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Ricardo Reis é um simples espetador do Mundo, vê este de uma posição privilegiada, sem ser

afetado por nada, sem se interessar por nada, apenas vê o Mundo, no entanto, em Portugal
não vê o Mundo tal como este é.

Ricardo Reis observa o Mundo através dos jornais que lê diariamente, no entanto, em Portugal
não existia liberdade de impressa, pelo que o Mundo que Ricardo Reis observa é um Mundo
manipulado, sobre o qual os cidadãos só sabem o que o Estado Novo lhes permite saber que é
o conveniente ao Estado Novo que pretende passar uma imagem de um Portugal coeso,
evoluído, justo e sem pobreza.

Neste contexto entra Lídia, mulher trabalhadora e que, apesar de não possuir tantos estudos
como Ricardo Reis, tem mais noção da realidade opressora de Portugal do que Reis, Lídia é
“único fio a uni-lo ao Mundo”, é através de Lídia que Reis é informado da realidade política e
social do país.

Lídia, apesar de pertencer a um extrato social mais baixo do que o de Ricardo Reis, apresenta
espírito crítico e perceção da realidade, parte desta realidade é percebida pela mesma e outra
parte é-lhe transmitida pelo seu irmão Daniel que morreu na luta contra os regimes ditatoriais.

Concluindo, é através de Lídia que Reis é informado da realidade portuguesa durante o


salazarismo, a realidade do medo geral que a população sentia, a sopa dos pobres, o bodo dos
pobres, o caráter opressor do regime, os meios de repressão do estado e o facto de que, tal
como Reis constatou ao regressar a Portugal, nada mudou, o país continua pobre e
desorganizado,, agora sob uma ditadura, esta é a verdadeira realidade política e social do país,
bastante diferente da que Reis observava através dos jornais estrangulados pela censura.

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