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O HIPERCONSUMISMO
REFLEXÕES SOBRE
O HIPERCONSUMISMO
2013
Apresentação .......................................................................7
Reflexões sobre o hiperconsumismo
Liton Lanes Pilau Sobrinho; Rogerio da Silva
Introdução
O presente artigo tem por objetivo analisar e
demonstrar a proteção do consumidor em relação aos
serviços públicos prestados sob o regime de concessão.
Para tanto, inicialmente serão demonstradas as definições
de consumidor e fornecedor, bem como as teorias aplicadas
ao tema. Posteriormente, passa-se a analisar os serviços
públicos essenciais, contínuos e emergenciais, verificando
o posicionamento do Tribunal de Justiça do Rio Grande
do Sul e também do Superior Tribunal de Justiça frente à
interrupção por inadimplência dos consumidores.
Definições: consumidores e
fornecedores
O Código de Defesa do Consumidor, Lei nº 8.078/90,
estabelece normas de ordem pública e interesse social,
1 Graduando do IV nível da Faculdade de Direito da Universidade de Passo
∗¹
Fundo.
**²Professor orientador. Mestre em Direito pela Universidade de Santa Cruz
(2008). Doutorando da Universidade de Santa Cruz.
10 Balcão do Consumidor
Consumidor
O conceito de consumidor no CDC está exposto no art.
2º, caput e seu parágrafo único6, completado pelo art. 17
e 297, sendo consumidor toda a pessoa física ou jurídica,
que adquire produtos (bens móveis, imóveis, materiais
ou imateriais) ou serviços (atividade fornecida mediante
remuneração) como destinatário(s) final(s), bem como
a coletividade de pessoas que possam ser afetadas pela
relação de consumo, as vítimas de acidente de consumo,
que mesmo não sendo diretamente consumidoras, foram
atingidas pelo evento danoso e também todas as pessoas
determináveis ou indetermináveis que estão expostas às
práticas comerciais.
De acordo com José Geraldo Brito Filomeno, um
dos integrantes da comissão de juristas que elaborou o
6 “Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza
produto ou serviço como destinatário final. Parágrafo único. Equipara-se a
consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja
intervindo nas relações de consumo.”
7 “Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-
se a consumidores todas as vítimas do evento.”
“Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos
consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas
nele previstas.”
12 Balcão do Consumidor
14 Balcão do Consumidor
16 Balcão do Consumidor
18 Balcão do Consumidor
20 Balcão do Consumidor
22 Balcão do Consumidor
24 Balcão do Consumidor
26 Balcão do Consumidor
Taxa ou tarifa
A definição de taxa estabelece que a mesma é um
tributo, instituída unilateralmente pelo Estado, com o
intuito de o particular efetuar seu pagamento, seria, então,
uma contraprestação de serviço público ou de benefício feito.
De acordo com o Código Tributário Nacional, em seu art.
7728, serão objetos de taxas os serviços, quando utilizados
28 Balcão do Consumidor
30 Balcão do Consumidor
32 Balcão do Consumidor
34 Balcão do Consumidor
Considerações finais
A opção do legislador constituinte em proteger
o consumidor, com status de direito fundamental e
determinar que a elaboração de um Código de Proteção e
Defesa do Consumidor se deve a uma presunção de que
todo o consumidor é vulnerável, é ele a parte mais fraca
na relação jurídica de consumo e que precisa ser protegido
pelo Estado.
Com relação ao fornecimento de serviços públicos
essenciais, o entendimento é que estes devem ser
disponibilizados de forma contínua, mesmo no caso de
inadimplência de débitos pretéritos do consumidor. A
interrupção não pode ser feita de maneira ex-abrupto
como forma de constranger o consumidor e forçá-lo ao
pagamento da conta, sob pena de, mais uma vez, ferir o
Referências
BALEEIRO, Aliomar. Direito Tributário Brasileiro. 11. ed. atualizada
por Misabel Abreu Machado Derzi. Rio de Janeiro: Forense. 1997.
BRASIL, Código de Defesa do Consumidor, Lei nº 8.078 de 11 de setembro
de 1990.
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
BRASIL, Lei nº 7.783 de 28 de junho de 1989.
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CAPUCHO, Fábio Jun. O Poder Público e as Relações de Consumo. Revista
de Direito do Consumidor vol. 41. São Paulo: RT – Revista dos Tribunais.
2002.
FILHO, Sérgio Cavalieri. Programa de Direito do Consumidor. 2. ed.
São Paulo: Atlas, 2010.
GARCIA, Leonardo de Medeiros. Código Comentado De Direito Do
Consumidor. 4. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2008.
GRINOVER, Ada Pellegrini... [et al.]. Código Brasileiro de Defesa do
Consumidor: comentado pelos autores do anteprojeto. 7. ed. Rio de Janeiro:
Forense Universitária, 2001.
MARQUES, Claudia Lima. Contratos No Código De Defesa Do
Consumidor: O Novo Regime das Relações Contratuais. 5. ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2006.
NUNES, Luiz Antonio Rizzatto. Curso De Direito Do Consumido: Com
Exercícios. 2. ed. Ver., modif. E atual. São Paulo: Saraiva, 2004.
PFEIFFER, Roberto Augusto Castellanos. Aplicação do Código de Defesa
do Consumidor aos serviços públicos. Revista de Direito do Consumidor
vol.65. São Paulo: RT - Revista dos Tribunais, 2008.
PFEIFFER, Roberto Augusto Castellanos. Serviços públicos concedidos e
proteção do consumidor. Revista de Direito do Consumidor vol. 36. São
Paulo: RT - Revista dos Tribunais, 2000.
36 Balcão do Consumidor
38 Balcão do Consumidor
40 Balcão do Consumidor
[...]
[...]
42 Balcão do Consumidor
III – INTRODUÇÃO
Os substituídos possuem contas bancárias junto às
instituições financeiras Demandadas, pelas quais recebem
seus vencimentos salariais. Estes montantes são protegidos
legal e constitucionalmente, em razão do caráter alimentar
que possuem, por gerirem o sustento da família, conforme
bem determina o artigo 649, IV do CPC e artigo 7, X da
CF/88, de forma que não podem ser descontados para o
pagamento de empréstimos ou quaisquer débitos que o
correntista possua junto à instituição financeira.
Ocorre que as instituições financeiras demandadas
efetuam a cobrança de débitos sobre os salários dos
substituídos depositados em suas agências e referida prática
é recorrente em relação a todos os vencimentos. Assim, no
momento em que o salário dos correntistas é depositado,
a instituição efetua débitos de valores correspondentes a
saldos devedores destes e o faz por iniciativa unilateral e
contrária aos termos da lei.
Destaca-se, desde já, que a Constituição Federal de
1988, em seu artigo 7, X, proíbe a retenção dolosa de verbas
salariais nos seguintes termos:
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais,
além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
[...]
44 Balcão do Consumidor
46 Balcão do Consumidor
48 Balcão do Consumidor
50 Balcão do Consumidor
[...]
E ainda:
ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. UTILIZAÇÃO DE
SALÁRIO DEPOSITADO EM CONTA-CORRENTE PARA
COBRIR SALDO DEVEDOR. Precedentes da Corte indicam
13 STJ – Resp 492777/RS – 4ª T – DJ 01/09/2003. p. 298.
52 Balcão do Consumidor
IV – Do Direito de Informação
A conta que os correntistas possuem junto às
instituições financeiras demandadas, onde recebem seus
vencimentos, trata-se, antes de tudo, de uma “conta-
salário”. Isto é, a conta-salário é uma modalidade de conta
54 Balcão do Consumidor
56 Balcão do Consumidor
58 Balcão do Consumidor
[...]
60 Balcão do Consumidor
[…]
62 Balcão do Consumidor
64 Balcão do Consumidor
66 Balcão do Consumidor
68 Balcão do Consumidor
70 Balcão do Consumidor
Notas
[1] NUNES, Rizzatto. In: Curso de Direito do Consumidor. São Paulo:
Saraiva, 2004, p. 570.
[2] NUNES, Rizato - obra citada, p 571.
[3] BENJAMIN, Antonio Herman de Vasconcelos. In: Código Brasileiro
de Defesa do Consumidor - Comentado pelos Autores do Anteprojeto. 7.
ed. São Paulo: Forense, 2001, p. 325/326.
[4] Ob. Cit. Pág. 334/335.
[5] NISHIYAMA, Adolfo Mamoru. In: A Proteção Constitucional do
Consumidor. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2002, p. 132.
[6] NETO, Guilherme Fernandes - in O Abuso do Direito no Código de
Defesa do Consumidor, Brasília Jurídica, 1999.
Introdução
No presente artigo pretende-se investigar os efeitos
do excesso do consumo nas famílias brasileiras e a
necessidade de proteção das crianças e dos adolescentes,
bem como a necessidade de proteção do consumidor em
relação à publicidade veiculada nas embalagens das
bebidas destinadas às crianças e aos adolescentes. Nesta
perspectiva, discute-se a providência adotada pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária, visando ao atendimento
aos princípios constitucionais e aos direitos fundamentais
de defesa do consumidor para resguardar os consumidores
– e principalmente as crianças e os adolescentes – no que se
refere aos anúncios e às ofertas apresentadas nos rótulos de
bebidas e alimentos dedicados a estes públicos, orientando
1 Júlio César de Carvalho Pacheco é Mestre em Desenvolvimento, Direito
e Cidadania – UNIJUÍ/RS; Especialista em Direito Processual Civil –
Instituto Brasileiro de Processo Civil/Brasília-DF e Especialista em Direito
Constitucional – ULBRA/Carazinho-RS.
2 Vinícius Borges Fortes é Mestre em Direito pela UCS – Universidade de
Caxias do Sul/RS.
74 Balcão do Consumidor
8 Ibidem. p. 43.
9 Ibidem. p. 44.
10 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 1988.
11 Apud BONATTO; MORAES, 2003, p. 48.
76 Balcão do Consumidor
78 Balcão do Consumidor
80 Balcão do Consumidor
82 Balcão do Consumidor
84 Balcão do Consumidor
24 Idem, p. 513.
86 Balcão do Consumidor
88 Balcão do Consumidor
90 Balcão do Consumidor
92 Balcão do Consumidor
94 Balcão do Consumidor
A normatização internacional da
publicidade a partir da rotulagem dos
produtos
Satisfação garantida / Obsolescência programada
/ Eles ganham a corrida / Antes mesmo da largada
/ Eles querem te vender, / Eles querem te comprar
/ Querem te matar (a sede), / Eles querem te sedar
/ Quem são eles? / Quem eles pensam que são?
(Humerto Gessinger33)
96 Balcão do Consumidor
Considerações finais
No atual momento de globalização e de intensificação
das relações de consumo – ampliadas pela força da mídia e
da comunicação de massa -, num momento em que as pessoas
humanas são tidas muitas vezes como bens descartáveis e sem
importância, sendo coisificadas pelos processos econômicos,
é necessário refundar o sentido da família, o conceito e os
princípios desta instituição essencial para a construção dos
valores morais e éticos das gerações futuras.
É preciso, enfim, compreender a importância da família
e, sob o prisma jurídico, estabelecer marcos regulatórios
capazes de apoiar as famílias, disponibilizando meios de
37 Ibidem. p. 52.
38 Ibidem. p. 53.
Referências
ANDRADE, Ronaldo Alves de. Curso de Direito do Consumidor. Barueri,
São Paulo: Manole, 2006.
BAUMAN, Zygmunt. Globalização: as conseqüências humanas. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1999.
______. Modernidade líquida. Tradução: Plínio Dentzien. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar Editor, 2001.
______. Amor Líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Tradução de
Carlos Albertto Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2004.
98 Balcão do Consumidor
Marina Neuhaus1
Introdução
O consumo aumenta gradativamente com o passar
dos anos. Com esse aumento vem também o esgotamento
dos recursos naturais que servem como matéria-prima
na criação de bens, bens que atualmente são consumidos
de maneira exacerbada. Em decorrência disso, coube
aos governos tomarem medidas para que o meio e seus
derivados não acabem por se extinguirem, fazendo assim
com que não haja possibilidades de desenvolvimento para
nós e para as próximas gerações.
Surge assim o denominado consumo sustentável, que
prioriza a sustentabilidade, ou seja, o uso de recursos do
meio ambiente de forma consciente e quando realmente
necessária e não para a fabricação e aquisição de supérfluos.
Sabendo que os costumes de sociedades é que originam a
positivação de normas, tem-se a necessidade de proteger
o consumidor, o qual é vulnerável aos fornecedores. Para
isso, o Código de Defesa do Consumidor (CDC) vem auxiliar
a Constituição da República Federativa do Brasil (CF),
unindo ambos, cidadãos e consumidores têm seus direitos
preservados, como também da união de ambos se tem a
proteção do meio ambiente.
Para o consumidor ter condições de optar de maneira
correta ao adquirir produtos, deve ser informado sobre
1 Marina Neuhaus está graduando o V nível da Faculdade de Direito, na
Universidade de Passo Fundo.
Conclusão
Assim como o desenvolvimento sustentável, o consumo
sustentável tem o intuito de salvar o Planeta para nossos
8 PIB: dados completos em- www.ibge.gov.br.
Referências
AGENDA 21 - Texto completo pode ser encontrado em: http://www.ecolnews.
com.br/agenda21/
Constituição Federal - Código de Defesa do Consumidor - Legislação de
Defesa Comercial e da Concorrência – Legislação das Agências Reguladoras.
Organizador: Marques, Fernando de Oliveira. 5. ed. rev. atual. e ampl. São
Paulo: RT, 2004.
CONSUMO SUSTENTÁVEL: Manual de educação. Brasília: Consumers
International/ MMA/ MEC/ IDEC, 2005. 160 p. p. 15.
SARRETA, Cátia Rejane Liczbinski. Meio Ambiente e consumo
sustentável: direitos e deveres do consumidor. Passo Fundo: Ed.
Universidade de Passo Fundo, 2007. p. 161
SINGER, Peter. Ética Prática; Tradução Jefferson Luiz Camargo. 3. ed.
São Paulo: Martins Fontes, 2002 - Coleção Biblioteca Universal. p. 285.
9 SINGER, Peter. Ética Prática; Tradução Jefferson Luiz Camargo. 3. ed.
São Paulo: Martins Fontes, 2002- Coleção Biblioteca Universal. Pg. 285
Introdução
Por não desconhecer que o Código de Defesa do
Consumidor se apresenta como importante e necessário
instrumento de tutela de direitos e de proteção ao
consumidor, ou seja, pelos valores ou pelos fins, é uma norma
jurídica avançada comprometida com a humanização das
relações de consumo e, deste modo, assegura a proteção do
consumidor, qualificando e aperfeiçoando as relações entre
consumidor e comerciante, entre consumidor e prestador
de serviços. Não se trata de uma simples folha de papel,
de simples prescrições normativas, mas de um regime
jurídico de proteção e que tem o compromisso de atuar
sobre a realidade, transformando e qualificando a vida das
pessoas e da sua relação em sociedade.
Assim, se há um compromisso de concretização
dos direitos do consumidor, é porque eles têm que ser
assegurados, é preciso também compor e reconhecer que
os meios jurídicos e processuais devem ter a aptidão de
concretizar tais valores e assegurar que tais fins também
se realizem, se necessário e indispensável, pela atuação
1 Especialização pela Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil
(2003). Mestre em Direito pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos.
Professor titular da Universidade de Passo Fundo, Brasil.
Referências
27 BRITO, Carlos Ayres. O humanismo como categoria constitucional. São
Paulo: Forum, 2007.
Introdução
A defesa do consumidor ocupa posição destacada
no texto da Constituição Federal de 1988, posto que,
primeiramente, é considerada um direito fundamental
e está entre os mais nobres direitos do ser humano,
pois encontrado no rol das garantias do art. 5º da ordem
legislativa máxima do Brasil. Ou seja, a garantia dos
direitos dos consumidores possui valor axiológico a nortear,
não só a interpretação constitucional, mas também os
poderes públicos constituídos na sua concretização.
Além disso, a Constituição repisou a importância da
regulação da ordem de consumo quando colocou, no art.
170, inciso V, do seu texto, a defesa do consumidor. Assim,
mais uma vez elencou a questão consumerista na parte
principiológica da ordem econômica do país, reforçando seu
caráter de direito fundamental de segunda geração (nota
dimensão do ingo).
1 Graduado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS), Especialista em Direito do Estado pela UFRGS, Mestre em
Constitucionalismo Contemporâneo pela Universidade de Santa Cruz do
Sul (UNISC), Consultor Legislativo na Assembleia Legislativa do Estado
do Rio Grande do Sul. Endereço Eletrônico: filipe_etges@al.rs.gov.br
A problemática do consumo de
massa: a despersonalização do
indivíduo
A ampliação da importância do consumo decorre de
um modelo capitalista, trazendo, desde sua gênese, a ideia
Conclusão
A questão do consumidor no país, conforme elencado
ao longo do trabalho, sofre direta influência de fatores como
despersonalização do sujeito consumidor, contratos massivos
e por adesão, falta de eficácia do Estado na proteção do
consumidor, política empresarial opressora de metas e lucro
infinito, individualização das ações dos consumidores, entre
outros fatores e práticas abusivas que surgem à medida que
o processo do consumismo se desenrola.
Todas essas questões afastam o consumidor
da possibilidade de ter as suas queixas individuais
contempladas pelas grandes corporações, uma vez que este
não tem acesso aos seus centros decisórios, exceto por call
centers impessoais e informatizados.
Nesse contexto, a aproximação entre a esfera pública
e a privada tende a ser um agregador de forças que
possibilita uma ingerência nessas corporações, no sentido
de defesa dos interesses dos consumidores. As comissões
parlamentares podem, assim, realizar essa aproximação
consumidor-fornecedor de forma mais eficaz.
Assim, esse importante instrumento permite puxar os
consumidores para dentro da esfera decisória das empresas,
evitando a frustração de, individualmente, contentar-se em
reclamar diante de uma gravação em um 0800 ou obrigar-se
a arcar com os custos, o desgaste e o tempo despendido em
uma ação judicial, nem sempre vitoriosa, dada a dificuldade
de obtenção de provas junto a essas grandes multinacionais,
nem sempre suprida pela inversão do ônus da prova facultado
pelo Código de Defesa do Consumidor.
Introdução
O presente trabalho versa sobre o princípio de
transparência e o dever de informação no que concerne à
rotulagem nos alimentos transgênicos, tendo como foco o
direito consumerista consagrado pela Lei 8.078 de 11 de
setembro de 1990, especialmente o previsto no artigo 6º,
inciso III. Muito embora a legislação específica exija, o que
ainda se observa é uma deficiente prestação de informação
por parte dos fornecedores que disponibilizam os produtos
geneticamente modificados no mercado de consumo.
Entende-se que a informação deve constar do rótulo de
quaisquer produtos, em especial aqueles que contenham
transgênicos em sua composição. Tal afirmação é feita à luz
do dever de informação e do princípio da transparência, eis
que o mercado consumerista e os itens nele disponibilizados
atingem uma vasta gama de consumidores, que, por
definição, são a parte vulnerável da relação de consumo.
1 Mestre em Direito pela UNISINOS; professora da Universidade de Passo
Fundo; Coordenadora do projeto Balcão do Consumidor – UPF Campus
Lagoa Vermelha; Advogada.
2 Acadêmica do curso de Direito da Universidade de Passo Fundo – Campus
Lagoa Vermelha; Estagiária no Balcão do Consumidor – Campus Lagoa
Vermelha.
Considerações gerais
A massificação do consumo, resultado da modernidade,
coloca à disposição do consumidor inúmeros produtos
e propicia grande demanda, ao mesmo tempo em que
25 FILOMENO, José Geraldo Brito, 2007, p. 230.
Referências
ANDRIOLI, Antônio Inácio; FUCHS, Richard. Transgênicos: As sementes
do mal: A silenciosa contaminação de solos e alimentos: São Paulo, 2008.
BRANDÃO, Emanuelle Campos. Produtos Transgênicos: Rotulagem e o
Direito á Informação do Consumidor. Conteúdo Jurídico.com.br. Disponível
em: http://www.direitoparatodos.com/produtos-transgênicos-rotulagem-
Introdução
Atualmente, o ciclo econômico obedece à máxima
“compre, desfrute, jogue fora.”2 Eis a roda viva em que
se insere a vida do homem dentro de uma sociedade de
consumidores. O mercado oferece sempre novos produtos,
uma grande oferta de inovações, algumas das quais são
consumidas, outras, sem encontrar um consumidor
interessado, são dispensadas aos depósitos de lixo. Há
sempre a pressão de novos produtos dinamizando e
renovando essa economia de consumo.
O ser humano, inserido dentro deste panorama, é
continuamente colocado na condição de escolher. Por
exemplo, as mensagens publicitárias estão espalhadas
por todos os lugares, na televisão, rádio, Internet, jornais,
1 O autor é Mestre em Filosofia pela UFSC (2011); tem especialização em
processo civil pela UNIVALI (2007); especialização em psicologia social
pela Universidade Estatal de São Petersburgo (2011). É Professor do
curso de Direito da UNIVALI e está cursando o doutorado em direito na
UNIVALI com dupla titulação pela Università degli Studi di Perugia.
2 BAUMAN, Zygmunt. Vida para consumo. 2008. p. 126.
A obsolescência na sociedade de
consumidores
O atual cenário da sociedade de consumidores
foi precedido pela sociedade de produtores. Conforme
Bauman3, pela transição da sociedade de produtores
à sociedade de consumidores a fonte de acumulação
capitalista transferiu-se da indústria ao mercado de
consumo. Na sociedade de produtores, os lucros advinham
da exploração da mão de obra assalariada; na sociedade de
consumidores, os lucros derivam da exploração dos desejos
de consumo. Deste modo, o mercado atualmente busca que,
por meio da oferta - oferecendo cada vez mais produtos em
escala exponencial -, seja possível criar demanda. Essa
crença, naturalmente, quer a existência perene de desejos
a serem satisfeitos, ou seja, o mercado deve evitar que
as necessidades sejam saciadas e ampliar a margem de
clientes com necessidades.
Uma sociedade de consumidores, para manter-se,
substitui continuamente objetos de consumo e estimula a
Do fetichismo da mercadoria ao
fetichismo da subjetividade
Na sociedade de produtores, verificava-se o “fetichismo
da mercadoria”, falácia denunciada por Marx, em que
as relações sociais entre as pessoas recebem a ilusória
forma de uma relação de coisas, ou seja, as relações são
desumanizadas e objetificadas. Como explica Harvey45,
pelo fetichismo da mercadoria são ignoradas todas as
condições de trabalho e de vida (como frustrações, alegrias,
etc) da qual depende a produção de uma mercadoria. Então,
seguindo-se o comentário de Harvey, vê-se a mercadoria
isolada e separada das condições sociais necessárias para
a sua existência, por exemplo, pode-se tomar um café da
manhã sem se preocupar com as pessoas que trabalharam
para que fosse possível esse café, ou então, observando-se
43 BAUMAN, Zygmunt. Vida para consumo. 2008. p. 65.
44 BAUMAN, Zygmunt. Vida para consumo. 2008. p. 65.
45 HARVEY, David. Condição pós-moderna. 16. ed. São Paulo: Loyola, 2007.
p. 90.
Considerações finais
Constata-se, a partir deste estudo, uma dinâmica de
mercado que chega a esmagar a diferença cartesiana entre
sujeito (consumidor) e objeto (mercadoria), condenando o homem
a uma vida em que ele próprio se reduz a objeto: o consumidor
é simultaneamente mercadoria de consumo. Neste panorama,
revisita-se em uma nova versão a máxima cartesiana, nas
palavras de Bauman69: “Compro, logo sou [...] um sujeito”.
Tudo isso ocorre dentro de um ambiente líquido-
moderno de instâncias a curto prazo, feito de desejos
instáveis e insaciáveis que devem ser sempre novamente
saciados, o que deve ocorrer pelo consumo imediato e,
depois, pelo descarte de objetos e sua troca por novos.
67 BAUMAN, Zygmunt. Vida para consumo. 2008. p. 128.
68 “[...] un yo permanentemente impermanente, completamente incompleto,
definidamente indefinido… y auténticamente inauténtico”. BAUMAN,
Zygmunt. Vida líquida. Barcelona: Paidós, 2006. p. 49.
69 BAUMAN, Zygmunt. Vida para consumo. 2008. p. 26.
Referências
70 BAUMAN, Zygmunt. Vida para consumo. 2008. p. 31.
71 BAUMAN, Zygmunt. Vida para consumo. 2008. p. 30.
72 ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia completa. 3. ed. Rio de Janeiro:
Nova Aguilar, 2002. p. 126.
Introdução
O presente texto apresenta uma reflexão sobre a
possível utilização da mediação nas relações de consumo,
sendo que tem como fio condutor da análise o projeto da
ética do discurso. Atualmente, tanto a conciliação quanto a
mediação são fortemente citadas e debatidas em pesquisas
desenvolvidas sobre meios alternativos de solução de
conflitos, justiça restaurativa e elaboração de políticas
públicas, apresentando-se, portanto, como caminhos
diferentes à jurisdição tradicional do Estado-Juiz.
Para encetar este propósito, na primeira parte do texto
há uma abordagem da modernidade e dos seus reflexos a
partir de uma racionalidade instrumental que culminou na
segunda metade do século XX com o cidadão-consumidor e
o consumo desenfreado com consequente caos ambiental
e social, a partir de uma lógica perversa do capitalismo
mundial. Na segunda parte, o estudo faz uma análise
dos meios alternativos para resolução de conflitos e, de
forma específica, da conciliação e da mediação voltadas
1 Doutorando em Ciências Jurídicas e Sociais pela UFF; Mestre em
Desenvolvimento pela Unijuí; Especialista em Direito Privado pela Unijuí;
Professor da Faculdade de Direito da UPF. E-mail: marcio@upf.br.
A modernidade e a racionalidade
instrumental
A modernidade inventou o conceito de razão prática
e a partir daí uma crescente separação entre sistemas e
mundo da vida. Mercado, economia, religião, entre outros,
são sistemas que, segundo Habermas, colonizaram o
mundo vivido (Lebenswelt), sufocando as relações sociais
de tal forma que há um domínio pela razão instrumental e
pela técnica. De acordo com Habermas, o método científico,
o qual levava a uma dominação mais eficaz da natureza,
também proporcionou mais tarde os conceitos puros e os
instrumentos de dominação do homem sobre o homem, por
meio da dominação da natureza. Dessa forma, a dominação
se torna duradoura e amplia-se não somente mediante
a tecnologia, mas como tecnologia, a qual proporciona
legitimação ao poder político2.
Como decorrência de tal contextualização, a tecnologia
proporciona grande racionalização da falta de liberdade
do homem, demonstrando sua impossibilidade de ser
autônomo e de determinar pessoalmente a sua vida. O
referido tipo de racionalidade exige uma forma de ação
que implica dominação, quer sobre a natureza ou sobre a
sociedade, desvendando-se o conceito de “razão técnica”
2 HABERMAS, Jürgen. Técnica e ciência como “ideologia”. Lisboa/Portugal:
Edições 70. s.d. p.49.
Conclusão
A partir da análise realizada, pôde-se observar
que, primeiro, há uma marcante diferença entre os
institutos da conciliação e da mediação, de maneira
que na conciliação o papel de um terceiro envolvido
é significativo para se chegar a um acordo entre as
partes, enquanto que na mediação o acordo deve ser
22 HABERMAS, Jürgen. Consciência moral e agir comunicativo. Tradução
de Guido A. de Almeida. Tempo Brasileiro: 2003. p. 110-112.
Referências
CORRÊA, Darcísio; CORRÊA, Tobias Damião. O ser-no-mundo e a política
da vida: questões acerca da descartabilidade humana e planetária. Revista