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Instituto Federal da Bahia – Campus Santo Amaro

Deise Adrielle Teles de Oliveira


Emily Souza dos Santos
Evelyn de Andrade Pedreira
Francisco Carlos Barreto Cardoso
Raziel Guilherme de Lima Côrtes

Primavera Árabe

Santo Amaro
2022
Deise Adrielle Teles de Oliveira
Emily Souza dos Santos
Evelyn de Andrade Pedreira
Francisco Carlos Barreto Cardoso
Raziel Guilherme de Lima Côrtes

Primavera Árabe

Trabalho apresentado ao curso


Técnico em Informática, como
requisito na obtenção de nota
para a matéria de geografia
orientado pela professora Eleven
Santana

Santo Amaro
2022
• Introdução

A Primavera Árabe foi o nome dado à série de manifestações e protestos populares


que teve início em dezembro de 2010 na Tunísia, onde a população estava insatisfeita
com o governo autoritário que geria o país na época.
As redes sociais tiveram um papel muito importante para a disseminação da
Primavera Árabe pois com o compartilhamento dos protestos da Tunísia que tiveram
início em dezembro de 2010 e a derrubada do presidente Zine al-Abidine Ben Ali em
janeiro de 2011 o que serviu de inspiração para que países vizinhos.
Após todo esse sucesso dos protestos da Tunísia, a Primavera Árabe se espalhou
para outros países do Oriente Médio e do Norte da África como Egito, Síria, Líbia,
Argélia, Iêmen, Marrocos, Omã, Jordânia, Bahrein, Sudão e Iraque, esse movimento foi
responsável pela instalação de um governo democrático e dissolução de ditaduras em
vários países.

• Causas

As principais causas para a adoção do movimento que foi a Primavera Árabe nos
países foram a insatisfação com os modelos autoritaristas que regiam os países na época.
A população dos países que integraram o movimento, não estava contente com toda a
corrupção dos seus respectivos governos, as altas taxas de desemprego e a falta de
democracia, além da percepção do isolacionismo.
Na Tunísia, país que deu o pontapé inicial para a Primavera Árabe acontecer, o
estopim foi o caso de Mohamed Boazizi, que foi um vendedor ambulante de frutas de 26
anos da cidade de Sidi Bouzid que frequentemente era intimidado por policiais por falta
de licença, problema com seus produtos e cobrança de propina, que Mohamed se recusava
a pagar. No dia 7 de dezembro de 2010, a polícia confisca o carrinho de frutas de
Mohamed, alegando que o mesmo não possuía licença para vender naquele local, após
isso, Mohamed foi até a sede do governo local para tentar recuperar o seu carrinho que
era a sua forma de sustento e não foi recebido, o seu desespero por não conseguir mais
trabalhar foi tão grande, que Bouazizi pegou um galão de combustível, foi para frente do
prédio do governo e ateou fogo no próprio corpo, e por conta das redes sociais a notícia
se espalhou e deu origem a todos os protestos.

• Como ocorreu?

A Tunísia era governada pelo presidente Zine Al-Abidine Ben Ali, um general
ditador, que ficou no poder entre novembro de 1987 até janeiro de 2011, passando ao todo
23 anos no poder.
Em dezembro de 2010 após a autoimolação de Mohamed Bouazizi, gota d’agua
para toda a população da Tunísia que já estava insatisfeita com o regime político e social
do país e começaram a pedir a democracia e o fim do governo de Zine Al-Abidine Ben
Ali, assim começou a série de protestos dos tunisinos que Ben Ali até tentou acalmar com
uma visita ao Bouazizi no hospital, porém não conseguiu, e todas as suas tentativas
frustradas de manter a ordem dizendo o quão “inaceitáveis” eram as manifestações e de
esconder o número de mortos nos protestos, após a morte do jovem Mohamed em 4 de
janeiro de 2011 as manifestações se intensificaram e dia 13 de janeiro de 2011, Ben Ali
declarou que não disputaria as eleições de 2014, mas não surtiu muito efeito na revolta
da população, portanto no dia seguinte, 14 de janeiro, o presidente da Tunísia se retira do
país em direção à Arábia Saudita onde fica exilado.
Após o sucesso rápido da Tunísia, outros países se inspiraram e se juntaram à
Primavera Árabe.
“Estava lançada, na entrada do inverno, a série de protestos e
revoluções contra regimes autoritários no Oriente Médio, conhecida
como Primavera Árabe.” (SIMÕES, Rogério. 2021)

O primeiro país a reproduzir o acontecido da Tunísia foi o Egito que passou 30


anos sendo governada pelo ditador Hosni Mubarak.

• Consequências

A primavera Árabe ocorreu em diversos estados e nós sabemos disso, porém


sabemos que toda ação gera uma reação e que um movimento de porte tão grande não
poderia passar despercebido, como a motivação da revolução foi o descontentamento com
as autoridades que exerciam um poder ditatorial contra a população, muitos líderes que
nós consideramos ditadores caíram nesse processo.
Podemos dar como exemplo a Tunísia que conseguiu após alguns meses retirar
seu ditador e de fato iniciar pela primeira vez uma eleição livre. Não só ele como o ditador
da Líbia Muammar Kadhafi, nesse caso em específico o ditador foi morto em combate e
podemos também considerar que foi uma das revoluções mais sangrentas da primavera
Árabe, no Egito o líder Mubarak deixa de participar de eleições por pressão da população,
o que foi um grande feito visto que o mesmo já governou por muitos anos o país.
No geral podemos dizer que gerou mudanças gigantescas, fazendo com que
ditadores que governavam a muito tempo saíssem do poder, infelizmente em alguns casos
pelo custo de muito sangue, o que podemos considerar uma consequência inevitável da
revolta, observamos também que a partir desse momento países como a Síria passam a
viver um contexto político de guerra civil que se perpetua até os dias atuais na luta contra
seu algoz e sua família.

• Desdobramentos nos outros países

Como já foi dito anteriormente, a Primavera Árabe se espalhou por diversos países
do Oriente Médio e do Norte da África, e em cada país houve um desdobramento diferente
do que aconteceu na Tunísia, a seguir será descrito os acontecimentos dos principais
países:

o Líbia

Na Líbia o movimento ficou conhecido como Guerra Civil da Líbia ou


Revolução Líbia, ela ocorre devido a uma certa influência das revoltas da
Tunísia e tem como principal objetivo pôr um fim à ditadura de Muammar
Kadhafi, que perdurava de 1940 a 2011. Como o regime ditatorial fazia uma
repressão muito severa aos movimentos essa foi uma das revoluções mais
sangrentas da Primavera Árabe. Esse combate foi tão sangrento que necessitou
da intervenção da OTAN, chefiadas pela União Europeia, esse processo tem
“fim” com a morte do ditador no dia 20 de outubro de 2011, porém até os dias
atuais o país não é estável politicamente tendo várias facções lutando entre si

o Egito

Dias de Fúria, Revolução de Lótus e Revolução do Nilo. São alguns dos


nomes pelos quais a Revolução do Egito ficou conhecida. Marcada pelo
movimento social contra a ditadura de Hosni Mubarak, os movimentos em
forma de protesto têm seu início em 25 de janeiro de 2011 e tem seu fim em
11 de fevereiro daquele mesmo ano, quando o ditador anunciou que não iria
se candidatar novamente e dissolveu toda estrutura do seu governo. Em junho
daquele mesmo ano Mouammed Morsi foi eleito presidente do Egito, mas,
sofreu impeachment em 2013.

o Argélia

Os protestos da Argélia se perduram até os dias atuais e tem como principal


objetivo destituir o atual presidente Abdelaziz Bluteflika que está no poder há
12 anos. Devido ao aumento de manifestações e da insatisfação perante o seu
mandato, Bouteflika fez novas eleições e acabou as vencendo em uma disputa
marcada por abstenções. Por isso os protestos ainda se perduram ocorrendo
até ataques terroristas contra o atual governo, motivados também pela prisão
e tortura de líderes da oposição.

o Síria

Os protestos sírios estão em curso até o presente momento. Motivados


por melhores condições de vida e o fim da ditadura de Bashar al-Assad cuja
família permanece no poder a mais de 40 anos, os sírios lutam pela mudança
de regime. A guerra civil da Síria já dura mais de 10 anos tendo seu início
aproximadamente em março de 2011. A ditadura Síria é a mais repressiva e
violenta contra os protestos, estima-se que a guerra já deixou mais de 300 mil
mortos durante o conflito. O conflito chamou a atenção do então presidente
americano Barack Obama que disse que se a Síria se utiliza armamento
químico os EUA iriam intervir, porém Obama não cumpriu sua palavra
devido à pressão popular por conta da guerra do Iraque. A ONU também é
muito pressionada por conta desse conflito, porém suas tentativas de
intervenção não são bem-sucedidas pois a Rússia tem o poder de veto e não
permite que a ONU se envolva, por conta de interesses comerciais. Nos dias
atuais a Síria se encontra dividida por regiões tomadas por rebeldes e regiões
controladas pelo governo e por grupos extremistas como a Al-Qaeda.

o Iêmen

No Iêmen o país teve seu ditador deposto e o seu posto foi assumido por
um líder que prometeu com que essa transição seria feita de forma pacífica
para isso contou com o auxílio da ONU e da União Europeia.
o Marrocos, Omã e Jordânia

No caso desses 3 países eles tomaram decisões semelhantes visto que


todos notaram que deveriam tomar alguma atitude antes que a situação se
tornasse incontrolável, portanto, todos os governos antecipam suas eleições
e fazem alterações na constituição de forma a acalmar os ânimos da
população.

• Golfo Pérsico e a Primavera Árabe

O Golfo Arábico está localizado no Oriente Médio, como um braço do mar


Árabe. O Irã, os Emirados Árabes Unidos, Omã, a Arábia Saudita e o Qatar, o Kuwait e
o Iraque, a ilha do Bahrein, são regiões que são banhadas pelo golfo. O termo “Golfo
Pérsico” é mais utilizado no Ocidente, os árabes preferem chamá-lo de “Golfo Arábico”,
com exceção do Irã.
A importância desse golfo se dá por causa da quantidade de petróleo que se pode
encontrar por lá. Estima-se que corresponde a cerca de 30% da produção mundial e detém
metade das reservas petrolíferas mundiais. Logo, algumas potências mundiais, como os
Estados Unidos da América, tiveram receio de que a Primavera Árabe se espalhasse
dentro dos países banhados pelo Golfo, em especial os mais ricos, visto que a Primavera
Árabe era mais um movimento de independência, podendo movimentar toda geopolítica
do Golfo.

• O Papel das Redes Sociais

É de conhecimento geral que, as redes sociais vêm cada vez mais transformando
a sociedade, bem como a comunicação em proporção global. O alcance e a velocidade
das informações divulgadas nas plataformas digitais, tais como, Twitter, Instagram,
Facebook, Youtube, entre outras, possibilitou trazer para perto algo que está fisicamente
distante, o que permitiu às organizações de movimentos populares de oposição ao
autoritarismo deter governos ditatoriais, como aconteceu na Tunísia, Egito e Líbia
durante a Primavera Árabe.
Visto que estava acontecendo um descontentamento social geral, houve a
necessidade de mudança, assim, os movimentos sociais surgiram. Em razão disso, a
internet acabou tornando-se um meio de protesto social, onde viabilizou a realização da
comunicação entre os manifestantes de alguns países da região, atraindo mais e mais
apoiadores que defendiam a causa.
No mundo Árabe não havia uma grande quantidade de usuários de redes sociais,
porém, devido ao evento da Primavera Árabe, houve uma multiplicação do uso dessas
redes no ativismo político. Segundo o Opera Mundi, na Tunísia, o número de usuários
cadastrados no Facebook subiu significativamente em um intervalo de 2 meses, cerca de
200 mil novos cadastrados entre novembro de 2010 e janeiro de 2011. O Twitter e o
Youtube também foram importantes nessa jornada. Nesse cenário, os Estados se
apropriaram de mecanismos estratégicos como o uso da vigilância e da espionagem para
priorizar suas reivindicações particulares, ignorando as demandas e necessidades da
população protestante.
Dessarte, como as informações chegaram a grau internacional, os Estados e
instituições internacionais mostraram seu apoio e se mobilizaram a favor dos
manifestantes nas redes sociais. Dessa forma, as redes sociais conseguiram informar o
mundo inteiro sobre o que estava acontecendo e, assim, ganhar o apoio da maioria dos
países ocidentais.

• Referências

OLIVEIRA, João Paulo Ferraz. O Conselho de Cooperação do Golfo e sua atuação na


manutenção do status quo na Primavera Árabe. Orientador: Dawisson Elvécio Belém
Lopes. 2013. Dissertação (Mestre, Ciência Política) - Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG), [S. l.], 2013.

BORGES, Thassio. “Redes sociais foram o combustível para as revoluções no mundo


árabe”. Opera Mundi, 2012. Disponível em: https://operamundi.uol.com.br/politica-e-
economia/18943/redes-sociais-foram-o-combustivel-para-as-revolucoes-no-mundo-
arabe. Acesso em: 02/12/2022 às 20:20

MARINHO, Isadora Ferreira. “A importância das redes sociais na primavera árabe: uma
reflexão”. Dois Níveis, 2022. Disponível em: https://www.doisniveis.com/oriente-
medio/a-importancia-das-redes-sociais-na-primavera-arabe-uma-reflexao/. Acesso em:
02/12/2022 às 14:23

BEZERRA, Juliana. “Primavera Árabe”. Toda Matéria. Disponível em:


https://www.todamateria.com.br/primavera-arabe/. Acesso em: 06/12/2022 23:21
SIMÕES, Rogério. “O que foi e como terminou a primavera Árabe?”. BBC News
Brasil, 2021. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-55379502.
Acesso em: 07/12/2022 09:01

PENA, Rodolfo F. Alves. "Primavera Árabe"; Brasil Escola. Disponível em:


https://brasilescola.uol.com.br/geografia/primavera-Arabe.htm. Acesso em: 07/12/2022
09:03.

OSHIO, Raquel. “A primavera Árabe: o que é, causas e consequências”. Estratégia


Vestibulares, 2021. Disponível em:
https://vestibulares.estrategia.com/portal/atualidades-e-dicas/primavera-arabe/. Acesso
em: 07/12/2022 09:07.

ROSA, Joseane. “Primavera Árabe”. Educa + Brasil, 2019. Disponível em:


https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/historia/primavera-arabe. Acesso
em:07/12/2022 09:11.

TRISTÃO, Isadora. “Primavera Árabe – O que foram as revoluções políticas no mundo


árabe?”. Conhecimento Científico, 2019. Disponível em:
https://conhecimentocientifico.com/primavera-arabe/. Acesso em: 07/12/2022 19:51

“Mohamed Bouazizi: O verdureiro que ateou fogo em seu corpo e começou uma
revolução”. O globo, 2020. Disponível em: https://blogs.oglobo.globo.com/blog-do-
acervo/post/mohamed-bouazizi-o-verdureiro-que-ateou-fogo-em-seu-corpo-e-comecou-
uma-revolucao.html. Acesso em: 07/12/2022 19:53

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