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VULNERABILIDADE DE PESSOAS COM TRANSTORNOS

MENTAIS NO TRABALHO

1. INTRODUÇÃO
Pessoas com transtornos mentais encontram muitas dificuldades e
obstáculos no mercado de trabalho, existem estudos como de
Assunção (2017) que demonstram que indivíduos com transtornos
mentais tendem a serem submetidos a situações como
desemprego, subemprego e aposentadoria precoce.
Atualmente existem leis para inclusão social a partir de cotas
visando os indivíduos com deficiência, porém estas leis são mais
focadas para deficiência física, resultando em uma maior dificuldade
de pessoas com deficiência mental serem inseridas no mercado de
trabalho.
Indivíduos com transtornos mentais, quando empregados, sofrem
por motivos como falta de conhecimento para manejar crises e
sintomas por parte dos empregadores, bem como também sofrem
de discriminação sobre suas deficiências mentais. Visto isto, para
que o avanço da inclusão deste grupo o mercado de trabalho, é
preciso pesquisar políticas públicas e sociais que ajudem estes
indivíduos a serem inseridos de forma adaptada as suas condições.
Já existem políticas públicas para transtornos específicos como o
Transtorno do Espectro do Autismo, incluindo no próprio âmbito
escolar a preparação para o mercado de trabalho, para que tenham
direito à cidadania. A representatividade sobre este transtorno vem
crescendo através das mídias sociais e por parte de familiares que
se relacionam com crianças autistas, como demonstram Pereira, et
al. (2019).
Assunção (2019) afirma que para que haja mais políticas públicas e
mais força no entendimento do assunto e inclusão dos indivíduos
com transtornos mentais é preciso que cresça também através de
mídias sociais e canais de comunicação a representatividade em
transtornos mentais que atingem grande parte da população como
depressão e Transtorno de Ansiedade Generalizada.
2. OBJETIVOS
O presente trabalho visa verificar como é a atuação e vivência de
pessoas com transtornos mentais no ambiente de trabalho e
demonstrar que estes indivíduos sofrem de uma vulnerabilidade
social que pode dificultar suas atividades laborais, já que os
mesmos necessitam de inclusão e atenção visto que os sintomas
destes transtornos e efeitos colaterais de medicações podem afetar
sua capacidade laboral.
Procura-se também analisar as consequências desta
vulnerabilidade social para que se possa entender melhor o
ambiente estudado e assim criar formas de melhorar a condição de
portadores de transtornos mentais no âmbito laboral.
3. METODOLOGIA
Neste trabalho foi realizada uma revisão da literatura com base na
pesquisa de artigos científicos realizados entre 2002 e 2019
abordando a vulnerabilidade social de pessoas com transtornos
mentais no trabalho. Utilizaram-se as seguintes palavras-chave:
transtornos mentais, vulnerabilidade social, inclusão social.
4. RESULTADOS
Há estudos como de Almeida e colaboradores, realizado em 2005,
onde 2055 mulheres que realizavam trabalho doméstico foram
entrevistadas e o objetivo era estabelecer a relação entre este tipo
de trabalho e transtornos mentais no público alvo. Das 2055
mulheres entrevistadas, 811 apresentavam transtornos mentais,
onde o sintoma predominante era de humor depressivo e ansioso.
Neste âmbito de sintomas há processos como assustar-se com
facilidade, se sentir triste pelo tratamento recebido e sentir-se uma
pessoa inútil, sem préstimo.
Nesse sentido, o resultado obtido mostra que existe uma grande
dificuldade das mulheres com transtornos mentais para
desempenhar trabalhos domésticos e manter-se neste emprego,
visto que os sintomas pesam contra a manutenção do emprego.
Foi possível também verificar a importância das mídias sociais em
relação a esta vulnerabilidade social, sendo estas ferramentas
poderosas que são capazes de propagar de forma abrangente as
informações necessárias sobre o assunto discutido, onde
influenciadores digitais poderiam propagar o conhecimento sobre
este assunto, beneficiando estes indivíduos que sofrem de
transtornos mentais de tal forma que sejam melhor compreendidos.
A partir de revisão bibliográfica de Scott e colaboradores (2018),
onde foram observados 21 artigos publicados entre 2005 e 2013, foi
também possível constatar que a vulnerabilidade social pode surgir
quando os recursos materiais e simbólicos não são compatíveis, o
que gera um resultado negativo.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Portanto, pode-se afirmar que portadores de transtornos mentais
enfrentam muitos problemas para serem inseridos e mantidos no
mercado de trabalho, sendo estes por muitas vezes mal vistos e
mal tratados devido seus comportamentos decorrentes dos
sintomas, tais como crises psicóticas e crises de ansiedade. Dentro
deste grupo, há populações específicas bastante atingidas por esse
problema, porém é possível verificar que independente do gênero,
etnia e sexualidade, portadores de deficiências mentais sofrem
muitas dificuldades no processo de cidadania.
É necessário criar modelos onde a maioria deva se adaptar as
minorias quando se fala sobre transtornos mentais no trabalho.
Estes indivíduos são uma minoria que deve ser cuidadosamente
tratada para que estes não sejam submetidos as situações
verificadas no presente trabalho, como subemprego, desemprego e
aposentadoria precoce.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSUNÇÃO, Ada Ávila; LIMA, Eduardo de Paula; GUIMARÃES,
Mark Drew Crosland. Transtornos mentais e inserção no
mercado de trabalho no Brasil: um estudo multicêntrico
nacional. Cadernos de Saúde Pública, v. 33, p. e00166815, 2017.
ARAÚJO, Tânia Maria de; PINHO, Paloma de Sousa; ALMEIDA,
Maura Maria Guimarães de. Prevalência de transtornos mentais
comuns em mulheres e sua relação com as características
sociodemográficas e o trabalho doméstico. Revista Brasileira de
Saúde Materno Infantil, v. 5, p. 337-348, 2005.
DA SILVA TALARICO, Mariana Valente Teixeira; DOS SANTOS
PEREIRA, Amanda Cristina; DE NORONHA GOYOS, Antônio
Celso. A inclusão no mercado de trabalho de adultos com
Transtorno do Espectro do Autismo: uma revisão bibliográfica.
Revista Educação Especial, v. 32, p. 1-19, 2019
LUDERMIR, Ana Bernarda; DE MELO FILHO, Djalma A.
Condições de vida e estrutura ocupacional associadas a
transtornos mentais comuns. Revista de Saúde Pública, v. 36, p.
213-221, 2002.
SCOTT, Juliano Beck; PROLA, Caroline de Abreu; SIQUEIRA, Aline
Cardoso, PEREIRA, Caroline Rubin Rossato. O Conceito de
vulnerabilidade social no âmbito da psicologia no Brasil: Uma
revisão sistemática da literatura. Psicologia em revista, v. 24, n.
2, p. 600-615, 2018.
OLIVIER, Marilene; PEREZ, Cristiani Storch; BEHR, Simone da
Costa Fernandes. Trabalhadores afastados por transtornos
mentais e de comportamento: o retorno ao ambiente de
trabalho e suas consequências na vida laboral e pessoal de
alguns bancários. Revista de Administração Contemporânea, v.
15, p. 993-1015, 2011.

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