com sua "imaginação
sificados por algum carioca saudoso: há que evidentemente não entra neste contam com a publicidade reservada à crítica", Roberto Moura? Agora
a Urca, a Penha e a Lapa. De lá, é certo roteiro e que tem, bem a frente ao ves- boate Seven's ou à sauna Termas
que se saia acompanhado. E a rampa Icarai. A "Rainha Diaba", por exem- a Rafaela se meteu entre a gente.
tiário, o seguinte aviso: "Qualquer
plo, não existe: é na verdade o nome Uma bicha meio perigosa, amiga
dado pelo pessoal ao Bar-Sul-América, íntima de Madame Satã (dizem
no Centro, perto dos correios. E na Rua as más línguas da Lapa que
De Tere.iina para o inundo Visconde de Rio Branco, ninguém se
espanta quando dois rapazes sobem as
foram intimas demais),
escadas de um dos vários hotéis para
beberrona, dada a espalhafatos.
Bar Gaiola dus loucas, na zona do atrás de mesas e cadeiras. Há infor- solteiros e pedem "um quarto para dor- Cuidado com ela. E depois,
Baixo Mereru,o de Teresina, Piauí. mações de que a polícia foi enfrentada a mir como diz Aguinaldo Silva, a
Fica iw Rua João Cabra!, no Paissan- socos, puxões de cabelos, golpes de sal- Mas, apesar dos progressos, o pes- única coisa que emociona os
da. Gaiola instalada num tabique do to de sapato e dentadas. Resultado: o soal mais assumido de Niterói deplora a críticos do Pasquim são as
que já fi uni grande galpão (café? Bar Gaiola das Loucas existe até hoje e situação de falta de autonomia da evoluções do anão da boate
cacau? bofes?). Freqüentadores as- tem um bloco carnavalesco onde se cidade em relação ao Rio, da qual é Cowboy (A. C.)
sic!uos k'an usa. Eliana Piuman, misturam, democraticamente, peões de apenas unia cidade-dormitório: embora
Regina Duarte. Passatempo: sinuca. obra, estudantes, bichas de todas as tantos lugares novos tenham surgido
('o,nula: pamérs e quiht's de zona. Em origens e classes sociais, Umfurdúncio. nos últimos anos, para a maioria do
7, a polícia tem,ai moralizar o am: Viva o Piauí. Com amor, Rafaela pessoal, bom mesmo ainda é do outro
A hu/zarada se en:rincheirou Mambuba. lado da Baia. (Paulo Augusto).
Página 4 LAMPIÃO da Esquina

Centro de Documentação
APPAD Lt
da liaI.Id.I Lia ciIvL'rldad.
Prof. Dr. Luiz Mott, GRUPODIGNIDADE

Ir

ESOUINA

No paraLço (10 consnín


Iueboy é urna revista que con-
corre na faixa do mercado estão seus extasiantes policiais. Cor 1
" Tição":
B freqüência, um desses semi-deuse
norte-americana de informação e
olhará para o visitante com o seu olha
lazer para (i público hornosse ual (only
for men),Ela é urna versão "gay made experimentado, solicitará corteznient
os negros
iii USA" das nossas Status e Homem o seu endereço e indicará num inglê
razoável a que horas ele vai procurá-lo
(vende mais que as duas juntas) ou das
americanas Playboy, Penthouse e PIay. garboso, ornado com suas pistolas. J
giri (esta feminina), contendo sempre hospitalidade brasileira não poderia se já falam

um certo número de páginas com fotos melhor". Aqui já se pode ter unia idéi
de modelos nus. do nível de compromisso de Hans com
verdade. 19 1 8 I:,r'_',i: ser uni duo ruulo proros
Uni siogan revela as pretensões de
Blueboy: "a revista nacional sobre Na seção "Cuidados com o Corpo" Sur para a realidade brasileira. ao menos ao
sob o título Penteaiido-se: "Mesm
homens". Com uma diagraniação sofis- i]i,e dizrespeito especificamente ao negro
quando cortamos o cabelo estarno
ticadíssima, ela seduz principalmente Exatamente 90 anos depois da Aholiçáo
cuidando dele, por isso, se você desej
pela aparência e já conquistou 250 mil parece que a conscieritização do problema
ser "visto" e não apenas "olhado", ei
leitores. Como é habitual nesse tipo de rio negro na nossa sociedade está co
unia idéia genial: Faça sua cabeleirE
revista, há seções fixas: editorial, iflulcando a merecer maior atencão. No
criticas, correspondência, horôscopo; e parecer mais cheia pintando apenas ai- poniodo que marcou a semana da Abo-
gurias mechas da superfície". lio, a grande imprensa, publicou muitos
matérias variadas, a maioria assinada artigos abordando esta p r oblemática, des-
por pseudônimos. Tem urna enorme O crítico de cinema Walter Vatter tac,,ndo se as reportagens das revistas Is-
dose de matéria paga. A seção "What's fala bem de tudo quanto é filme - no lo E e Veje. Epor r'ncriv°l que pareça ojor-
para servi-lo. Então, se você sentir fome
hot", tini roteiro do consumo nos EUA, e quiser um POUCO de disciplina..," mesmo bote vão desde 1900 de Ber- cal New York rimes, em sua ediclo do,,dr'si
não se limita a estabelecimentos "gay". tolucci e Saio de Pasolinj até Momento 6 de lunho, publicou reportagem a respeito
Outra nota: "Os nova-iorquinos Supor- de Decisão e O Telefone (com Charles da posicão do negro no Brasil e, na Sua
Exemplo: 'Se você está pensando em
tam o mês de março graças a pessoas primeira página, encontramos uma foto
dar urna escapadinha, pense no Con- Bronson); o de discos ideni (acha dis- com vários negros, sendo que dois em
corno Bili Brusca e sua dança. Sua úl- coteca o máximo). Mas talvez o que
corde: ele é o avião mais veloz em USO, Primeiro plano fazendo um gesto careo-
tinia apresentação no Centro Cultural Pnristr:o do movimento negro americano e
só há 1 classe e em três horas você melhor caracteriza essa revista é o tipo
da Velha Academia de Polícia foi or- cem o titulo Muitos Negros são expulsos
chega a Londres. A tarifa é US$ 1589 de anunciantes que ela atrai e as novas
ganizada por Jacqueline Onassis". do "Par,iiso" Racial do Brasil, artigo as-
ida e volta". Esta matéria é de uma necessidades especifi caniente gueis que s l u,vOr David Vidal.
Outra agência de viagens responde estes criam. Há anúncios vendendo o
agência de viagens de Nova lorque.
por unia matéria oito páginas assinada [mirre os depoimentos prestados àquplr'
Ainda no 'What's hot'. sobre um estilo de vida guei. a moda guei, a li-
por seu dono, Hans Ebensten. Ele orri/il podemos encontrar O do Emha
bar: "Tem-se falado no Academy Res- teratura guci. o perfume guei, as excur- xidor Raimundo Souza Dantes, de urra.
começa como aquele poeta romântico:
taurani de Los Angeles. Blueboy foi lá sões gueis, o seguro de vida guei, a i'ioca com o pseudônimo de Srt O Berra
"Criança, não verás no mundo terra Santos, a qual não quis revelar seu nome
conferir. Don Storr, seu dono, nos con- mobília, o relógio, o corte de cabelo, a
igual à tua", diz que nem Capri nem massagem, as jóias, tudo guei. E ainda verdadeiro devido a futuros problemas que
tou vestido em sua farda: - Escrevi Mikonos chegam aos pés do Grand ela poderia enfrentar, e a visão de Bràoi
para a Academia de West Point e eles os métodos milagrosos para a cura da Pedroscj sobre o negro na televisão.
Can y on. Mas se é para quebrar a rotina
mc mandaram croquis e dados sobre os impotência. o crescimento do pênis,
ele sugere Marakech, Egito, Haiti, Sid. Paralelamente a rodo isso cheqa às
uniformes de lá: eu os usei para dar uni lições de halterofilismo a domicílio, nossas mãos a revista ricão n o 1, a quaIs0
ney e Rio de Janeiro, O turismo de
toque militar a este restaurante. Assim, etc. Tudo prático, é só pagar. Ah, sim, di 'foi Jtilmenie ao negro do Rio Grande
Hans se limita a como paquerar uni
aqui você pode pedir os sanduíches a seção de lotos de nus acaba por ser a ,ii: '-.'n- ' rcurando dar voz cessa minora
garotão eni cada uni desses lugares e
"Cadete" e "Barraca de Acampanien- mais inocente da revista; não tem nada Entre n-os artigos que vão desde a pes-
suas conseqüências. Sobre o Rio há essa mais que fotos de nus. Blueboy, revista (lusa das origens do negro no Brasil, des-
e garçons inipecavelmente far- pérola: tacam-se dois: Mulher Negra, com de-
dados virão marchando imponentes mensal, 100 páginas. Sede: Miami, POimenlos de mulheres 'iv ' vairo5 níveis
"Entre os maiores prazeres do Rio Flórida. USA. (Paulo Sérgio Pestana) Sociais e Racisrnona .Educaco No
pareceu mais oportuno punlicar parte ria
errtrer'ista de Geraldina da Silva, delegada

Um produto novo na praça do Centro de Professoras do Estado do Rio


Grande do Sul, precisamente uma das per-
puno-is de Ticão e urna das respostas de
'' • ' • PJ, ri O qrr\rjrr O Genaldina que enqiobam uma série de
i1'ito- S ''i'i i c '1 I(.'VISlil 510 E ti. 11 , i -:,] ri o resto riso :siiii du (iC'(Ir i' Ou seja, se
S 'Li preprando qinqles para a lelo i l" ni-seii tu 1) tema Poder Homossexual na reflexiàes sobre o assunto do negro - Tiàe
i . onde Mostr a um pai de fi-irnilia o pão está caro, que se abram as comportas e
capa, ilustrada pela foto de duas mãos mas- — Justamente a educasio teriã a fun:'ãc;
ii.ii iri'riiierrla o lilho ui , quanio a mulher lê se fornece circo para o povo Então, o homos- de.ic- ibar com este complexo de infe
&ijluias enirelacadas Houve referências ao
o 1 0111 , 1 1 Lã ainda, está sendo proposto o sexual vira massa de manobra ou acaba indo noridade do negro? — Gerald,ha - Sim,
seu l iberalismo, abertura, coragem até. Ora,
Sit,rrii dona de casa para mulheres que se divertir Platéias enlendiadas nos teat r os. Para frias unia educacão dirigrda apenas ao
ai ot,ini (silusivam( . rrte dø lar. Por mais esse nii'irnero da revista conseguiu vender que ninguém sela impotunado, permite-se a
horrores em época de fim de ano, quando
rrrç'rci, cnariãmos um problema muito
que p ossam parecer à primeira vis- criação de novos guetos ilhados e distantes, Si j l'iO de isolamento. Não podemos tratar
lã, irrilais OS casos C.OliSt,luen-i refletivas ninguém lê, tratava-se, antes de tudo, de um
sem perigo de con,taminacào do negro com exclusividade, remos que
dil5rsptrr; i is de salvar a lzimilia enquanto o inteliqenle golpe de marketirig. Quanto ao
Acontece que agora LAMPIÃO tem seu falar de brasileiros. No Biénio da Co/o-
Si j )ii ir lo Sisi€rma Social viqenle Basta artigo propriamente dito, sua tônica eram Próprio caso como exemplo: o número 1 foi
Pessoas desculpando-se de serem homos- '?,/ação, fui ferrenha defensora da cnscão
1 lvi 'r que a propos um sucesso absoluto de venda, quase es-
li do salário dona-de-casa
sexuais — onde até Ney Matogrosso, que
de um centro cu)wral, onde o negro
ri 'ia Si rir do lar cada pelo Par lido franquisra o gotou nas bancas. Então, que peixe estamos
vendo pecas às custas de sua imagem de Pudesse aprende, desenvolver-se, mas
ri1i irar:ionar do riais Claro' se as mu- vendendo? A quem? Como? POR QUE' Ou ,seria um trabalho conjunto e o branco
se rehrrlarem 1, irrito eslão ameacando bicha, afirmava ser apenas um artista des- seta, r,orremos o mesmo risco de comer- também p oderia se matricular, Mtiitagen-
crente em movimentos de .conciliação do
l,iiirl qtiirm vai se ri 'l,orrsOhrtiir pelos filhos cializar a bicha Isso só será evitado se des- te não aderiu ) idéia, Justamente porque
homossexual,
o pela iti.iriiiiinCo do lar-doce lar? r)iistiíicarmos a questão homossexual mos- ela era aberta, O negro tem que viver, ser
Isso tem p lo à SiluaCn Pa r alelamente dos Um fato é negável: o homossexual está trando que ela tem origens muito concretas e
Sondo digerido e transformado em produto de
educado com a mesma liberdade do
lioiiiosSexuais que lnrirh'rn tOn - 1 raiz nos que não está isolado do contexto social. Para brasileiro Ele não vai crescer como negro,
corisuimo Os "liberais" enchem os bolsos, não se tornar mais uma válvula de escape nem
males do si"'ma patriarcal, onde reina so- rnn.-,' corno brasileiro, Um dos motivos
(tio, 5001110 1 510(10 ri (:ompericào seni oferecer qualquer risco ao Sistema -E permitir a perpetuação do guelo. LAMPIAQ
O lucro pelos quais o negro não se desenvolve é
Sisierrrv aqui não é nenhum elemento abs- P r ecisa ir de encontro a todos os setores mar
Por exei) ipl ii ii,) última temporada teatral de 1/0 mesmo não podemos botaras cU)pas
São Priuilo, l ,ivia 25 peças em cartaz, das trato o Sistema caminhe ao nosso lado e vive ginalizados que, oporlunisticamente ou não
dentro de nós, perpetuando-se até mesmo ,i no branco O negro assim que melhora
quais 11 aprir'; 'ilravam temática, personagens foram atirados à lata de lixo da História Isso
ou sti.iaçes h omossexuais oscilando desde quando supostamente encampa atitudes con- não significa que se deva dar menos impor do' v,'da, deixa de cumprimentar o próprio
a revista de travestis (As Giqo/eties) até o dra- reslatórias, para evitar mudanças perigosas liincia à questão homossexual ou tratá-la com
ma i r itelr?clualripnte requintado lZoo Storyl Uma vez, uma bicha intelectual dizia do pi- sentimento de culpa. Pelo contrário, devo-se
náculo do seu elitismo. "Pra quê liberação desvenda- i a criticamente e apontar várias for
Não catre aiiii analisar as peças nem en- Tcào é uma pubficacào da Editora
homossexual no Brasil? Aqui, bicha já é livre mas de discriminação que a envolvem, urna
trai riu (Tilinto de cada uma delas Importa
a t iirii as i:Onst.itar um fato que, se não é Jaz tempo Basta ver a Bolsa de Valores na das quais é exatamente a transformação da f t ,tialolo 30 LIda, Rua Lima e Silva,
:nrnr i in, lambi' nr 1C1 0 'i irp reencte A primeira praia de Copacabana, onde se faz tudo à luz bicha em produto da moda, vendido como 921 00 5 [endereço pnovrsôniol porto
do dia " Eis um exemplo perfeito da Bicha- mero homosex,jaj,s, simples objeto de sexo
vista, ele pode ser alvissarero Nesse mesmo
Sistema, que está reforçando a idéia de Unia andorinha só não faz serão Nem um P,'rr Gr-i'rru do Si,'!
seutido, muita gente está encantada com a
p roIiiinacão de hnrilns entendidas , quà guetos para homossexuais LÀMPIAOis0:ado iliirni',-i p lsiis de q ue sei,
lá é,
(nica de se per Perder a colori Ou então saturam . ouro 'ubU
de exi.itacào relalivamerrte à sauna de quatro
Ao contrario, e Importante perguntar se a Adão Acosta
liberalidade sexual não faz parte da tal "de-
,iiiit,iri. ' 5 que 1 'rã ni hreve, 'para você en-
müi;ratizaçào lenta e gradual'', onde a se-
urn 31 ti s ualidade é rierrertidri como vlvuln de escape Silvério Trevin
LAMPIÃO da Esquina
Página 5

** Centro de Documentação
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Prof. Dr. Luiz Mott, GRUPODIGNIDADE
(R EPORTAGEM-1

11W PRESIDIÁRIO A DZI CROQUETE

Lennie Dali' chega, a 4sfnl It a a geladeira


f
abre o rerbo: - Eu .'ou muito tinhoso
issi'r.ini que Lennie Dale era dos
D ii; entrevistados problema, que
inar.am e não aparecem. Disseram que
r'rd puin o claro, tipo confunde-tudo, de
propósito, nas respostas. "Pois é, falam tanto
e pouco sabem de mim" - se limitou a co-
mentar a divina tia', ao chegar pontualmente
às 6 da tarde de uma segunda-feira, ao local
marcado para o nosso papo, o aparlarnento
de João Aritnio Mascarenhas, do Conselho
Editorial de LAMPIÃO de Esquina. Chegou,
disse e lei loi direto à geladeira e, ante João
Antônio educadissimo, pálido de espanto
com a sem-cerimônia do ôntrevistado, ser-
viu-se imediatamente de um prato de saladá
e dois ovos quentes sob a alegação de que es-
lava 'morto de fome, depois de uma tarde in-
teira dando aula de dança". Esvoaçante, tirou
o capelão de chinti, a longa acharpe de 1à e.
enquanto comia, declarou-se à disposição dos
seus entrevistadores; João Antônio, Francis-
co Bittencourt e eu - que nas duas horas
seguintes iríamos descobrir que Lennie não é
exatamente o que dizem dele. E mais, muito
mais IAntõnro Chrysóslomol.
Chry,ôstom,j - Bom, Lennie, vamos
começar pelo começo. Onde e quando você
nasceu?
Lennie - Pelo amor de Deus, bicho, não
vamos com ecar assim; "Quando voce foi que co'&i de que — dis gosto é lambuzar as pes- Lennre - Já Não sei u que é macho. Eu
você chegou ao Brasil, etc.." O começo é soas inteiras com mel o4o COflheXr Você conhece? Irusadasl. Eu enquadra
agora, agora é que estou come,,-ando tudo Eu Chrysóstamo - Pra que? n-4o participo da vida do macho brasileiro Eu Lerinue - Eu faço Si?XO coou tudo o que me
nasci em 21 de julho de 7937 em Brooklyn, Francisco - Não se taça de bobo! participo do homem brasileiro. Edas mulheres d,i vontode de loz,
New York. Chrysóstorno - Causou muita sensação a ma,'nbám Porque eu tenho o meu outro lado. Chr's6stomo Ah, sito Lerunie Você
Ctysóstomo - A dança, como começou, sua declaração de que você teria tido um tOm?? dito que um 'existe discriminacão contra
o que é a dança parqa você? caso, na prisão, com o Fernando C O cu- Francisco - , você gosta de mulher tam-
bém, não é? Já passou muita mulher bonita, mr.'hnp uo,ssexu.iis no Brasil.
Lennie - Se alguém meperguotar. "Len- nhado e membro do bando do [ócio Flávio. Leitoa.' _ Não. mi não falei isso. Falei que
n'e, o-primeiro dia de sua vida, como foi"? Ai Isso é verdade? gostosa, daquele tipo que o machão adora?
Lennie - Depende da mulher Ela me atrai .',r.r 'neu ;Mundo, que entre as pessoas crxn
eu me lembro de que era uru dia em que eu Lerinie - Eu fiquei apaixonado por ele. E qi ierri eu indo não existe discriminacão.
estava darrcand'n. Claro, um d,ij comecei a es- tanto quanto Ele.
difícil encontrar um preso que tenha a visão A fi,ral, eu não ando com pessoas reprimidas.
João Antônio - E quais são es mulheres
tudara sério, quando tinha três anos de idade. dele. E do signo de Peixe, uma pessoa meiga, Eu; não ando cn,-tu bancários, com gente as-
que o procuram mais?
Ctrrysósmrno - Uma coisa interessante cheia de carinho, muito carente. Então acon- com pessoas que Sabem onde
- indo
Lorinií Eu gosto da mulher bem in-
de saber, i lirniuie, quando você chegou aqui, teceu. 'ii.' ir ,'r;u'/ 1 . nutras partes do corpo Eu gosto
como é que e1ava essa coisa de dança, como Francisco - Aquele menino da sua peça, dependente Éii gosto de homem, aliás, de
mulher que seja bem independente, que seja i povo, falo com todos, 'n-is nào posso gas-
é que te passou a dança brasileira? aquele com q uem você se agarra em cena, é o 1-ir o ,'iueu tempo tentando desreprimir os
Lennie - Bom, eu vim para cá trabe- Fernando C O.? tão livre como os homens. Eu gosto de uma
mulher que pode ser meu homem como pode outros. O que está atrás de miou eu acho que
Itunado, minha idéiaera aprender. Fui ver a es- Lennie - E um dos mil homens que eu tenho j-i foi, o que eu quero é me liberar cada vez
ser minha mulher, sabe?
cota de samba, o candomblé e aí fiquei louco. na cabeça. nu:n,s.
estudado dança foc/órica com Katherine Chrysdstomo - Nós estamos falando do Fer- João Antônio - Você encontra mais isso
em mulheres da chamada sociedade? Chrysóstoruuo - Então, no geral, você
Dunhan e fiquei fascinado. Eu sabia que não nando CO. porque é um cara conhecido. acha que há preconceito?
havia uma técnica de jazz dance, por exem- Tanto que nós registramos uma sensação Leu nie - Bom, eu lã fui louco pela Mansa
Lirban. Se ela é mulher da alta sociedade.. Lennie -. H4 preconceito sim Mas isso é
o/o, rrtas não me preocupei em i,'rrs/nar Jogo. enorme na nossa galera. Conta a história nuns fiequeir(e entre as pessoas de meia idiiO
Francisco - Você já transou com ela?
Eu ruo queria que o Brasil me conhecesse; eu direito pra gente. pra cirtua, porque a juventude, hoje em dia, es
qna
ue conh ecer o Brasil. Quer dizer, eu queria Lennie - Minha vida na cade,á foi das me- Lennue - Bom, eu ruão estou falando só
de sexo. Eu lá fiquei apaixonado pela Mansa e'iem outra. Tem milhões de garotos que dão
chupar os conhecimentos todos daqui, eu lhores. e-tu ama de mim. no teatro.
queria chupar a cidade. Chupar a cidade é Chrysástorno - Mas o Fernando, você Urban, pela Betry Faria.
Francisco - É, mas a Mansa Urban é Chr vsôs tomo -- La isso ê 'verdade. Hoje
átimo,. conheceu ele onde? eu vinha corri o Lennie pra cá. Tinha um
Chrvsôstomo -É, eu acredito que nossos mulher bucha, que gosta de transar bicha, não
Lennie - Na Penitenciária Hélio Gomes, é? menino lindo encostado num carro. O Lennie
leitores estejam muito interessados num outro passou glorioso, com essa echarpe ao vento.
lado da sua vida ali na Rua Frei Caneca. Lennie - Ésim Mas eu acho que hoje em
Chrysástomo Como é isso de transar na dia não tem essa coisa de bicha. O que é bicha O menino ficou assim, de olho nele, queixo
Francisco Bittencourt.- O lado margi- caído, deu até pra reparar. O que seria isso,
cadeia ? Não há vigilância, não há controle hoje em dia?
Francisco - Afinal ele era um preso con- Chrysôstomo - É como as pessoas di- urna espécie de atração, pelo artista que você
Chrysóstomo - Mais ou menos. É o siderado de alta periculosidade. Não ficava zem, uai ! Uma palavra como outra qualquer,
seguinte você nasceu dançando E quando é separado Estava na sua cela de que a gente não pode ter medo; bucha) t.eriurui' - Não sei Pode ser até que ele
que você começou a dar?. Lennie - Bom, naquela época o C. O. não João Antônio - Segundo o consens,o nào me conhecesse, não soubesse quero eu
Leu ie, - Sabe de uma coisa engraçada? estava isolado. Ele fazia a faxina, quer dizer, geral, existe bicha. sou Mas eu tenho urna sorte com os homen-
João, Antônio Qual foi a sua primeira trabalhava no presídio e andava em várias Lennie - Mas isso é um diálogo tão an- 51, sabe ? Pelo tipo de pessoa que eu SOU, fica
vez, conta! celas. igo! Essa separação de bichas com homens. muito mais fácil pra eles.
Lennue - Minha primeira vez. Bom, você Chr'ysástomo - Ah, então ele não estava Existem coisas mais novas, mais atuais. Bem, Crysóstomo - Por que você é desre-
sabe, acontece uma coisa com os bailarinos. isolado. Mas o Agurnaido ISilva) fez uma se eu sou considerado bicha, vocês estão pnimido?
Como eles fazem muitas contrações, ficam matéria na qual dizia que ele está apodrecen- fazendo a entrevista com a pessoa errada. Lennie - Pode ser
virgens demais. Ai não deu pra dar mesmo. do numa cela da Ilha Grande. Chrysóstomo - Mas acontece o seguinte; Francisco - Mas também pelo corpo de
Ano passado eu Ti, uma operação maravi Lennie - Sim, ele deve estar 14 na ilha. os homossexuais, até por deboche, pra Lennie. Ontem eu estava falando sobre ele
lhos,i, Fui num médico ali na Gávea, paguei João Antônio - Você nunca mais o vi- bagunçar o coreto de quem fala, devem dizer com uma pessoa de Brasilia, pelo telefone, e
dez ,'n,'/ cruzeiros, e ' cinco minutos ele sOoU na cadeia que. são bichas. Acho uma palavra ótima, pessoa rue disse- "Au, mas ele está aí outra
botou urna coisa gelada em mim, no senti Lennie - Não. Quando eu saí da cadeia, muito engraçada. Qual seria, por exemplo, o vez, o Lennie? Com aquele bumbum que eu
-,da. Sai de /4 andando. logo depois eu fui visitar todo mundo, durante coletivo de bicha? Uma grossa de bichas? amo!" Quer dizer, tem também esse negócio
Cbrysôstomo - Você não conseguia [só po7 mais ou meros um ano. Depois viajei pra fora Manada? Vara? Rebanho? de corpo, não é só o artista.
causa disso?) do Brasil e aino deu mais Lennie - 1 Felucissumol De maneiras que..
Leirnie - É Mas a operacào foi uma coisa Lennie - Mas essa palavra é tão com- Chrvsóstomo - Vamos ser espíritos de
Chrysóstomo - Dizem que o homem pletamente antiga!
oiaroviihosa, sabe? Eles congelam... brasileiro é ótimo. Você que 1á tinha uma vida porco com a tia? Enumera aí alguns homens
Chn,'sóstomo - Taí, não é ruão Nem ain-
Francisco - Mas isso é uma coisa importan- ativamente sexual, vamos dizer assim, lá fora, conhecidos que você quer e não consegue
'-ii rua da foi explorada em todas as suas implicações pegar.
quando chegou aqui, o que achou do bra- gramaticais o semânticas... IRisos, tumulto.
Ch,y.sásromo - Importante é descobrir que sileiro Lennie - Que eu "ainda" não consegui.
urna bicha institucronalizada, só pôde Discute-se o significado da palavra bicha ) Tem o Mário Comes, a que/e meio
Lennue - Eu acho que o homem brasileiro Lennue - Por exemplo; o Mário Comes é
se elrear há um ano ar-ás. é sexualmente brilhante. Um dos melhores velhusco, das novelas... Aliás, os dois, Lima
Lnnruie - Tecnicamente, só há um ano atrás. bicha? Não, claro que não é Mas ele deve Duarte e Francisco Cuoco. Se for pensar nem
Tão bom quanto o italiano, melhor que o faze' muito gostoso, não é? Tem de dar pra
Fr;incisco - E antes ? Que tipo de sexo você americano. Eu acho que o brasileiro tem o muitos Outros mais
liz 'a ser bicha? Só bicha dá? Chrysó.stomo - Quais?
lado sexual muito mais destemido. Aqui, o Chrysóstomo - Claro que ruão. Mas as
Leme Ah, eu fai,a de tudo, graças a homossexual, apesar de reprimido, é muito Lennie - Chega i Virou bagunça.
Di;-,j,s Sou bastante (arado, em matéria de pessoas falam. E o consenso do falatório do Chrysóstomo - O que você acha de um
mais destemido, quando vai pra cama. Quan- país.
do vai pra cama, vai mesmo; vale tudo. jornaleço como nosso?
Cbry.esioriiii - O que é ser tarado? Lenue - É mais complicado. Tem os Lennie - Acho que se vai liberar, tudo
Chn,'sóstomo - Você já se surpreendeu Ira vestis, tem as bichinhas, tem os homos-
Õ -ic'ior?áo. Faço tudo! Uma das i;orn morto macho brasileiro bem. Acho que tem de dar vez para todos
sexuais. Tudo muito diferente um do outro. Tem de abrir caminho para todos.
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LAMPIÃO da Esquina

** Centro de Documentação
APPAD Ie
(11 1irddi iti ctivrrididt'
Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE
REPORTAGEM

Movimento no Brasil?
Ele diz que no
momento não há clima
.Ju;o António - Você chegou a participar tarado. Gosto de coisas especiais no sexo
dii movimento de libertação que, nos Estados Chr ysóst orno - Mas você sabe que nerr
todo homossexual é assim, não é?
udos
Lennei -- Desde que eu nasci guei co- Lennie - Eu sei. Tem muito papai e mamãe.
mccci a participar da libertação do meu pes- Chrvsó-s-romo - Além disso, ser tarado não é
ii
privilégio dos homossexuais.
Lerinie - Claro! Nunca eu disse isso na
Moini 'iu Domitrques 1 fotógrafo) - O que minha vida. Mas eu sou tarado. Gosto de sexo
( 1 110 vx:í. ache da possibilidade de um sur- COM muita violência e muito carinho.
Çhrysó,çtorno - Isso ficva claro nos Dii
ml
gimento da liberação homossexual no Brasil,
i:orno nos Estados Unidos ? No mesmo estilo? Croquertes? Ajudou a aclarar essa questão da IL
liberdade da conduta de cada um?
Lennie - Euacho que no Bra s il não vai ler Lennie - Ah, acho que sim. Inclusive houve
muitos espetáculos, depois, em cisne dos depois desse meu trabalho tFiisson rui platéia. Todos: "Você morou
movimento, ,esse momento, porque a
Arriér' ca do Norte é muito diferente da Croquettes Francisco - Quem faria Madame Satá? rio morro do Caniegato?" 1
Lennie - Váriás pessoas. Ceda vez que Lennie - Morei e me dei muito bem. Eu
Ani,,ca do Sul Mas eu ;Tcho que alguma
a Vai 'iconrocer. de qualquer maneira. Chrysástomo - Parece que você não gostol alguém receber o chapauzi'nho de Madame tinha niirr homem. Ele falou pra miro: vamos
Ai lio CIiiI 'is hichi,ihs aqui, hoje em dia, j-4 das Frenéticas, que se declaram descenden- Sotã, aquele chapéu bronco, que ele usava, viver juntos, que eu sou do morro. Eu disse:
estão se unindo tes diretas dos Croquettes. passa e representá-la. Tem vários quadros, vamos. Eu o conheci na cadeia.
Lenn,ie - Tem confusão aí Adoro as Fre- desde que e/,9 foi vendido, a troco de uma
néticas. Não gbsteí foi do sho w que elas fi- João Arni'n'5nio - Você participou de candom-
égua, até a prisão. O bordel, o jogo de fu-
Soque se nova discussão sobre o termo zeram com o Fernando Pinto, ex Croquetie blés, no morro?
tebol, o cassino da Urca, o Cesenova, e Lapa,
bicha Alqijéni lembra que Não fomos nós que dirigiu as meninas. Tinha Croquerte Lerrniie - Agora sou de umbanda. Jir de
a Ilha Grande.
que inventamos esse apelido" Todos inler- Qgunr
demais e c,iácão de menos no show. Elas/.4 Chrysóstomo - Precisamos ver isso no
ví.-mn Maurii'in fala sobre o equivalente norte- podiam ser outra coisa, Dinqidas por mim /4 Chrysóstomo - Apesar de sua origem
,iria'i i:Ori: lO palavra e diz' ''L& se alguém é palco, urgentemente. Relembrem aquea figura 'taloamemneana e desse seu sotaque, você
seriam menos Cmquettes e mais elas mês- humana sem medida, aquele cavaleiro arrdan-
itiniiiadii sorri, pode processar quem o "7/as. Parece brasiteirissimo,
f-ii,lii-lou —I
te. Ele é padrinho - ou será madrinha? - es- Lennie - Olhe, quando eu estou sozinho,
(aiiiriv" Olha, essa quesoo, se oiqui/rrr piri tiial do Lampião. eu não lelo assim, "Oh, my God", eu la/o
Chrysosrorno -. O seu espetáculo atual, no
'7/e fX.'tQiit?t.issf,/ ''Len,iie, você gostaria de Lerrnie (apoplético) - Vou montar, vou "Oh, ,r,eii Deus". E E muito mais fácil hoje em
teatro da Lagoa, você acha que inova al-
sii ,'rii,fh p r)'' Minha resposta sena NÃO! Por montar! dia eu me explicar em protuguês do que em
guma coisa?
qiw mi gosto do tirou corpo como e/e é, gosto Chrysóstomo - Já escutei várias versões inglês
Lerinie - (Vão Mas ele tem o visual, tem a
do — me peito cahph,do gosto de fran go, com sobre o funcionamento dos dois Cnoquelles.
v'oíênc,a, ler!? a initiba vida que foi' muito
'alTO hiiu','m, iqiri/i Oiifti
Internamente quem era quem? Francisco - Você faz análise?
cheio Tem ludo o que um espetáculo precisa
Lennio - Nós acabemos por uma brigo Lerirse - Ferro.
Além disso ele rom uma mensagem Mostra
na Bahia, questão de bagunça interna. Mas Chrysóstorno - Há quanto tempo?
Chrvsóswrno - Não ë vantagem Novem que as pessoas devem viver suas vidas, sem
era - p é _urna f;,mí/m unidissima. Leninisi - Há quatro anos. É ótimo Não
1,1 por refiro dos homossexuais são assim, medo Faca suo vida, rasgue tudo, não guar-
de riade, sei.) livre Francis-i'u - Isso de você dizer que era quero pare nunca,
piriSam assrrri. Mas t­ 1 1 pelo menos dez por
uma família, eu acho maravilhoso. Chrysóstomo - Isso tem te ajudado em
(xirit() que qnslaria de ser mulher
Francisco - O seu espetáculo é proibido para Lennie - Sim, éramos uma família. alguma coisa?
'uru!' As po/iu' /s('/'.vi/7ç querendo
rri,,rruires, não é? Chrysóstomo -- O Vagner Ribeiro seria a Lennne - Tem sim E corno fazer ginás-
'o'! iii/hi'í (itt, tioifl)(
Lr'iiriri ' - Paro menores de /8arros. mãe, você o par? tica. Adoro fazer ginástica.
• Chrjeinstnmo - sej a mos tinos Vamos
tFexicico - Por que você achaque a Censura Lerimine - Assim mesmo 1 Todos, em Chrysósromo - Te ajuda lambém na sue
titr çfp OiJtr,is coisas mas arlisticas Os Dii
Crrrqi,ut tio. uor exemplo deixou pnsar aquelas corras de lelacão etc.? corri, ''Isso é .7/a ccivi/hooI"l auto-a cci tacão como homossexual?
Fianci.',coMejsc'alp io, depois dos olhos Lennre - Não. Eu/á me aceitava, antes de
Lrriiriie -. Acho que eles deixaram passar por ro'hog. ifh.jdos e outras man,/estaci5e,s de análise.
F,.'jnciscn Acho que fui a coisa mais inc í/'.0 11)0 r,'níetidei.j,'ii Não deixaram passar aprc?r:o e adrrriracãot - Nessa tamPo havia
trI.uit que você rrsiliioij, OS Croquertes. i/o coo.-, ,'riue'o rireis sirripies, a gente ficar lima estrutura patriarcal? Era o pai ou a mâe Chiysóstomo - Então pra que a análise?
Li'uiii,' - lJrr,.j das, né. omor,ào ,' Acho
rio rrif,'?io coronha rapid. q uem mandava? Lenrrie - Eu quis me descobris, quis saber
qi,'c' ir.', .'nirtrho vicio tem .',u/ita coisa por Fr.'mcisr:n - Você não acha que deixar passar coisas a orou respeito, queria explicar mais
Lennne - Poro, OU, como pal, era mais
c/rrrq.i, M;m os Dii Crnqucttr's àn a minha i:,rrias i:rj nl o aquelas seria apenas abrir vál- rnnhosn, dava n'ais ordetis, punha os meninos coisas sobre mim, sobre topo relacionamento
Eu . inic/ r'les, O/eS me ornato, a gente vulas rui eSr;dp€'7 t!' ibalh '7ide ensaiã los, todo isso.
Pra Tinha principalmente com as mulheres,
v c,'oOlr,/ij,')r ri ti. ib ' ifhr> ju;rrrn,s' Mas cri acho Lerirrre - Não, porque não ore deixaram
qru.' ' ''osso t,.,halhr, foi imporl.-mte porque Francisco- Familia Parece coisa de Chcysósto,no - Já que você se relacione
ficar riu O que é que teto que ver, não me niMia
c'otrsr.'qimi tosse piei o público não apenas o iix,,j,'ir ('cor r'iri no peca, mas deixaram a tão bem com as mulheres, nunca pensou em
f'5J)it.5.ii10, tOv' .iqucia coisa /rbprt.-íri,j da
pente rrrostror que tio cadeia os presos podero Lonnrc - Tinha muito disso. Meus bi casar, ter filhos?
-indo 'guri.# isso a gente carisi'giuii aqui no eram aá Máfia. A memrna foi quem me
1, mor o pra' rodo .' riurido sobe mas não (ala 005,000 «is leis da Md.'Li
Lennie Casar não, nunca. Nem com
Br-,sj/ Mis iie Franco tanihirrrr foi novidade, homens, nem com mulheres. Eu sou muito
e'/'reirarpri, quPir7i'3r turno, transar uns com os
;)crr'scr'rrti-ro (ri, sucesso Jeanne Moroau se Outros, creirprar o ,gudtcia Chrysóstomr, - Você briga bem prostituta. Agora, ter filhos, acho que é um
•ip-7iX()f 11)1/ l.W.'lO Rogério, L lia 44ine111 e'ansoij
Fm'incnscc, - E a sua relação com Madame Lennie -. Eu detesto violência, talvez por pouco tarde para eu criar um filho, Tenho
;,doidnh com o pente Ali hnj'p o Rogério es Stà, rio presídio, qual fon? Quarenta anos e estou muito acostumado a
iii 'urdu curti o Rodolfo Niireiév.
que unha vivido sempre no meio de/e. Mas
* Pode? - Leunie - Eu eslava entrando o e/e saindo. posso andar na rua sôiinho, sei perfeitom ente não ter nem case fixa em lugar nenhum do
Fr. mcisco - O que é and roq iri ia? munido.
Fui' seu prolessor e, quando sal, ele me deu me defender. Sé que nunca precisei. Nem no
Lriiinin - Nós conseguimos passar pro
uni li vro, eu li, fiquei apaixonado e resolvi Har/p rr, nem no tempo em que morei no
PCJVO Que 17ão "cimos homens nem mulheres:
lazer um ,'nus,ca/. Prcienido montar logo rio Contogalo. Chrvsósrorno - Tem alguns planos
tiii Sortios gente curáveis?,
Lerrnie - Pretendo ficar com esse es -
Chrv.sóstnrno - Androqina não li ,ipi Íi. petáculo até o Carnaval, aqui no Rio Depois
de vadiagem ? ILennie reage, indignado o vou tirar dois meses de férias, varia Nova lo,-
ptiratii'o, didático! que Quero estrear no prd sima ano aqui, no
Lerinrri'-r -' Não i São homens que pode.".' teatro Carlos Gomos, o musical sobre Ma-
qr /0 jiodc.'rr ser homens dame Satá Vou guardar todo o lucro de atual
Ctnrvsóstumo - Tudo isso não fica ac temp orada para jogar nesse espetáculo do
no campo da teoria, ô Lennre, no camp'' Será.
fantasia criativa? Chrysóst orno - Houve prohlemn,as com
Lennre Mas toda a nossa horno,'..» esse seu projeto, não foi?
xri.iI'da rio não é 1)1710 Ianta,o 2 Ou não é? Leirnie - O texto, meu e do Fernando
Chrysósrorno_ A homossexualidade unia Pinto, está pronto Houve problemas de
fantasia? Essa ê nova' Pode ser também uma produção Não querlam gastar dinheiro com
fantasia um espetáculo sobre vida de um marginal.
Mas agora achei alguém que gastou 2 milhões
Lenr,re - Tudo que a gente realiza no sexo de cruzeiros paro fazer rim espetáculo sobre e
moinho v^ ( ,Id E eu .me considero tão marginal
são os nossas f;irrt,jsias Não é? Quando você
vai na Gaierii Alas, e paga a um prnst/tuto ,'. oito Madame Satã. Não é engraçado?
tirai, pra cama com ele, ele irão realiza as suas
lan cosias2
Chrysóstorno - Mas então como você acha
que um homossexual poderia - ou deveria - Fofos de
ser feliz dentro da realidade? Maurício S. Domtrtgues
Lennie - Sena preciso que ele se misturasse
Com alguém tão tarado sexual como ele
Protestos gerais.) Sim, eu sou tarado!
1 f3mrrr prrn de orirte a pane 1 Não porque sou
Cii, Iies.'air)lme,,fe, sou
LAMPIÃO da Esquina
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APPAD'i
**

e
di parada da divcrsidadt'
Centro de Documentação
Prof. Dr. Luiz Mott
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GRUPODIGNIDADE
i:
(LITERATU

2
LEO/R
4
712
• ••.
ç PRIMEIRA -
CARTA AOS
ANDRÕGINOS

Do outro lado da porta Que**


Eu tinha lhe dito que era para não uma claustro fobia social, mas sempre gritavam em côro, mas não safa. Os
ul
Sair, com todo aquele frio e aquela quando regressava solitário para ratos começaram a roer o assoalho e
chuva. Ouvia-se do lado de fora ran- casa, concluia ser pelo estado de ameaçavam entrar dentro de casa,
ger de freios e gritos assustados de dúvida que o amargurava, mas não safa. Silva
nomanoe
babás descuidadas. E/e não me es-
cuta e me joga o livro, de Shakes- Na primavera passada, sem dizer uma Até que um dia (eu, em atitude com-
peare, manchando minhas mãos com palavra ele retirou a mala de dentro templa ti va, procurava mentalmente
o sangue de Macbeth. Horroriza-me a do armário o começou a jogar as vislumbrar a magnitude que era os
idéia de ter de calar e deixá-lo partir. pecas de roupas com uma fúria in- seus olhos nipônicos), ouvi a porta
Fia sempre assim. As vezes ficá- controlável. A camisa vermelha de ranger pelas dobradiças enferrujé das
vamos em casa a catalogar filmo- jacarezinho, os tênis de basquete, as e ele surgir como a figura bíblica do
grafias ou anotar nomes e frases dos grossas meias de lã, a jaqueta de filho pródigo (apenas que não houve
hakaistas do período da grande couro, um livro de poemas de Neruda o
uma matança de carneiros nem trans- e
guerra (aquela que aflorou o imenso e dois vidros de rum. Eu ali no umbral bordavam as bilhas de vinho para
cogumelo radioativo em Hiroshima). da porta, a olhá-lo com um sorriso celebrações da volta). Ele me perqun-
sardônico para não chorar. Viquando tou o que fazia, enquanto andava
No verão costumávamos ir ao bar ele desceu as escadas de madeira e a Pelos campos, moldando as suas
"Estrela do Norte" para umas par- síndica perguntar-lhe se ia para a arestas para melhor me amar. Lembro
tidas de sinuca e de cerveja. Então, capital. Corri até a janela ainda a tem- que caíram algumas gotas d'água
quando /á o levedo fermentava suas po de vê-lo tomar o ônibus azul e pela minha camisa empoeirada, que
idéias ele tomava Às minhas mãos e acomodar- se na última poltrona. infantilmente disse ser goteiras.
roçava docemente seu nariz nos
meus lábios, dizendo ser prisioneiro Pelo Natal, recebi dele um cartão de Hoje ele mora comigo. É o mesmo
das conquistas do meu olhar. (Isso "Boas Festas", sem remetne. quarto, a mesma estante curvada
para espanto do proprietário e dos Fiquei amofinado. Fechei as janelas, pelo peso dos livros, o mesmo retrato
marginais). as portas e fiquei a olhar uma foto dos Beaties, uma gravura surrealista e
dele num álbum de tristezas. Os a trindade de Orozco, camponês, sol-
Nunca pude entender direito as suas vizinhos me chamavam para sair, dado e operário. Ele insiste em dormir
fugas repentinas no romo das festas. dizendo que havia sol, campeonatos na sala, gelando meus desejos com
Quando a ,'r?úsica embalava os casais de natação, concursos de misses e
iorc romantismo cinematográ fico, exposc(s de quadros, mas não saia.
suas frases sanscritas, enquanto eu
rasgo o silêncio., das manhãs,
41
se op
deixava derramar seu Scotch, Ouvia os sinos da matriz chamando abraçando o vazio e preparando-lhe o
.' findo os cubos cio gelo pelo chão e os fiéis, mas não saía. O presidente
café antes de sair para o trabalho.
i,'andonando o salão como se o anjo anunciava o fim da greve dos bom-
o convidasse a dancar. beiros, mas não saia. Uma banda
M. ROCHA
Procurava pi'nsar que era pelo fato de tocava marchas marciais e cnancas'

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APPADi r
da parada da divtrçidadt
Centro de Documentação
Prof. Dr. Luiz Mott GRU PODIGN IDADE

EENS o
Estão querendo convergir. Para onde?
Na semana de Convergência Socialista, em São Paulo, a palavra "homos-
sexual" só foi pronunciada uma única vez: o presidente da Mesa apenas sus-
surrou-a e quase se engasgou como se dissesse um palavrão.

João Silvério Trevisan

DLI 24 a 30 III, abril. p,ri reu, (UO ocorreram liciiada às pressas a presença de um " Com - meter ri niãu riam vespeiro Por exemplo ou
viOitoS (l'speiM)reS favor,"veis oro São Paulo, o ;Orrrac; 'io 'rr)i;riur rir: (p.i' os irroblemasdas
panheno operário" ã mesa. Além de que, a

,
me pergunto como é que os operários bra- ,mrironuas (c as mulheres lá são rriirionra?l
mas não o suficiente para baixar o iridice de mulher ali prescrita iva, evidenterrnte sileiros reagirão ante a idéia de trabalhar desapamnurrrão aulorTralir;rimente cora o ad-
poluicão. Falo de ventos e poluição politica cumprindo a famigerada função de secretária politicamente com buchas declaradas. Se o vento de ruim-ia sou:urrrlade sem classes Eu
Aconteceu a semana do Movimento de Coo- e quando suas anotacões precisavam ser homossexualismo só p ode existir veladamen- napr'nrr ia pela mrlmonu-simna vez. r:onisuttems-rse
verqeni; a Socialista, organi zada pela revista lidas, era um homem de voz Fria e grave quem ti; no n'ueio operário, o machismo é um valor as socernlarlrrs soí:intistas pana can t rrmar que
Versiis, visando a elaboracão da plataforma fazia a leitura, Á mesa, não eslava presernie apregoado - sabemos que ambos perpassam eles fOmarTi nnigmcrrrs ri parrrr da supremacia dos
de um Possível Partido Socialista Brasileiro um Onmn;o negro ou 1 folclore à parte) um indio. todas as classes. Ora, a produção organizaria machos
Disouriram-se problemas como Anistia, Cons Nem nada levava a crer que, entre as cinco em frases Ca pitalistas e lucrativas Fomento A mnrpmessào sexual da esquerda palriarcal
liturrite, liberdades sindicais e a necessidade de pessoas que presidiam a reunião pudesse sniprrrnnrar;ia do macho, por necessitá-la Basta ir um foto a ser rlerrurrn;rado Enquanto estive
um Comando Geral dos Trabalhadores - en- haver um representante dos homossexuais. kmhr,rr a situação - limite da mulher opa nessa reurr ão da Co tiver gó rir; a, só ou vi uma
tre outros assuntos rio dia Mas o que houve Tal fato se confirmava a cada vez que o r,i lnrri que, i nrduret unleni te, go na ole a e stabu li-
de realroerri e riecp ' irii:j Foi a ir iclusão, no a palavra "lazer'' Certamente porque não
presidente se referia às m in o r ias - cri- dada da mais valia o patrão não precisa pagar
ternário, dos prol)Iiimas relacionados com as pr rido, lucro, 1) prazer deixa de ser vorisi-
hilir:ameriio as mulheres, os negros, os inidios a lnhd da Irruliulho rnteurarnenrle gratuita
chtrTS-eia s 'minorias' Ide rio ni inação co- defado prrnnulárrrm para nós os humanos Sua
e — aqueles que são vítimas da repress guri ela rx:rr;e dentro de cosa, cuidando doar
mumerilo empregada para ca r acterizar grupos riu niluririrle bàsr:a sempre loi uma pedra no
sexual'' 1!) e rios lili-os. e servindo tvia de regrai corno
i0 1 .1 opressão não depende exclusiva ou sapato das esquerdas Já os próprios tra
ahtr:uir'r:u 'n'sinal para rurviqonar o mar.ho, a

, i
nu i ' Iaflierilf? da produção voltada para o lalhadnnrrs reclamam que intelectuais e
A palavra homossexual foi pronunciaria rimul l ir n tinir li 1 àrro pan nr u Ir que seu inirido smt róes os tratam da mesma marreinri: apenas
li:ruil mulheres negros, iridios e homos.
urro u ruir ;a Vez O presuderi a i moas s , isSu ur''rfna (iisporiihilidarje total para a producão enrirniunro máquinas que verrdem sua forca de
sexuais
mou rir - qici m?nlqasqnu, r:umo se dissesse Or, m , ii rio rurriss x ual u riade vem sub ver ter o trabalho E o direito ao orilasnumo, quando será
loi alrorinre til latir irão deixa de ser sur-
tini ts,lvrãn Ar;ho que havia um eslminihnr ruiu luar lumiluar, ao abalar ris relações hirteros. rr'iviralirado Tiir,i a ':cu'a-,i onmrãria Não é ri
tiiisrrinlr;rite ir, por que não ? , alvissareiro. Mas
nn 1 i.rv,rrfo em 'uus qarqaurtas Jã nas reu- 'U 'S m uns - vOr: ruct vos, e am eac a os esr nu eu errlia Soai aI, cmrfunnrro cairaiiiadri pelos

rlri po,)
se nss;ui-, iut,is ''llspricific.ts'' lrrurn trrorica-
ruiAm; propor atArias, a i rir; 1 usão de um hcu- ;iuruS pmlnmanr)'iis de limoducão icipir,alsra OU ri;urIr3rs ru;Irrrrssenes da sociedade um dos
nelnrn 1i)uisi('nijis siqurilicanvas relr)I o ad
rnos'-irxuat ria mesa, ar) lado da rrrpnr'rrnrlOrr- uu,'lm'i nmrr;rrssurncias do, mão de obra e voltadas pnt,itu rio tmlrr r 'O ;turIri?
vt'ru)(i ilri soiiali',rrio ruiu decorrei rio (rT,r.oçitrn
rn-, da , ; 'ruIraS ''miniorris'' priivr r:oi prole', iii, ir i;çro A ssmr':imr lronrossex;irulirl,anle e
liun)ii tr,iP'nuie ,u)fiaI,ui)rclu.utiI_asiuir'rtii)srisri Acho gim os ventos ainda não Foram

-ri
uru terflhiirjdO ini luivu, tmrm rluiuui.-urlrr é ori uiãra uro vespeiro?
T iifi Iii-. lir)' . i I" . , i' ICIS de smufrienitrus ii.ir,i dissipam a desconfiança iari-
'ir ri'nirirsrr 1,050 is',i' Sí' efrrni',',usi-rr: lo às initnui_:õr:s mF'rrumrinrte eic,itorcinas do
tiiuiquiirIn. tiii',lS ",iijiuil,is uiãn, ansa-
'Iruiu,irni se nlSlrr'liu,i i il I ''hiiir,ivrrr tur iarrrr l'r''-,ru;i,rri'i- os fiornçjssc'xinis .i;;afrr;ir ri7rr lar' li r' ;m corista leu um tono de súplica bOI ii li nru mi-ir tom a drsf ril ç ad o? 1 que viciou a
lrr m ''nIt''. ,1 mui M;is lurli si' r,orTipiu ou r t nu;unr r l u rmpreseriiartr's nl,n mulheres e dias i'_ (liii 'iria li rasu lr 'a se) ris guesl rorr amen los
,I(rirTi I r.ruih,'u i uni rr;,uiil,iili' brisili . iu, : i ei — ai Ia
de uiiS,,I5 cai ti,iulii r;s E3;ii,u lrnrilr,-jr il ilti.lf lurn,uritu :i -ero,uu'a, rola bicha Sri Ir'::', diu :m iriam se à ass p t'nhléuri
afirmando OivO'-. 1' a tr i :-, , itiéir r iente heterodoxos evitam a
quinas ratas rrrdu S na sessão l iria i
Nuno enucuri Ira que pn o pu riba como
drim ''i ulun' d,rm'iiin dos homossexuais i ver
.j/nmimrl E v m 'ilarkr que hOriv ii-. 11)5 de i
iiii'yuil,i 1 H 1 1 i a i;ulrivr;i e lu unia nrnj(;ao cor pninrinidirum auxiliar ira ''lura maior''. Urna
ct,rnloi,i inrr:lrcsrve, (lelrndCu a idéia de se criar
rui_ri riu; iodi- r Afinal, a história humana
.im QilSItrir dum tjaidoxos, porque Fuindamen-

i
uni Drriranirurrmenmno Fr'munirro para se debater ai Ialmncrute os rnrdividumos são refratários 'o d&
prioritária a luta rio Oirolel,inado, a mesa es 'mil riria na isrv'rniljlr'ia, que estava cheia de ri tirnuiconra mia mulher '' Podem ficar Iran- mesticação IQue os confrrmm os'.:--.
tava composta de r'?'s iIIi,i : iI.i lontro os loa s l;rnnib#m ir'vo gente guri se re ttuu il os que mão queremos lutar r.ontra os Qur('rr;ra e Lula, rum vaiado e o outrc i 'iii
quais unia rnuliir'r 1, iar, pri iii '- i i ijuivi,rs,láfio
e um voroarlor A(ir; i mli o rins trabalhos,
houvo 111 , 1 1 r'ur, 'iii, , ' ricio então si
rire rIr/rirIa r;urr v iera p arnr;:ipar, armes de
ri ii- r,iri,i - di' unia reunião de machos
i:ui'rIumr'i'rude se tirita fobia é coma '
homens'', oÍnTiçniolJ ela, sob os aplausos mie
TiO ,i'rsernrfmlnua aliviada A mesa olhava com
iii; m'r;ir ,rri1r;to r.iiiviumdo pela nrrionésirurjv.z
pelos operários no miltrmo Primeiro de Mamal
Convergir, só mesmo em igualdade de coo-
ricões, meus amigos

Uma bicha i 1vl0mO ;apfr','r('tntadr-J na encontro da Cpr;,'i'


rir 'a Socri/,.st.'i, cai São Paujfol
rir sociedade. Aqueles que, cortnanians licas própi.,us não
rias se afasia da luta mais
da todas as r egras, resolvem assumir-se ampla pela relormulação da moral sexual
tsihlicarr'eurte, são atirados à mais aviltante brasileira, se l a helero ou homossexual, por
situação para a própria sobrevivência: a p ros-
atrevida mnrrrrrienrtu em que se discutem aro-
are is questões relativas às Irjtas de-
Ouros ocr pais. nã o é possivel esquecer
tituição. Outros, que conseguem sair dessa
siluiacão espúria, a p enas são admitidos no rol
lodos aqueles que ricneditaor na possibilidade
de uma sociedade mais lusta e democ:rármca.
Os homossexuais, vitimas de um sistema dis-
da sociedade burguesa e capitalrsia como criminatório reacionário e intolerante es-
ruir-IS das minorias discriminadas. Essas
profissionais liberais do supérfluo e da futi- peram da Convergência Socialista a acolhida
Ou .:, ninsnunuacões ocorrem não sA ruo plano uns
lidade: r:aheleíeiros, costureiros, decora-
pede a 'iii :io r nal r;omnn social, moral e sexual. D is.
rrivarlo moral e socialmente, resta ao ho-
dores, alores, etc
(ie sua luta Confiamos em que o socialismo,
que pretendemos sela um sistema equitativo,
aberto e democrático grua tenha o ser humano
irlossexual reprimir seus legit innnjs anseios, A questão do homossexualismo masculino
l;-uzr'mido de sua frustração pessoal e moral ri como peca fundamenlal independente de sua
e lemiriunio salta neste momento cómo ques- sexualidade, traga em seus Fundamentos o
l'roOr.mr'ri de Sua participarão na prndonv-
palavra... ;f_uIr' r' m:rrlc't.r'i, irienit fi;:içlra rir']) ii
Oo fuurrdamenial a ser r econhecida como uma
das lulas democráticas, que tem canrnctenís-
necess ário elemento democrático que pernoita
ir todos as rrru;srnias possibilidades.

Nujuar domingo de punho, durante20


rriiruo irT

quií'Tt('rirsMais
susiuis precisame

O1Mfl1tO publica na TV
1 -

ri--
C.
C4,11-11 vistos r,onr rrsr,ànidalo, com - rapino
acima de ludo, com p ; i
;'nrr.:eutr), embora sejam profunda rui
lo irriponlantes para todos nós".
1° rrdricaçâo sexual nas escol.i;; W,1.1É Ao final, durante mAs minutos. falou
'iifr,-idn'i .rsa, obrigá-la a 'Ii ',ilh rir; -aio'' tacão dos pais, 11% -
imirmi;nr . ,rç t136,3% a Favor; 13,7% conrtrlr, Maria Fernanda, que com murta
C01 , 1 t) pau daciiaoca, 88% - rim i,ill r:le vergonha. A única observação foi verve e total ao t emitir: dado transfor mou
'irtre OS t t uilmS o atual Ministro da Edu-
num la em tudo que for possível;
-::,rcão, Sr E'.uro Rrumrdo), -i de que mais de metade das pessoas pelo a uma oscmentári vdao
30 - um assunto que o apresentador u-.ivudas achou o homossexualismo muito lomada de consciência dos telespecta-
2 0 - r esultados de unia pesquisa do
considerou murro polêmico: a mi tihização da chocante, especialmente o masculino. dores
I q OPE, em nove cidades do País, sobre a pilula anticoncepcional; 70% - a favor,
morai do brasileiro, em guie foram feitas as Evidentemente, não há aqui espaço Após deduzir que estamos evolur-dri.
27% - (;Onitnii, mudaram, porém os per- para discutir as reações dos entrevistados
srrcjumnnles perguntas apesar de ainda haver muita "treva, ig-
centuais quando ri pergunta modificou-se Deve-se lamentar a inexistência de de- norância medo, incompreensão, incultura
a - Onde deve sem discutido o sexo? pana "Qual deve sem a atitude dos pais ao bates dos problemas expostos, mas não e desiriformacão" fr isou q ue "há gente
39% - só em casa; 42% - livremente, desco b rirem que a tulha solteira toma a
'rir casa, na escola e nas ruas; 8% - em
podemos responsabilizar a emissora pela Que, só porque enxergou dez anos na
pilulã?" 9% - os pais devem permanecer ocorrência, a culpa cabe à rigorosíssima frente, foi sacr if icada na fogueira" De-
nenhum lugar,
undifernetes; 29% - concordar com a censura que pesa sobre a rádio e a tele- clamou acreditar que está começando a
b - Você acha que deve haver me- atitude da filha; 45% - não admitir que a visão. haver uma r evolução,uma r e v olução de
lções sexuais antes do casamento? 35% filha tome a pílula:
-- não; 26% - sim; mas só para os
Levando-se em 'conta a democracia mentalidade, e que "isso é bom, porque
4° - uma questão classificada, no relatrvã em que vivemos, creio que a TV- cada pessoa que aprende a viver (:omp
homens, 38% - sim, tanto para os Fantástico, como ainda maus polêmica que 0101)0 merece sem cumprimentada, pois grandeza, a agir com grandeza, a julgar
rrmrrinnns quanto para as mulheres; a anterior: o homossexualismo. Este ponto
u - Que deve fazer a mulher solteira
teve o mérito de salientar, em suas muito com grandeza, é mais uma pessoa que ar;
mereceu menos de dois minutos do medirias ponderações, a rmpomlância do na paro a lista daqueles que oodenn
'ame errgravudri 63% - ter o filho; 31% - programa e praticamente iimrlouse a for- combate aos preconceitos, a tr5nica do melhorar o mundo
a decisão cabe só à gestante; 5% - necer as respostas à pergunta "O que o
provou - ar aborto (na TV "tirar o filho"; programa Assim, o apresentador declarou Estamos aí, Maria Fernanda LAM
brasileiro pensa sobre o homossexualismo, que a pesquisa encomendada provou que PI ÃO pretende contribuir tsra O cnursi
"aborto" - parece - é palavra proibida); tanto do homem como da mulher ? " 25% "a maioria dos brasileiros já está assumin- rT'ennodo lista
ri - Que atitude devem tomar os pais - ruma doença; 18% - produto do de-
'.hm mulher soltaria q ue engravida? 1% - do uma posição equilibrada, cautelosa,
Salmista do mundo ria hoje 19% - culpa realista, a resparto de assuntos que antes João Antônio Mascarenhas
LAMIAO da Esquina
PAgina 9

*-
Centro de Documentação
APPo AD *
i
da parada tia dnvtnsidadr'
Prof. Dr. Luiz Mott GRU PODIGN IDADE
'REPORTAGEM

Uma entrevista que


ninguém ousou publicar
Leyland fala sobre atuação política
AÇis ri.ic. l.' 'Oi€'55iS('-i iVHfHs dos Es-
t.-idos Unidos, seta ,iurna cidade menor como
Eu pene .sr» na monstruosa Nova lorgue,
pode se comprar por Cr$ 15 o exemplar de um
jornalieiho Cray Sunshirie Encontram- se nele
clf'sr/O (?fltrev/s(aS coro artistas e escritores
C(V?heC/dos, poemas, contos, críticas de li-
vros. até n.irr.ii.Oes de viagens, artigos de
analise tooru:a, niateriàl de pesquisa histórica
e mesmo delicados desenhos que muita genro
consideriria pornogrã tiros. Tratar-se-ia de
uni jornal liçerario coniuq i se tudo isso não se
referisse especificamente aos homossexuais.
De fato, pode se notar na capa, em leeas
menores e quase como um sub título: um
otnut de liberacão dos homossexuiis".
Considerado o mais antigo jornal homos
sexual americano em circulacão, o Cray Suo-
shirio corripcou a ser publicado em 7970, com
uma tiragem relarivamenre pequena de oito
mil exemplares Hoje, calcula se que tenha
por volta de 25 mil leitores não apenas
aniericahos. Seu sucesso cresceu à medida
1
que se consolidava o Movimento de Liberac
dos Homossexuais, dentro das lutas em favor
dos Dii oitos Humanos, nos Estados Unidos.

Foi assim que, nos últimos três anos, 4 101%


Gay Sunshine Pross passou a lancair também
hros relacionados com a questão homos-
sexual Tudo de uma maneira ainda modesta
'nas inegavelmente enraizada na realidade
americana. Por isso, mesmo coro edicôes
iniciais de apenas três mil exemplares, a Ga
Sunshine Press tornou se uma das mais bem
.uceçJid,'-,r,ç er#iPOras do movimento de contra-
cii/flir-i no, L.ados Unidos. Por exemplo, seu
guia para a vida sexual e conscientizacão do
homossexual, Men Iovnq men, entrou em
terceira edicão no prazo de um ano. Já tem sequer imaginar o que poderia encontrar. JST - O Gay Sunshine tem publicado Ou não vários amantes ao mesmo tempo Por
puhMcarlas outras obras, como váriàs an- Acredito que meu interesse pela Antologia inúmeras entrevistas GO,?i artistas homos- outro lado, a desiobenia que o homossexual
rolo gsis do poesia americana e umii especIal- advém também do tato de que a literatura íai de si mesmo enquanto ser onirnido leva-o
sexuais. Em geral eles se mostravam recep-
mente de poetas homossexuais mouros da latino-americana é muito insuficientemente a tomar consciência da opressão q ue outros
tivos à idéia de se exporem publicamente
Anda/uzia Medieval. Entre seus próximos wnhecida pelos americanos, por haver pouca como borriossexua,s? tir upos mi nor ri ár i os solnerri No caso ame-
planos, encontra se uma A,ilologia de poesia coisa traduzida nos Estados Unidos - apenas nn.inO , oro r:omparacào com os [legras e
e prosa l;mno-americana, com lançamento alguns nomes mais importantes. LEYLAND - Sim, tèm sido geralmente 1, 'i os homossexuais tL'rn sido oprimidos
previsto para 1978. r'riuito receptivos Comecamos essa série de i/rtr'r.'ei.'oori(e por uma força que ven'i de fura,
Por outro lado, o homossexualismo na entrevistas oro 1974. com Alleri Gmnsberg. O mintas denilre rins não chegaremos a com-
Winsron Leyland, diretor editor da Gay literatura latrno-americana é realmente uma Contactei pnirneiras pessoas que sabia preender ISSO enquanto não crescer o nosso
Sunshuie Press, veio visitar o 8ras' especial 1/erra incógnita para nós americanos. Isso não serem mais receptivas Depois das primeiras grau de ( Orii5:ii"r',I:ii de oprimidos Um exem-
mente pata estabelecer contatos e levantar é de eslranhar, porque no mundo todo a li- publicações, verlos aurores que inicialmente plo rios E sladus Unidos ai rida er;ciinitro
materiala ser incluido ria Antologia. João Sil teratura homossexual é muito pouco co- teriam problemas puseram-se mais à vontade homossexuais que, por serem extremamente
virio T,evisan e Janies La vender estiveram al- nhecida e nos Estados Unidos apenas começa e aceitaram. Os primeiros que procurei loram heni Sucedidos na vida e no tnrtfialfro, dizem:
gumas horas com ele e realizaram a presente a ser divulgada. Só agora estamos publicando Allen Girisberq, Harold Norse, Christopher ''Ah, eu nunca fui ounirnirlo riem riuic live
entrevista, na cidade de São Paulo. Para uma livros de temática homossexual; acaba de lsherwood. Depois, entrevistei também qualquer problema por ser 'enteridirlo' Isso
eventual public-icào, foi contactado primeiro sair, por exemplo, um livro sobre a presença Wiliiam Burrouqhs, John Ri-hy, Tenr'iessee absolutamente não verdade'
o jornal Movimento, seu editorresx,ndeu Que do homossexualismo na literatura americana Wiliams, os composiiores Ned Horem e Lou
a niatóila não interessava, por ser muito to,j- dos últimos cem anos-., além de coleções de Har rison. Mutsuo Takahiishi. Jonalhan
qa, poderia publicar parte dela, mas infeliz- contos homossexuais lançadas nor grandes Williams, Charles Henri Ford, Gore Vidal, o JS 1 A opressão (velada ou não) da so
editoras de Nova lorque. Hoje, acho que exis- poeta nova-iorquino John C,iorrio. elc Aserr- cli 'dade he,'eiosscxuol rnliiif-aS vezes coi um
mente o jornal andava sem espaco Em se-
guida, procurou se a revista Versus; resposta te um inegável interesse sobre literatura de Irevistas de Norse. Gmnisberg e lshenwood me ódio surdo nos homos,';exua,s Você não acha
do editor: 'A entrevista pode crIar problemas qualidade que trate de assuntos homosse- pareceram especialmente importantes porque q,-re esse sentimento poderia evidenciar já
com o Cardeal Arcebispo de São Paulo, com xuais e reflita uma tomada de consciência do eles falaram sobre a integração de sua se- unta primeira tornada de consciência enqoan
o qual estamos colaborando poiricamente; pessoal ay xualidade coni sua criação literária, e os ro ser ripnmido?
além do mais, somos mora/mente contra a Comecei a pensar no projeto dessa An- problemas ai encontrados de que maneira,
matérIa em questão". Por fim, a entrevista enfim, a tomada de consciência de sua ho- LEYLAND - Eu acho que rios meios de con-
tologia quando visitei o México, há três anos. tra - a i '. . ri
acabou chegando iis mãos de um dos editores lrivestiauei ligeiramente o possível in- mossexualidade afetou seu trabalho Acho i tem ocorrido uma
do prnil Beijo, que inicIa/mente manifestou que essas entrevistas têm um sentido muito - . ii tire-, ao sistema Isso lani-
leresse que as pessoas teriam em participar e
interesse em ~ficá id. Três meses depois, positivo porque ajudaram muita gente a se as- 1-ide quarr;. a uma contra cultura
o tipo de material disponivel. Descobri que
entretanto, a matéria foi devolvida com a res- sumir enquanto homossexuais. Por isso, de teor homossexual Nós estamos 'apenas
existia maléna suficiente para lazer um nú-
posta do que não era considerada pnon'rária leram reunidas num livro. Trata-se do projeto reagindo contra a estrutura que nos oprime.
mero especial doGay Sunsiuine e para a An
para ojri:nal Criais ambicioso de nossa editora Eu pessoalmente não lenho raiva dos helenos-
tologia Incluí o Brasil no meu roteiro atual
sexuais Mas dertr" de uma perspectiva de
porque é um pais grande ode tradição literária JST - Você acha que assumir a homosso liberacão, acho que. para obter uma maior
JST - Qual o interesse que os americanos muito rica, além de já ter contatos pessoais xualidade implica em mudanças profundas na
teriam numa antologia como essa que você consciência enquanto homossexual, é melhor
aqui. Eu conhecia um pouco sobre o homos- vida pessoal?
est preparando? Como 1ã tivemos o pre- para um homossexual se relacionar mais com
sexualismo no artigo publicado no Gay Sucr outros homossexuais. Ou sela: a almetada
cedente de Carmem Miranda, existe sempre o shine. LEYLAND - Acho que ocorrem mudanças (:oniscien tização do homossexual certamente
recrio de que isn também acabe passando
JST - E por que não a Argentina e Colôm- mportantes, especialmente na maneira dose não irá acontecer alravés da relação com os
pata os .-imer.'canos a idéia de uma América
L.n,,ia exótica, ao nivel do consumo turístico. bia? E sabido que a Colômbia tem uma vida relacionar com os oulros. A tomada de cons- heterossexuais E, mais lógico que a descober-
homossexual muito intensa. ciência do individuo a respeito de sua se- ta da identidade homossexual ocorra numa
LEYL AND - Eu teria a dizer, antes de mais
lua, que rios Últai, os quatro ou cinco anos o xualidade implica, por exemplo, em relações interação com outros homossexuais. De qual-
LEYLAND - Com relação à Argentina, tenho sexuais mais profundas. Não estou com isso
Gay Surcalinie vem publicando artigos de ri- quer maneira, não deseln lazer uma afirrnacx
a impressão que houve um endurecimento negando a promiscuidade acho q ue os en-
Ice-isso cuItuiil e literário sobre homossexuais ainda mais violento que no Brasil E lá, es- der'nasiadarnerite rigorosa, porque existem
r:ontros sexuais breves e passageiros que heterossexuais que são sfri icos e abertos
ipát
do virias partes do mundo, não apenas da pecificamente contra os homossexuais. A todos nós temos são antes de mais nada Frente aos "entendidos"; com eles, pode-se
Arnerica Latina. Já publicamos, por exemplo, maioria dos militantes da Fronte de Libera ci án saudáveis e basicamente positivos Mas pen- ter uma relação em pé de igualdade. Mas
'olinvistas da laporlês Mutsuo Takahashi e do Homosexual Argentina mudou-se para a Es- so que um crescimento na consciêhcia do acredito, por exemplo, que os negros basi-
fs Jurei Genci, assim como ensaios panha, de medo que meus contatos estão homossexual leva também à exigência de camente só podem chegar a se orgulhar de si
,i)lir(J escritores russos do comeco do século. :*,lera exilados Na Colômbia também não
"\Ii'-nr Jisso, p rihO um interesse pessoal peI relações mais profundas - que não signi- mesmos e aumentar sua auto-identificação
termo contato direto com ninguem, e issc ficam necessariamente a prática da mono-
L.:itirit de modo que pensei recolher dificulta 1remendament o trabalho de pes- quando se relacionam entre si e não através
gamia, pois acho que as pessoas podem ter do um relacionamento com os brancos En-
.11 1 « ,p , lrri'r' ti- exiStente .-iqui Seio
1
quisa
Página lo LAMPIÃO da Esquina

Centro de Documentação
APPADie
da parada da divr'ridadc
Prof. Dr. Luiz Mott
E]
GRU PODIGN IDADE
CRE

'Purismo ideológico é isso:


eles nos olham com descaso"
Claro que isso é verdade não apenas sobre J S T - Como é que foi a relação entre isso
isso não impede que eles rnante- JST - Você acha que rios últimos anos
riham boas relacCies com os brancos que os homossexuais esquerdistas, mas também tudo e sua vida religiosa?
em relação aos heterossexuais Purismo houve mudancas efetivas no comportamento
sejam abertos e simpáticos à sua causa LEYLAND - Um dos motivos pelos quais dos homossexuais americanos,
ideológico é isso: eles olham com descaso gracas á exis-
JST - A verd.ide éque certos hererossexuais deixei o sacerdócio católico foi exatamente
para a gente, dizendo que estamos pudican- tência do Movimento de Liberacão?
- sobretudo entre os que se considerim porque eu teria que continuar reprimindo
politicamente progressistas - não achar'? do apenas literatura e entrevistas, conside- minha sexualidade caso permanecesse padre;
LEYL.AND - Claro As pessoas receberam
flE'cCsS-íno uni movimento especial de li radas cosas menos importantes do que o e eu não queria mais isso Havia também um
trabalho de organização política que eles influências em diversos graus e de diferentes
&'raoo dos homossexuais. Isso não seria JÀ motivo político. Eu achava que não poderia
desenvolvem. Ora, isso simplesmente não § maneiras Algo como a enorme passeata con-
em si urna forma velada de opressão dos exprimir totalmente a minha criatividade e os
tra Anua Bryat, em San Francisco, reunindo
homossexuais? verdade. O que nós estamos fazendo tem meus pontos de vista políticos se perma-
tantos homossexuais de diferentes estilos
LEYLAND - Bem, o que posso dizer é que muita Importáncia Política, se o que conta é necesse dentro dessa estrutura tão rígida e
influenciar a consciência das pessoas provavelmente não teria sido possível sem o
qualquer interesse em desçobrir as rzi5es e a tão neurótica Minha posição teológica na
trabalho desenvolvido pelo Movimento
.,iiurc'a (Ia liheracão homossexual Ou J - Mas é também verdade que a consciên- época não era nada reacionária, pelo con- Homossexual nos últimos seis ou sete anos.
untà, eles se mostram apenas toleran- cia individual em si não frã libertar os homos- trário, bem radical Assim, quando deixei o Você não tem impressão que uma passeata de
tes, de urna maneira parernalista Urr sexuais. Como é que você ligaria então 9 li- sacerdócio, não sofri nenhuma crise con-
20 mil pessoas exerce um tremendo im-
Ire i toiro exemplo disso- existe nos EsladostJnr- teratura, que pode modiíics'r as consciências sequente de sentimento de culpa ou medo ao
pacto sobre aqueles homossexuais que
bis rim velho qrupo de onentacão trots individuais, coro um movimento mais coletivo 'pecado Pana isso, foi muito importantemnieu
contato com teólogos avançados como estão lutando , para se aceitarem?
kisto, o Sociais; WorÁers Party, trata-se de de liberacão
LE'fLAND - Antes de mais nada, uma li- Daniel Barnigan, que participava ativamente Isso transmite uma imagem muito positiva
irp dos poucos grupos ria velha esquerda que Outo exemplo: certa vez quando fui fazer en-
tiini sido sirr'patir:o beração i:oletiva deve começar por-uma li- do movimentocontraa guerra do Vietnã.
ao movimento homos trega do Gay Sunshine a uma loja de material
sexual, no sentido de publicar matéria a res- beração ao nível do indivíduo Vou dar rim JL - Tenho impressão que ele também é
exemplo: em San Francisco eu conheci um "entendido". ponnoqrafir:o em Los Angeles, um rapazinho
peito, mas sua atitude parece-me mais con- que trabalhava ali me disse- "O Gay Sushine
descendente do que motivada por urna per- homossexual socialista muito ativo, brilhante LEYLAND - E, foi o que ouvi dizer.
e inteligente que acabou perdendo o contacto JST - Parece que em geral os homossexuais foi o primeiro tomaI homossexual que eu li an-
ti,i compreenssão, eu diria que é uma ati- tes de me desenrustir" Ache isso muito im-
tude de certo modo oportunrsla - Assim ram- curo sua realidade; de titIo, ele se tornou tão :inlcr,canos não gostam tanto das relações de
purista, de um perito-de-vista político, e tão amor mais prolongadas, preferindo as reta- portante: a primeira coisa que esse rapaz lei
hém, muitos intelectuais heterossexuais nun- for um jornal que continha uma imagem
ca maisteslaram uma total compreensão a intransigente consigo mesmo e com os outros iu5es rpdas e variadas, meramente restrrtas
que lamentavelmente acabou se suicidando ao sexo O que você acha disso? Acredita que positiva do homossexual, e não uma dessas
mutir' O- do puhterna da liberação dos ha- horrorosas revistas de morbidez Bom, isso
rliossexuais, seus motivos e pecessidades; al- Acho que se traia de um caso muito triste de o amor homossexual seja possível?
intransigência politica LEYLAND - Bom, acredito que alguém, tudo não teria sido possível sem o Movimento
guns sim, mas a maioria rro A Nova Esquer- Homossexual, que influenciou até os meios
da americana também tem sido condescen- Mas no caso o homossexual de esquerda suficientemente consciente de suas relações,
acaba por se tornar muito intolerante graças será capaz de conhecer suas próprias neces- de comunicação graças a ele, os homos-
dente com certos homossexuais que preten- '
sexuais têm conseguido diversificar tanto
dem participar do movimento socialista, en- ao seu purismo ideológico Bem, não preten- sidades dentro dessas relações. Assim, tem
do aqui rTitsriosprezar essas pessoas, que são gente que realiza suas necessidades quando suas atividades, escrevendo para jornais,
quanto homossexuais fazendo programas de rádio, criando grupos
J S T - Isso tem acontecido recentemente? sem dúvida corajosas e dedicadas, mas acho vive a dois: Discordo da condenação que cer-
impontanle que tenham uma perspectiva mais la parte da esquerda homossexual lança sobre de estudos e organizando grupos políticos
LEYLAND - Nos últimos três ou Quatro diversos.
anos O problema é que esses homossexuais ampla das coisas Para ser realmente eficaz na as relações monogâmicas. Acho que têm
srx:ialistas acabam se dando conta da atitude ação política, urna pessoa precisa antes de razão em criticar o casal homossexual que es-
lá imitando a monogamia dos heterossexuais JST - Vocês ,zi muitos jornais homos-
aperr.is condescendente da Nova Esquerda e tudo adquirir um certo grau de consciência a
respeito de si mesma e inclusive uma certa - onde existem papéis rigidamente definidos. sexuais nos Estados Unidos?
(iro deixam de colaborar politicamente den:
tro rins grupos existentes. capacidade de tolerância com relação às pes- Mas se duas' pessoas querem viver junias
soas que não têm ponlos de vista exatamente por alguns anos e até' mesmo serem mono- LEYLAND - Incluindo jornalinhos de ci-
li Apesar disso, parece-me que nos Es- (Jades menores, eu creio que existem pro-
tados Unidos ainda existem muitos homos- iquas aos seus. Está claro que não se deve gánuicas se assim o desejarem, eu acho que
abandonar o senso critico. Mas acho que cer- está bem, desde que consigam evitar os es- vavelmente uns duzentos no pais inteiro.
soxuais esquerdistas que continuam atuando
tos esquerdistas, homossexuais ou hetero, tereótipos sexuais e tenham consciência do
dentro de grupos heterossexuais socialistas, JST - Isso é uma q uantidadeenorrne. Quan-
não têm essa capacidade de tolerância, talvez Perigo de cai rem neles
n.r medida que esses grupos reconhecem a nos têm circulacão nacional?
exuai,,ci;, de urna opressão específica contra por serem demasiadamente jovens. Por Outro lado, muitos homossexuais
JST - Concordo que a atua GO política deve preferem mais os encontros e relações pas- LEYLAND - Uma meia dúzia, além de revis-
os hooiossexuais Eles aceitam trabalhar com
tjii5 grupos porque ainda acham que existe
.icomponhar se de um desenvoMmento in- sageiras, ou então preferem manter relações tas de mero passatempo Dentre os grandes
dividual Tem muita gente que se afunda na afetivas com duas ou três pessoas ao mesmo lomnais, o Advocate é o maior e mais co-
urna conexão entre a opressão ao homo,s
mr/c,-ncia poética porque isso os ajuda a se tempo; isso me parece igualmente bom, con- nhecido. Mas na imprensa homossexual
sexua/e Outros tipos de opressão social
dsçancrarem de si mesmos Trata-se de urna tanto que não se torne um padrão tão rígido nanica, apenas dois têm circulação nacional:
LEYLAND - Mas isso é diferente. Eu acho
alienacão ... - quanto a monogamia - ou seja, a promis- o Fag Rag, de Boston, e o Gay Sunshine, de
(uO ir nirrlii) dilk:il a participação dos homos-
sexuiu s enquanto homossexuais dentro de LEYLAND - Eu acho que, às vezes, muitos cuidade levando continuamente de pessoa a San Francisco, ambos de caráter político-
'tipos políticos discriminatórios. Uma coisa é esquerditas fazem política como se partkipas- pessoa sem nunca sair disso E bom, de vez .cultural.
trabalhar politicamente como indivíduo, outra sem de um religião. E -criam uma separação em quando. opor resistência à promiscuidade. ,JST - Como são, nos Estados Unidos, as
coisa e trabalhar como parte de um grupo. Na entre a política e a vida real, quando me JST - Você acha que existem alternativas relações entre o Movimento Homossexual e
parece fundamental haver integração entre para os casais homossexuais, de Jal modo que outros movimentos de minoria, sem esquecer
minha opinião, trancamenre, é contra-
prrxiucenre e urna perda de tempo os homos- ambas. Quero deixar claro que, não obstante possam se relacionar sem copiar modelos do Movimento Feminista, claro
essas criticas, eu me julgo basicamente um heterossexuais? LEYLAND - As relações existem mais
sexuais trabalharem politicamente dentro de
c lru r us heterossexuais, enquanto indivíduos homem de esquerda, tanto nas idéias políticas LEYLAND - Eu acho que viver a dois é mais Freqüentemente ao nível das idéias Muitos
quanto na prática E entretanto, veja; recebo Fácil para nós "entendidos" do que pana os homossexuais receberam e aprenderam
homossexuais Acho que é muito mais neces-
sário que os homossexuais se organizem a Si cartas de gente do pais inteiro me contando outros. Mesmo o casal homossexual mo- muito com o Movimento Feminista. Mas não
como ojornial é Importante para eles; mas pos- nogâmico no sentido mais tradicional pode se houve trabalho direto nem com as lésbicas,
mesmos enquanto grupo e assim colaborem
so dizer que muitos homossexuais esquerdis- separar mais facilmente do que um casal pois os grupos femininos e masculinos em
com grupos socialistas heterossexuais
tas de San Francisco me dão pouquíssima ou heterossexual, que tem filhos e se encontra geral trahlbam separados, dentro do Mo-
Mas eu acredito que tenho também cri- nenhuma força, pois mais ou menos ignoramo aprisionado por pressões familiares Por isso, vimento Homossexual americano
ticas a lazer a certas atitudes dos próprios prnal parece-me que é mais fácil para os homos- JST - Ainda existem homossexuais tra-
homossexuais de esquerda Tanto eu San sexuais manterem diferentes tipos de rela- balhando conjuntamente com os negros con-
Etaricis:o quanto em outras partes dos Es- JST - Gostaria de perguntar-lhe algo mais ções, e começarem relações novas quando forme aconteceu alguns anos atrás, no caso
tados Unidos - guardadas as diferenças - pessoal, se isso não o molesta, - como é que sentirem que as velhas ligações não estão dos B/ack Pari rhet' em OaÁland?
eu acho que eles são muitas 'vezes dema- você assumiu sua homossexualidade? Foi um funcionando mais O importante é que, em LEYLANDO - Sim, no sentido ao qual aludi
siadamente puristas, de um ponto de vista processo difícil? Que problemas você enccst- qualquer coisa que fizer, a gente satisfaça as anteriormente -grupos de entendidos to-
político Por exemplo, mostram-se hostis ou flor,? necessidades pessoais. Se não estamos satis- marido parte em movimentos de frente am-
urdifererites ao Gay Sunshrne porque acham
fazendo as próprias necessidades, não creio pla, visando solidariedade entre os vários
que não somos tão políticos quanto eles gos- que nossa ação possa ser realmente verda-
LEYLAND - Na verdade, só fui assumir movimentos de minorias Mas os grupos
tariam e que não estamos publicando tanto minha homossexualidade relativamente tarde deira. homossexuais envolvidos em atividades
material Político quanto eles desejariam. Eu Isso vale também em relação aos casos de
Isso porque passei minha juventude no se- políticas são relativamente pequenos, se
:hd que parte dessa gente está simplesmen- amor, onde é necessário tentar afastar- se dos
minário, onde me encontrava envolvido uni- compararmos com o número de homosse-
te alienada da realidade americana. Gostaria padrões neuróticos de relacionamento. E bom
camente em estudos escolásticos Tenho ho- xuais americanos. De qualquer maneira, urna
que eles me explicassem o que significa ser ser promíscuo, mas ainda ai deve-se evitar os
te 37 anos Apesar de anteriormente já estar grande quantidade deles participa em demos-
politicamente puro Ou correto, receio que
consciente de ser -um homossexual, só depois modelos neuróticos de comportamento. É tracões especiais, por exemplo contra Anta
ideologicamente puro'' sel a , para eles, todo fácil demais a gente ir de cama em cama. Tal-
aquele que seguir exatamente js linha política dos 27 anos Fui me sentir inteiramente à von- Bryant ou em protesto pelo assassinato de
tade com minha homossexualidade Na época vez seta bom fazer isso durante um tempo, um entendido nas ruas de San Francisco.
deli-'s Eu não concordo com os hemos - mas não me parece bom que a gente atraves-
em que resolvi assumir esse fato, comei JST - Quais suas impressões sobre as
xuais socialistas que tornam tal atitude. Além se décadas e chegue aos cinquenta anos
do mais, acredito que muitos deles não têm também a lutar contra a guerra do Vietnã, in- atividades de libertação do homossexual no
do participar ativamente nas demonstrações fazendo apenas isso. Para alguém que chega Brasil?
nenhum conhecimento da literatura homos- do interior e tenha vivido uma vida muito
de protesto Minha consciência política tinha LEYLAND -- Meu conhecimento é denyia-
sexual, Estão apenas interessados em política reprimida, talvez seja muito saudável ser siadamente insutuciente. Mas acho que aqui
amadurecido Em 19169, ouvi falar dos
relativa ao homossexual, sem qualquer con- promíscuo por alguns anos, para ajudar a se
grupos de,liberacão dos homossexuais que rio Brasil, como em qualquer outra parte do
tacto coma criação homossexual Nes sen- desinibir e abrir-se sexualmente Mas fazer
estavam se formando, e me interesse de mundo, é importante que os homossexuais
tido, são esnobes e elitistas. E chegam mes- disso um estilo de vida, permanecendo
imediato pelas idéias que então tomeçavam a passem a aceitar plenamente sua sexualidade
mo a se dizer parte de um pequeno grupo, de unicamente nesse padrão de relacionamento
circular. Era ainda o inicio do Movimento como uma coisa natural Enquanto não se
uma vanguarda Para mim, chegar a esse sem chegar a uma proposta mais produtiva,
ponto significa irlrrr;irs€' aio pbuc:o desu- Homossexual nos Estados Unidos Por essa chegar a isso,, eles não poderão lutar ver-
época, eu já era consciente e abertamente pode significar um enorme desgaste de ener- dader,-imente pelos seus direitos nem fazer
mano!
homossexual gia e tornar-se uma situação auto-destrutiva suas exigências, -
LAMPIÃO da Esquina Página 11

Centro de D
APPAD
i ur
da parada da diversidade
Dr. Luiz Motit GRUPODIGNIDADE

Li

(TENDÊNCIA -

o disco
tini di.ç( o
1cm m• i,i ! We i da/de cima, leii o
1 ./,•i',' '
,,
:lnlqCIl()
paca
•-", lucios das poderosas mu/t,n..ec,onais que
disco — cem larecado no Brasü
Pois é Seiis olhos estão vendo exatamente O
que' viram. um bando de seis latagões, em
pose tipic'a de macho paca, componentes do
operam na indústria cio disco, une dos setores
você sabia? - que mais can'aliza lucros,
legais e ilegais, via contrabando de matrizes,
~1k " "DDIE
rM^^-,0o :ãààme
superfaturamento, etc., dos poises latino 1
eOnjeinrc) de som de discoteca Viflage People.
americanos para os bolsos estufados das mul-
E, pela segunda ve',, seus olhos não menti -
tinacionais Qur'to mercado consumidor de
iam, pois o título do L P - e de sua principal discos do mundo, o Brasil não tem qualquer
musica - é mesmo, com todos os emes e
Lei que defenda a sua produção musical,
coes, Macho Mao, face/mente traduzível por riquíssima.
Homem Macho, Até aí tudo bem - ou tudo
Seria cômico, se não fosse triste, ver a
mal, na verdade, p osto que a chamada
virilidade ser usada para o lucro safado. E
apelação para o lancarteento e vendagem de
tudo porque alguns, em seu imobilismo
discos 1.-) chegou ao ridículo de usar o machis- m . echista, ainda não entenderam que os ex-
mc como atrativo ou aproach de consumo, ploradores somos todos nós, homos e he-
como dizem os executivos da indústria do dis- tetos, homens e mulheres, pretos e brancos
co norte americano Por este lado, pior para que concordem, consciente ou inconscien-
os que se pensam machões, que vêem a sua
temente, em fazer o jogo do poder, em deixar
P rincipal lo ,3 opinião lá delest virtude, o as coisas como estão. mulheres na cozinha,
machismo reduzido a mero apelo comercial bichas tendo de esconder sua condição sexual
- o que também nos poderia conduzirá con-
para sobreviver, os Homens Machos "coman-
clusão de que a virilidade, nos EL/A, deve an- dando" o mundo, na tragicômica condição do
dar super-desvalorizada. Outro ponto dis-
dominado que pensa dominar. Pode ser até
cutível é da macheza desses auto-nomeados que eu esteja exagerando, a propósito do sim-
varões musicais Tudo que é Muito ostensivo ples lançamento de um disquinho vagabun-
e anuncredojil não da para desconfiar? dérrimo. Mas não tenha dúvida, em tinhas
Mas - agora vem o X da história - e a
gerais é mais ou menos isso a/mesmo.
música do Vi//age Peopte? Anunciado pela Ah, sim: fisi'cameni'e os bofes do conjure-
gravadora RC'A Vector como a "soma do som
linho até que silo bem passáve;s, principal
das componentes étnicas da população mas- mente, pelas fotos, o "cauhoi" Rndy Jones,
culina dos Estados Unidos" por ter "um o "operário" David (Scasrl Hodo, o negro
cauboi, dois negros, um índio e um malandro Vector Mil/is e o "índio" Fe/ipe Rosa que, pelo
urbano" entre os seus componentes, o grupo
nome, deve ser POrto-riquenho.' Mas para a
não passa, na verdade, de mais um sub-
pleno aproveitamento de suas qualidades, o
arranjo chinfrem do tal som de discoteca que melhor lugar seria a cama. No disco, cruzes!
e tu. e/tricote, noa aviltada capacidade
Que o bom senso nos livre e guarde do som
iii' c,'c, Eitr' ,'.cji7? /Ombrar só sirvo
/'corrc
dc tais machos.
Antônio Chrsóstomo

o filme
Fora do esquema
1,) i i'icma brasileiro está passando por um
tTlOirlOntQ eufórico urre frisson de nove cii-
,Jean-Caude Bernardet (jJ cito l,iri.iiIci í'SlOS 4 ilriii' ';'iu Sim
qeiissimo Conquista de mercado, conquista
de público e nacionalismo sustentam ideo- l'''' ' ifluiritii logados num OU outro cinema, ml
logicamente essa euforia, que sacrifica tudo o a lonca conhecimento, o filme atunda e se
s
que não possa contribuir de imediato à onda 'r i si um fraca so de q ue os exibidores não
do i:,epitnlismo cir e emaeogrãfico. Em nome da eii,iis ouvir talar, DORAMUNDO, de
selvagem euforia do capitalismo crimes estão Batista de Andrade 1 prõrriio de Melhor
sendo cometidos no niiJis solene Siléncio de rio último Festival de Gramado) foi
todos nós E preciso silenciar qualquer coisa ciado e tirado do Rian Rio de Jaricirol, no
que possa perlubar a euforia meio cia semana, sem que r c inqutem perceba a
Aos olhos da autoria capitalist&, constitui i'i'trada icem a Sidd LADRÕES DE CINEMA
crime fator filmes que foi laricado () no Rio sem publicidade Mes-
- não estrilam voltados para o lucro fi- mo querido o filme obtém certa repercussão,
nanceiro i rriedi,ito, a distribuidora o deixa afundar: MAR DE
não inteqram censura e auto-censura ROSAS, de Ana Carolir-ia, ficou inespera-
teci processo de Fraball-ro; - damente cinco semanas no Rio, mas não é
- não respeitam o tempo habitual de l,eric,eclo em São Palito Nem GORDOS E
Ijrnrlurr) r;irleniatoqrãfir o uma hora e meia; MAGROS de Mico Carneiro, E não é ver-
- não respeitam a linguagem narrativa dado que, se restes filmes fossem devidamente
do' 'cries 40 mais ou menos; trabalhados, não eticouitrorram seu público
— não contam uma h iStória e discutem cem cidades que tírm públicos tão diversifi-
idéias ou exteriori,arri sentimentos "idas como São Paulo e Rio, rio minimo.
não agradam ideológica e eSteticameri 1 ADRÕES DE CINEMA, em exibições es-
CC a 1 1 direita, ou à rnitc'lectualiclade progres tr » 'i,ns realizadas em São Paulo e Belo Ho
sistil iiii'ierte, cbieve a melhor acolhida por parte
Esses crimes são punidos de diversas for- de cicie pi'ihlico estudantil.
i nas'
-- os filmes são censurados na sua lo- Pelas suas idéias,
t,ilid,ide IRACEMA e GITIRANA, de Jorge Pelas suas posições estéticas
Rieilare'.ky ir Onia,'rdo Secina, O MONSTRO Pelo relacionamento que mantém c:orn o
cARAIBA, de .ti'iho Br p sne, ASSUNTINA receio profissional e burocracia estatal
DAS AMRlCAS e CRÔNICA DE UM IN. ' - ' •,.,. '-.r,. •
"-' ,-« Cirioas',is como Paulo Cesar Saraceni,
F.)US fAIAL, de Luit Roiemherg, s ã o inter-
l-c"r',innrlo Core Campos, Júlio Bressarie, Luiz
dil,ieliis E OIrO mulos outros, Renato Riiiirmherg e muilos outios, e entre eles
n atos dei cmnsura que atingem tais til-
Coutinho em Glauher Rocha, são rejeitados Não é que
cnn 1 ici sen',ihili,sern riem o meio profissional
irc'iri,etuqr,'itii:o riem a irriprerrsa, pois não há — Crônica de selam rejeitados apenas pela censura o'u
cc 'ti ii . fa,'r-rr coe-ri fili'icy s que não se enquadram um Industrial", pelos exihidores São rejeitados por um com
plexo Sistema que, além da censura, da
''ei is'rihiineit categoria aproveitável A ';uave de Rosemberg , r;omercializacão, da burocracia estatal, inclui
i1iol rste5 i:i r iCdStli5 ao realitar 50i.is til'
mci .. ' i 'ão sabiam q;:e seus filmes seriam cornponenies politicos, idoolàgi(;os, esl-
ti' iil).(fi)S Eretàri, por que fizeram? Oe que es
CINEMA, de Fernando Corri Cariicios, liirh.'j rim 1 lrrrnr que não agrada à Embrafilme, riem à iicas Esses cineastas não são i leis ao milagre
duas horas e trinta minutos na soa ve'são i'i,i rr',i r ,ir i rCinio nem à igreja renovada, nem r'iriematográfico brasileiro e são sacrificados
• .'i) SIC qLe'ixarii ri? O que não impede go-
definitiva Para comercialitacão, fui coniado aos progressistas, quer dizer um filme inútil), corri boa lustitrcativa seu sacrifício é neces-
ira l)MMiric. , a rrer -tosa favor da liberdade
em i:e,ri:a de quarenta e cinco minutos, o que está sonido iimeacado de levar um corte de sámio ao bom andamento do cinema brasileiro,
'ifst'stiutrir,:i: a trine. F isto, pelo vistO, rrào comi a de cinquenia minutos lcaso já não uma marca que atualmente vende bem. massó
'.1 'i'lir. pIn is /cNCHIETA JOSE
i , 1 -.'a,- i t r'uíicc rir
'rrrha sido corlado) para ser comercializado E vPnde os filmes que se dobram às suas im-
DO RRAS , ou Pau!i; Cear Saracen mais ludo bem, nnquém rir deixar de dormir por tosrcões
Página 12
LAMPIÃO da Esquina

*
Centro de Documentação
APPAD3k
as'iu'i.iç5o paranaense
da parada da divcridacIe
Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE
TENDÊNCIAS

a exposição . . . . . .111.1

/ O esq
A chamada arte erótica teve o seu apogeu trechos cio depo monto que Arlindo Daibert
no Brasil no inicio desta década, praticada deu para LAMPIÃO.
principalmente por um grupo que parecia ter "Havia uma certa crueldade ria minha dis-
mais necessidade de estar no divã do psi- secacão metódica da dor, Eram cães dego-
canalista do que diante de instrumentos lados que fareavam a comida, cobras queen -
criativos de trabalho Obsessiva, narcisista, goliam lagartos. Eu oscilava entre o animal
autocomplacente ela refocilava na doença de solitário e ferido e entre as duplas que se en-
seus autores, sem jamais tentar a ultrapas- Iredevoravam, num eterno logo de cian e
saqero capaz de transformá-la numa manites• vitima Mas de repente apareceu uma foto de
tacão inteligivel e delinidora de uma situação família, do açougue de meu avô. Numa carta
humana Nada da ação libertária de um Niki de Paris, um artista amigo perguntava se
de Saint Phalle, por exemplo. Apenas um vôo meus mutilados não seriam de certa forma
raso, constrangedor, que a critica paternalis- colocações políticas, símbolos de todas as
ta, autoritária e reacionária elevou media- nossas impossibilidades Esse comentário
tamente à categoria de arte. ficou rodando na minha cabeca até o apa-
Mas não demorou muito para que, dentro recimento da foto. Foi então que percebi que
desse panorama desolador, surgissem as ex- realmente tudo era o "Açougue Brasil", com
cecões. Conheco duas ou três, mas sei que minha mãe luo à caixa registradora, meu tio
deve haver mais por esse Brasil afora (sem fazendo as entregas e meu avô, patriarca de
falar de "pioneiros", como Darcy Penteado, origem alemã, amando os filhos de uma
de quem p ode se não concordar com o en maneira meio violenta, e como "coadjuvan
toque "grego", aplaudindo lhe rio entanto a te", um negro, empregado do estahele:imen-
imensa coragem, ou como o excepcional to
gravador José Lima, ambos o contrário da "Comecei a trabalhar a partir da foto Um
obsessão doenlial Uma das exceções é o dia, visitando o Museu Mariano Procôpio, dei
desenhista de Juiz de Fora, Minas Gerais, de cara com o "Esquartejamento de Tiraden-
Arlardo Daihert, que está expondo em São tes", de Pedro Américo Era o que faltava
í',iulc ira Gui?, ia Fritreartes 1A1 Joaquim
1 uq'iiiu de Lima. 14091 Convoco os leitores
do LAMPIÃO para uma visita a essa mostra
;>ara completar a síntece subjetivo/objetivo.
Paralelamente. desenvolvi uma série de es
Bananas Maurício S. Dominugues, que estréia nesse
ou,rnero como mais um do bando de LAM
PIÃO i vide as fotos de Leonie Dale, e tem-
talos que apelidei de "Estudos Noturnos" hr,m a entrevista: Maurício não resistiu e
Com ri titulo geral de "Acouque Brasil", a
exposicão é na verdade o .solnido itinerário de
uro espirito sensível pelos meandros do in
São retratos onde nunca se define a fisio-
nomia do retratado Alguma coisa balançando
entre a múmia e o feto O último módulo da
party f(:i perguntas). Da exposição é 'esse
liagrante de embanacão ai em cima: é do
corisr.,enite atr a i:omprc'ensão e a ace'tacào exposição é uma série de desenhos eróticos nosso Mauricio Outra exposição que nós
Foi rio dia 21 agora. no Museu de Arte curtimos muito, mas em São Paulo, éa de
tinis da viria cru seus incontáveis ângulos São pequenas revelacôes, detalhes de corpos
Urrando as iór'nicas de lápis sobre papel, Moderna, e a gente espera que se repita Dimitni Ribeiro, carioca, prêmio na última
que se abraçam, enroscam, pernas, pêlos sempre; unia badalação, uni happening Bienal na Aliança Francesa, à Rua Silva
rotuaretri, nanquim e pequenas colagens. Netas surge a possibilidade de vida, gratifi- organizado pelo fotógrafo e prouuror ISn- Jardim, ele ex põe seus objetos e desenhos
Ailiiido di uni ShOW de precisão e perícia. cação, prazer. O detalhe que tem criado dreas Raah e denominado For'ofansia. que dedicados aos orixás. Orixás, diga-se de
sem nrirrci c,lir no rebuscado O artista tem 26 celeuma é que as figuras são masculinas reuniu lotos fouquérnimas de artistas passagem, q ue 1á foram todos mobilizados
anos, riras (' um desenhista com domínio Junto do meu lado escuro, congelado, sur
total do merié As obras expostas cobrem o conhecidos. Davi Zungg, Antônio Guer- por Adão Acosti ,- na iurvrerjc r LAM.
qnrrn as possibilidades afetivas, amorosas, tal- reiro, Luis Trípoli e, principalmente, PIÃO/ Saravà,
;ierindii df' rli,iio de 77 a jurilio de 78, A ironia, vi:! iii! uma nova ótica
a intRa. ir busca ria entidade e finalmente a
possihilrrmniie de prazer seriam as chaves para
um riu'' t'i ,'I,isr:àr) Trrins.'ri'vn a 54111011 Francisco Bittencourt

Polivro
Histórias escandalosas r,J,r te' ;iiirrrria sofrirjientos maiores. Nem
indo ii encontrei por por caridade, as ingênuas epígrafes), são "Negras raízes":
iii, sr'ia,, ni,i,n tinha ouvido falar de tu,: 'nrholariu todos os sentidos." 10s grifos "Muro de silêncio - , pelo que tem de apui
ft, '.,ili'iróes", de Gasparirio Damata, tan- são rTietiS,niaturalrflerltel. sonada autobiografia; "0 inimigo comurn",
e,iifir pela Paltas, do Rio, em 75 ou 76 Icons- 'Além de que não se entende, está mal que inaugura no volume a transcendência
tino as rlu,is datas nas lolhas de rosto). Eis, rio rediqida a última frase do parágrafo, o per- paratiterária do humor, se erguendo do co bastante podadas
'iit,irntfl, tiro livro para obter sucesso de es- manente repeteco é de quem não sabe muito mum e meio míope hieralismo geral; "A des
i .ài ' i.f,iirr e vr'rida Não funcionou a distri- bem o que vai grafando e precisa insistir para torra", pela pintura lusta do homossexual
1iiu "i a? Os livreiros, rececirido a censura, se dar certeza Embora habitual nos jornalistas coroa endinheirado através do dentista Fer- Um leitor de LAMPIÃO, bom tradutor do
pe'ii'ru 'ia não exibir o livro que usa com que biisc:am dar tamanho à matéria lo o autor reira; e sobretudo "O voluntário'', com este inglês, deu-se ao trabalho de confrontar o
naiwalidade tortas 'is palavras dum mero tido deve ter adquirido o vício em seus tempos de leocádio que é uma criacão, lá são o autor e texto original de Roots (edição de bolso da
conio escabroso, o homossexual ? Silenciaram colaborador de jornais e revistasl, fica aquém no entanto realissumo, contaminando de vida
os i : nus 'rir aristas para são serem julgados a rio revel literário , que exige mais 000sicência t,irnibérn os personagens secundários como Dell Publishinq Co., EL/A), com a tradução
i ir do tema ? Seta pelo que for, espero que o do meio expressivo e portanto mais concisão Vaidorniro, Henrique e Ivo, e chegando para o português, lancada no Brasil pela dis-
vi ilrirni,, ainda que clandesturamerite, venda Um c:opdesk competente decerto abateria àquele final sem desenlace e pungente de tribuidora Record sob o título de Negras
la 'iii í' '.i turnos que o autor merece, pois seu eni um terço o número de páginas do volume, amarga exatidão Raízes, e que está vendendo adoidado. Pas
uni , ,ili'nnr cio pornográfico, é muito iruteres- á ,iprovertarido para corrigir erros de por- Verdade que ate no melhor, ri c, MO. Constatou as seguintes supressões (as
sitio' Constitui tini panorama fidedigno lo triqirês iii,icç'itãvss e suprimir uma dúzia de - Voluntário - , ainda falta, além do meneio páginas referidas são sempre as do livro
homossexualismo carioca de rua e ás vezes Irases bobas, impossíveis e no entanto pos- nado copdesk, mais seqüência narrativa. Há americano). páginas 51 a 55, um capitulo,
ti rui mostro vulnr Ii teriri iv sOeis rio primeiro ialo dos melhores escri- huracos, como a conquista de Ivo que r página 78, nove últimas linhas, página 137,
Monos corno estilo, é verdade, mas corno tores, si) q ue em seguida eles notam e cor- apenas dita, não narrada, não revivida, herr duas linhas, páginas 132 a 137, mais de um
ni:irraceu sincera A forma de Damata es- um Só no Rio, onde mora o autor, há de- como o seu desinteresse depôis. Igualmente a capitulo; páginas 295 a 297, parte de um
i'nirvr't é demasiado direta, despreparada e zunas de revisores capacitados a limpar o livro reforma do sargento e a vida em comum são capítulo, páginas 310 a 318, dois capitulas;
c:iim o vir ci de dizer duas vezes cada coisa. dessas lacras, o que lhe daria outra autoridade apenas referidas Valdomuro, cuja safadeza páginas 356 a 359, um capitulo; página 370,
Vi'j,r se, entre Outros, este primeiro parágrafõ e lorca de impacto Para uma segunda ed prometo tanto novelescamente, logo é es- parte Páginas 371, 372 e 373, partes; páginas
cli páiinia 179' "Mas agora que sua hora cão, há que procurar e achar esse revisor por- quecido E mais; mas, se a narrativa como tal 379, 390, 381, 383, 434. 435, 436, 437, 444,
chegara, que a coisa seria para já, não temia que "Os solteirões" existe. Ninguém diria que peca, possui calor, cenas, páginas ex- 453, 482 e 483, parágrafos inteiros. O mesmo
mais a morte, não tinha medo nenhum de Damata, praticamente sem nada publicar des- celentes. O Leocàdio se sente viver, não se com re/acão ás páginas 512, 530, 531, o que
morrer Nem de morrer sofrendo dores de 51, quando estreou com uma tentativa de esquece, e isso é um triunfo, creio que o dá um total, somando-se o número de linhas
Hmn,nrr Não morria como sempre desejou romance "Queda em ascensão", tinha um maior do livro, embora haja outros menores. Ido texto em inglês), de 82 páginas não
correr, tomo rrurp(e fez absoluta questão de livro, um verdadeiro livro na barriga. E essa Mas bastaria esse para "Os solteirões" in- ,'raduzidas, ou se/á. 14% do total. Atencão,
morrer, é verdade. Mas morria sem sentir dor, coisa tão rara ai está teressar agora e no futuro como algo real- compradores de Negras Raízes; exi7arn da
o que i'i,i essencial, e sem precisar se valor de Os contos que prefiro, embora não se ta o mente vivo. livraria o desconto respectivo, já que o livro,
ninrqre'ir'i l:i ter uma morre suave, doce, que caso de cortar nenhum dos Outros apenas, Paulo Hecker Filho em português, está incompleto. Como Roots
conta a saga dos negros norte-americanos,
serra o caso de perguntar' tais supressões
Mais gente fina escreve contos leram obra do tradutor ou da editora? O que
as motivo'» A/puro tipo de censura? Ou
Mi' ii ti Alui' ria, inor;a, 26 anos, Aqoru os dois surqern iJ'OOS, Mrcu .:OrTi (lo ar'). e escrevem pra valer, a gente
[his Faardo da ,.urrrrsrca, 30 anos, apenas filia de coris ide racão para com o leitor
Fios v Navios e Elias com C.zbeca recomenda. Quem estiver interessado no
mineiro, são os dois novos tancarnentos Quebrada, num livro que eles consideram livro é só mandar o pedido para a nossa que o. tu- i '.1 ' '(1,'. -ilríssfrnna pelo /,vr? i)
das Edições Preto no Branco, responsável, "hermafrodita", dois num só Gente muito Caixa Postal que a gente passa pra eles e
ano psado, pela edição udigrudi de fina, os dois fazem parte de um nanico ,Márcia e Elias providenciam pelo
Cacos, lvrii quir' reunia 13 jorralistaS n:ui!o 1 qcido a LAM PIÃO. o F/aqromr' reembolso.
LAMPIÃO da Esquina Página 13

**

APPAD
Centro de Documentação

E]

Prof. Dr. Luiz Mott.


ie GRUPODIGNIDADE
da liarui(fi da (livr'r'.idad('

CARTM
L NA MESAJ
R -- P ode deixar, Ze Alcides, que é com a

^F*1NA
ia ÇM2112 N'A
Abrindo as sete chaves
1 -, , - gente mesmo. E se não publicamos o trecho de
sua carta sobre Rogéria. não foi por censura, mas
L w, por falta de espaço. De qualquer modo, vamos
citar um trecho que nos parece a síntese do seu
pensamento: ''Uni homem fantasiado de mulher.
endo a revista ostentando tini comportamento alienado e sexis-
Visão tomei co- cura é ditei-tida, é jocoso, coisa e tal — mas na AMPIÃO veio na hora certa. ta. hão representa nenhum perigo para os códigos
L nhecimento do seu lançamento para casa do vizinho ou em certos programas de TV. L estávamos afundando em maté- de honra do maeho. Urna criatura destas ( ,,. ) é
este mês e, passando por uma lanchonete Nunca dentro da família de cada um. Vamos ria de jornalismo homossexual e isto seria, somente st produto da decadência da cultura
local, encontrei dois rapazes com o número zero, manter a coisa dentro de um limite de seriedade. claro, urna insuficiência na nossa capacidade de ocidental. que sobrevive à base de coisas efêmeras
que não crPnsegui. ficando apenas com ama debatendo, informando, conscien tizando, mas as lutar por algo de bom em prol de nossa afir-
leitura rápida nos títulos. Em rodo o caso, entrei e onde prima. sobretudo, a falta de sensibilidade
fresca uvas ficam para o carnaval. maçáo. e a ignorância sexual''
em contato tom o meu pai ai no Rio que se prvn- Tínhamos o Mundo Gay, que acabou se per-
uficou em me conseguir uma assinatura, já que Nora-se por enquanto uma ausência da parte dendo em sua própria fragilidade. O Entender
ainda não vi nenhum exemplar nas bancas daqui. feminina, mas com calma se chega lá; afinal o
primeiro passo já foi dado e duvido que alguém
também se crucificou entre tantos "roteiros" e
mau caratisrno (os travestis invadiram todas as
.-h4$i11(111 t(J,rr,'
Mas o que eu queria dizer e que esse jota ai parece
ter chegado em boa hora. Nós aqui no Brasil ain-
da viiemos num subdesenvolvimento FDP em
com uma mentalidade aberta, seja de que sexo
for, terá restrições na leirurie inforrmaçdo que o
páginas e "sujaram" a barra), O boletim Ems
animou um pouco pela diferença sobre os demais. se (-1II(I1(I(-'tfl
Lampião pode prestar. No entanto, se bem entendi a explicação do Sr. uunqpss da gav-gang 1,annptào;
todos os .5u' pl tidos. desde o culru ri ate o sexual. Dantas no depoimento dado no número zero d e s- urre'
1 , si,' abril jese-s-e, Com
Aqui no Sul os preconceitos são grandes. te jornal. foi obrigado a deixar de existir pela falta ,'li'. o ' •,,,,;, I(, Irr,rm:ossc-.s-ual ',.s egie,r,jru i'e)c'ês
Com relação ao problema das minorias se- -
sejam eles de cor (este meu estado não date muito de entendimento com os ditos "represenLates" do Es turnos tu,J pleno' mês das noivas'
soais enrdo, o agravamento é maior, pois, além para o .4!abarna(, credo ou sexo, mas o diabo é colunismo homossexual do Rio de Janeiro.
dos tabus, há uma dose extra de ignorcincia. O
(prsl,- ') t' cá espi'rt, cri. ainda _ e já n,n;iuc'ie,n L'
que tudo não possa de uma fachada hipócrita de OSr, Dantas. desculpe-me ele, implicou num - pi'lrt ri!' l cio nosso jornal, do qual, num
homossexualismo, p.ex., anda sempre de braçvs veras coisas. erro irilperdoável. Apesar de sua aparente boa
dados com o grotesco. Ou coso contrário é esco n -
nss'nseiito de bravoinstito, ousei lazer unia as-
souitade, bastante elogiável na consciência firme e sinatura. Devo mandar rezar a missa póstuma,
dido a sele chaves, embora sempre tenha alguém .1 mentalidade daqui n ão admite meio termo e clara que tens sobre nossas necessidades, foi hcis-
fazendo as copias de uma por ama dessas chaves, em memória dos meus suatios 160cruzeiros, nu
a coisa se complica no apagar das luzes, onde os car apoio junto de uma cansada de homossexuais ain da posso eu li i t ti r a remota espe rança de re-
o que torna a vida intolerác'el para quem teima Papéis se itt ''riem com freqüência mas nenhuma bastante entorpecida pela bichice e não poderia, ceber. durante uru ano, o L/sclPl.-'sO ''a Ia car
emfic-ar "em cima do muro'. das partes quer admitir. Fica aquele espanto de como estava pretendendo. encontrar ajuda. A ie'' . l.S t ri illriite ti
quem viu um 1)isco Voador mas logo tem alguém turma do existi lo Gente Gay e do consórcio social l is igin o todas as dificuldades q si e vctcés pos.
&ostei muito do numero um e estou afazer para tranqüilizar e dizer que foi só um baldo Lttle Darling & liraninho não passa de unia sam estar passando, até conseguir colocar o jornal
um pedido: um dos leitores solicitou um aumento meu'orológicvu. Lógico! camarrilha machista que só consegue se iiiipcit ''tio ibliii, da rua''. Mas será que nós os confiantes
de frescura e uma seção de Receira.s de Prazer, anratés do r diculo, da vulgaridade e cio beuiiful C cnéstinsis LsSriiamiiL-s t,sie #i'rt'i 55,1,, 'a a sOtia?)
segundo disse ele, "para inventar modos de como Voltando ~jornal, como sugestão gostaria de people indigesto do Sr, Anuir Farah e Cia lida teu,, si i,'s,',uir,s jl,'iors,, ssettt/ujçár-.` 1 'is mvi s,'rfe:a
fazer melhor a coisa ' Por. fasor. gente boa, nada ler mais ensaios e reportagens como aquela da E iticrixcI csinio um grupo deste se
prostituição ,nczsctrljna na (ïnelândia, Aloska e auno#duiiiin,s c,'se mio o' rr,Jta til' falta tu' m Ps,Jt,'r,,Jt para serem
disso! Sem frescura, pois ai cai de novo no ri- piotleirtn ria imprensa guei brasileira
/ ' te/ti,, 5(,(, '/1, pi Ir, o, cri ris, j a i'urn/'r,-s e,'i ,ns,slia
d'uIo e não leva a nada. Além disso, já está na São João. Vamos em frente. Pode ser que com o LAMPIÃO correspondeu em cheio (pel o - J sssrse a s ecãrs d' ('arl,J., - Seria p us nisto
hora de tomar uma conscientizaçã,, maiorsobre a tempo as coisas mudem, não para os precon- Nio ficou provado sies 1 e ii me r,, de d is--nieros lsjúil ' sss'és ,larvuj ri m - a/o - Uri menos pura
coisa e tentar entender a própria posição e a ceituosos e fanáticos mas justamente para o pes- trihuiçào gratuita) às necessidade intelectuais sim:5 'r si' i jurou! n'ia goa rir, será vi mnadn ? Bcsj
posição da sociedade com relação ao faro. Fres- soai guei. deste grupo que a hichórla chama de mariconas, 'lii'
Carlos .Schorr ou sc i a de ''''''''
1, . q ue St'niLl\ nofliens
U.i&5

POrO) llei,'re normais e rsss rclae-,s,nanl,,s corri» seres liii


Isva:u» scisi ic'cc-,.:,:_il,- deni-i. ' is iRk 5
41//tU
iicsti,tni.lsl,»s de ,irit'rtiis ,le entorno e tiques li/ri nT,f,l! <já!, 1'',, á.áá/ (4i i f,',i///fi'flf' ei,-,,, e, ri
ridículos (tão caraetcr[siicos à nocividade quc u frumeri. si', ir fit tItt-1(1 tu' 4 110 r,'p-r,' , ,,
"triângulo da badalação — está sensacional (en-
Nós: "herÓis quanto a li tive a impressão de estar ''vendo" e
t,"ouvindo' ' 1. mas te,rht, urnis ressalva a fu:er a.,
represenrada pela bicha de classe média, incaptuz
de se i rrnpur como ecu ic - co liso pessoa), Esperv
pá rs/t - mi, 'ir? <sei, ri nu /i'pr, ir rm, .» - - Li, ri, G,',n,'
irs/flrr
ii ç, 'co, - qtii , ,,i.i tr tu as/sois' luis/ir, '5 ir, 1 </ ir a is ir, a
que os números sceulilics encham nsrss ,' s olhos e á li IIP/-l() cliii
frti,5l use num,' cio 'ri, ri
,,,allr.'res estão prati,-u,n eu te alijadas do L-4 .44- ciirt,çi»'es de coisas bois. de realidade. viii
e 44araL11o" P140. Esta é a grande falha do., jornais gueis.
Ora, /,,já,t as, vou a,'aljur s-irt-aheçan do um
Gente, você', têm espaço e credibilidade
suficientes para oferecer aos cariocas, paulislas e
liS (5 p j,',s rum cru el -rir,. 1'i tsr cios i/rirt)sau ááJs/rii,
ja 11r, cl,' <(l,tI U til/ i a, /1 li ueni-ns ti til sii 'á ir' um,,
--
ii qu ali tia,),' flui, oe rpr,-u'n,/, -- ,; a que
irijo-me a este )c'rri.Il ,iIII i - r,nento L' lii nda,rdo o joriiul ­ .Maria Búniiu
com o a todos ris brasileiros, textos e reportagens que r'r l'sp,'ri,s's l)i'.Ci ri o ,áumn 'Irei' eito /'Oiáui/m, rei'
D intuito de trazer-lhes um mi- ts'ra qtit' cO,' entre nós. já são vihpendiudas, exi.s- digam a nossa realidade, que studcm is desmas- q
gui'i ii ào si' sri t,'rs'.i tu <ri /xsr píli ppea, e siso.
istmo do enorme sucesso que está sendo a sua o' Li tal disi-nntinuçsjo '1, cujo .slogan será: carar o machismo impregnado em todas as coisas cpu'
Pe
n sa cm r rido s' % I , sn ti'rc'55,, Po r t isil,,,
criação. Digo isto de coração. porque o interesse i'den ruo ,,ào curtia ''. Fica lançado o desafio. Ou desta sociedade sexisla. Mas, por favor. no se 1'. ( IS! 1R(uH
que Lenho notado na multido guei acerca deste nós entramos Pra jogada, ou ' '11,-faria Bonita '' e,,- deixem envolver pelo emaranhado de teias e pelo So p ii jo
arauto de urna legião proscrita é digno de ser trará em cena pura apagar ofogti de L4,44PIÃ0. brilho de paetês e miçangas das bichas inoperan-
transmitido, para que. senão iodos. pelo menos tes que estão (involtsnta ria mente. clar(i) a serviço R. -- Ora, Nica, por quem sois! Então vocé
alguns. t is mais inteligentes, compartilhem deste
,,eh, que a gcni te i a fugir com o clinhr'mr,u das is-
A nexo estou enviando um pluma que escrevi cia Sociedade de Proteção ao Machismo, que si ni,sitsr,ss? 0 riisnier,, uro itrasti ti liii? pouco ()láF-
Prazer imenso. Ë para mim Lima alegria con- quando minha cigarra J1i embora. Se for publi- também manipula o travesti, esboço bizarro da que liii preciso dar sim ssslircniornie ao jtmrtial iDa
tagianre poder dizer para ninhos . atrasés das cado p1 r vocês, jiodetn crer que desisto da ''Maria escras ti domestica e tio objeto sexual que ainda é 1 Sf05 Ir,, - '1. ,'ar-ís seis ar prishó- moas ds' firi qmrim'tiade
páginas deste jornal, que ele tem sido adquirido Boneja . Mas Planta tias marises bonitas, é claro' a mulher.
s,,tln,strial iu,sa i,' ,,r i' proráir 1555 r's,iirui
nas bancas e lido pelos prisilciados assinantes
-' si','se,s shi P. ( 'si urmursjrc, /i 'i/o ,s,r'rrssra,ri 'ias
com a ânsiaó de quem enconlr,uu o remédio que rui José Alcides Ferreira
sais á-lo ap s ter sido desenganado pelo médico. A Rose .Ç. e nt!,, 'rirmn/ári-, mnt/u',mnr/, a .t a,, imms/r.sei4i/ ,7st

todos o meu aviso de leitor exigente: divulguem Rio I


se ro -ma is qui 1,5,55 / m ,'rrn is hera empa, á/mui,4 pra
Rio
este Iieriii, porque ele é ti único com estas carac- 'li,,
teristicas. At'a,rte, L,4,%fPlÃO' Aqui estou, aplaudindo
de pé os fundadores deste jornal, pelo brilhante
António Cabrai Filho proprseto de vlct'ar, impor nu/na sociedade a que
Rio. teu, direito, a pnaras-rlhe,scj classe, guei. Não SOU
R. Ufa. Cabral, vocé nos deixou encabulados. homossexual, lua,, pião por preconceito nu cen-
Heroismo mesmo foi jogar LAMPIÃO nas bancas serra, apenas por urna questão de preferência
apenas com a cara e a coragem. Mas cartas como
a sua servem para nos mostrar que valeu a pena:
si'.s-uul: porém deixo claro que o rapaz guei é a
mm Iru predileção. Depois de uma série de la-
Por uma imprensa independente
estamos aí. riadiss tipos de relacionamentos humanos, chego
á conclusão de meu entrosamento maior com pos'
soas guess, devido à exrstéprc-ia de uma sensibi-
lidade bem ofi ciá aguçada, que mais me completa
DE FAlO IPtS(DIUUIt!4
Caria de
e me pri'i'flcht'.

Pr tudo isto, aproveito a oportunidade pura


REPOIITER EM TEMPO
UELI1L1
deixar de p ú blico meu agradecimento aos gueis

"Marias Bonitas"
corri aliem convivo, /irtes carregadores de gran-
des emoç'.es e compreensões de s'ida, mentali-
iir. amanhi

Q
C m rol,,,
M 1 1 1 V1 1 é
lunpio.wvs:
urna
quem
semi-jornalista.
-ti rsan tio is 2' ouro de Comunicação. Sou
/,',rora ,o',da de todos , j .% jtir,rais da imprensa
lhes
dades abertas, urejaclas, francas e evoluídas, que
por alguns instantes se quebram, se grilam e se
eu cucam, mas verdadeiros estivadores. carregau -
Coojornal É ,,=
,
neitou Graças a Deus que vocês apareceram.
tio o peso de toda a fragilidade que da sensibi- LAMPIAO BRASIL MULHER
Ut 1' qitt' a criesa sai dar 'urro.
iou,lusl,' dc ler o o amem zero, m as obtive ex-
,vl,ntus snIrtrn,aç,je!, de gente entendida (no as-
t5?JtO 4' liaS , • fltU5 l. -
Nãej tive lJpor-
lidade adiem: adora veis amigos, que tanto me or'
galho cor poder ré-los. Por tudo, obrigada
arrugrss, e prúfrerrie.
Uagaço TPARALH'C'
UAI
é o seguinte ti jornal está muito bem
e 51 lo a ris,, teil 1 ,i Cli rvsósiomo sobre o
Jan e de tal
Copacabana
wrsus MMMENM

Página 14
LAMPIÃO da Esquina

** Centro de Documentação
o

APPAD
da
i( t
parada da diversidade
Prof. Dr. Luiz Mott GRU PODIGN IDADE
CA RTAS . .I í. E muilo louvável a edição experirnen F?
LEIA A(;0RA:
Com o iÇ.00 de gente do si '
NA MESA] .il . numero zero, do jornal LAMPIÃO por
diversos motivos Primeiro porque finalmente i;
•- Ç)(i( , u p;;j 1 fiorfe . v, r'.
' j '
. •rrt í. r-
irge em meio às excassas publicações des-
Se você é definido como um lixo
rinadas a um público homossexual, um jornal
1%'Iais penas Ie o Traia como ele realmente deve ser
lado como seres humanos Segundo por-
Como sair nos compêndios de História, ou nas
teorias dos intelectuais da moda, leia

de pavão
' 1 Jf traz a colaboração direta de pessoas do
ii.iipe de Dari;y Penteado, João Silvério
1 rrrv i san (excelente reportagem sobre o não
das esquinas estes livros. Seus autores têm algo a
lhe dizer.
!•.i)os excelente Celso Cúri). Francisco Bit- e cJro Antonio ( '' vsstor1G di r
c
II 1 - 1: r. - C muichete As reIcõr e det -
i. 1 11COurt, Clóvis Marques, Adão Acosta. João
_": - -1 C_

seção de canas. quando dizem ctiie o lornal Antônio Mascarenhas, Gasparino


Da
mata, reportagem - OS caubois, su-
titulo de sua reportage
precisa de mais humor. de mais frescura Todos querem ser felizes no Triãnqiik
Franklin Jorge (bela e úrua a sua Anfropo-
Reatmone. LAMPIÃO ainda está muito si- da badalação'' - fiquei empolgado, poqt ø- Os solteirões
e tantos outros
sudoPrecisa do mais graça De mais pena de Sei que é difícil o caminho escolhido por conta própria, e sem nenhuma preteri
pavão. Acho que não é difícil conseguir bons se tomai Mas também sei e sinto o quan- vinha eu estudando, pesquisando, especiti
colaboradores com charqes. cartuns Que tal fundamental uma publicação séria no do até este assunto O motivo desta carri
uma hislorii3ta (ou tira mensal com algum para dizer da minha decepção ao ler o te' i Guspurino Damata
género Pois atina os homossexuas assim
f)erSOnaq(nl bem denTrO do estilo do ornaI? como todo mundo sentem a necessidade de assunto não caberia de forma alguma, pol-i
Sabe. ow da. lendo a Homem. depare com conversar abertamente. de ver-se retratado sua complexidade e prolurididade, num,
uma escelenTe histõria desenho, ritmo visual, nos livros que lê, na pintura que vê, na música reportagem, mas sim, numa série de nrngo.
cores, iOrtC, tudo do Bispo tPatrlcsol. (h1 ouve e etcétera Ê preciso lutar pelos sen- quais se procurasse mostrar não só o
Também a diagrirnacão. o visual do jornal menos humanos E ielar por eles. 'çt0 moral do prohlerna, mas oferecer
ainda não si' impôs A evisão esta capengan- todos, indistintamente, um ervtoque hurn'i ,-% meta
Gostei muito dos arTigos, e sempre
do aqui e ali Acho Também que as matérias apreciei o tema que é Tratado no ornei, pois sem a piedade aviltante que às veies .
ainda estão muito frias mesmo em se Iratan deixou transparecer. mas com compreci i
a necessidade da liberação das coisas
do de um ornaf mensal Ou tal o tomai mao- Soube aqui em São Paulo que o LAMPIÃO num estudo mais meticuloso de cada . i
ter uma coluna de indicação dt. jornais estava Tendo problemas coro as assinaturas, procurando sempre as razões do comli-
e outras publicações que's Ouari d s pessoas algumas pessoas não davam o verdadeiro lamento daquelas pessoas.
estão inleiessadas em ler livrOS sobre o as- Acho que você pecou quando acusi ro
nome, ele... Como pode ser isso Eu não
Sunto mas não sabem como achá los? Essa segundo parágrafo- "este meio quase sem Darcy Penteado
acredito. Um indivíduo, homossexual ou não,
seria uma boa medida Bom, essas são ai- pre divulgado no que tem de mais superficial e
rrao pode deixar de assumir uma situação tão
gomas observações sobre o jornal e não evidente" Meu querido, foi exatamente o
normal e viva como é a siruacão .. '. 'omos-
precisa dizer que tenho a melhor intenção ao que você fez E você nem soube dissimular
sexual Acho que seu jornal deve continuar
dizer isto. né Por enquanto é só Um abração um profundo desprezoporestesadolescentes,
firme na reta Uma coa senti a taa de ar-
esucesso classi fica rido- os de ­ reles meninos de pro
ligos de homossexualidade feminina. Por 'I' eT. laflIeflto de •J('btiata.
S,irirfr,i M;n, C de Albuquerque que? gramas, michesinhos, etc. ", e apresentan-
Carnpuia Grande - Paraih-i do como motivo da "fluidez das fronteiras do
Rogério o Nccache
R - Saridra sua colaboração não chegou " pressão social' ' Bastante precipitado to;
são Piu/o
a Tempo de entrar neste n° 2, fica para o n° 3 O seu uIgamen1o. julgamento sim, pois foi o deixado a
Gostei mensamente do 1 do LAMPIÃO.
Ma, resolvemos publicar sua carta. pelo Não sei dizer do que mais gostei, mas não me que você fez, e não uma reportagem iseta n de
monos para lhe dar uma explicação Achamos agradou o artigo escrito para mulher O que o paixões pessoais
Ótimas suas ohservacôes. e vamos levar em Darcy Penteado escreveu eu absorvo muito. Esperava que LAMPIÃO, ao invés de r , i
conta todas elas O jornal precisa se tornar Para mim, é como se eu lá o conhecesse, mas tjar o que na vitrina lá se encontra à di-i João Silvério Trevisan
menos sisiido. sim, mas lutamos, pelo menos ele abusou do direito de elogiar Sei Concordo SiC3O de todos os olhos, fosse most rar o ci 1 r,,

até aqui, com o problema do espaço Só com John dos Passos, quando afirma: lado da questão. Aquele que está escondido.
quando pintarem os anunciantes é que p0- "Evolução é .o processo de precipitar o dentro de cada "vítima Qu algoz" Ainda mais
detemos aumentar o número de páginas e amanhã" E o que LAMPIÃO está fazendo que se reconhece em alguns trechos de sua
l qar mais com ilustrações Quanto à his- Parabéns e aquele abraço. reportagem que você conhece o assunto mais
Tofiela, está sendo boiada. e breve será lan- -r G O C profuncin-ienre. Por exemplo, quariciu você Repit hli(-a do'. 2I''ij,1ut.
Lida cri ]r ii1 ''" .111, ' A,,irl,- ,' r, e ' (1 iI1I ''3 .,q. :.
RS
1 FCVi i'li' 1 -, ,.- ,i 1,1 i) ik' .i, R - Esperamos que dê ;i suH op,rr,a Sobre ir' 1 envelnecer ios homossexuais;.
.. próximos fl,';r?ar'ros l;f71bém L isso mesmo , quajido você fala dos desajustes familiares de ( ) e ri me afilie, (Ia fe E a
,iieremOs precp(ar o amanhã Nade de que todos aqueles adolescentes são vílinr is
.- '.-icesso lento e gradu/, pois d longo prazo Custo a crer desconheça você que a ti
Ecos do ciPii) aqueles meniros na verdade buscam
, .' ksnósesHrornosmoflos
proteção paterna que lhes foi negada, por isso Aguinaldo Silva
Conqratulacões pelo ri 1 do LAMPIÃO
numero - zero mitos procuram os mais idosos, e usam a
(;oslei de ver o jornal e taco votos de que ob-
1 AMPIÁO Esta lenha grande êxito prostituição, por maus absurdo que pareça,
W'nston Le yland, editor do Gay Sunshinê como pretexto Ou muitas vezes para fugirem
R L San Francisco, EUA da responsabilidade que precocemente lhes
Teresina - P,.n, FeIrr.rtacàes LAMPIÃO foi imposta de cuidarem de si próprios, E. ao
serem tratados como objetos por seus clientes Pedras de (alitji
Grupo Universitário de Teatro do Amazonas
Nio deixem o' macacos silenciarem LAM M-e"rijs AM se revoltam, esquecidos de que se assim são
PIÃO Doira vez i P - Avisem a todos que ainda tratados é por assim se apresentarem. Mas
seguimos distribuir em Manaus Assim, no como exigir de uma criança que entenda es () I)%t) fl)IJlIlIaIH(I1)
Sandr-i Mana C de A/luque rqu p ,'nronnr,n to nosso jrrrnalsô pode o se, lido por sas coisas Por outro lado, os clientes, lei
C.e'ripinj GT-IOde - Paraíba -Iss,nanres, nessa cid.de milhados por acharem que só compruride
Fila ai, Lampião 1 Acabei de ler o númeno Foi com grande alegria q ue recebi LAM lerão carinho, se desforram, negando a
um e dou nniiius parabéns e apoio. A revolta P1A0 Está impecável , vivo, elegante e de adolescente um tratamento à sua dignidade Caio Fernando Abreu
j icli\iijtjal e irrt.orsiepiente com a existência nrvel intelectual apreciável A começar pela ai a criança que procurava proteção ve
capa e a terminar pelo conto Aniversário, foi transformando no lobo feroz.
de e x p l orados, oprimidos e opressores é sem-
pre melhor extravasada quando os que estão agradável ter LAMPIÃO para ler estes dias, Poderia continuar a tecer ainda uma cor cor
i ornir'i:;im a discutir seus pro- mesmo sendo época de provas. Quero ressal- cã de co n siderações a respeito., Mas (; cci
lar especialmente aquele conto, que me carta pretende apenas sugerir que LAMPIÃO Faça seu pedido: Caixa Postal
hli'nras » - - li 'ii a orlini/ar Para poder
Pareceu estupendo estude este problema com mais carinho, 4 ou 41.031 Santa Teresa Rio de Janeiro
senisemi na Iiit 1 contra aqueles que impe
mais profundidade, assessorado ate, ti-.
a in l ustic a, a ignorância e a alienação á AC -- RJ
Salvador - Bahia quem sabe, por um psicanalista, para puh ir
rurladu- em que vivemos Faço votos que
depois uma série de artigos em que se dê iim,i
lAMPIÃO P ­ 1.3 po r muito tempo uma luz Recebi, finalmente, o LAMPIÃO -. ar-
nova visão, aos que passam pelo triângulo da
imite' muitas que estão surqirido neste País! chore, pelo visto, capaz de iluminar os becos hadalacão, 6 problema Acredito mesmos
,Jijd Roberto ToresdeM y,inda e as vielas do meio e do preconceito que en- qume n'les artigos, lidas pelos " clientes e
Rio volvo, deturpa e violenta a minoria guei Dor.
mii liie' -- possam ajuda los a sairem das ne
File .i lo, o lindo do ftmnel A luz do nal está no PO fl tO Vamos em frente
q
E AMPIÁÍ, ,icii- finalmente o caminho ctue nos
lui-,ir,i .1 li? ''-'1 ii S i ',', 1 ,-,l.i r';I mais,
f j
C'.iM,rc;r. -
LaércioM.S.
Rio
Nota: o futebol
- —.-' é sempre o mesmo
1
Desejo receber uma assinatura anual de P p li, ti liii que se Ouve mias ruas, e por
Faça de
LAMPIÃO da Esquina ao preço de Cr$ 180 causa de algumas cartas chegadas à re-
dacão lnão dá pra publicar todas), ficou
mais ou menos claro que os leitores de
LAMPIÃO LAMPIÃO, em pleno clima da infelizmene
1 Nome
Perdida Copa do Mundo, esperavam ler,
nesta educão, uma reportagem por nós
da Esquina 1 Endereço ,iriimnciada os segredos do futebol. Acon-
roce que a matéria, ainda na fase de
ipuracauo. revelou-se muito forte E de-
o seu jornal. 1 CEP Cidade pois quando tratamos de redigi-ia, ficou
Estado
fiem claro que não poderíamos publicá-la
em entrar num clima de ertregacão que

- sme agora Envie cheque ou vale postal para a Esquina - Editora o nosso Assim, ficam os leitores
de Livros, Jornais e Revistas Ltda. - Caixa Postal etrados, mas nós mantemos a nosso
nesSe inicial respeitar os direitos de
L 41031 - Santa Teresa - Rio de Janeiro-RJ, CEP 20000 uerni a ei, , untinuar enrustdc

LAMPIÃO da Esquina Página 15

- - - - •. - . ... - . -.4 - ,,.. - , -1 . -


•. '4..

**

Centro de Documentação

APPAD *
Prof. Dr. Luiz Mott
as'n('iaçâo paranmurn'e
ulmi parada da dir'ridmidc' GRUPODIGNIDADE

(LIT ÉAZ ATU R A,L

- 4 1 (.} (Jj

ser 14!flÇft(U) 1
O'" i?rr() f)PI(1 ' 1 1
fl'U!

1 iii i si vi de on - 5:1510 eafc8 azul camisa vir'rr i uit O a cam-

10,11 painha da porta tocou corri latindo o Cara


pela praia havia uma porção de gente dor- abriu a porta entrou Suave meio acabrunhado
rnirrdo homens mulheres o sol queimando as abaulo barbada ri mesma mão quente me
fantasias coloridas sujas rasgadas aos poucos ai:aie iou a cabeça as costas fiquei tão feliz
foram chegando carros gente mais gente
barulho hat ucada cantoria pelas mesas do bar
Nautilus quando pensei que se ia repetir tudo
o que acontecera na noite anterior na Praça
XV o Cara resolveu tudo diferente
Papo com por mnrm e pelo Cara corri pela casa toda mordi
a cauda do Malhado os dois sentidos bem
perto l unio à efetrola o Cara bota uma música
Suave sorriu
- sempre me lembro daqui quando es-
- minha familia está em Porto Velo va-
mos para lá
com uma tremenda cara de sono o Pro-
visório trouxe o carro embarcamos São
Miquel Tijucas Santa Luzia Porto Belo uma
porção de homens mulheres crianças beijando
abraçando o Cara me fazendo festas todos
LadY Agonia cuto isto
-- VOLt parar de beber uns tempos me-
lhorar mi nha fachada tratar da saijde
tomaram café Suave quis ver o carro
alisou o capõ voltaram para a sala eu sempre
ItriS rios dois contente com a volta mas
mi ri- 1- iri ele não ia ficar
falando juntos sem parar numa confusão d o s li rodeio hoje
dvihos o carnaval devia ser também isso oss -rio foi isso
poucos foram saindo na grande varanda ir
solarada com o lindo e perigoso mar ai - '.-tlr)u uma porcão em carro roubado
azucrinando os ouvidos com as ameaças do guriele dirigiu a policia pegou os
água movediça ficaram com o Cara apenas ria cabeceira da ponte quando o carro
Srr

uma Senhora de cabelos brancos um homem quicou o Pavão negou se aa judá l ei pre-
-
Grisalho com charuto na boca uma moça loira --asa nrdeniiar os prrrjuizos com uma batida
de lenço azul na cabeça lodos muito preo- o outro deu o Cara ficou de adiantar não
cupados Lenço Azul falou come ficou só sei que Suave se despediu
tu estás te matando ti- mim do Cara foi embora permanecendo a
- não há mais nada a fazer - iii -qrra na casa de tarde veio o Doutor falou
o Grisalho estava inste - Ir ti sini es trai ii me mito Porto Belo dois dias
- tenho muito orgulho de tua inteiiqéiiLcu 1 rios estava mudo mudado voltou Suave o
Lenço Azul recriminava lira deu ordens pana Provisório veio o carro
- magro dentesuehra1os roupa fiorri vel -rrji,rrimos Suave e eu no banco de trás os
- não tenho mais n enhum irili-resse ria - riiii)s dois na frente parada no supermercado
vida - i),iiIjr Os compras lamania frutas arroz feijão
ora(,lrrão Irrrqirii:a r:;irn'_ c'rjumes verduras
-tur:es leite ':rlil pr nbirqarra nada de álcool
o Cara dizia a Senhora apenas oihava mais 'ir 155.1 duramír iratt a vagou r bOi jacta a uma
1, ^, ii , que redor. dIrá .nte a aluci'cão dc uastnba na tr1aasda muito simpática
:arn.waf for-se ter -aricin se apagando naquela Suáve Inru uma pfac:a ------ -- -
vsraiida quente ninguém mais lalava cabeça isrrr°i rli Dsti - -
baixa mão no nariz lenço nos olhos mágoa
niãgoo tão grande que achei melhor fugir dali ii r rum 1' para o Cara com
nem que fosse para me jogarem nas águas - i ijianude outro para Suave co Provisório eu
salgadas do mar fugir daquela atmosfera o --ilia de entrada com minha ainrofado que
r

sombria quatro pessoas tão amadas umas das traziam sempre podendo passear pelo jardim
outras reduzidas à profunda dor causada prIr hera menor que os páteos de Bom Abrigo
Cara por seu abandono a si mesmo aniquilar rinde silêncio irutçrmronipido apenas pela rara
do seus valores a zero se auto -destru indo fugi passagem de carros na estrada o Cara es-
para a sombra do carro onde o Provisório dor - rc . vCnrçlo na saleta os dois na praia depois se
mia veio o Cara entramos de volta a Bom rezaram na cozinha abrindo latas fazendo
Abrigo ninguém dizendo nada durante toda a ro/ leitão macarrão carne moida saladas o
u' iaqerr nem mrlsri.a só o chiado das rodas na C,-ira lriuha horror de lavar a louca os dois fim-
estrada o mar à esquerda muito verde à drri1a riVim mu do de norte vinham para minha sala
-rr;avam um quadrado luminoso homens
as elevacõos escuro as árvores correndo co
arfo rt q automóvel ruas casas o páteo ci i rrrjlheres falando cantando eu dormia com
o i rrS,r i-:irrr-b o ou aquele som gostoso de manhã o Cara soma
roirligo para a maldita praia visitar a Senhora
te cabelos brancos
- ir- r•i- ir irrito li- rrrrvrr Airrii - o pessoal está indo todo embora gosto
tiro tor tu o junte rião f, só agonie de todos mas é melhor quando não tem nin
rini a qenle p ode verem paz o crepúsculo
que a gente talvez seja muito mais os Outros
do que a gente não temos o direito de fazer os 1. • - rio de Parto Belo
Outros sofrer uma vez que lhe fornecemos
uma imagem de amor que não devemos des-
•' ó. . dava com voz pousada macia como se
curto ou falindo para ela mesma depois
truir sem m as nem menos mesmo que a geri
te não tenha amor pelos Outros quando des-
• 1- iv i triste lembrava 'minha mãe' "meu
um - todos os que tinham morrido eu ficava
cobrimos o amor deles por nós temos que res
peifar nos realizarmos um pouco n esse amor
If-- • c-si:oridida debaixo da mesa da varanda com
rnerio do mar a Senhora falando no tempo em
desinteressado a gente nunca está só porque
sempre existe em qualquer lugar alguém peri- ••. • :
•4u
que escrevia para jornais revistas tinha um
Programa de rádio ria estação de ltalai sau-
sanilo em nós se preocupando esperando '1 dades do passado pegava um caderno usado
líriO qrafle coisa ou pelo menos uma noticia
rf 4._ Ira lia coisas bonitas contando de amor pás-
de ipie nada nos perturba temos a consciência - . 'I. • —,aros, passando flores mas esse tempo durou
oirri'jii;ia eslamos pacientemente esperando
rlOi)tiieCzi o milagre do trabalho da criação
Ir liasl i fiç,acão de nossa existência sendo ülil
• pouco porque o Provisório precisava resolver
uns problemas disse que voltava dali a dois
dias não volmou o Cara também precisava vol-
i outros cotucando a o moliqência dos tar ri Bom Abrigo entàofoi descoberto que
anho que ainda posso ser ii ou pe o Provisório não pretendia voltar mesmo
murros bem menos egoisma roubou cheques do Cara falsificou passou
arlinle o Cara conseguiu recuperar ficou
mais uma vez senti calada aquela água sal- rrrrj rio decepcionado com o abuso
(1 ida rriolharrcio meu pelo entrando em minha não se pode confiar em ninguém
iva a o corpo do Cara estremecendo levantou
si! enitrnii para o quarto deixou-me na sala Eu feliz da vida com a fuga de Provisório o
login de motorista seria ocupado por Suave
ord'r tudo claro calmo só o ruido de louça agora barbeado limpo cheiroso com a cara
11,1 o,iiiha tive o pressentimento de alguma
i r ;cisf o' macão um acontecimento importante dah^ MM mais triste que da outra vez reclamando sem-
pira ai ri r il í r dia o telefone toca o Cara atende
- esta vida é urna merda não dá nada cer-
timido itirqo perto dei - está enxugando os
o- rias COSI as da ri ão brincou sorni
ni)r:i)migo
sirlti- ri íjrt rindo
ir Aqraa ele vai votl Harry Laus
- - - - - o- saio i:fiiroü ou-i

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Prof. Dr. Luiz Mott
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