PORTO ALEGRE 2020 A Intervenção Científica e Social do Psicólogo no Contexto da Educação Especial
O surgimento da Psicologia como área destacada do saber humano, tem grande
relação com o movimento de sua afirmação como ciência. Como disciplina científica evoluiu, postulou e definiu metodologias para a promoção da saúde biopsicossocial, mitigando efeitos patológicos, e fomentando a saúde. Tal interface tem profundas relações com a área da educação especial, na qual o psicólogo atua, também articulado a outros profissionais, buscando contribuir para o desenvolvimento de pessoas com deficiência, ambicionando mitigar suas limitações e dar suporte psicológico a esse processo. Se por um lado, podemos destacar a intervenção científica do psicólogo voltada para a atuação da saúde, também é importante destacar o papel militante e social do profissional nesse contexto. Sabemos que a superação ou diminuição das limitações sofridas por pessoas com deficiência podem ser efetivadas através de adaptação ambiental, acessibilidade, tecnologias inclusivas. Para tanto as políticas públicas, a intervenção social e o desenvolvimento comunitário são de suma importância. Como elemento ilustrativo dessa situação podemos destacar o testemunho do psicólogo André, que partilhou com a turma sua trajetória de vida, preferências, peculiaridades e perspectivas como sujeito, bem como o relato de sua biografia, na qual figura a ocorrência da deficiente visual desde os seus 17 anos. No desenvolvimento de sua fala ele nos brindou com inúmeras experiências vividas por ele, dentre as quais eu destaco as dificuldades que o mesmo experimentou no contexto da convivência com seus pares no contexto acadêmico. Esse episódio, relatado pelo psicólogo, pode ser facilmente relacionado com a LEI Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE 2015, que expõem barreiras que limitam e impedem a participação social e exercício de direitos. Tal exemplo pode nos ajudar a compreender como, inúmeras dessas barreiras estão relacionadas a questões físicas, estruturais ou até mesmo tecnológicas, mas, que aquelas que estão diretamente ligadas a perspectivas atitudinais também podem gerar profundos prejuízos que limitam e impedem a participação do sujeito. Desta forma, além da militância por políticas públicas e investimentos necessários a adequação das necessidades de cada sujeito, me parece que o trabalho privilegiado do psicólogo também pode ser, contribuir para o desenvolvimento do sujeito portador de necessidades especiais para lidar com o contexto social que o cerca, assim como, preparar e desafiar o cenário social a contribuir efetivamente com posturas e atitudes comprometidas com a inclusão. Portanto, quando vislumbramos a relação do psicólogo em contato com a atuação na educação especial, podemos compreender que sua atividade tem potência privilegiada como cientista, criando, viabilizando e proporcionando a promoção da saúde por meio das técnicas da ciência psicológica, e auxiliando na transformação social necessária para a inclusão genuína por meio da militância, política e social, em prol de estatutos, campanhas e políticas públicas que auxiliem a sociedade a efetivar caminhos para sua concretização. REFERÊNCIAS:
LEI BRASILEIRA DE INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA (ESTATUTO DA
PESSOA COM DEFICIÊNCIA) LEI Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE 2015. COTRIN, Jane Teresinha Domingues. Itinerários da psicologia na educação especial: uma leitura histórico-crítica em psicologia escolar. 2010. Tese (Doutorado em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano) - Instituto de Psicologia, University of São Paulo, São Paulo, 2010. doi:10.11606/T.47.2010.tde-22072010-091001. Acesso em: 2020-12-03. Mori, N. N. R. (2016). <B>Psicologia e educação inclusiva: ensino, aprendizagem e desenvolvimento de alunos com transtornos. Acta Scientiarum. Education, 38(1), 51-59. https://doi.org/10.4025/actascieduc.v38i1.26236