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Radioproteção – 2001

APO-NP-007

FUNDAMENTOS DE RADIOPROTEÇÃO
Controle da Contaminação

Programa Específico de Treinamento


Proteção Radiológica

Conceitos Gerais

Preparado por
Matias Puga Sanches

Serviço de Radioproteção - SRP


Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares
Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN/SP
CONTROLE DA CONTAMINAÇÃO
Engo Matias Puga Sanches

OBJETIVOS
 Identificar a diferença entre contaminação fixa e removível
 Identificar os componentes do programa de monitoração
 Estabelecer os princípios básicos de controle
 Estabelecer o propósito e uso da roupa de proteção

INTRODUÇÃO
O controle da contaminação é provavelmente uma das tarefas mais difíceis
encontradas pelo TRP. Para obter um programa de controle da contaminação eficiente, o
grupo de radioproteção deve possuir previsão, iniciativa e experiência considerável.

TIPOS DE CONTAMINAÇÃO
A contaminação é definida como a presença de material radioativo em um local
indesejado, por exemplo, em pessoas ou em áreas de trabalho. São possíveis dois tipos
de contaminação, a fixa e a removível. A contaminação fixa é a presença de material
radioativo em uma superfície que não é transferido facilmente por contato normal para
as pessoas ou outros equipamentos. A contaminação removível é a presença de material
radioativo em uma superfície que pode ser transferida facilmente para outros locais por
contato normal.

AVALIAÇÃO DOS RISCOS DA CONTAMINAÇÃO


De modo a obter uma informação radiológica necessária para o controle da
contaminação, existem várias componentes no programa de monitoração radiológica
que devem ser consideradas, estas são:
 Monitoração constante
 Monitoração das áreas e equipamentos
 Monitoração individual externa
 Dosimetria individual interna

MONITORAÇÃO CONSTANTE
Existem vários tipos de instrumentos para a realização da monitoração constante
em vários locais na instalação para alertar o pessoal sobre a presença da radiação e os
riscos da contaminação. Alguns instrumentos encontram-se permanentemente
instalados, e outros são portáteis podendo ser movimentados de um local para outro.

 MONITORAÇÃO CONTÍNUA DO AR (MCA)


Estes instrumentos amostram continuamente o ar para detectar a presença de
material radioativo em locais específicos. O ar amostrado passa através de um filtro que
é monitorado por um detector. O MCA pode apresentar tanto sinais visuais ou audíveis
da presença de contaminação no ar.

 SISTEMA DE MONITORAÇÃO DE PROCESSO


O sistema de monitoração de processo monitora certas operações para alertar os
operadores quanto a uma condição anormal que pode levar a uma liberação excessiva
de quantidades de material radioativo.

EQUIPAMENTO DE MONITORAÇÃO DE ÁREA


Os equipamentos de monitoração de área são localizados em pontos
estratégicos para monitorar fontes de radiação e contaminação e detectar alterações
potenciais nas condições radiológicas. Monitorações antes do inicio de um trabalho em
áreas radiológicas permitem que a avaliação dos riscos seja observada e desta maneira
podem ser determinadas as limitações e meios de segurança física necessários.

 INSTRUMENTOS DE MONITORAÇÃO DIRETA


Vários tipos de instrumentos de monitoração portátil são usados para medir a
presença de contaminação radioativa sobre um piso ou superfície. É um método muito
empregado para determinar contaminação fixa. Geralmente a monitoração direta deve
ser associada com a monitoração indireta, esfregaço, para determinar se existe
contaminação removível no local.

 MONITORAÇÃO POR ESFREGAÇO


Um disco de material absorvedor é esfregado numa área de 100 cm 2 e contado
em um instrumento para determinar a atividade de nuclídeos presentes. Os níveis de
contaminação são especificados em unidade de dpm/ 100 cm 2 após a aplicação de
fatores de correção no instrumento. Para objetos menores que 100 cm 2, as unidades são
relacionadas em dpm/área do objeto.

MONITORAÇÃO INDIVIDUAL EXTERNA


A monitoração é realizada pelo próprio indivíduo usando instrumentos de
bancada. A monitoração geralmente é realizada em uma área possível de contaminação
em um ponto de controle.

 MONITORES INDIVIDUAIS
Instrumentos portáteis, monitores de revista por varredura, com detectores
sensíveis presos pelas mãos são usados pelo pessoal para identificar contaminação em
si mesmo sempre que suspeita-se que tenha sido contaminado. Estes monitores são
usados sempre que saírem de áreas contaminadas, áreas sujeitas a controle radiológico,
e em alguns casos em áreas controladas radiologicamente. Detectores geiger-müller
(GM) são usados mais freqüentemente para monitoração da radiação beta-gama e
detectores cintiladores para monitoração da radiação alfa.

 MONITORES PARA CONTAMINAÇÃO PESSOAL (MCP)


O MCP abastece o pessoal com um sistema de monitoração de corpo inteiro
externo. Os detectores de contaminação dentro do sistema são capazes de executar uma
monitoração de corpo inteiro em poucos segundos dependendo dos níveis de radiação
de fundo presentes na área e o limite de contaminação pessoal estabelecido. Este
sistema automático fornece um método mais confiável para localizar a contaminação
pessoal que o instrumento de mão.

 MONITOR DE PÉS E MÃOS


Os monitores de pés e mãos com sondas móveis presas pelas mãos fornecem
uma outra alternativa de uso dos monitores de varredura. Estes dispositivos podem
monitorar as mãos e pés durante um período de poucos segundos, novamente,
dependendo dos níveis de radiação de fundo presentes na área e do limite de
contaminação estabelecido. Após as mãos e pés terem sido monitorados, a sonda
móvel, que tipicamente é um detector de superfície grande pode ser usada para
monitorar o resto do corpo em período bastante curto.

 MONITOR PORTAL
O monitor portal é um dispositivo tipo espaço de uma porta que fornece um
ponto de monitoração para assegurar que a contaminação não seja espalhada para
outras áreas. Este tipo de monitor geralmente é usado somente para monitoração da
radiação beta-gama.

 LEVANTAMENTOS INDIVIDUAIS
Os levantamentos individuais são realizados sempre que existir a suspeita de
que o corpo e as roupas estão contaminadas, ou quando for necessária para se deixar
uma área, por exemplo, quando não existir monitores de varredura ou automáticos para
a monitoração.
O corpo deve ser inspecionado principalmente nas áreas em que é mais provável
estar contaminado. A contaminação de pés indicará a presença de contaminação
removível no piso por onde tenha caminhado. As mãos são extremamente propensas a
estarem contaminadas quando se trabalha diretamente em contato com material
radioativo. Após completar um trabalho ou ao deixar uma área onde tenha caixa com
luvas, capelas, ponto de amostragem, ou operações realizadas em bancadas, pelo
menos deve ser realizada uma inspeção das mãos, braços e partes do corpo.
Outras áreas do corpo que são propensas a contaminação são os nádegas,
joelhos, cotovelos e cabeça.
O nariz e a boca deve ser inspecionado após a descoberta de qualquer nível de
contaminação da pele do rosto, uma vez que a contaminação nesta área poderia indicar
a necessidade uma amostragem para bioanálise. O nariz pode ser limpo com cotonetes e
este ser contado em um contador de esfregaço para determinar a deposição potencial. A
contaminação do nariz e da boca pode indicar a presença de contaminação no ar.
Todos os ferimentos abertos devem ser monitorados uma vez que os
contaminantes podem ser absorvidos prontamente no corpo.
Alem destas áreas específicas do corpo, o levantamento deve ser dirigido para
qualquer área do corpo ou roupa que o indivíduo que o esta realizando suspeitar que
possa estar contaminada.
Após detectada uma contaminação individual, proceder a inspeção de
seguimento da área ou do equipamento para determinar a fonte de contaminação e a
extensão da contaminação, para verificar se a mesma não está se dispersando.

DOSIMETRIA INTERNA INDIVIDUAL


Um programa rotineiro de monitoração da contaminação interna é realizado como
uma verificação final dos procedimentos de controle da contaminação. Este programa
consiste principalmente de contagem de corpo inteiro e análise de urina usado para
identificar a presença de contaminação interna.

 BIOANÁLISE IN VIVO: o indivíduo é colocado dentro de um arranjo com detectores


muito sensíveis para medir a atividade e energia das emissões gama oriundas do
interior do corpo. Esta informação pode ser usada para determinar a quantidade e
identificar os tipos de nuclídeos presentes. Exemplos incluem contadores de corpo
inteiro, tireóide, pulmões, ou varredura de cama.
 BIOANÁLISE IN VITRO: amostras de urina ou fezes são coletadas de um indivíduo
para determinar o tipo e a atividade dos nuclídeos presentes nos excretas do corpo.
Esta informação é usada para fornecer um valor aproximado da quantidade de
nuclídeos presentes no corpo pelo cálculo de sua taxa de eliminação. Este método
pode ser usado para avaliar a presença de nuclídeos não emissores gama.

OBJETIVO BÁSICO DO CONTROLE DA CONTAMINAÇÃO


Uma vez que foi localizada a presença de material radioativo, o objetivo básico
governando qualquer programa de controle da contaminação para que seja eficaz é
minimizar as áreas contaminadas e manter os níveis de contaminação o mais baixo
alcançável.
Em algumas situações isto não pode ser sempre obtido devido a:
 Condições econômicas: o custo, a dificuldade e o tempo para descontaminar
um local é mais importante que o risco da contaminação presente.
 Condições radiológicas: as taxas de dose ou outras condições de risco
presentes excedem em muito os benefícios da descontaminação.
 Condições de operação: algumas áreas, por exemplo, celas quentes, serão
contaminadas devido as operações normais.

Outros meios de controle devem ser iniciados quando a descontaminação não


for possível. Engenharia de controle, ventilação e contenção, procedimentos
administrativos, e equipamento de proteção individual são algumas alternativas para
controlar a contaminação. Em áreas de contaminação fixa a contaminação pode ser
coberta por pintura, tapetes de borracha, quando a descontaminação não se torna
possível.
A conservação de boas práticas é o fator principal para a eficácia de um
programa de controle da contaminação. Isto envolve a interação de todos os grupos
dentro da instalação. Cada indivíduo deve ser dedicado a conservar seu local limpo para
controlar a dispersão da contaminação. Todo esforço possível deve ser feito em todas
as operações para confinar a dispersão de materiais radioativos a uma pequena área
quando possível. Um programa de manutenção preventivo e corretivo pode evitar a
maior parte das liberações de material radioativo. Todos os materiais que se encontram
ou foram retirados de áreas contaminadas devem ser controlados. O TRP deve estar
sempre alerta para violações dos princípios básicos de controle da contaminação.
 Uso de métodos impróprios de controle da contaminação
 Práticas de trabalho erradas
 Violações das regras básicas e procedimentos
 Liberação e respingos de material radioativo.

MEDIDAS DE CONTROLE DA CONTAMINAÇÃO


O controle da dispersão de contaminação é provavelmente a tarefa mais difícil e
custosa que um TRP irá encontrar pela frente. Para obter sucesso no controle da
contaminação, o grupo de radioproteção deve ser prudente, possuir iniciativa e ser
experiente. O grupo de radioproteção auxiliará o gerente de operação com os princípios
básicos de controle da contaminação.
 Controles administrativos e de acesso
 Engenharia de controle
 Medidas de proteção individual
 Descontaminação
 Medidas preventivas.

 CONTROLES ADMINISTRATIVOS E DE ACESSO


Uma vez que a contaminação tenha sido localizada e quantificada e tenha sido
estabelecida uma área radiológica, deve ser adequadamente estabelecido o controle de
acesso desta área. Dois pontos de controle de acesso, primário e secundário, são
usados no controle da contaminação.
O ponto de controle de acesso primário numa instalação é o portal de entrada e
saída existente entre as áreas livres e áreas sujeitas ao controle radiológico. A eficácia
de um programa de controle está baseada no controle de movimento de pessoas e
equipamentos entre estas áreas para evitar a liberação de contaminação para áreas
limpas.
O ponto de controle de acesso secundário, naturalmente o mais importante, é
estabelecido dentro das áreas sujeitas a controle radiológico para controlar o acesso
entre áreas de superfície contaminada e áreas não contaminadas. São empregadas
barreiras para identificar o limite destas áreas. Nas áreas onde estão sendo realizadas as
atividades, devem sempre ser estabelecidas exigências especiais para entrada e saída
por este ponto de controle. Quando as condições radiológicas são graves, o ponto de
controle pode ser mantido continuamente pelo TRP. Não espere que as áreas sujeitas a
controle radiológico sejam estabelecidas ao redor de áreas inativas ou seguramente
contaminadas.
Identificar os blocos de parada (BP) nos pontos de entrada e saída em áreas
contaminadas quando possível. O uso de BP cria uma linha clara de distinção entre ás
áreas contaminadas e limpas. Devem ser estabelecidos procedimentos e ser observada
a passagem pelos BP para evitar a dispersão de contaminação. Todas as ferramentas e
equipamentos usados em áreas contaminadas que não foram monitorados devem ser
colocados dentro de sacos plásticos limpos ou serem envolvidos em plástico de
maneira segura antes de serem removidos da área. Todo indivíduo e material saindo da
área deve ser monitorado para garantir que estão livres de contaminação.
As áreas sujeitas a controle radiológico também devem ser estabelecidas em
áreas onde existe a necessidade de limitar a exposição a radiação externa. Deve ser
estabelecido um ponto limitante para limitar a dose dos empregados em geral a menos
de 1 mSv por ano.
Outros controles administrativos usados para o controle da contaminação
incluem o uso da permissão de trabalho em áreas radiológicas, monitorações rotineiras
do local de trabalho que são realizadas para detectar o potencial para possível evolução
de uma contaminação, e revisão dos procedimentos operacionais e de manutenção para
garantir que as exigências de radioproteção estão sendo incorporadas nas condutas
diárias durante a operação.
 ENGENHARIA DE CONTROLE
 VENTILAÇÃO: o projeto de um sistema de ventilação permanente necessita ser
tal que o fluxo de ar provenha das áreas mais limpas para as áreas mais
contaminadas, e finalmente para um sistema de exaustão capaz de remover
qualquer contaminação presente no ar. Pressões negativas são mantidas nos locais
onde existe potencial para contaminação. Quando necessário, são usados filtros de
ar de alta eficiência para particulados, HEPA, para remover as partículas presentes
no ar.
 CONTENSÃO: em trabalhos com potencial muito alto de contaminação, pode ser
construído um alojamento de plástico ao redor da área de trabalho para confinar a
contaminação a uma pequena área quando possível. Um sistema portátil de
ventilação - exaustão pode ser usado para controlar o fluxo de ar na área de
trabalho e remover a contaminação. Onde possível pequenos dispositivos, tais
como caixas com luvas, sacos plásticos, ou capelas podem ser usados para conter
a contaminação dependendo da natureza e localização do trabalho sendo realizado.
Tambores ou outros recipientes aprovados também são utilizados.
 ENSACAMENTO: o método mais utilizado de contenção é o ensacamento ou
envolvimento. Ferramentas ou equipamentos contaminados são colocados em
sacos plásticos, ou envolvidas em plástico, antes de serem removidas para fora das
áreas contaminadas. Quando possível, as ferramentas e equipamentos
embrulhados antes de ser levados para dentro de uma área contaminada pode
ajudar no controle da contaminação.
 PROJETO E CONTROLE: o projeto deve ser tal que a eficácia durante a
manutenção, operação e descontaminação seja maximizada. Os componentes
devem ser selecionados de tal forma que evite o acúmulo de radioatividade.
Instalações de suporte devem ser incluídas para proporcionar a colocação e
retirada da roupa de proteção e monitoração pessoal. O trânsito de pessoal deve ser
traçado fora das áreas contaminadas.

 MEDIDAS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL


Se os métodos de engenharia de controle não são adequados, as medidas de
proteção individual, tais como roupa de proteção e equipamento de proteção respiratória
devem ser utilizadas. O propósito da roupa de proteção é conservar a contaminação
ausente da pele e roupa do trabalhador. A roupa de proteção permite ao pessoal
trabalhar dentro de uma área contaminada com contaminação removível e sair da área
sem dispersar a contaminação para áreas não controladas. O uso de roupa de proteção
somente, não garante a eliminação completa de contaminação pessoal e não é um
método substituto da implementação de medidas de controle próprias, mas se usada
adequadamente, propiciará um grau de proteção elevado.
Todo pessoal que entra em áreas contaminadas com contaminação removível
será exigido portar certos itens de roupa de proteção. Os tipos de roupa de proteção irão
variar dependendo dos níveis de contaminação e da natureza do trabalho a ser realizado.
Alguns fatores adicionais para a seleção da roupa de proteção inclui o tipo e a forma de
contaminação; o potencial para aumentar os níveis de contaminação, área do corpo em
risco, e perigos competindo, isto é, resistência ao calor, tecido de asbesto, etc.
Alguns tipos de proteção respiratória será exigido para trabalhos onde existe um
nível de contaminação muito alto presente no ar.

 DESCONTAMINAÇÃO
O gerente operacional é responsável em garantir a descontaminação imediata,
onde praticável, de maneira tal que possa ser minimizada a contaminação nos locais de
trabalho. Devem ser empregados esforços razoáveis no sentido da descontaminação e
liberação incondicional dos materiais ao invés de tratá-los como rejeito. Somente itens
que se encontram extremamente contaminados oferecendo riscos durante a sua
descontaminação deverão ser tratados como rejeitos.
 MÉTODOS PREVENTIVOS
Os seguintes métodos práticos são usados para evitar e controlar a
contaminação:
 Identificar e reparar vazamentos antes que tornem problemas graves
 Estabelecer controles adequados do trabalho antes de iniciá-lo.
 Quando realizar as reuniões antecipadas ao trabalho, discutir as medidas que
ajudarão a reduzir ou evitar a dispersão da contaminação.
 Trocar as luvas ou utensílios de proteção quando necessário para evitar a
contaminação cruzada.
 Pré-estabeleça áreas para evitar a dispersão de contaminação pelas atividades
sendo realizadas.
 Forre as áreas onde existe a possibilidade de vazamento para evitar que a
contaminação escoe para áreas menos contaminadas.
 Forre os locais onde estão sendo realizadas tarefas com material radioativo para
minimizar a descontaminação após a realização do trabalho.
 Aplique as boas práticas de trabalho tais como comportamento adequado e
limpeza após o término do trabalho.
 Confine a dispersão de liberação de materiais radioativos por um programa de
manutenção preventiva muito bem estabelecido.
 Controle e minimize a entrada e saída de qualquer material nas áreas
contaminadas.

BASES PARA ESTABELECER AS EXIGÊNCIAS QUANTO A ROUPA DE PROTEÇÃO


De maneira a evitar que a contaminação radioativa entre no corpo do pessoal,
devem ser estabelecidas exigências quanto a roupa de proteção onde existe este
potencial.
Existem vários fatores que determinam o tipo e quantidade de roupa de proteção
necessária:
 Tipo e forma da contaminação
 Níveis de contaminação
 Tipo de trabalho sendo realizado.

Alguns fatores adicionais a considerar incluem o potencial para aumentar o nível


de contaminação, a área do corpo sob risco, e os perigos competindo, isto é, fadiga ao
calor, tecido de asbesto, etc.. Desde que foram estabelecidos os tipos de proteção
necessária, a roupa de proteção mais eficiente deve ser selecionada entre os diferentes
artigos de proteção disponíveis para uso.

 PROTEÇÃO DE CORPO INTEIRO


Um avental fornecerá proteção para níveis de contaminação baixos e é aplicável
somente quando o potencial para o contato da parte superior do corpo com as
superfícies contaminadas é muito pequeno. Em geral os aventais são usados para
visitas de fora e inspeções em áreas cujos níveis de contaminação se encontram entre 1
a 10 vezes os valores da tabela 1, ou durante trabalhos em bancadas, capelas, locais de
amostragem e caixa com luvas.
Tabela 1: Resumo dos valores para Contaminação

NUCLÍDEO(1) REMOVÍVEL(2) FIXA MAIS REMOVÍVEL(3)


dpm/100 cm2 dpm/100 cm2
Urânio natural, U-235, U-238 e produtos Alfa - 1000 Alfa – 5000
de decaimento associados
Transurânicos, Ra-226, Ra-228, Th-230, 20 500
Th-228, Pa-231, Ac-227, I-129
Th-nat, Th-232, Sr-90, Ra-223, Ra-224, 200 1000
U-232, I-125, I-126, I-131, I-133
Emissores beta-gama – nuclídeos com 1000 5000
modo de decaimento sem emissão de
alfa e produtos de fissão, exceto Sr-90
e os anotados na categoria anterior.
Compostos orgânicos do trítio, 10000 10000
superfícies contaminadas com HT, HTO
e aerossóis metálicos tritiados

(1) Os valores apresentados na tabela se aplicam a contaminação radioativa depositada


, porém não incorporada no interior do item contaminado. Onde existe contaminação
por alfa, beta e gama emissores, o limite estabelecido para alfa e beta-gama
emissores são aplicados independentemente.
(2) A quantidade de material removível por 100 centímetros quadrados de superfície
deve ser determinada pelo esfregaço da área com um material absorvedor aplicando
pressão moderada. Para objetos com superfície menor que 100 cm2, a superfície
inteira deve ser esfregada, e a atividade por unidade de área deve ser baseada na
superfície real. Exceto para transurânicos, Ra-228, Ac-227, Th-228, Th-230, Pa-231 e
emissores alfa, não é necessário usar técnicas de esfregaço para medir o nível de
contaminação removível se a varredura direta indicar que o nível de contaminação
residual total encontra-se abaixo dos valores para contaminação removível.
(3) Os níveis podem ser ponderados para um metro quadrado desde que a atividade
máxima em qualquer área de 100 cm2 seja menor que três vezes o valor apresentado.

O macacão proporciona proteção desde níveis baixo a moderado de proteção


para contaminação seca. A proteção é pequena quando o corpo mantém contato com as
superfícies contaminadas por um período prolongado, uma vez que a contaminação
pode ser agregada ou tocada através da roupa, e quando a superfície encontra-se úmida.
O grau de proteção pode ser aumentado pelo uso de mais de um macacão por vez para
proteger o corpo. Macacões de tecido são permeáveis, e não são eficazes para
radionuclídeos com propriedades permeáveis, gases, trítio, etc.
Macacões plásticos proporcionam alto nível de proteção tanto para
contaminação seca como úmida. Proporciona limitada proteção para trítio e
radionuclídeos altamente permeáveis, que podem ser transportados através do macacão
para a pele.
Macacões descartáveis, por exemplo, conjunto “tyvek”, proporcionam moderada
proteção para contaminação radioativa e são usados para trabalhos que envolvem
riscos mistos onde a reutilização não é adequada. Os macacões descartáveis podem ser
rasgados fácil e rapidamente.
Deve-se notar que no mínimo, roupas pessoais externas não devem ser portadas
sob a roupa de proteção para entrar em áreas de contaminação ou durante condições de
trabalho que requer um conjunto duplo de roupa de proteção. Os locais podem escolher
ser mais restritivos quando necessário para minimizar o potencial de contaminação de
pele e roupa.

 PROTEÇÃO DAS MÃOS


Luvas cirúrgicas é a exigência mínima usada normalmente em áreas de trabalho
com pouca contaminação que exige um alto grau de destreza. As luvas cirúrgicas são
rasgadas ou furadas facilmente.
Luvas de borracha são leves e proporciona uma boa superfície de controle.
Normalmente são usadas em locais com contaminação moderada ou intensa. As luvas
de borracha são mais resistentes a perfuração, abrasão e a solventes, mas apresentam
menor grau de destreza que as luvas cirúrgicas.
Luvas de neoprene são luvas de borracha sintética montadas em vários
dispositivos de contenção para permitir o acesso do usuário ao dispositivo. São usadas
para proporcionar proteção ao usuário quando este trabalha dentro do dispositivo de
contenção em que existem materiais altamente contaminados. Geralmente são do
comprimento do braço unidas na caixa ou em outros dispositivos e proporciona um anel
de vedação para gases na estrutura.
Luvas revestidas em algodão podem ser usadas dentro de luvas padrões para
maior conforto, mas não devem ser usadas sozinhas ou consideradas como uma capa
de proteção.
Luvas de lona ou couro devem ser usadas em lugar de ou em adição a luvas
padrões para tarefas que requer resistência a esforço adicional ou abrasão.
As luvas normalmente são atadas com fitas à manga do avental, macacão, roupa
de plástico, etc., e é providenciada uma lingüeta para permitir a fácil remoção.

 PROTEÇÃO DE PÉS
São usadas botas para proteger a parte inferior da perna abaixo do comprimento
do macacão de contaminações. Diferentes construções são usadas as vezes com
proteção de plástico e tecidos.
A cobertura de sapato é usada sobre as botas para proporcionar uma segunda
camada de proteção e proporcionar tração ao usuário. Normalmente são construídas de
plástico ou borracha, e podem ser unidas por elásticos às pernas do macacão.
Geralmente são conhecidas como sapatilhas ou galochas.

 PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA
Máscaras que cobrem a face são usadas para filtrar radionuclídeos particulados
ou iodo radioativo incorporado no ar sendo respirado pelo usuário quando a atmosfera
local não é tão perigosa para a vida ou saúde do trabalhador.
Sistemas de fornecimento de ar podem evitar a inalação de nuclídeos
particulados ou gasosos pelo usuário em uma atmosfera não ameaçadora à vida.
Um aparelho de respiração autônoma é usado para proporcionar uma fonte
portátil de ar para o usuário quando entrar numa atmosfera que pode ser perigosa à vida
e à saúde.
Aprovação médica, treinamento e teste de ajustes são exigidos antes do uso de
uma proteção respiratória. Os sistemas devem estar colocados em locais adequados
para o usuário. Para garantir o uso adequado de uma máscara antes de entrar numa área
que necessita o seu uso, o usuário deve em uma área limpa ajustá-la e verificar a
eficácia dos ajustes em sua máscara para garantir o seu uso adequado.
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Tel. : (55-11) 3816-9219
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