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recurso aos memes em


diferentes padrões de gêneros à
luz da Linguística Textual
Mônica Magalhães Cavalcante*
Rafael Lima de Oliveira**

Resumo
A presente pesquisa propõe descrever
e definir a prática linguageira dos
Introdução
memes na internet, analisando-os a
partir dos critérios definidores dos gê- A partir do advento da internet, como
neros do discurso segundo os pressu- hoje a conhecemos, por volta da década
postos de Bakhtin, de Miller, de Ba- de 1990, e com a massiva proliferação
zerman e de Rojo, para compreender do uso das redes sociais, as interações
como e com que propósito surgiram
os memes, e como esses se constituem humanas assumiram os mais diferentes
em um percurso histórico na internet. formatos. Esses importantes acrésci-
Para tanto, utilizaremos os pressu- mos contribuíram significativamente
postos teóricos de Bakhtin (2003) e para o surgimento de novas formas de
Bazerman (2009) e a noção de gêne-
comunicação e interação. Foi a partir
ros emergentes de Marcuschi (2004) e
Lima-Neto (2014), além da compreen- deles também que se buscou analisar os
são dos processos intertextuais com
base em Cavalcante, Carvalho e Faria
(2017). A partir de nossa análise, ar-
gumentamos que, por coerência com a *
Doutora em Linguística pela Universidade Federal de
noção de gênero que sustentamos, os Pernambuco (2000), com pós-doutorado em Linguística
memes não poderiam constituir um pela Unicamp (2003). Atualmente, é professora asso-
ciada IV da Universidade Federal do Ceará e bolsista
único e mesmo gênero do discurso, CNPq de produtividade em pesquisa nível PQ-2. Tem
pois podem compor uma diversidade experiência na área de linguista do texto, com ênfase em
de práticas discursivas, nem todas referenciação, mas também pesquisa intertextualidade,
com uma nomeação estabilizada so- metadiscursividade, argumentação, heterogeneidades
enunciativas, gêneros do discurso, articulação tópica e
cialmente.  sequencias textuais. E-mail: monicamc02@gmail.com
**
Mestrando em Linguística do Programa de Pós-gradua-
Palavras-chave:  Gêneros discursi- ção em Linguística, pela Universidade Federal do Ceará
vos. Meme; Viralização. Intertex­ (UFC). É membro do Grupo de Pesquisa e Linguística
– Protexto-UFC. E-mail: rafaellima@outlook.com
tualidade.
Data de submissão: dez. 2018 – Data de aceite: mar. 2019
http://dx.doi.org/10.5335/rdes.v15i1.8931

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chamados gêneros emergentes, definidos intertextualidade e de que forma eles
por Marcuschi (2004) como gêneros tão contribuem para a criação dos memes.
efêmeros e maleáveis que não se pode ga- Por se tratar de um objeto de análise
rantir sua longevidade e rigidez quanto relativamente novo, a literatura so-
às formas e às funções, características bre gêneros apresenta caracterizações
comuns aos gêneros já consolidados. e classificações distintas do meme. Em
Na última década, a internet virou obras recentes, como a de Rojo e Barbosa
o terreno apropriado para uma prática (2015), por exemplo, o meme é considera-
linguageira bastante comum e difundida do como um tipo de gênero do discurso.
que aqui denominamos meme. Pode- Essa mesma ideia é defendida por outros
mos considerar o recurso tecnológico do pesquisadores, em trabalhos como os
meme como uma prática linguageira, se de Passos (2012), Silva (2016), Lima e
adotarmos a concepção de linguagem Castro (2016) e Castro (2017).
de Charaudeau e Maingueneau como Mostraremos, neste trabalho, as
um conjunto de práticas linguageiras dificuldades que esse posicionamento
condicionadas pelo social, mas dele con- causa até para a própria definição de
dicionantes: gênero que assumimos em linguística
[...] [a] “prática linguageira” remete às textual, razão por que optamos por não
noções de “produções verbais”, de “enuncia- assumir a noção de meme como gênero
ção”, de “fala”, e até mesmo de “performan- do discurso. Um fato que corrobora essa
ce”, mas distingue-se delas de um ponto de
vista teórico pela ênfase posta na noção de decisão é o de que os memes podem ser
“prática”: a linguagem faz parte do conjunto materializados em diversos gêneros, e
das práticas sociais, sejam elas práticas de um deles é o que, por vezes, tem sido
produção, de transformação ou de reprodu-
ção. [...] Como qualquer prática social, as
chamado de “post com meme” ou “meme
práticas linguageiras são determinadas e verbo-imagético”, isto é, postagens de
restringidas pelo social e, ao mesmo tempo, textos verbo-imagéticos com um determi-
elas produzem efeitos sobre ele, contribuem
nado padrão nas redes sociais e que são,
para transformá-lo. (CHARAUDEAU;
MAINGUENEAU, 2016, p. 397). popularmente, denominadas de “gênero
meme”, ainda que tal forma de desig-
O meme constitui-se a partir de textos
nar não seja inteiramente consensual.
publicados na internet com propósitos
Tampouco é consensual, nem precisa, a
essencialmente humorísticos e/ou críti-
denominação de “post com meme”, suge-
cos em relação a uma situação ocorrida
rida por Cavalcante (2016), por Taffarello
no cotidiano, que mantêm relações
(2017) e por Lima (2017), já que um post
intertextuais com textos de situações
pode comportar gêneros variados, e de-
diversas dos usuários da internet. Du-
signar esses textos desse modo não diz
rante o desenvolvimento deste trabalho,
exatamente que gênero é postado com o
buscaremos esclarecer os processos de
recurso do meme. Portanto, chamar de

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postagem com meme é tão problemático Sobre gêneros discursivos
quanto manter a denominação popular
de “meme”, simplesmente. Tal impreci- e gêneros discursivos
são terminológica, na verdade, é muito emergentes
peculiar aos gêneros que, a todo instante,
se transmutam na mídia internet, numa Concebemos gêneros discursivos,
velocidade tão alucinante que não conse- como propôs Bakhtin (2003), não somen-
guem, por vezes, convencionar um nome. te como tipos relativamente estáveis de
Apesar dessa diversidade de gêneros que enunciados, com regularidades temáti-
apresentam memes, acreditamos que cas, composicionais e estilísticas, que
os memes influenciam sensivelmente utilizamos para interagir socialmente,
na formação e na solidificação dos gê- mas também, como ressaltou Bazer-
neros emergentes na esfera das mídias man (2009), para, em alguma medida,
digitais. dar forma às atividades sociais. Como
A falta de uma classificação e de afirma Fiorin, em consonância com o
uma definição precisa e uniforme para pensamento bakhtiniano:
esta prática social nos incita à elabora- Os seres humanos agem em determinadas
ção desta pesquisa, em busca não so- esferas de atividades, as da escola, as da
igreja, as do trabalho num jornal, as do tra-
mente de compreender como surgem os balho numa fábrica, as da política, as das re-
memes dentro de um percurso histórico lações de amizade e assim por diante. Essas
da internet, mas também de analisar esferas de atividades implicam a utilização
da linguagem na forma de enunciados. Não
seus traços característicos. A partir dis-
se produzem enunciados fora das esferas
so, refletiremos sobre as postagens das de ação, o que significa que eles são deter-
redes sociais que costumam aparecer sob minados pelas condições específicas e pelas
a forma de texto verbo-imagético com a finalidades de cada esfera. Essas esferas de
ação ocasionam o aparecimento de certos
participação do recurso dos memes. Obje- tipos de enunciados, que se estabilizam
tivamos contrastar suas diferentes mani- precariamente e que mudam em função
festações à luz do tripé sugerido por Ba- de alterações nessas esferas de atividades
(FIORIN, 2006, p. 61).
khtin para a consideração de um gênero:
tema, composição e estilo, para, por fim, Na teoria bakhtiniana, a unidade
propor uma caracterização inicial das concreta e real de comunicação é o enun-
práticas discursivas em que costumam ciado, tendo em vista que esse carrega
se dar os memes. Assim sendo, com esta relações de significação que vão muito
breve reflexão, almejamos contribuir mi- além do significado linguístico estabili-
nimamente para uma compreensão mais zado e pertence aos sujeitos discursivos
criteriosa de alguns padrões genéricos, de alguma esfera da atividade humana.
cada vez mais recorrentes e diversifica- Para o autor, o enunciado é um evento
dos, que se utilizam de memes. único e irrepetível. Cada esfera da socie-

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dade produz tipos relativamente estáveis características de fácil reconhecimento,
de enunciados, os quais denomina de gê- as quais permitem a identificação da
neros discursivos. Souza (2011, p.4) nos espécie de texto a que pertencem, dentre
diz que por serem oriundos das relações elas as funções principais ou as ativida-
sociais, os gêneros “sofrem, incessante- des realizadas via gêneros.
mente, influência das transformações Dada a relação entre os gêneros e as
que ocorrem na sociedade, ampliando-se práticas sociais, o advento da internet
à medida que se complexifica o campo complexificou, modificou e permitiu o
das atividades humanas”. surgimento de variados gêneros discur-
Pinto (2010), em seus estudos sobre sivos. Para Marcuschi (2004), a internet
a argumentação em gêneros discursivos, favorece novas formas de comportamen-
sintetiza bem os pensamentos bakhti- to comunicativo. Com a tecnologia e as
nianos sobre tema, estilo e unidades transformações nas formas de interação,
composicionais, ao afirmar que o tema novos gêneros passam a existir para
seria composto por um sistema de signos atender às necessidades interacionais.
dinâmicos e complexos atualizados histo- Esses gêneros que emergem no contexto
ricamente, assim como o próprio gênero digital são, para Marcuschi, “relativa-
do discurso. Ou seja, estão ligados à noção mente variados, mas a maioria deles
de tema elementos verbais, como as for- tem similares em outros ambientes,
mas linguísticas, e elementos não verbais, tanto na oralidade, como na escrita”
como o contexto socio-histórico, o suporte (MARCUSCHI, 2004, p. 13), ou seja, os
material, o objetivo definido e as relações gêneros emergentes não seriam com-
entre locutor/destinatário/objetivo. pletamente novos e trariam consigo um
Na sequência, Pinto (2010) observa traço de outro gênero anterior a ele. Essa
que a noção de estilo, para Bakhtin, diz perspectiva de uma continuidade com
respeito à escolha de estratégias lin- uma tradição já havia sido aventada por
guísticas, de acordo com a “solicitação” Bakthin (2008):
do gênero em que o texto está inserido. Ao nascer, um novo gênero nunca suprime
Por fim, para a autora, as unidades com- nem substitui quaisquer gêneros já existen-
posicionais representam a estruturação tes. Qualquer gênero novo nada mais faz
que completar os velhos, apenas amplia o
das diversas partes do texto em função círculo de gêneros já existentes. Ora, cada
da relação entre o locutor e os outros gênero tem seu campo predominante de
parceiros da comunicação verbal. Um existência em relação ao qual é insubstituí-
vel [...] Ao mesmo tempo, porém, cada novo
leitor/ouvinte, ao reconhecer determi- gênero essencial e importante, uma vez
nado gênero, pode inferir qual o tipo de surgido, influencia todo o círculo de gêneros
estrutura composicional que um texto velhos: o novo gênero torna os velhos, por
assim dizer, mais conscientes, fá-los melhor
tenderá a apresentar. Bazerman (2009)
conscientizar os seus recursos e limitações,
afirma que a maioria dos gêneros tem ou seja, superar a sua ingenuidade ( p. 340)

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Recorrendo a pressupostos de Miller ainda emergente(s), tendo em vista que
e Shepherd, Lima-Neto (2014) defende a comunicação só é efetuada por meio
que “enquanto houver demandas enun- deles. E – principalmente – sabemos que,
ciativas, possivelmente gêneros antigos se esta for a decisão das comunidades
evoluirão e passarão a ser tratados como discursivas, não haverá como recusar a
novos, em virtude de novas categorias mesma designação de “meme” para uma
passarem a ser recorrentes” (LIMA-NE- diversidade de gêneros.
TO, 2014, p. 54). Com essa afirmação, o
autor assume o pressuposto de que todo Traços constitutivos dos
gênero hoje consolidado, um dia, teve seu
momento de emergência. A partir disso,
memes: viralização e
Lima-Neto propõe um continuum, com intertextualidade
o qual concordamos, que perpassa todo
e qualquer gênero, com estágio de sur- Com a globalização e a internet, o
gimento, emergência e estandardização, fluxo de informações adquiriu propor-
sendo o surgimento não ainda compreen- ções gigantescas. Hoje, facilmente, uma
são de um gênero como tal, mas como notícia ganha o mundo em minutos e os
“uma prática discursiva comunicativa compartilhamentos em redes sociais che-
que surgiu a partir da demanda enun- gam, muitas vezes, aos milhões. Nessa
ciativa de uma sociedade” (LIMA-NETO, realidade, é comum que nos deparemos
2014, p. 285). No estágio de emergência, com o termo “viralização” (como na frase
segundo o autor, a prática começa a ser feita “a foto dela viralizou na internet”,
repetida de modo tipificado, isto é, com por exemplo). Os memes recebem esse
traços recorrentes, mas também apre- status, inicialmente, por serem um
senta elementos amorfos, já que sua fenômeno viral, ou de viralização. Se
identidade como gênero está em processo consultarmos o dicionário, veremos que
de construção. viral está, obviamente, ligado a algo
Nesse estágio são encontrados hoje, causado por vírus, mas certamente não
nas redes sociais, gêneros que não é disso que aqui tratamos, mas, sim, de
apresentam uma tipificação bem estabe- uma noção metaforizada de dissemina-
lecida, muito menos nomenclatura con- ção. O conceito de viral aparece aliado à
sensual. Esses gêneros emergentes com capacidade de se multiplicar (assim como
funções humorísticas são, por vezes, cha- o vírus). Desse modo, entendemos aqui,
mados de “memes” por inúmeros usuá- como viral, a capacidade que um texto
rios, o que nos parece inadequado ou pelo tem de ser multiplicado e modificado de
menos ingênuo, dada a complexidade diversas formas na mídia internet. No
desse fenômeno. Sabemos que, de fato, entanto, quando modificado, o texto de
estamos frente a gênero(s) discursivo(s) um dado gênero preserva um traço mí-
nimo que remete a um texto-fonte, sendo

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esse traço mínimo o que nos permite mação do texto-fonte, numa espécie de
perceber os outros traços distintivos, que movimento parodístico.
nos fazem compreender que se trata de Nesse ponto, torna-se essencialmente
algo completamente novo. importante tratarmos dos processos in-
É importante ressaltar que nem todo tertextuais, à medida que acreditamos
viral é necessariamente um meme, mas que esses sejam imprescindíveis para a
que todo meme é necessariamente fruto constituição do meme enquanto prática
de uma viralização – de maior ou menor linguageira. Nossa compreensão acerca
grau. Vejamos, a seguir, um exemplo de do fenômeno da intertextualidade se
caso de um viral que não se configura baseia em Cavalcante, Carvalho e Faria
como meme: (2017), para quem a intertextualidade
é um “fenômeno textual-discursivo que
abriga, de forma mais ou menos explí-
cita, as relações entre textos, gêneros e
estilos” (p. 11).
Acreditamos que a viralização só
é possível por causa dos processos de
intertextualidade, por isso viralização
e intertextualidade são critérios cons-
titutivos da produção de memes porque
todo meme necessariamente implicará
a sua relação com um texto-fonte, seja
pela copresença, seja pela derivação de
Exemplo 11 um texto-fonte, seja por ambas. Além
disso, é com o auxílio da intertextuali-
A notícia anterior comenta a vira- dade que se reconhece um meme como
lização da imagem de Eloá de Oliveira tal, pois, além do aspecto de viralização,
Rosa e de sua mãe segurando um certi- um interlocutor de um texto com meme
ficado de melhor aluna da escola dado só o conceberá desse modo caso tenha
à menina. Certamente muitos de nós tido acesso a outros textos que aludem a
visualizaram essa imagem em nossas um mesmo texto-fonte, o qual tenha sido
redes sociais, seja pelo Facebook, seja gatilho para o surgimento de um meme.
pelo Instagram, principalmente pela Desse modo, um meme, quando
comoção gerada na internet. No entanto, surge, gera um conjunto de textos de
ninguém admitirá que esse caso se con- autoria desconhecida (e isso é resultado
figura como um meme, pois não houve da própria viralização) que aludem a
qualquer pretensão lúdico-satírica na um mesmo texto-fonte, o gatilho para
replicação da imagem e, acima de tudo, o início do meme. Dependendo do grau
não houve uma recriação, ou transfor- de disseminação, é possível que nem

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se reconheça mais qual foi o primeiro no Brasil, as “rage faces” tornaram-se,
gatilho, porque as repetições vão sendo inicialmente, símbolo máximo daquilo
transformadas em outros gatilhos, com que o senso comum começou a chamar
pequenas diferenças. A viralização e a de “meme” na internet). Esse tipo de
intertextualidade com textos-fonte são, imagem viral era criado por meio de
para nós, critérios importantes para softwares de desenhos simples, como o
diferenciar um meme como um aspecto Paint, da Microsoft, como no exemplo 2:
comum a outros gêneros que são repro-
duzidos na internet.

O meme – do percurso
histórico à tentativa de
definição
A internet, desde a origem, tem sido,
muitas vezes, um ambiente de divul-
gação de conteúdo humorístico, mas
foi a partir da ampliação do uso das
redes sociais que se difundiram textos
humorísticos que reproduzem situações
ou eventos dos tipos mais corriqueiros e
diversos, em proporções tão altas que se
Exemplo 22
configuram como virais.
Para além das definições sociológi-
cas de Richard Dawkins, em seu livro A partir de então, o fenômeno do
O Gene Egoísta (2007), no qual o autor meme começou a ganhar um sentido
postula a ideia de “meme” como unidade tão amplo que se estendeu a outros gê-
de informação cultural que é replicada neros, de tal modo que não se pode mais
de pessoa para pessoa em analogia ao relacionar o meme apenas a desenhos
gene, as primeiras concepções de meme virais, pois ele passou a se reproduzir
na internet partem das chamadas “rage também por imagens variadas, estáti-
comics”, por volta de 2008. As “rage cas ou dinâmicas, e ainda por recursos
comics” são uma espécie de tirinhas nor- verbais. O meme é uma prática lingua-
malmente usadas para contar histórias geira manifestada em textos verbais,
sobre experiências da vida real que ter- verbo-imagéticos ou simplesmente ima-
minam com quebra de expectativa com géticos publicados na internet, os quais
fins humorísticos. Seus personagens são envolvem processos de remixagem, com
conhecidos como “rage faces” (pelo menos propósitos, essencialmente, humorísticos

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e/ou críticos em relação a uma situação orais cotidianas, como também em dife-
ocorrida no cotidiano, e os quais passam rentes formas em textos diversos, como
a corresponder aos enunciados de situa- o comprova uma breve busca no Google
ções diversas dos usuários da internet. e no Youtube:
Se tomarmos como base as “rage
comics”, podemos perceber que alguns
traços se mantiveram após essa primei-
ra concepção de meme. Por exemplo, as
“rage comics” retratavam histórias “so-
bre experiências da vida real”, e o meme,
da forma como é compreendido hoje, é
utilizado fortemente para expressar as
experiências de vida dos usuários da in-
ternet. Os usos dos memes se tornaram
tão extensivos que vêm se transportando
das telas do computador e dos smartpho-
nes para o dia a dia das pessoas, com
utilizações diversas e com propósitos
comunicativos semelhantes aos que en-
contramos na internet, ganhando status
de bordão. Quando se tornam bordões, o
senso comum parece não mais nomeá-los
como memes, todavia. Exemplo 33

Exemplificaremos essa afirmação por


meio da figura de Inês Brasil, uma per- Além desses textos, que, para nós,
sonalidade da internet que ficou famosa já demonstram a complexidade do fe-
após ter seus vídeos de inscrição para o nômeno em gêneros diversos, o mesmo
reality show Big Brother Brasil virali- meme passou também por uma espécie
zados em todas as redes sociais. A hoje de paródia (ou de apropriação) que
cantora, desde sua saída do anonimato, une trechos de vídeos de Inês Brasil e
já publicou dezenas de vídeos e fez apari- da canção Bad Blood (principalmente
ções diversas em programas de televisão utilizando a sua melodia), da cantora
brasileiros, e suas expressões caíram internacional Taylor Swift, feita pelo
no gosto popular, tornando-se memes canal Yanescudo, intitulada “Bad Blood
principalmente para o público jovem. Ve- Se Me Atacá”, título que faz referência
jamos somente um dos inúmeros casos: direta ao mesmo meme.4
a expressão dita por Inês Brasil, “Se me É por essa diversidade de empregos
atacar, eu vou atacar”, em um de seus e de manifestação formal que questio-
vídeos, não só é utilizada em conversas namos a ideia de que o meme possa

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corresponder a um só tipo de gênero de imagens (como nas tirinhas e nos
do discurso. Para Knobel e Lankshear cartuns, por exemplo), mas também de
(2007), lidar com os memes exige uma trechos verbais, e podem se manifestar,
nova forma de letramento midiático. Se composicionalmente, em formatos de ví-
levarmos em consideração o pressuposto deos, de gifs, de postagens estáticas nas
teórico bakhtiniano de que os gêneros mídias twitter, facebook, whatsapp etc.
são enunciados relativamente estáveis, Por essa razão, vislumbramos aqui duas
definidos por regularidades de tema, possibilidades de tratamento dos memes:
estilo e unidades composicionais, os (1) ou admitimos que as práticas
quais são usados para interagir, então, discursivas dos memes (como fe-
poderemos questionar se as regulari- nômeno viral na internet) podem
dades temáticas do cotidiano, em tom aparecer em diferentes gêneros
humorístico e/ou crítico resultam, de do discurso, porque seus traços
fato, em regularidades de estilo e de fundamentais e constitutivos
composição, a ponto de definirem um só seriam a viralização de imagens
padrão genérico para os memes. Para e/ou de recursos verbais, o con-
Rojo (2015, p. 88), “o tema é o sentido sequente apelo a estratégias de
de um dado texto tomado como um todo, intertextualidade, os propósitos
‘único e irrepetível’, justamente porque humorísticos e/ou satíricos/irôni-
se encontra viabilizado pela refração de cos, razão por que não constitui-
valor do locutor no momento de sua pro- riam um gênero do discurso, mas
dução”. Para a autora, os temas de um estariam presentes em alguns
enunciado se realizam somente a partir deles que cumprissem finalidades
de um determinado estilo e de uma semelhantes;
forma de composição específica. O estilo (2) ou tomamos como gênero “meme”
está relacionado às escolhas linguísti- somente um padrão de texto em
cas que fazemos (lexicais, sintáticas, de posts estáticos cujo ambiente de
registro, etc.) e a forma composicional circulação são as redes sociais,
concerne mais ou menos aos esquemas contemplando, necessariamen-
superestruturais dos textos, condiciona- te, temáticas do cotidiano com
dos também pelos suportes que fixam os alguma repercussão nas mídias
gêneros e pelas tecnologias midiáticas digitais, sendo reconhecível por
que os transmitem. estruturas verbais ou não verbais
Na verdade, as práticas discursivas viralizadas, e atendendo a finali-
dos memes, principalmente por terem dades humorísticas e críticas.
emergido da internet e por “habitarem”
nela, são dinâmicas e diversificadas O presente artigo, mais do que optar
demais: os memes podem se construir por uma das alternativas mencionadas,

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pretende apontar a reflexão de que, do leva a falar de gêneros diversos que
ponto de vista teórico, a definição de contêm memes.
gênero com que lidamos não permite Além dos dois aspectos constitutivos,
afirmar que o recurso imagético digital viralização e intertextualidade, há a
do meme seja uma propriedade de um finalidade ou os propósitos da produção
único gênero. Neste trabalho, porém, dos memes. Se tomarmos por base a
sugerimos apenas que se atente para classificação de “regimes de intertex-
as diferentes possibilidades de manifes- tualidade” proposta por Genette (1982),
tação do fenômeno meme e para a sua que agrupa em três funções os casos de
relativa estabilidade. transformação e de imitação de gêneros
que derivam outros, podemos afirmar
Ponderações sobre que os textos com meme podem ter fun-
ção lúdica e/ou satírica, mas dificilmente
a complexidade do não apresentariam nenhuma das duas,
fenômeno meme de modo a poderem ser tratados como
tendo uma função “séria”. Devido à sutil
Faz-se necessário pensar o meme diferença entre o que é “lúdico” e o que
não como um texto apenas, mas como é exclusivamente “satírico”, principal-
um conjunto de textos (em diferentes mente se pensarmos que, em geral, um
gêneros discursivos) que tem como texto satírico recorre ao ludismo, então
origem um texto-fonte, aquele que dá podemos falar em uma função lúdico-sa-
início à viralização, muito embora não tírica dos memes.
seja sempre possível identificá-lo. Isso A seguir, analisaremos textos de dois
porque, por exemplo, quando se fala em memes diferentes – o “É verdade esse
“Meme da Barbie Elitista”, “Meme do bilete” e o “Dessa vez Pabllo Vittar foi
longe demais”. Contextualizaremos cada
Cristiano Ronaldo e o filho”, “Meme Raiz
um dos casos para demonstrar como um
X Nutela”,5 etc., não se está considerando
meme, a partir da intertextualidade e
apenas um texto, mas, necessariamente,
da viralização, acontece com a produ-
a replicação em outros textos recriados
ção e reprodução de textos diversos em
de trechos de um texto-fonte citados pa-
gêneros.
rodisticamente. É possível ainda que um
Comecemos com o “É verdade esse
dado texto já recriado pela viralização
bilhete”. Em agosto de 2018, a mãe do
de um meme dê origem a outros textos
pequeno Gabriel Lucca publicou, em sua
inventivamente diferenciados. Por isso, rede social, um bilhete escrito pelo filho
afirmamos que o apelo intertextual a um que simulava um comunicado da escola.
texto-fonte e sua consequente viralização O bilhete, reproduzido abaixo, viralizou
são aspectos que condicionam a própria nas redes, pela situação cômica gerada
elaboração do que pode ser chamado de tanto pela tentativa malsucedida da
meme. Desse modo, essa reflexão nos criança de se livrar da aula, quanto pela

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caligrafia garranchada, assim como pe- tornando um meme bastante produtivo
los erros ortográficos do garoto (inclusive em redes sociais e aplicativos de men-
na própria ortografia da palavra mais sagem, com a replicação e construção
representativa desse meme: “bilete”), tí- de novos textos que mantinham relação
picos na produção textual de crianças da com o original, como podemos observar
idade do menino, 5 anos. À medida que nos seguintes exemplos:
viralizava na internet, o bilhete foi se

Exemplo 46 e Exemplo 57

No Exemplo 5, temos um tuíte que ABNT” e a frase igualmente utilizada


reproduz, assim como a maioria do con- pelo garoto no texto-fonte “É verdade
junto dos textos desse meme, um modelo esse bilete”.
de bilhete que segue a estrutura do tex- O tuíte brinca justamente com a si-
to-fonte produzido pelo garoto (Exemplo tuação de alguém que quer fugir de uma
4). No entanto, esse novo bilhete simula obrigação, neste caso a normatização
um bilhete enviado pela Associação de trabalhos acadêmicos, e simula um
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), bilhete visando dar fim a sua obrigação.
nacionalmente conhecida por pesquisa- Nesse caso, não há, por exemplo, uma
dores e estudantes de todo o país, dada imitação de estilo de caligrafia, como
a obrigatoriedade da utilização das houve em alguns casos, até mesmo pelas
normas em trabalhos acadêmicos. O bi- limitações do texto digitado nesta rede
lhete do tuíte diz “Não precisa formatar social, mas há ainda o apelo textual,
seu trabalho acadêmico, pode mesclar principalmente pela utilização do “É
Arial com times, fonte 12 com fonte 14. verdade esse bilhete”, o qual é facilmen-
A capa pode ser com purpurina”. No fim, te reconhecido pelos interlocutores que
aparecem a assinatura “Ass: regras da partilharam e partilham do contexto do
meme.

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No exemplo 6, vemos uma charge de O exemplo 7 comunga de contexto
Ricardo Welbert que também alude ao similar ao do texto anterior, a eleição
texto-fonte do meme, tanto na repro- presidencial de 2018, mas remete, espe-
dução do estilo de caligrafia, como na cificamente, ao episódio da facada que o
própria estrutura utilizada pelo garoto então candidato Jair Bolsonaro recebeu
no bilhete. Dessa vez, há aí uma relação durante um ato de sua campanha polí-
também com o contexto político nacio- tica. É comum que determinados textos
nal, mais especificamente com a eleição com meme compartilhem contextos
presidencial de 2018, com a simulação similares – por exemplo, a viralização
de um bilhete escrito pelo ex-presidente do texto-fonte do “É verdade esse bilete”
Lula (aludindo amplamente a um este- e a produção de textos derivados desse
rótipo de baixa escolaridade atribuído a meme coincidiram com a campanha
ele), que autoriza seus eleitores a vota- eleitoral do Brasil.
rem no então adversário Jair Bolsonaro. No exemplo, temos um print de uma
postagem de Facebook (essa rede social
Apesar de o texto verbal utilizar, além
se faz reconhecível pelo layout de pos-
da caligrafia irregular, inúmeros erros
tagem: o botão curtir, outros botões de
ortográficos, também deixa pistas de
reação etc.) com uma fotografia na qual
que o falso bilhete teria sido escrito jus-
existe um papel rasgado, que se asseme-
tamente pelo opositor, com a utilização
lha ao formato de uma faca, em que está
da expressão “tá ok!”, comumente falada escrito “É verdade essa faca”. As relações
pelo então candidato ao fim de suas fra- intertextuais com o texto-fonte viraliza-
ses. Encerra-se o texto prototipicamente do se dão tanto pela repetição da frase
com a propagada a frase que liga direta- (que é alterada no fim, substituindo pa-
mente o texto-fonte ao conjunto de textos rodisticamente bilhete por faca), quanto
do meme: “É verdade esse bilete”. pela utilização de certos padrões textuais
de um bilhete, mas com formato de faca.

Exemplo 68 Exemplo 7

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Esse é um exemplo evidente de como No exemplo 8, temos um trecho ver-
o recurso aos memes em textos podem bal em caixa alta alertando para o fato
insuflar debates na internet, pois esse de que a marca de pães Plus Vita pas-
post indiretamente questiona a veraci- sará a se chamar Plus Vittar (aludindo
dade do atentado sofrido por Jair Bolso- ao sobrenome da drag) e conterá em
naro em ato político no instante em que, seus componentes hormônio feminino.
intertextualmente, compara a facada
A utilização da caixa alta e dos emojis
dada no então candidato ao bilhete fal-
satiriza o estilo de mensagens falsas
so produzido pela criança. Desse modo,
entendemos que o recurso aos memes em que costumam circular via Whatsapp,
textos, muitas vezes, configura-se como as quais chamam a atenção para um
estratégia argumentativa eficaz em tem- perigo eminente meio absurdo. O meme
pos de debates inflamados na internet. surge, então, como uma resposta a essas
Por fim, os exemplos 8 e 9 ilustram notícias falsas que foram e são criadas
um caso menos usual, mas não impro- com intuito de difamar, principalmente,
vável, da produção de textos com memes a comunidade LGBTQ+, criando notícias
– apenas textos verbais com utilização ainda mais absurdas. É muito importan-
de emojis. Os exemplos selecionados te constatar que casos como o do exem-
fazem parte do meme “Dessa vez Pabllo plo (8), ao contrário dos anteriores, que
Vittar foi longe demais”, que satiriza as transformavam parodisticamente um
fake news mirabolantes sobre a cantora
texto-fonte, repetem intertextualmente a
e drag queen mencionada no título dado
imitação de um estilo de gênero, reprodu-
ao meme. Vejamos:
zindo uma espécie de plano de texto das
fake news. Se casos assim forem identi-
ficados corriqueiramente como memes,
então estaremos talvez autorizados a
afirmar que o recurso digital do meme
poderia abranger a intergenericidade,
ou imitação da composição e da temática
de um gênero com a finalidade de outro.
O mesmo estilo da caixa alta, os emo-
jis e a temática acontecem também no
exemplo 9, que anuncia, como nas fake
news, a compra da Disney pela drag
Pabllo Vittar. O trecho verbal faz um
inteligente jogo de palavras em seguida,
ao informar que o personagem Mickey
Mouse passará a se chamar Mi-gay
Mouse; que terá um relacionamento com
Exemplos 8 e 9

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o Pato Donald; e que a Minnie se trans- nível de criatividade, é possível encon-
formará em uma prostituta bissexual. trar, muitas vezes, gêneros discursivos
Satiriza-se, com isso, a alegada ameaça diversos, que emergem na internet e
à educação das crianças, amplamente caminham para uma estandardização.
repetida na campanha política de Bol- Por isso, falamos de textos de gêneros va-
sonaro. riados que apelam ao recurso dos memes.
Diversos textos desse meme foram
criados por usuários tanto do facebook The appeal to memes in
quanto do twitter e do whatsapp, uti- different genres in light of
lizando esse mesmo padrão e reprodu- Textual Linguistic
zindo histórias absurdas que envolvem
a comunidade LGBTQ+ e uma possível
“ditadura gayzista”, isto é, uma suposta
Abstract
imposição de uma cultura gay estereo- This research proposes to describe
tipada às relações humanas. and define the language practice of
memes on internet, analysing it ba-
sed on defining criteria of genres of
Conclusão discourse according to assumptions
of Bahktin and Bazerman, to unders-
Tendo em vista a diversidade não só tand how and for what purpose me-
de temáticas, mas também de recursos mes have been raised and how cons-
linguísticos (correspondentes à noção titute themselves a historical journey
on the internet. For this purpose, we
de estilo bakhtiniano) e de formas will use the theoretical assumptions
de composições textuais, cremos que, of Bakhtin, Miller, Bazerman and
quando falamos em memes, estamos, Rojo, and the notion of emerging gen-
na verdade, nos reportando a uma rica res of Marcuschi (2004) and Lima-Ne-
to (2014), as well as the understan-
e multifacetada prática linguageira di-
ding of intertextual processes based
gital, que, por meio da viralização e da on Cavalcante, Carvalho and Faria
intertextualidade, assume proporções (2017). From our analysis, we argue
gigantescas e imprevisíveis na constru- that, by keeping the notion of genre
we hold, memes could not constitute
ção de sentidos.
a single genre of discourse, since they
O recurso aos memes é hoje essencial can compose a diversity of discursive
para a produção de textos humorísti- practices, not all with a socially sta-
cos (e críticos) na internet, por isso se bilized nomination.
mostra bastante eficaz como estratégia
Keywords: Discursive genres. Meme.
argumentativa para a defesa de pontos Viralization.
de vista implícitos. Com a análise foi  
possível observar que, para cada meme,
dependendo do grau de viralização e do

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Notas Referências
1
Essa notícia foi divulgada em inúmeros portais. BAKHTIN, M, M. Problemas da poética de
Este print corresponde à publicada em <https:// Dostoiévski. 4. ed. Tradução de Paulo Bezer-
pleno.news/brasil/cidades/mae-se-emociona-
-com-boa-nota-da-filha-e-foto-viraliza.html> ra. São Paulo: Forense-Universitária, 2008.
2
Exemplo de uma “rage comic” em português ______. Estética da criação verbal. São Paulo:
com as “rage faces”.
3
Os exemplos (reunidos por meio de uma mon-
Martins Fontes, 2003.
tagem de nossa própria produção) ilustram o BAZERMAN, C. Atos de fala, gêneros tex-
meme “se me atacar, eu vou atacar” em produ-
ções de textos diversas: com prints do próprio
tuais e sistemas de atividades: como os textos
vídeo e uma legenda, ou colocadas de outras organizam atividades e pessoas. In: Gêneros
maneiras (em balões, em construções que textuais, tipificação e interação. Angela Paiva
simulam o estilo lettering, etc.). Além disso, o Dionisio, Judith Chambliss Hoffnagel (Org.).
último exemplo em três quadros são prints de 3. ed. São Paulo: Cortez, 2009.
um gif, que costumam circular em aplicativos
de mensagens. CASTRO, Lorena Gomes Freitas de. O meme
4
A paródia em vídeo está disponível no link: < digital: construção de objetos de discurso em
https://www.youtube.com/watch?v=JjbE3cZI-
textos multimodais. 2017. 78 f. Dissertação
-wg>.
5
Nomes advindos do acervo do Museu dos (Mestrado em Letras) – Universidade Fede-
Memes: <http://www.museudememes.com.br/ ral de Sergipe, São Cristóvão, SE, 2017.
acervo/>.
6
Texto-fonte, publicado pela mãe Gabriel Lucca CAVALCANTE, M. M.; FARIA, M. G. S.;
em seu Facebook pessoal, reproduzido pelo CARVALHO, A. P. L. Sobre intertextuali-
Portal G1. Disponível em: < https://g1.globo. dades estritas e amplas. Revista de Letras,
com/sp/bauru-marilia/noticia/2018/08/29/ n. 36, v. 2, jul./dez, 2017, p. 7-22. Disponível
bilete-feito-por-menino-para-faltar-a-escola-
em: < http://www.periodicos.ufc.br/revletras/
-vira-meme-e-ganha-versoes-feitas-por-bichos-
-e-famosos.ghtml>. Acesso em 16 nov 18. article/view/31250/71735>. Acesso em: 03
7
O exemplo 5, e os exemplos 7, 8 e 9 que serão dez. 2018.
explanados à frente, foram retirados de uma
compilação feita pelo site Museu de Memes, CAVALCANTE, Mônica Magalhães. Abor-
uma excelente iniciativa de pesquisadores da dagens da argumentação nos estudos de
Universidade Federal Fluminense, que tanto Linguística Textual. ReVEL, edição especial
cria um acervo sobre os memes publicados na v. 14, n. 12, 2016. [www.revel.inf.br].
internet como analisa e contextualiza os memes
com parâmetros linguísticos e discursivos. Re- CHARAUDEAU. P.; MAINGUENEAU, D.
comendamos aos pesquisadores que trabalham Dicionário de Análise do Discurso. São Paulo:
com a temática o acesso ao site: <http://www. Contexto, 2016.
museudememes.com.br>.
8
http://ricardowelbert.blogspot.com/2018/09/ DAWKINS, R. O gene egoísta. Tradução de
charge-e-verdade-esse-bilete.html Rejane Rubino. São Paulo: Companhia das
Letras, 2007.
FIORIN, José Luiz. Introdução ao pensamen-
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