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Além das Competências - Criatividade e Inovação nas Organizações

Por Maria Rita Gramigna 14/06/2007


 
CENÁRIOS
A criatividade é um tema que faz parte do contexto atual nas organizações. Aquelas que
pretendem substituir o paradigma da sobrevivência pelo paradigma da expansão precisam se
reinventar.
Turbulências de toda ordem, mudanças inusitadas de cenários e novas práticas de mercado
surpreendem os menos desavisados.
Quando clientes se posicionam e exigem produtos e serviços de custo baixo e alta qualidade,
por exemplo, as empresas criativas aproveitam a dica do mercado e alavancam novas práticas e
estratégias.
Se um mesmo produto ou serviço, de qualidade e preço similares, é negociado por empresas
concorrentes, que diferencial devem apresentar para garantir seu espaço no mercado? É
fundamental que empresários, administradores e líderes abordem esta questão como um
problema que deve ser resolvido sob a ótica da criatividade.
Estamos vivendo o momento onde as tecnologias de vanguarda facilitam e permitem a expansão
do processo criativo. A cada dia, torna-se mais curta a distância entre o fato e a informação.
Temos meios de saber o que acontece em qualquer parte do planeta, com uma agilidade ímpar.
O conhecimento está ao alcance de todos. O mundo ficou pequeno!
Conhecimento sem uso é um patrimônio pessoal. Podemos colocá-lo ao alcance de todos com o
auxílio da criatividade. Ela agrega valor a este patrimônio.
A matéria-prima gerada pela tecnologia – fatos, informações, dados - só é útil quando
acompanhada por insight. Ao estabelecer conexões entre os dados e chegamos à EUREKA
(achado, descoberta) e as ações criativas tornam-se mais viáveis.
 
PORQUE ALGUMAS ORGANIZAÇÕES ESTÃO FOCADAS NA SOBREVIVENCIA E
OUTRAS SE DESTACAM, CRESCEM E SE MANTÉM NO PÓDIUM, COMO
VENCEDORAS?
Três pontos básicos diferenciam as organizações de sucesso das primeiras. Seus modelos de
gestão levam em consideração três fatores:
1.   UTILIZAÇÃO CRIATIVA DO CONHECIMENTO GERADO PELOS AVANÇOS NA
TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
2.   INVESTIMENTO NO CAPITAL HUMANO, BUSCANDO O PONTO DE EQUILÍBRIO
ENTRE CAPACIDADE DE PRODUÇÃO, GERAÇÃO DE RESULTADOS E
NECESSIDADES INDIVIDUAIS.
3.   BUSCA DE OPORTUNIDADES PARA EXPANSÃO E CRESCIMENTO
Na base de sustentação destes três pilares está a CRIATIVIDADE.
 
O QUE É CRIATIVIDADE?
É o processo através do qual as idéias são geradas, desenvolvidas e transformadas em valor
(John Kao). O processo implica em descobrir maneiras novas e efetivas de lidar com o mundo,
resolver problemas e ampliar o círculo de influências.
Atrelada à criatividade está a INOVAÇÃO, ocorrendo sempre que algo é criado para melhorar
um sistema.
Até bem pouco tempo, a criatividade era vista pelas empresas como algo intangível, destinado a
poucos gurus. Algo reservado a artistas, pessoas incomuns e gênios.
As pesquisas e estudos desenvolvidos nesta área sinalizam em direção a retomada da
criatividade como uma disciplina que pode ser desenvolvida e aprendida, possibilitando a todos
os profissionais o acesso à sua prática.
 
A MAIORIA DAS PESSOAS SE JULGA POUCO CRIATIVA. QUAIS OS MOTIVOS?
Investir em um novo pensar e um novo agir impulsiona as pessoas a mudar e melhorar o que
deve e pode ser mudado e melhorado.
Que motivos levam dirigentes e equipes à paralisação, a repetição de fórmulas prontas e/ou a
manutenção de um status-quo?
Os motivos que levam o ser humano a não acreditar em seu potencial passam por diversos
mitos, medos, visão restrita do valor da criatividade nos tempos atuais e pela crença equivocada
que as pessoas não mudam.
OS MITOS
O mito, segundo Aurélio, é uma “idéia falsa, sem correspondente na realidade” e “imagem
simplificada de pessoa, não raro ilusória, elaborada ou aceita pelos grupos humanos, e que
representa significativo papel em seu comportamento”.
A crença de que o ser criativo já nasce pronto é um mito ainda cultivado em nossos dias. Na
realidade, nascemos com um potencial ilimitado e dependendo das condições às quais somos
submetidos, este potencial poderá surgir ou não nas diversas formas de inteligência: sensorial,
lógico-decisional, social, expressiva, transpessoal, corporal, emocional, artística, espacial,
musical, verbal e energética, dentre outras.
A visão de que todo criativo é excêntrico, emotivo, louco, melancólico e/ou revolucionário foi
reforçada pelo comportamento de alguns gênios conhecidos pela humanidade. Porém a crença
de que somente os gênios são criativos precisa ser desmistificada.
 
OS MEDOS
A cada esquina, existe um ser humano que desconhece seus talentos individuais e permanece
com seu potencial latente. O que os impede de serem criativos?
Somos, por cultura, medrosos e preferimos, muitas vezes, deixar de fazer algo do que tentar e
falhar. Nossa estória está marcada por mandatos que nos estimulam à passividade e nos fazem
ter medo de agir.
O medo de se expor, de ousar, de transgredir, de errar e da crítica fazem parte do nosso
cotidiano. Reconhecê-los e superá-los é o passo fundamental em direção à expressão de nosso
potencial. A criatividade está diretamente ligada à ação. É uma forma de perceber, sentir e se
comportar que resulta em uma resposta prática e usual a problemas e desafios. É correr riscos
calculados.
Herdamos alguns comportamentos padronizados e formamos um sistema de valores, baseados
na educação dos nãos (“não faça isto!”, “não faça aquilo”), perpetuada geração após geração.
Crescemos cultivando o medo da crítica, o medo de errar.
Com um nível baixo de autoconfiança e auto-estima tendemos a não enfrentar aos desafios com
criatividade.
Os mitos e os medos fortalecem os bloqueios à criatividade: emocionais e culturais.
 
NÍVEIS DE CRIATIVIDADE
Certamente há os grandes gênios. Porém todos somos criativos, em níveis diferentes.
Podemos demonstrar nosso potencial de três maneiras:
1.   criatividade genial:  verificada nas grande invenções que modificam e melhoram a qualidade
de vida de um grande número de pessoas, em qualquer área da atividade humana.
2.   criatividade autêntica: presente nas melhorias dos sistemas que já existem. O fax e a
internet, por exemplo, são criações autênticas que melhoraram as comunicações à distância
3.   criatividade cotidiana: expressa nas pequenas ações do dia-a-dia, quando nos deparamos
com problemas e os resolvemos de forma original. Uma dona de casa que recebe visitas de
última hora e aproveita as sobras do almoço para preparar um delicioso quitute, está sendo
criativa. Uma família que resolve seus problemas de caixa através de um replanejamento
financeiro está usando a criatividade. Um empregado com salário defasado que busca outra
alternativas para aumentar seus ganhos também pode ser considerado criativo.
 
PROMOVENDO A SINERGIA NO AMBIENTE DE TRABALHO.
SINERGIA: Ato ou esforço coordenado de vários órgãos na realização de uma função.
Associação simultânea de vários fatores que contribuem para uma ação integrada.
 
Criar um ambiente sinérgico exige investimentos nas pessoas e nos processos.
É necessário estimular profissionais a disponibilizar sua inteligência a favor da organização de
forma que os processos sejam melhorados.
 
DESENVOLVENDO O FATOR QUIM – Quociente de Inteligências Múltiplas.
O que é ser inteligente?
Aurélio Buarque de Holanda, descreve inteligência   como a capacidade de aprender, apreender
ou compreender; inclui percepção, apreensão, intelecto, intelectualidade, capacidade de adaptar-
se facilmente, agudeza, perspicácia, destreza mental, habilidade”. 
Se compararmos o conceito de inteligência de Aurélio às exigências do novo
perfil gerencial perceberemos uma convergência, quando ambos destacam um rol de atitudes e
habilidades humanas.
De que valem os ensinamentos e o conhecimento adquiridos na educação formal ou em cursos
específicos, se os mesmos não vêm agregados a um perfil comportamental adequado?
Profissional inteligente, hoje, é aquele que possui um conjunto competências disponibilizadas
de forma assertiva, o que o faz se destacar em contextos variados.
Que formas de inteligência precisamos desenvolver?
De acordo com Howard Gardner   a inteligência humana apresenta-se sob   sete formas.
Distribuídas entre diversas atividades e profissões, as inteligências se intercalam, se misturam,
se complementam e, quando reunidas, fortalecem aqueles que as possuem.
O quadro a seguir, demonstra a influência de cada uma das sete inteligências na ação
profissional.

Que aspectos da inteligência humana são valorizados em nossa cultura?


Nossa educação privilegiou e privilegia a inteligência lógico matemática e a linguística,
deixando em segundo plano as restantes.
Em uma sociedade essencialmente cartesiana, a predominância do racional sobre o emocional e
intuitivo é evidente.
Paradoxalmente, as portas estão se abrindo para aqueles que dominam aquelas inteligências
menos estimuladas. 
Intuitivamente ou intencionalmente colheremos os   frutos de nossas iniciativas, ampliando
o QUIM - Quociente de Inteligências Múltiplas.
 
A INTELIGÊNCIA A FAVOR DOS PROCESSOS
Os processos empresariais vêm sendo alvo de inovações desde a década de 80.
O fato de estarmos vivendo numa economia globalizada instiga dirigentes brasileiros a
demandar esforços no realinhamento de suas práticas de gestão.
As mudanças contextuais e o alto nível de complexidade do ambiente exercem forte
impacto nas organizações, colaborando para o fortalecimento do fator competitividade.
 A descoberta da ineficiência de nossos antigos modelos, constatada desde a abertura de nosso
mercado em 1991, fez com que acordássemos para esta questão. 
Nas últimas décadas, experimentamos diversas práticas na gestão do negócio. Da qualidade às
competências, vivemos em um ambiente de inovações.
Um programa que tenha como objetivo criar a cultura da inovação tem maiores chances de
sucesso se tiver como foco PESSOAS E PROCESSOS.
 
A revisão de processos exige:
1.   Uso de tecnologias adequadas.
2.   Verificação dos procedimentos que geram resultados pouco significativos.
3.   Ferramentas que permitam a geração de novas idéias, resolução de problemas,
acompanhamento de resultados
e acompanhamento de resultados.
 
PESSOAS E PROCESSOS CRIATIVOS FAZEM O DIFERENCIAL DAS EMPRESAS DE
VANGUARDA.
 

Maria Rita Gramigna é Mestre em Criatividade Total Aplicada pela Universidade de Santiago
de Compostela (Espanha). Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal de Minas
Gerais e pós-graduada em Administração de Recursos Humanos pela UNA – União de
Negócios e Administração (MG). Atua no Mapeamento de Competências, contatos
estratégicos com clientes, capacitação gerencial e treinamento da equipe de consultores da
MRG Consultoria e Treinamento Empresarial.

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