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FOTOSSÍNTESE
Félix H. D. González
Professor de Bioquímica Clínica
Faculdade de Veterinária
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
felixgon@ufrgs.br
aldeído (-CHO) ao invés de um grupo metila (- partir de cloroplastos isolados. A fotossíntese não
CH3). somente produz carboidratos como fonte de
A clorofila se encontra nos cloroplastos, organelas energia para os animais, mas também é a via por
das células das folhas similares às mitocôndrias meio da qual o carbono entra de novo na biosfera,
no sentido que têm dupla membrana e possuem e é a principal fonte de oxigênio da atmosfera.
seu próprio DNA, embora sejam muito maiores. A
membrana externa dos cloroplastos é permeável
a íons e a pequenas moléculas. A parte Tabela 1. Espectro da radiação
correspondente à matriz contém o estroma, espaço eletromagnética.
fluido que contém as enzimas das reações Tipo de radiação Comprimento de onda
obscuras da fotossíntese, nas quais o CO2 é 0,01-0,1 nm
reduzido a glicose. Fazendo parte da membrana Raios gama < 30 nm
interna dos cloroplastos existem muitas estruturas Raios X
membranais planas e discoidais chamadas Ultravioleta < 400 nm
tilacóides, empilhados como moedas e que formam Luz visível 400-700 nm
unidades chamadas grana. Os grana estão Tolet 415 nm
interligados por extensões de tilacóides chamadas Azul 465 nm
lamelas. Embebidas nas membranas tilacóides Vinho 500 nm
estão os pigmentos fotossintéticos e as enzimas Verde 535 nm
requeridas para as reações de luz
Amarelo 580 nm
Laranja 615 nm
Vermelho 680 nm
da fotossíntese.
Infravermelho 700-1000 nm
A energia solar provem da fusão de átomos de H
Micro-ondas <1m
por efeito das enormes temperatura e pressão
Ondas de rádio > 1000m
presentes no sol para formar átomos de He:
de Calvin) que ocorrem tanto em ambiente de (centros de reação), ela é transferida por
luz quanto de escuridão. No processo lumínico transferência de elétrons. Na transferência de
os pigmentos fotossintéticos absorvem a energia ressonância, a energia absorvida por uma
solar, a qual é utilizada para fosforilar ADP e molécula é transferida com a mesma intensidade
produzir ATP (no processo conhecido como à molécula adjacente e desta à seguinte e assim
fotofosforilação descoberto pelo grupo de Arnon) por diante até chegar no centro de reação onde
bem como para produzir NADPH. Tanto o se realiza a transferência de elétrons, na qual a
NADPH quanto o ATP produzidos nas reações energia absorvida que vem sendo transferida por
lumínicas são utilizados para a síntese redutiva ressonância, é transferida agora mediante a
dos carboidratos nas chamadas reações transferência do elétron excitado às moléculas
obscuras. A formação de O2, que ocorre somente do centro de reação. Assim, no centro de reação,
com a luz, e a redução do CO2, que não requer a molécula I (que leva o elétron) fica como cátion
de luz, são processos diferentes e separados ao perder um elétron e a molécula II (receptora
embora ambos ocorrem nos cloroplastos. do elétron) fica como ânion ao ganhá-lo, iniciando
uma cadeia de óxido-redução.
Durante a transferência dos elétrons, os prótons dos H2 da água, com a ajuda do complexo de
(H+) dos átomos de H (nas etapas lise da água. Os elétrons da água são
somente se transferem elétrons dos átomos de transferidos por uma proteína com 4 átomos de
H, ficando livres os H+), são enviados para o manganês (MnC) que forma parte do complexo.
interior dos tilacóides, através de suas Esta proteína pode captar duas moléculas de
membranas, produzindo um gradiente de água e transferir 4 elétrons a um intermediário,
energia. Este gradiente eletroquímico gera que é um resíduo de tirosina (denominado Z) o
energia suficiente para fosforilar ADP e produzir qual, por sua vez, os entrega ao centro P680
ATP, de forma similar à fosforilação oxidativa reduzindo-o e pode também enviar os 4 prótons
que ocorre na mitocôndria. Os produtos finais restantes para os tilacóides:
das reações lumínicas são então ATP e NADPH.
centro de reação (P700). O centro P700 de novo o centro P700. Este fluxo de elétrons
excitado (P700*) doa seus elétrons ao primeiro é chamado de cíclico, processo no qual não
receptor: Ao, um pigmento similar à clorofila e se produz NADPH. Entretanto, o citocromo bf
que funciona analogamente à feofitina do bombeia os prótons para o interior dos
fotossistema II, formando Ao - P700+. O centro e tilacóides garantindo a síntese de ATP,
de reação P700+ pode logo tornar a reduzir-se processo conhecido como fotofosforilação
ao adquirir um elétron da plastocianina, cíclica. Este fluxo cíclico de elétrons parece
proteína que contém os elétrons transferidos funcionar para manter a relação ATP/NADPH
pelo fotossistema II. O pigmento Ao transfere adequada para as reações obscuras da síntese
os elétrons para uma molécula de filoquinona redutiva.
(A1), a qual os transfere por sua vez para uma
série de 3 proteínas ferro-sulfuradas (FX, FB e Reações obscuras da fotossíntese (ciclo
FA). de Calvin).
Finalmente, os elétrons são transferidos para
Nas reações obscuras da fotossíntese, também
a ferredoxina, reduzindo-a. A ferredoxina
chamadas de ciclo de Calvin, o CO2
reduzida transfere parte dos seus elétrons para
atmosférico é fixado pela planta para produzir
o NADP+, mediante a enzima ferredoxina:NADP+-
oxidorredutase,
carboidratos (glicose e amido). São chamadas
a qual protagoniza a primeira reação enzimática
obscuras porque nelas não intervém a energia
do processo, para formar NADPH. Outra parte
solar, embora ocorram também durante o dia.
dos elétrons são transferidos pela ferredoxina
As rotas metabólicas destes processos foram
para outros processos redutivos.
esclarecidas pelo bioquímico norte-americano
Melvin Calvin durante a década de 1950. O
A reação global do fotossistema I pode ser
resumida assim: ciclo de Calvin é realizado nos cloroplastos e
pode ser estudado como se estivesse integrado
4e- + 2H+ + 2NADP+ ÿ 2NADPH por duas partes: na primeira ocorre a fixação
do CO2 pelo composto ribulose 1,5-difosfato
(RuDP), mediante ação da enzima Rubisco;
A somatória das reações globais dos
esta etapa culmina com a formação de glicose;
fotossistemas I e II, eliminando os
na segunda parte, ocorre a regeneração da
intermediários, pode ser resumida em:
RuDP.