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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA

BRUNA LEAL SCHNEIDER


GUSTAVO NOGUEIRA DA SILVA
JESSICA DOS SANTOS EL HAGE
LAIS AYUMI SATO

ENSAIO DE COAGULAÇÃ/FLOCULAÇÃO COM EFLUENTES

RELATÓRIO DE LABORATÓRIO DE ENGENHARIA QUÍMICA C

APUCARANA
2022
BRUNA LEAL SCHNEIDER
GUSTAVO NOGUEIRA DA SILVA
JESSICA DOS SANTOS EL HAGE
LAIS AYUMI SATO

Relatório da disciplina de Laboratório de


Engenharia Química C, do curso de graduação de
Engenharia Química da Universidade Tecnológica
Federal do Paraná, campus Apucarana, como
requisito parcial de obtenção de nota.

Orientador: Prof. Drª Ana Maria Ferrari Lima.

APUCARANA
2022
RESUMO

A floculação e a coagulação são processos químicos e físicos em que partículas muito


pequenas são agregadas, formando flóculos, para que possam decantar-se. Muito utilizados no
tratamento de água, a coagulação é necessária para a remoção de matéria em suspensão de
tamanho coloidal nos efluentes e a floculação é responsável por unir as partículas
desestabilizadas, ou "coaguladas", para formar uma aglomeração maior, ou "floco". Desta
forma, esta prática tem como objetivo a realização de um ensaio de coagulação e floculação
de um efluente barroso através da utilização de coagulantes Tanfloc e sulfato de alumínio, em
equipamento Jar test, para a otimização do pH para obtenção da melhor redução da turbidez
do efluente. Obteve-se que o coagulante sulfato de alumínio teve uma eficiência maior,
principalmente para pH’s inicialmente ácidos.

Palavras-Chave: Floculação; Coagulação; Tratamento de água; Coagulantes


ABSTRACT

Flocculation and coagulation are chemical and physical processes in which very small
particles are aggregated, forming flocculae, so that they can decant. Widely used in water
treatment, coagulation is necessary for the removal of suspended matter of colloidal size in
effluents and flocculation is responsible for joining the destabilized particles, or "coagulated"
to form a larger agglomeration, or "flake". Thus, this practice aims to perform a coagulation
and flocculation test of an effluent Barroso through the use of coagulants Tanfloc and
aluminum sulfate, in Jar test equipment, pH optimization to obtain the best reduction of
effluent turbidity. It was obtained that the coagulant aluminum sulfate had a higher efficiency,
mainly for pH’s initially acids.

Keywords: Flocculation; Coagulation; Water treatment; Coagulants.


LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Frações molares das espécies hidrolisadas de Fe3+ em função do pH .............. 6
Figura 2 – Estrutura molecular do Tanfloc® SG .................................................................. 6
Figura 3 - Diagrama de especiação do alumínio em água..................................................... 7
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Dados de pH e turbidez das amostras. ................................................................. 6
Tabela 2 - Eficiência do processo de coagulação para cada amostra. ................................. 6
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 1
1.1 Coagulantes .................................................................................................................... 1
1.1.1 - Sulfato de Alumínio .............................................................................................................. 1
1.1.2 - Cloreto Férrico ..................................................................................................................... 2
1.1.3 - Taninos Vegetais .................................................................................................................. 3
2 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................................................. 5
2.1 MATERIAIS ....................................................................................................................... 5
2.2 MÉTODOS .......................................................................................................................... 5
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES............................................................................................................ 6
4 CONCLUSÃO .................................................................................................................................... 8
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................... 9
1 INTRODUÇÃO

O processo de separação sólido líquido tem um papel fundamentalmente


importante nas etapas de tratamento de minérios. Este processo tem como objetivo: recuperar
água das diversas etapas no tratamento de minérios, bem como sua reutilização, adequar
a porcentagem de sólidos de uma determinada polpa para etapas subsequentes, desaguamento
final de concentrados e preparação de rejeitos para descartes, pois como é sabido o descarte do
rejeito deve ter uma porcentagem específica de água.
No processo de sedimentação das partículas, uma maior proporção de materiais em
faixas granulométricas muito finas, denominadas coloides, pode representar redução
na eficiência de separação e maior consumo de reagentes.
Para que a sedimentação de uma suspensão aquosa de partículas ocorra de forma
eficiente, alguns fatores devem ser levados em consideração, tais fatores são: a natureza das
partículas, a distribuição de tamanhos, forma, densidade, propriedades químicas e
mineralógicas.
Uma alternativa para aumentar a competência no processo de sedimentação quando
se trabalha com partículas irregulares e com pequenos diâmetros (coloides) são a
coagulação e floculação, que promovem a aglomeração das partículas resultando melhorias
à sedimentação.
O processo de coagulação e floculação consiste em adicionar um agente químico,
geralmente sulfato de alumínio à polpa para aglutinar as partículas, com o movimento da polpa
ocorre a aglutinação em flocos maiores, resultando na sedimentação das partículas que
estão em suspensão. Estes processos são ocasionados pela alteração do pH do sistema.
Nos ensaios de coagulação e floculação é possível determinar a melhor quantidade de
reagentes e o pH ideal que irão formar os flocos. A determinação das dosagens ideias é feita
por tentativa e comparação, para isso utiliza-se o teste de proveta e o ensaio de Jar-test. Nestes
ensaios é possível verificar as condições em que a separação se apresenta com melhor
eficiência.

1.1 Coagulantes

1.1.1 - Sulfato de Alumínio

Produzido pela dissolução de hidróxido de alumínio em ácido sulfúrico, o sulfato de alumínio é o


eletrólito mais empregado no tratamento de águas de abastecimento. O pH ótimo de coagulação
encontra-se entre 5 e 8; fora desse intervalo o Al3+ permanece solúvel no líquido (NUNES,
2004).
Segundo Weiner e Matthews (2003), a adição do cátion trivalente na água é uma forma de
reduzir a barreira de energia que impede a aglomeração das partículas. Esses íons são
1
eletrostaticamente atraídos para as cargas negativas das partículas, reduzindo a força de
repulsão. Sob essa condição, as partículas não se repelem mais, e se colidindo permanecem
unidas.
A reação geral de hidrólise do Al2(SO4)3 é:

Al2(SO4)3 → 2Al3+(aq) + 3SO42-(aq) 1.1


Al3+(aq) + 3H2O → Al(OH)3 + 3H+ 1.2

A liberação de H+ no meio abaixa o pH. O alumínio tem uma vantagem em relação à sua alta
carga positiva: uma fração dos íons Al3+ pode formar hidróxido de alumínio, que contribui com
a clarificação (WEINER e MATTHEWS, 2003).

1.1.2 - Cloreto Férrico

O Cloreto Férrico forma bons flocos em uma ampla faixa de pH (5 a 11), é o coagulante
mais empregado no tratamento de águas residuárias e também no condicionamento de lodos
(NUNES, 2004).
A reação geral de hidrólise do FeCl3 é:

FeCl3 → Fe3+(aq) + 3Cl-(aq) 1.3


Fe3+(aq) + 3H2O → Fe(OH)3 + 3H+ 1.4

Outras reações de hidrólise também podem ocorrer (DUAN e GREGORY, 2003):

Fe3+(aq) + H2O → Fe(OH)2+ + H+ 1.5


Fe(OH)2+ + H2O → Fe(OH)2+ + H+ 1.6
Fe(OH)2+ + H2O → Fe(OH)3 + H+ 1.7
Fe(OH)3 + H2O → Fe(OH)4- + H+ 1.8

As espécies hidrolisadas do Fe3+ mais comuns são apresentadas na Figura 2 como uma função
do pH do meio.

2
Figura 1 – Frações molares das espécies hidrolisadas de Fe3+ em função do pH.

Fonte: Adaptado de Duan e Gregory (2003)

Observa-se que a formação dos hidróxidos ocorre à medida que o pH aumenta. Como
esses hidróxidos são hidrofóbicos, eles se adsorvem na superfície das partículas coloidais,
neutralizando as cargas e possibilitando a precipitação da matéria ogânica (STEPHENSON e
DUFF, 1996).

1.1.3 - Taninos Vegetais

Os taninos vegetais são coagulantes orgânicos efetivos em uma ampla faixa de pH. Além
de dispensarem a adição de alcalinizantes no meio, não adicionam metais ao processo e formam
flocos com grande área de contato e boa sedimentação.
O coagulante TANFLOC SG é um polímero orgânico-catiônico composto por Tanato
Quaternário de Amônio, cuja estrutura molecular é apresentada na Figura 3. O polímero
catiônico, quando dissolvido em água, se ioniza e adquire carga positiva, atuando como um
cátion no sistema.
Figura 2 – Estrutura molecular do Tanfloc® SG.

Fonte: www.tratamentodeagua.com.br

3
O TANFLOC SG é um extrato vegetal produzido pela empresa TANAC S.A., obtido
através de um processo de lixiviação da casca da Acácia Negra, constituindo-se basicamente de
estruturas flavonóides de peso molecular médio de 1700. Por não consumir alcalinidade do
meio, esse coagulante não altera o pH da água tratada. Sua faixa ótima de operação encontra-
se entre 4,5 e 8,0.
Os coagulantes orgânicos são uma boa alternativa aos coagulantes químicos, pois são
biodegradáveis, não causam variações bruscas de pH, não adicionam íons metálicos ao sistema
e geralmente geram um volume reduzido de lodo.

4
2 MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 MATERIAIS

Neste experimento foram utilizados os seguintes materiais:


 Equipamento Jar Test;
 Pipetas de vidro de 5 e 10 mL;
 Turbidímetro de bancada e medidor de pH;
 Bastão de vidro;
 Pipetas de Pasteur;
 Tubos de ensaio.

As substâncias utilizadas foram:


 Coagulante: solução de 50 g.L-1 de Al2(SO4)3 .14H2O;
 Soluções de NaOH e H2SO4 com concentrações de 1 e 0,1 mol.L-1 para ajuste de pH;
 6L de água com terra.

2.2 MÉTODOS

Mediu-se, inicialmente, o pH e turbidez da amostra de água com terra, e separou-se a


solução em 5 cubas com 1L cada. Em uma das cubas, adicionou-se 3 mL do Tanfloc, sem
ajuste de pH. Depois, adicionou-se 3 mL de Al2(SO4)3 nas outras 4 cubas, e fez-se o ajuste de
pH para 3 cubas, utilizando soluções de NaOH e H2SO4 com concentrações de 1 e 0,1 mol.L-
1
.
Após a adição dos coagulantes, ligou-se a agitação do Jar Test simultaneamente.
Porém, o equipamento estava com defeito, o que impossibilitou a agitação durante o tempo
indicado pelo roteiro da prática, ficando sob agitação rápida (150 rpm) por 30 s. Por fim, as
amostras ficaram em repouso.
Retirou-se o sobrenadante de cada amostra, após o período de sedimentação, e mediu-
se a turbidez final por meio do Turbidímetro de bancada e o pH, por meio do medidor de pH.

5
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Mediu-se a turbidez inicial da amostra de água com terra, obtendo o valor de 1029
NTU (Unidade de Turbidez Nefelométrica). Em uma das amostras, foi adicionado 3 mL de
Tanfloc, um coagulante orgânico, no pH de 7,09. E nas outras 4 amostras, adicionou-se 3 mL
de Al2(SO4)3, variando o pH de 4,9 a 7,96. Posteriormente, a agitação simultânea do Jar Test
foi ligada, entretanto, o equipamento estava com defeito, impossibilitando a agitação durante
o tempo indicado pelo roteiro da prática.
Após o repouso, foi coletado o sobrenadante de cada amostra para medição do pH e da
turbidez. Os dados obtidos estão apresentados na Tabela 1.

Tabela 1 – Dados de pH e turbidez das amostras.


Amostra Temperatura (°C) pH inicial pH final Turbidez (NTU)
Tanfloc 19,5 7,09 4,44 855
1 19,5 7,09 4,46 435
2 19,8 6,05 4,14 191
3 20,0 4,90 3,95 159
4 19,0 7,96 5,90 311

Fonte: Autoria própria (2022).

A fim de melhor comparação, calculou-se a eficiência do processo de coagulação por


meio da Equação 1 para cada amostra. Os valores obtidos estão dispostos na Tabela 2.

𝐸𝑓𝑖𝑐𝑖ê𝑛𝑐𝑖𝑎 (%) = ∗ 100 (1)

Tabela 2 - Eficiência do processo de coagulação para cada amostra.


Amostra Eficiência (%)
Tanfloc 16,91
1 57,73
2 81,44
3 84,55
4 69,78

Fonte: Autoria própria (2022).

6
Analisando a Tabela 2, observa-se que a eficiência do coagulante Al2(SO4)3 foi maior
que a do Tanfloc. Além disso, foi mais eficiente para os pH ácidos. No experimento, a
amostra com pH inicial de 4,9 foi a mais eficiente no processo de coagulação.
Para melhor análise dos resultados obtidos, utilizou-se um diagrama de especiação do
alumínio em água, retirado da literatura, apresentado na Figura 1.

Figura 1 - Diagrama de especiação do alumínio em água.

Fonte: PUC-RIO, 2022.

A Figura 1 é um diagrama de predominância das espécies de alumínio em solução,


geradas a partir da corrosão do anodo de alumínio. As linhas de fronteira denotam o equilíbrio
termodinâmico que existe entre a espécie de alumínio dominante na solução a um valor de pH
dado. A partir dos dados obtidos experimentalmente, o processo de coagulação foi mais
eficiente para o pH de 4,9, em que o alumínio predominante é o AlOH2+, uma vez que o
cátion do metal ativo reage com os íons hidroxila para formar um hidróxido metálico, que age
como coagulante.

7
4 CONCLUSÃO

Os processos de floculação e coagulação são de extrema importância para o tratamento


de água, o que garante a eficiência da separação de substâncias prejudiciais à saúde humana.
A utilização de coagulantes é indispensável neste processo, sendo o Tanfloc e o sulfato de
alumínio substâncias muito empregadas nessas etapas.
Foi possível observar uma maior eficiência para o sulfato de alumínio, prinipalmente
em pH ácido, onde a amostra com pH 4,90 apresentou uma eficiência de turbidez de 84,55%,
seguindo de forma decrescente conforme o aumento do pH.
Desta forma, apesar de o Tanfloc ser um coagulante natural e apresentar menor
impacto ambiental em seu descarte, a sua eficiência é muito menor em relação ao Al2(SO4)3.

8
REFERÊNCIAS

Curso de Especialização em Tratamento de Minérios. Módulo: Separação sólido/líquido. Disponível


em: https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/596/o/apresentacao_separacao_solido_liquido.pdf .
Acesso em: 26 set. 2022.

NUNES, J. A.;Tratamento Físico-Químico de Águas Residuárias Industriais. 4 edição revisada e


ampliada. Aracaju: Gráfica Editora J. Andrade LTDA.2004.

DUAN, J., GREGORY, J., Coagulation by hydrolysing metal salts. Advances in Colloid and Interface
Science, v. 100, n. 102, pp. 475-502, 2003.

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