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CONTROLE CULTURAL

1. INTRODUÇÃO

A maioria dos fitopatógenos apresentam uma fase do seu ciclo vital parasitando seu
hospedeiro e alguns tem a faculdade de, após a senescência do seu hospedeiro continuar
nutrindo-se dos tecidos mortos. Esta fase do ciclo biológico é caracterizada pelo
saprofitismo. Nos intervalos entre períodos de parasitismo, os patógenos encontram-se
em um ambiente menos favorável e provavelmente mais vulneráveis às práticas de
controle cultural.
O conhecimento da biologia de um fitopatógeno leva ao entendimento de onde, como
e por quanto tempo ele sobrevive na ausência da planta hospedeira cultivada e de como
ele pode ser racionalmente controlado.

2 CONTROLE DE FITOPATÓGENOS PELA ROTAÇÃO DE CULTURAS

A prática cultural mais empregada pelos agricultores é a rotação de culturas , cujo o


efeito principal relaciona-se à fase de sobrevivência do patógeno. Nesta fase os
patógenos são submetidos a uma intensa competição microbiana durante a qual,
geralmente, levam desvantagens (os parasitos facultativos ou seja, aqueles que em
uma das fases do seu ciclo vital são parasitos de plantas são menos competitivos no
solo que os não parasitos de plantas ou seja que os saprófitas). Correm, também, o
risco de não encontrar o hospedeiro, o que geralmente, determina a sua morte por
desnutrição. Isto ocorre no período entre dois cultivos de uma planta anual, durante as
fases saprofítica.
A rotação de cultura é o cultivo alternado de espécies vegetais diferentes no
mesmo local e na mesma estação anual [nas regiões onde as estações do ano são bem
definidas (verão, outono, inverno e primavera) como no sul e suldeste do Pais e na
mesma época de plantio (chuvoso e seco) para a região Nordeste]. Por exemplo milho,
feijão, milho, feijão, etc. Assim em uma mesma lavoura, durante a mesma estação ou
época de plantio (Ex: chuvosa), são cultivados alternadamente estas duas espécies
vegetal (após a colheita, troca os cultivos de posição, ou seja, onde era plantado milho
planta-se feijão e onde era plantado feijão planta-se milho).
Por outro lado, o cultivo alternado de diferentes espécies na mesma lavoura, em
estações diferentes ou épocas de plantio diferentes constitui-se na sucessão anual de
culturas (cada ano na época chuvosa por exemplo planta-se uma cultura diferente). Por
exemplo a alternância entre melão e mucuna, bastante empregado pelos produtores do
município de Mossoró. Neste caso tem-se monocultura do melão em um ano e
monocultura de mucuna no ano seguinte na mesma época de plantio, por exemplo na
seca. Diz-se que ocorre uma dupla monocultura anual.
O princípio de controle envolvido na rotação de culturas ou na sucessão anual de
culturas é a supressão ou eliminação do substrato apropriado para o patógeno.
A ausência da planta cultivada anual, inclusive as plantas voluntária (aquelas que
germinam de sementes que caem durante a colheita), e os restos de cultura (plantas
remanescentes após a colheita vivas ou mortas), leva à erradicação total ou parcial dos
patógenos parasitos facultativos que dela são nutricionalmente dependentes.
A eliminação dos resíduos culturais durante a rotação de culturas é devido a sua
decomposição pelos microrganismos do solo. Durante o processo de decomposição, os
fitopatógenos associados aos resíduos são destruídos pela microflora antagônica ou
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competitiva). Sob este ponto de vista, a rotação de culturas constitui-se, também em


uma medida de controle biológico.

2.1. CARACTERÍSTICAS DOS FITOPATÓGENOS CONTROLÁVEIS PELA


ROTAÇÃO DE CULTURAS

1. Sobrevivem pela colonização saprofítica dos restos culturais do hospedeiro e não


apresentam habilidade de competição saprofítica,
2. Não apresentam estruturas de resistência as quais poderiam mante-los viáveis por
vários anos no solo até o plantio de uma espécie hospedeira,
3. Apresentam esporos grandes, pesados que são transportados pelo vento a distâncias
relativamente curtas. Ex: Bipolaris sorokiana agente causal da podridão radicular
comum do trigo.
4. Apresentem esporos relativamente pequenos, leves, porém transportados pelo vento
ou por respingos de chuva a distâncias relativamente curtas. Ex: Septoria (mancha em
folhas de tomate, alface, etc.), Colletotrichum (antracnose em várias culturas),
Phomopsis (podridões pós-colheita de mamão).
5. Apresentam poucos ou nenhum hospedeiro secundário (patógenos pouco polífagos).

2.2. CARACTERÍTICAS DOS FITOPATÓGENOS NÃO CONTROLÁVEIS PELA


ROTAÇÃO DE CULTURAS

1. Apresentam habilidade de competição saprofítica. Ex Rhizoctonia solani (damping-


off e podridão radicular em várias culturas).
2. Possuem estrutura de resistência como oósporos (Pythium e Phytophthora),
clamidosporos (Fusarium) esclerócios (Sclerotium, Sclerotinia, Macrophomina e
Verticillium).
3. Apresentam numerosos hospedeiros secundários.
4. Apresentam esporos pequenos, leves que podem ser facilmente transportados pelo
vento a longas dist6ancias.

3. OUTROS MÉTODOS DE CONTROLE CULTURAL

. Uso de material propagativo sadio (exclusão)


. Eliminação de plantas doentes da cultura - roguing (erradicação)
. Eliminação ou queima de restos de cultura (erradicação)
. Incorporação de matéria orgânica no solo (regulação)
. Preparo do solo -aração (regulação)
. Fertilização - nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio etc. (regulação)
. Irrigação (regulação).
. Densidade de plantio (regulação)
. Época de plantio e colheita (evasão)
. Enxertia (imunização)
. Poda (erradicação)
. Barreiras físicas para controle de vírus (quebra ventos) (Proteção)

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