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APOSTILA PARA

CURSO DE PISCICULTURA

Setembro / 2013

Sumário
INTRODUÇÃO........................................................................................................................................................3
BIOLOGIA DOS PEIXES........................................................................................................................................4
PREPARO DOS VIVEIROS....................................................................................................................................5
ROTINA DE MANUTENÇÃO DOS VIVEIROS...................................................................................................7
MONITORAMENTO DA QUALIDADE DA ÁGUA............................................................................................7
Temperatura..........................................................................................................................................................8
Oxigênio................................................................................................................................................................9
Amônia................................................................................................................................................................11
Nitrito & Nitrato..................................................................................................................................................12
Alcalinidade........................................................................................................................................................12
Gás Carbônico.....................................................................................................................................................13
pH........................................................................................................................................................................13
Espuma................................................................................................................................................................14
Luminosidade......................................................................................................................................................14
CUIDADOS COM O BIOFILTRO........................................................................................................................15
CUIDADOS COM O SISTEMA DE PRODUÇÃO...............................................................................................16
ESTOCAGEM DA RAÇÃO..................................................................................................................................16
ARRAÇOAMENTO...............................................................................................................................................17
DOENÇA E ESTRESSE........................................................................................................................................21
CONSTRUÇÃO DE VIVEIROS............................................................................................................................22
Escolha das alternativas......................................................................................................................................22
Definição da geometria do reservatório..............................................................................................................24
1. Tipos de reservatórios............................................................................................................................24
2. Formato da obra.....................................................................................................................................24
3. Inclinação dos taludes.................................................................................................................................25
4. Entrada d'água.............................................................................................................................................25
5. Segurança..............................................................................................................................................26
6. Inspeção e manutenção...............................................................................................................................26
Utilização de drenagem.......................................................................................................................................26
CONSTRUÇÃO DO RESERVATÓRIO...............................................................................................................28
1. Preparação do terreno e trabalhos preliminares..........................................................................................28
Impermeabilização..............................................................................................................................................29
OBRAS COMPLEMENTARES E RECEBIMENTO DA OBRA.........................................................................31
1. Obras complementares..........................................................................................................................31
Estimativa de custo.............................................................................................................................................32
ANEXO 1................................................................................................................................................................34
OPTIMIZAÇÃO DAS DIMENSÕES E FORMAS DO RESERVATÓRIO DO PONTO DE VISTA
ECONÔMICO........................................................................................................................................................34
CUIDADOS ESPECIAIS DURANTE O MANEJO..............................................................................................36
TÉCNICAS DE DESPESCA E COMERCIALIZAÇÃO:......................................................................................37
Depuração...........................................................................................................................................................38
Despesca..............................................................................................................................................................38
Venda de Pescado Resfriado:..............................................................................................................................38
Venda de Peixe Vivo...........................................................................................................................................39
Venda de Peixe Congelado.................................................................................................................................41
Evisceração.........................................................................................................................................................41
ROTINA DE TRABALHO....................................................................................................................................41
CONTROLE DE PRODUÇÃO..............................................................................................................................42
SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO.........................................................................................................42
FORMULÁRIOS....................................................................................................................................................44
CONTROLE DA POPULAÇÃO DO VIVEIRO...............................................................................................44
ARRAÇOAMENTO...........................................................................................................................................45
AMOSTRAGEM................................................................................................................................................46
CONTROLE DE TEMPERATURA, pH E TRANSPARÊNCIA......................................................................47
INTRODUÇÃO

A piscicultura tem sua origem na China, quando monges capturavam alevinos de carpas e
faziam a engorda em cativeiro a fim de se ter o pescado a qualquer época do ano. No Japão,
a criação de carpas em cativeiro era feita em tanques dentro das residências e isso
possibilitou o aparecimento de animais coloridos, que através de melhoramento genético,
deu origem as carpas Nishikigoi, conhecidas como as “jóias que nadam”. A partir destas
criações rudimentares, a observação e a criatividade daqueles que se dedicaram a esta
atividade fizeram com que a criação de peixes evoluísse e nos dias de hoje se torne um ramo
da zootecnia com um dos maiores índices de crescimento no mundo.

Enquanto que na piscicultura podemos obter produtividade acima de 10 toneladas de


pescado por hectare com baixo custo, a produção de carne bovina em área correspondente,
não passa de 60 quilos. A piscicultura possibilita o melhor uso racional de área como
alagados, rios, represas, áreas escavadas por olarias, mangues, etc. Por ser o peixe um
indicador de qualidade da água, sua criação não compromete os recursos hídricos como as
demais explorações zootécnicas.

Podemos dividir a piscicultura em três modalidades, a extensiva, semi-intensiva e a


intensiva. No primeiro caso podemos considerar criação de pescado em que os peixes não
recebem alimentos, vivendo apenas da produção primária, ou seja, o seu único alimento são
os microorganismos que ele encontra na água. A segunda modalidade, os peixes recebem
uma suplementação alimentar que completa a dieta de microorganismos. Já a criação
intensiva, além do peixe ser alimentado com ração balanceada, o seu cultivo é feito em
tanques apropriados onde a disponibilidade de oxigênio, e as demais características da água
são controladas.

Categoria Produtividade Alimentação Controle do tanque


p/hectare
extensivo 3 a 4 toneladas plâncton nenhum
semi intensivo 5 a 7 toneladas plâncton nenhum
intensivo 10 a 30 toneladas ração balanceada O2 - pH -transp.
DBO - DQO - O D - pH – NH -
super intensivo 250 a 500 ton. ração balanceada 2 4
Temperatura
BIOLOGIA DOS PEIXES

Os peixes são animais que possuem coluna vertebral, que habitam exclusivamente o meio
aquático, pecilotérmicos, de respiração branquial, estrutura formada por filamentos ricos
em vasos sangüíneos, localizadas em cada lateral da cabeça e que permite a absorção do
oxigênio e da eliminação do gás carbônico, possuem um cérebro protegido por um crânio,
coração com duas cavidades e o corpo dividido em duas partes iguais.

Seu corpo apresenta geralmente o formato fusiforme (comprido lateralmente e afilado nas
extremidades e que confere ao peixe uma forma hidrodinâmica), revestido ou não por
escamas e por uma camada de muco que lhe lubrifica a pele, facilitando seu deslocamento
na água e reduzindo o ataque de microorganismos.

Para o seu deslocamento o peixe utiliza movimentos de cauda e de nadadeiras, que


geralmente são 2 peitorais, 2 abdominais, 1 a 2 dorsais, 1 caudal e 1 anal.

Na lateral do seu corpo podemos observar a presença de uma linha lateral, que pode ser
contínua, e que é repleta por células sensoriais que captam as vibrações na água.

O alimento é capturado pela boca que é adaptada para cada tipo de dieta, ou seja, para
peixes filtradores de plâncton, a boca aspira a água e retém o plâncton nos rastros
branquiais (estruturas que filtram o material sólido que está na água), os peixes herbívoros
possuem dentição ou formato da boca apropriados para comer plantas e algas, os peixes
carnívoros conseguem apreender suas presas graças a adaptação de sua boca e dentição,
finalmente temos os peixes que vivem no fundo, que para se alimentarem do lodo, adaptou
sua boca de maneira que pode sugar os sedimentos.

O alimento passa da boca para a faringe, através de um curto esôfago atingindo o estômago.
Este tem a forma de U e situa-se sob o fígado, que é de coloração marrom. A digestão
começa no estômago, onde, sob a ação de enzimas, o alimento fica liqüefeito finamente
dividido. Através da válvula Piloro o alimento passa para o intestino onde se completa a
digestão. Restos como carapaças, esqueletos e outros materiais que não podem ser
digeridos são vomitados pelos peixes.
O fígado produz a bile que é armazenada na vesícula biliar e é secretada no intestino
delgado para a digestão das gorduras. O pâncreas é constituído de uma dobra membranosa
que liga o intestino a parede da cavidade abdominal e tem a função de produzir enzimas
digestivas. O baço poderá ser observado como uma estrutura alongada de cor vermelha. A
absorção de alimentos é feita pelo intestino e o que não é aproveitado é eliminado na forma
de fezes.

A bexiga natatória se encontra na parte superior da cavidade abdominal. Sua função é


proporcionar flutuabilidade ao peixe. Aumentando a quantidade de gases em seu interior o
peixe sobe, do contrário afunda. Os gases são compostos por oxigênio e nitrogênio e que são
captados pelas brânquias e transportados até a bexiga natatória através da corrente
sangüínea.

Abaixo da bexiga natatória encontramos um par de gônadas, responsáveis pela reprodução.


Na região posterior encontramos o gonoducto, que conduz os gametas (espermatozóide ou
óvulo) até a papila urogenital.

Afastando a bexiga natatória encontramos os rins, junto a coluna vertebral. Sua forma é
alongada e de cor vermelha. Do lado da cauda encontramos dois tubos que são os ductos
urinários e que vão desembocar na bexiga urinária e na papila urogenital.

Os peixes possuem um coração com uma aurícula e um ventrículo, que bombeia o sangue
para as brânquias e para o resto do corpo, voltando ao coração.

PREPARO DOS VIVEIROS

Devemos estar atentos a qualidade da água de abastecimento, que de preferencia deverá


ser de nascente própria e de boa qualidade. No caso de se utilizar água proveniente da rede
urbana, esperamos um período de até 24 horas para a retirada do excesso de cloro. Este
procedimento garante o bom funcionamento do biofiltro e a saúde dos peixes.

O tanques feitos com manta de PVC não necessitam de lavagem e/ou estabilização do
viveiro, como os confeccionados em alvenaria ou para a retirada de toxinas provenientes de
tinta epoxy ou resinas utilizadas para colar ou vedar os encanamentos.

A próxima etapa é ajustar a alcalinidade da água (CaCO 3) para 150 a 200 mg/L e o cloreto
(NaCl) para 200 a 300 mg/L . Isto irá garantir um bom funcionamento do biofiltro e reduzirá
o estresse dos peixes durante o povoamento.

Ao se fazer o peixamento (povoar os viveiros), devemos permitir que eles se adaptem com a
temperatura do viveiro. Isto é feito mantendo-se um contato da água de transporte com a
água do viveiro. No caso de transportarmos os peixes em sacos plástico, estes serão
introduzidos no tanque e permanecerão cerca de 30 minutos no viveiro antes de serem
abertos, e, para peixes transportados em container, substituímos vagarosamente a água de
transporte pela água dos tanques.

O biofiltro poderá levar cerca de 30 dias para estar em pleno funcionamento, sendo então
recomendado o povoamento com alguns peixes adultos, que serão alimentados inicialmente
com pouca ração para que se inicie o desenvolvimento dos microorganismos do biofiltro.
Com o tempo passamos a aumentar a alimentação e, através do monitoramento da
qualidade de água (concentração de amônia e nitrito), determinamos o momento de
operarmos comercialmente nossos tanques.

A amônia não deve exceder a 0,2 mg / L, caso isto ocorra, reduzimos ou suspendemos o
arraçoamento dos peixes. Após duas a três semanas iremos observar a redução dos níveis de
amônia e aumento simultâneo do nitrito. Quando isto ocorrer é porque estabelecemos uma
população de nitrobactérias, responsáveis pela transformação da amônia em nitrito.

A concentração de nitrito deverá ficar abaixo de 15 mg/L. Para evitar a intoxicação dos
peixes adicionamos cloreto na água, na proporção de 6 partes de cloreto para cada parte de
nitrito (ex.: 6 mg de cloreto para cada 1 mg de nitrito). Dessa forma o peixe irá absorver o
cloreto no lugar do nitrito.

Após 5 a 6 semanas do peixamento, observamos uma queda na concentração do nitrito e


um aumento na concentração de nitrato. Este é o indicador da formação de colônias de
nitrossomonas, responsáveis pela transformação do nitrito em nitrato.

O nitrato apresenta baixa toxidade, podendo estar presente em concentrações de até 150
mg/L. A troca diária de parte da água do viveiro (renovação) é o suficiente para controlar a
concentração de nitrato.

Quando os níveis de amônia e nitrito estão controlados, poderemos substituir os peixes


adultos por alevinos e iniciar a criação.

Alterações bruscas nas taxas de alimentação e na temperatura podem prejudicar o


funcionamento do biofiltro. A ração não deve se elevar a mais de 10 % por dia e a
temperatura não deve oscilar acima de 6 C.

ROTINA DE MANUTENÇÃO DOS VIVEIROS

Os tanques circulares de manta de PVC são auto limpante, uma vêz que a água em circulação
arrasta as sujeiras para o dreno central. Abrimos a saída de água várias vezes durante o dia
para retirarmos os dejetos que se concentram na tela anti-fuga instalada sobre o dreno. Esta
água deverá ser descartada junto com o efluente e o nível deverá ser completado com água
limpa, sendo esta troca responsável pela maior perda de água do sistema, seguida pela
remoção de espuma formada na superfície do tanque ou no skimer.

A tela anti-fuga deve ser retirada para limpeza a cada 2 a 3 dias usando uma bomba de alta
pressão. É possível fazer a limpeza utilizando aspirador de pó & líquido. Semanalmente
removemos as incrustações de sujeiras das tubulações de drenagem. Para isso fechamos a
saída de água dos viveiros com um tubo colocado sobre o dreno central, escoamos toda a
água e introduzimos uma escova na tubulação ou uma mangueira com água sob pressão. A
retirada destas crostas de sujeira das tubulações facilita a passagem da água no sistema,
permitindo uma constância no fluxo do biofiltro.

MONITORAMENTO DA QUALIDADE DA ÁGUA

A Água é o meio em que os peixes vivem; neste meio é que eles encontram proteção,
alimento, condições para sobreviver e se reproduzir. Ao contrário do meio ambiente
terrestre, dentro da água não ocorre mudanças bruscas de temperatura e as demais
características podem ser consideradas estáveis visto que as alterações se processam
lentamente dando plenas condições ao peixe de se adaptar. Por isso que devemos controlar
o ambiente de criação pois, variações podem alterar o metabolismo e/ou afetar a saúde dos
peixes.
Diariamente devemos fazer o monitoramento da água para detectar alterações e mantê-la
nos padrões desejados. Para isso poderemos utilizar algum tipo de kits de análise de água
encontrados no mercado, desde que seja de boa qualidade, de fácil operação e não seja
oneroso. A observação do comportamento dos peixes no viveiro também é fundamental
para se detectar alguma anormalidade no sistema, mas para isso é necessário atenção e
experiência na criação. Com o tempo será possível ao operador associar mudanças na
qualidade da água com alterações no comportamento dos peixes.

As principais características da água a saber são: oxigênio dissolvido (O 2D), nitrito (HNO2),
gás carbônico (CO2), alcalinidade, amônia (NH4) e cloreto.

Além destes equipamentos para análises químicas, é importante termos um frasco cônico
para determinação dos sólidos em suspensão e um termômetro.

Existe uma inter-relação entre os parâmetros de água, sendo necessário uma análise do
conjunto (ex.: a amônia pode ser letal com pH 8,0 e não ser letal com pH de 7,2) para se
determinar a normalidade do sistema tanto para os peixes criados como para os
microorganismos do biofiltro.

Toda a correção dos parâmetros de qualidade de água deverão ser corrigidos gradualmente,
evitando-se mudanças bruscas no sistema, apenas com exceção da concentração do nível de
oxigênio , que deverá se elevar o mais rápido possivel.

Temperatura

A temperatura é fator de grande importância para a criação de peixes, visto que se ela
aumentar os animais irão crescer mais rápido ocorrendo o inverso se ela diminuir. Isso se
deve ao fato dos peixes serem animais pecilotérmicos, ou seja, a sua temperatura varia com
a do ambiente. Este aumento ou diminuição da temperatura deve ser feito dentro de certos
limites para não provocar a dormência dos animais em caso de temperatura baixa, ou de
estresses calórico em temperaturas elevadas. Temperatura fora da zona de conforto ou
variações bruscas podem causar a morte nos animais.
A temperatura também influi na concentração de oxigênio e na eficiência do biofiltro, sendo
este mais afetado pela variação de temperatura que os peixes .

A temperatura do sistema é determinado pela espécie a ser criada. No caso de se alterar a


espécie cultivada e, consequentemente alterarmos a temperatura da água, devemos esperar
por um período para que ocorra a adaptação das bactérias.

Temperaturas inferiores a exigida pela espécie cultivada, torna-a suscetível a doenças


(parasitas, fungos e bactérias). Isso se deve ao fato do animal reduzir a alimentação,
diminuindo sua resistência consequentemente. Nessas condições não é recomendado
manejar os animais. Temperaturas elevadas também podem ser perigosas pois a cada 10ºC
que a temperatura aumenta, o efeito das substâncias tóxicas duplicam.

Oxigênio

Por serem animais aeróbios os peixes necessitam do oxigênio para a sua sobrevivência. Este
se encontra na água na forma de solução e sua concentração depende da temperatura
(quanto menor, maior a concentração de oxigênio) e da demanda química (substâncias
químicas que absorvem o oxigênio) ou biológica (oxigênio consumido pela respiração dos
seres vivos aquáticos). No nosso caso, a espécie cultivada, seu metabolismo, a densidade
estocada e a atividade do biofiltro é que serão responsáveis pelo consumo do oxigênio.

Na água o oxigênio dissolvido (O2D) varia entre 0 e 13 mg/L. As águas a 15ºC podem conter
até 10,05 mg de oxigênio dissolvido e com 30º apenas 7,57 mg de oxigênio dissolvido. O
oxigênio é proveniente da atmosfera, da fonte de renovação de água ou das plantas que
vivem na água (fotossíntese) Dependendo da espécie, o excesso de oxigênio dissolvido pode
provocar a morte dos peixes por embolia e a falta por asfixia. A concentração ideal de O 2D
deverá ser mantida em torno de 5 mg/L, suficiente para as atividades dos peixes e dos
microorganismos do biofiltro.

Como as determinações serão feitas várias vezes por dia, é recomendado que o
equipamento para leitura da concentração de oxigênio seja simples e rápido.
O nível de oxigênio costuma variar após a alimentação dos peixes. Para que esta variação
não seja muito grande, recomenda-se ministrar o alimento diário em várias refeições
durante o dia, evitando-se uma alta carga de ração num curto período. Os peixes poderão
ser arraçoados de 6 a 12 vezes por dia.
O arraçoamento poderá ser feito com cochos automáticos ou o alimento poderá ser
distribuído manualmente pelo tanque, 30 a 45 minutos após o arraçoamento fazemos o
monitoramento do nível de oxigênio.
A falta de O2D também pode ser observada pela presença de peixes na superfície. Nesse
caso devemos suspender o fornecimento de ração, aumentar ao máximo a renovação da
água e o sistema de aeração até que o quadro se reverta.

O biofiltro é menos exigente em oxigênio que os peixes, apresentando um bom


funcionamento em concentrações acima de 2 mg/L de O2D.

Concentração de O2D na água doce de acordo com a temperatura:


Temperatura (ºC) Solubilidade do O2D
(mg/L)
10 11,10
11 10,83
12 10,61
13 10,38
14 10,15
15 9,960
16 9,760
17 9,550
18 9,350
19 9,160
20 9,000
21 8,820
22 8,670
23 8,410
24 8,360
25 8,220
26 8,020
27 7,790
28 7,760
Amônia

A amônia entra no sistema através do metabolismo dos peixes e pela degradação de ração
não consumida. Por isso é que devemos fazer a retirada do material sólido da água e limpar
a tela anti-fuga e a rede de escoamento de água periodicamente, evitando-se o início da
decomposição deste material orgânico.

A amônia é encontrada na água na forma de NH 3 (amônia ) e de NH4 (amônio), o primeiro é


altamente tóxico, ocorrendo em água com pH acima de 8,0. A leitura feita pelo teste
determina a concentração das duas formas , o que explica a presença de peixes saudáveis
em águas com mais de 20 mg/L de amônia em pH ácido. Com pH neutro a concentração de
NH3 é relativamente baixa. Concentração de amônia total em torno de 6 mg/L pode
ocasionar alguns problemas aos peixes, principalmente com baixos níveis de O 2D.

O ideal é que a concentração de amônia total fique abaixo de 1,5 a 2 mg/L.

Como a amônia no viveiro é proveniente da ração metabolizada ou não pelos peixes,


devemos ficar atentos se o biofiltro está sendo capaz de absorver o material nirtogenado
quando aumentamos o nível de arraçoamento dos animais.

Porcentagem de amônia toxica (NH3) em Diferentes pH’s e Temperatura

Temp (ºC) pH
6.0 6.5 7.0 7.5 8.0 8.5 9.0 9.5

10 .02 .1 .2 .6 2 6 16 37
15 .03 .1 .3 .9 3 8 22 46
20 .04 .2 .4 1 4 11 28 56
25 .06 .2 .6 2 5 15 36 64
30 .1 .3 .8 3 8 20 45 72
Nitrito & Nitrato

O nitrito (NO2-) é resultante do processo de oxidação de bactérias, principalmente as


nitrossomonas sobre a amônia. O nitrato (NO3-) é o mesmo processo a partir do nitrito,
realizado por bactéria como as nitrobacter. O nitrito pode ser estressante para os peixes na
concentração de 0,1 mg/L. Com uma concentração de 0,5 mg/L, o sangue pode adquirir uma
cor chocolate, conhecida como doença do sangue marrom. Esta mudança se deve
provavelmente a concentração de ácido nitroso que oxida o íon ferroso da hemoglobina,
formando a metahemoglobina, que não é capaz de transportar o oxigênio, matando os
peixes por asfixia.

É por este motivo que, mesmo com uma concentração ideal de oxigênio, podemos não obter
o desenvolvimento esperado dos peixes ou nos depararmos com peixes muito debilitados ou
até mesmo com uma alta mortalidade .

Para reduzirmos a intoxicação por nitrito adicionamos cloreto no viveiro, na proporção de 6


partes de cloreto para cada parte de nitrito. Dessa forma o peixe irá absorver o cloreto no
lugar do nitrito. Como medida preventiva, podemos manter de 100 a 150 mg/L de cloreto
em solução na água do viveiro. Além de reduzir a intoxicação por nitrito, o cloreto reduz o
estresse, reduz infecções por fungos e reduz a energia gasta para transporte de substâncias
pelas membranas celulares.

O nitrato é o produto final do biofiltro e não causa muitos problemas aos peixes. Uma
renovação de 5 a 10 % do volume total de água dos viveiros é suficientes para o controle do
nitrato.

Alcalinidade

Representa a quantidade de Carbonato de Cálcio (CaCO 3) presente na água. Águas duras


apresentam mais de 40 mg/L, abaixo deste índice são consideradas macias. Águas com
menos de 20 mg/L apresentam baixa produtividade por não apresentarem respostas a
adubação.

Está relacionada com o pH, gás carbônico e a nitrificação da amônia. As bactérias


nitrificantes do biofiltro retiram o carbonato da água para formar o seu esqueleto, o
processo de oxidação da amônia é que fornece energia para o processo. Dessa forma é que
aumentando o nível de amônia no sistema é que se reduz a concentração de carbonato de
cálcio e a falta deste elemento compromete o funcionamento do biofiltro.

Diariamente monitoramos os níveis de Carbonato de Cálcio para que fique entre 70 a 120
mg/L. Para cada grama de amônia que entra no sistema são necessárias 7 gramas de
Carbonato de Cálcio para sua neutralização.
A presença de CaCO3 promove um efeito tampão na água, evitando grandes mudanças de
pH geradas principalmente pela transformação do gás carbônico em ácido carbônico.

Gás Carbônico

O gás carbônico ou dióxido de carbono (CO 2) é produzido pela respiração e decomposição da


matéria orgânica no sistema.

O concentrações de gás carbônico acima de 2 mg/L acidificam a água (transformando-se em


ácido carbônico). O carbonato de cálcio pode evitar a mudança de pH formando uma
solução tampão:

CaCO3 + CO2 + H2O  Ca(HCO3)2

Para se ter uma idéia do efeito deste gás no viveiro podemos fazer um teste simples:
coletamos uma amostra de água e fazemos o teste de pH e observamos a cor do resultado,
em seguida agitamos o frasco vigorosamente, se a cor mudar para o lado alcalino é sinal que
a concentração de CO2 é alta e o O2 é baixo, se a cor mudar para o lado ácido indica sinal que
a concentração de CO2 é baixa e a água está bem aerada. Podemos utilizar medidores
específicos para determinar os níveis de gás carbônico.

Esse gás pode ser removido pela aeração da água e em alguns casos, absorvido pelas algas.

pH

É a concentração de íons hidrogênio na água, determinando se é ácida ou básica. No


sistema, este valor deverá ser mantido entre 7 e 7,5.

Os valores de pH variam entre 0 e 14, sendo neutro o valor de pH = 7. Valores abaixo de 7 é


ácido e acima é alcalino ou básico.

Em águas muito ácidas, os peixes apresentam um excesso de produção de muco enquanto


que em águas alcalinas o muco é ausente.

Espuma

A espuma é formada pela proteína dissolvida na água pois ela aumenta a película de tensão
superficial da água, impedindo a passagem do ar gerado pela aeração para a atmosfera.
Dessa forma é possível remover a proteína em solução com o uso de equipamentos como
aspirador de pó & liquido ou mesmo com o uso de bacias para a retirada da água superficial.
O óleo das rações quebra a película de tensão superficial da água, permitindo a saída do ar,
desfazendo a espuma. Por isso é que devemos retirar a espuma pela manhã, antes do
primeiro arraçoamento.

Luminosidade

A luminosidade não é um parâmetro de qualidade de água, mas exerce uma grande


influência. Viveiros localizados próximos de janelas ou em estufas acabam produzindo uma
quantidade excessiva de algas, que , durante o dia irão fazer a fotossintese e a noite irão
competir com os peixes no consumo de oxigênio. Estes processos provocam uma grande
variação no pH e na concentração de oxigênio dissolvido, gás carbônico, nitrito e amônia,
prejudicando a atividade do biofiltro.

O próprio biofiltro pode ser afetado diretamente pela luz, sendo que muitos técnicos
recomendam que este deverá trabalhar em completa escuridão.

Determinadas algas também são responsáveis pelo sabor desagradável na carne dos peixes,
denominado de off-flavor.
CUIDADOS COM O BIOFILTRO

Para mantermos o biofiltro em bom funcionamento devemos relacionar os dados obtidos


nas análises de qualidade de água, determinando as necessidades para o seu funcionamento
e quais as ações que devemos tomar.

O sucesso na criação de peixes com sistema de recirculação de água está na manutenção das
funções do biofiltro. Podemos esperar a morte dos peixes da criação caso o biofiltro não
esteja funcionando corretamente.

Se perdermos todos os peixes e mantivermos o biofiltro funcionando, podemos iniciar um


novo cultivo em seguida, mas, no caso de perdermos o biofiltro, além de perdermos os
peixes, teremos de iniciar todos os procedimentos para o desenvolvimento de bactérias
nitrificantes, levando semanas para estabilizar o sistema.

A meta do aquicultor que se utiliza do sistema de recirculação de água é manter seu biofiltro
em funcionamento constantemente. Para isso todas as mudanças no sistema deverão ser
graduais, dando oportunidade para a adaptação do biofiltro. A única exceção para esta regra
é a concentração de oxigênio, que se necessário deverá ser elevada no menor prazo
possível.

A retirada de uma grande quantidade de peixes do sistema pode ser tão prejudicial como
um aumento brusco no fornecimento de ração.

Um bom biofiltro apresenta uma fina camada formada por bactérias e material orgânico,
com uma consistência gelatinosa e coloração marrom – alaranjado sobre o substrato. Caso
apresente camadas espessas de material de coloração marrom, teremos o desenvolvimento
das bactérias heterotróficas que estarão se alimentando do excesso de fezes e resto de
ração que irá se acumular sobre o biofiltro. Esta grande quantidade de material orgânico
poderá ter origem nos resíduos retidos nas telas e na tubulação de saída de água e mesmo
por estarmos desperdiçando alimentos ou usando uma ração não palatavel.

Nessas condições o biofiltro deixa de nitrificar a amônia, prejudicando todo o sistema de


recirculação de água. O uso de um filtro de partículas antes do biofiltro poderá solucionar o
problema.
Os testes de qualidade de água devem ser interpretados quanto as condições de
desenvolvimento para os peixes criados e para as atividades do biofiltro.
A matéria orgãnica na água só é encarada como poluição se estiver em uma quantidade
acima da capacidade do biofiltro neutraliza-la.
CUIDADOS COM O SISTEMA DE PRODUÇÃO

Todas as correções dos parâmetros de qualidade de água e fornecimento de rações deverão


ser feitas gradualmente, com exceção dos níveis de oxigênio dissolvido. No caso dos peixes
não estarem apresentando um comportamento normal e alguns dos parâmetros de
qualidade de água estiver inadequado, o melhor recurso é ter um reservatório de água limpa
para promover a troca da água do viveiro. A água do reservatório deverá estar com a mesma
temperatura da água do viveiro e o pH não deve ter variação maior que 0,5. Em caso de
emergência podemos fazer a troca total da água do viveiro.

Os funcionários deverão passar por uma formação profissional pois, uma mão-de-obra não
especializada pode não identificar problemas que possam estar ocorrendo no sistema e/ou,
devido a um mal manejo, provocar uma grande mortalidade entre os animais.

Todas as ocorrências diárias deverão ser anotadas e, quando ocorre mortalidade, devemos
identificar as causas. O criador deverá ter uma relação de especialistas e outros produtores
para procurar esclarecimentos ou para compartilhar seus dados de produção.

ESTOCAGEM DA RAÇÃO

A ração deverá ser estocada em local seco, arejado, longe da parede, sobre estrado e
protegida de ratos e insetos. Ao empilharmos os sacos, devemos cuidar para que os pelets
não sofram muito atrito, com isso evitamos a formação de “pó” de ração que não seria
consumida pelos peixes, principalmente os de maior desenvolvimento, gerando desperdício
e provocando desequilíbrio no filtro biológico.

Devemos programar a compra da ração de forma que a estocagem não seja superior a 60
dias, respeitando o prazo de validade das rações. Muitos dos componentes da ração
poderão se deteriorar com o passar do tempo.

Muitos produtores estocam a ração dentro de recipientes plásticos ou de metal para reduzir
o cheiro, que acaba atraindo ratos e insetos.

Ao abrirmos os sacos de ração devemos verificar se está rançosa ou apresenta formação de


bolores. Rações com estas características devem ser descartadas pois podem prejudicar a
saúde dos peixes se ingerida.

ARRAÇOAMENTO
A alimentação dos peixes deve ser controlada, sendo fornecida de acordo com a espécie
cultivada, seu estágio de desenvolvimento, sua conversão alimentar e obedecendo uma
relação entre a biomassa de pescado e a capacidade de ingestão diária. Com isso evitamos o
desperdicio de ração ou mesmo sub-alimentarmos os animais.

O tipo, forma e tamanho do alimento influem diretamente na conversão alimentar, que por
sua vez deternima boa parte do custo de produção e o bom funcionamento do biofiltro.

As rações encontradas no mercado poderão ser fareladas, peletizadas ou extrusadas. Para o


sistema de reciclagem de água é recomendado o uso de rações extrusadas por
apresentarem menor conversão alimentar, serem flutuantes e por não se dissolverem
facilmente na água, o que iria gerar um excesso de material orgânico para o biofiltro. As
rações fareladas podem causar problemas de branquias nos peixes maiores.

As rações extrusadas podem ser produzidas com diferentes formatos, sendo que a forma
grão é facilmente apreendida pelos peixes.

O tamanho dos grãos deve ser proporcional a boca dos peixes, sendo que os alevinos
poderão receber a ração extrusada farelada e, a medida em que os animais crescem,
aumentamos o diâmetro da ração. Este procedimento diminui o desperdício e a competição
por alimento, mas também podem aumentar o tempo para serem digeridas.

A ração deverá ser testada quanto a sua palatabilidade e avaliada quanto ao seu
desempenho.

Muitos fabricantes de ração adicionam aromatizantes e flavolizantes para tornar os pelets


mais palataveis .
As rações deverão suprir todas as exigências nutricionais dos peixes da criação. No caso de
um desbalanceamento na dieta, a conseqüência será redução no desenvolvimento, aumento
da competição, estresse, aparecimento de doenças geradas pela carência de determinados
elementos nutricionais e até a perda total do lote.

Cada espécie apresentará uma determinada exigência de nutrientes, sendo que no Brasil
podemos encontrar rações para peixes de clima tropical ou temperado, além de rações para
carnívoros e trutas. Estas rações foram projetadas para viveiros com renovação de água, e
geralmente possuem óleo na composição. O óleo não é uma substancia desejada para
sistemas de recirculação de água por impedir a formação da espuma. Infelizmente ainda não
existe uma ração apropriada para o sistema de recirculação de água.

Para se determinar a quantidade de ração a ser fornecida diariamente nos viveiros,


capturamos um pequeno lote (cerca de 3 a 5 % da população), pesamos os animais e
determinamos o numero de indivíduos capturados. Dividindo o peso do lote pelo numero de
indivíduos obtemos o peso médio dos peixes do viveiro;

PM = PT
NI
PM – peso médio
PT – peso total do lote capturado
NI – número de indivíduos capturados

Ao multiplicarmos o valor do peso médio dos peixes do viveiro pela população obtemos a
biomassa do sistema;

BI = PM X PV

BI – biomassa do sistema
PM – peso médio
PV – população do viveiro
Geralmente os fabricantes de ração informam a porcentagem de ração a ser fornecida de
acordo com a biomassa e o peso médio do lote; a seguir fornecemos uma tabela que poderá
ser utilizada na determinação da quantidade de ração a ser ministrada:

PM – peso médio % de ração


50 gramas 5%
100 gramas 4%
200 gramas 3%
300 gramas 2%
400 gramas 1,5 %
500 gramas 1%

Estamos apresentando outra tabela de arraçoamento em seguida.

A precisão destes calculos está em uma amostragem representativa e no controle de dados


diários da criação. Se os peixes apresentam crescimento homogêneo não é necessário
coletar uma grande quantidade de indivíduos e um bom controle da mortalidade, venda ou
transferencia de parte dos peixes para outro viveiro é que informarão qual é a população
real do viveiro.

Devemos ajustar o fornecimento de ração a cada 2 semanas. Aproveitamos os mesmos


dados para calcular a conversão alimentar do período e, consequentemente, avaliamos a
qualidade da ração.
CA = GPP
CR
CA – conversão alimentar
GPP – ganho de peso no período ente as amostragens
CR – consumo de ração no mesmo período

O ganho de peso no período ente as amostragens é obtido subtraindo o valor do peso total
do lote atual pelo do peso total do lote no período anterior;

GPP = PTLa – PTLn

GPP – ganho de peso no período ente as amostragens


PTLa – peso total do lote na amostragem atual
PTLn - peso total do lote na amostragem anterior

A conversão alimentar deve ser a menor possível.


Determinada a quantidade de ração a ser fornecida diariamente, determinamos o número
de arraçoamentos, que poderão ser de 6 a 8 vezes ao dia.

Sempre peneiramos a ração antes de fornecer aos peixes, com isso reduzimos a quantidade
de pó de ração que entra no sistema e que poderia causar problemas para o biofiltro.

É recomendado jogar um pouco de ração na água para observarmos se os peixes estão


ativos e se desejam comer; se forem receptivos ao alimento completamos o arraçoamento,
caso contrário devemos descobrir o que pode estar acontecendo de errado com os animais
ou com a qualidade da água.

Consumo de ração para cada 1.000 peixes em kg.

Peixe (peso) Temperatura (ºC)


16º 18º 20º 22º 24º 26º 28º 30º
005 0,260 0,290 0,345 0,405 0,460 0,520 0,580 0,650
010 0,440 0,500 0,590 0,690 0,790 0,880 1,000 1,180
015 0,450 0,675 0,810 0,945 1,095 1,185 1,350 1,620
020 0,700 0,800 0,980 1,120 1,280 1,400 1,620 1,960
030 0,990 1,170 1,380 1,590 1,800 1,980 2,340 2,760
040 1,160 1,360 1,600 1,800 2,040 2,320 2,720 3,200
060 1,680 1,980 2,280 2,580 2,940 3,360 3,900 4,560
080 2,160 2,560 2,880 3,280 3,760 4,320 4,960 5,760
100 2,600 3,000 3,400 3,900 4,500 5,200 5,900 6,800
120 3,000 3,360 3,960 4,440 5,160 6,000 6,840 8,040
140 3,360 3,780 4,480 4,900 5,740 6,720 7,700 8,960
160 3,680 4,160 4,800 5,440 6,240 7,360 8,320 9,760
180 3,960 4,500 5,040 5,940 6,660 7,920 9,000 10,44
200 4,000 4,600 5,400 6,200 7,000 8,200 9,400 10,80
250 4,750 5,500 6,250 7,250 8,250 9,750 11,25 12,75
300 5,400 6,300 7,200 8,100 9,300 11,10 12,60 14,40
350 5,950 7,000 7,700 8,750 10,15 12,25 13,65 15,75
400 6,400 7,600 8,400 9,200 10,80 13,20 14,40 16,80
450 6,750 8,100 8,550 9,450 11,25 13,50 14,85 17,55
500 7,000 8,500 9,000 9,500 11,50 13,50 15,50 18,00
550 7,150 8,800 9,350 9,900 11,55 13,75 15,40 18,15
600 7,200 9,000 9,000 9,600 11,40 13,80 15,00 18,60
700 7,700 9,800 9,800 10,50 12,60 14,70 16,10 19,60
800 8,000 10,40 10,40 11,20 13,60 15,20 16,80 20,00
900 8,100 9,900 10,80 11,70 14,40 16,20 18,00 19,80
> 1.000 8,000 10,00 11,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00

Esta tabela dá uma idéia do consumo diário de ração para peixes tropicais. O alimento deve
ser dividido em 3 a 6 refeições ao dia para que não haja sobra de ração.

O uso de um termometro para registrar as variações de temperatura da água dos tanques, e


balança para pesar as amostras semanais de peixes, torna-se impresindivel. Rações farelada
ou peletizada podem apresentar desperdício, mesmo utilizando cochos submerços, para
certificarmos o real aproveitamento da ração, devemos fazer a aspiração do fundo proximos
ao local de alimentação, a fim de verificar se está havendo perda de ração. O uso de rações
flutuantes facilita o controle do consumo.

DOENÇA E ESTRESSE

Um viveiro com boa qualidade de água e um bom manejo não apresenta problemas de
doença ou de estresse. Se introduzirmos animais sadios no viveiro, as doenças só ocorrerão
no caso de distúrbios nutricionais ou provocadas por um ambiente e/ou um manejo
estressante que provoca a perda de resistência dos animais, abrindo caminho para a ação de
algum microorganismo oportunista.

Como não é possível fazer o tratamento dos peixes em um sistema de recirculação de água,
visto que o(s) produto(s) utilizado poderia destruir as bactérias do biofiltro, é fundamental a
aquisição de animais sadios, fornecer ração na quantidade e com a qualidade requerida para
o estágio de desenvolvimento dos peixes, utilizar mão-de-obra qualificada e evitar mudanças
bruscas no ambiente.
CONSTRUÇÃO DE VIVEIROS

Escolha das alternativas

É necessário considerar os vários elementos que infuirão na construção e nos custos da obra

1. Acesso.

2. Proximidade entre as áreas de alimentação e de consumo de água.

3. Preço do terreno onde será instalado o reservatorio.

4. Qualidade do terreno, que permita uma compactação correta e econômica. Seria


necessária uma prospecção em profundidade do solo para detectar:

a) Possíveis aflorações de materiais rochosos, de movimento mais caro.


b) Possíveis infiltrações ou presença de águas subterrânea, que determinará uma possível
necessidade de instalação da drenagem.

5. Dados climatológicos:

- Orientação do reservatório projetado.


Direção e força dos ventos dominantes: Importância e efeito de ondas.
- Insolação e ventos:
Evaporação (pode amortecer o efeito de evaporação com quebraventos colocados de
forma adequada).
- Regime de chuvas: riscos de erosão em taludes.
- Temperaturas extremas e altitude: São os condicionantes para a instalação de uma
proteção especial, sobre tudo contra o gelo.
6. Risco sísmicos: Ainda que estes sejam mínimos, influenciarão sobre as inclinações do
talude e, portanto, sobre o custo da obra.

1. Conhecimento do tipo de terreno

Estudo dos mapas geológicos e dos solos superficiais disponíveis que pertençam ao lugar
explorado ou a lugares parecidos.

2. Características mecânicas do terreno

Se extrairá amostras representativas até o provável fundo da escavação.


As características mecânicas são indispensáveis para:
- Definir a geometria do depósito.
- Calcular assentamentos previsiveis devido a pressão da coluna de água.
- Calcular as inclinações dos taludes do depósito e os volumes de terra.

3. Investiga çdo sobre os riscos de falhas e possíveis desmoronamento de áreas instáveis

Um conhecimento prévio da área, bastará para determinar se deve haver ou não um estudo
geotécnico prévio.

4. Investigação sobre os regimes de água

Deve elaborar-se, para a obtenção desses dados, um estudo de vazão e demandas de água,
onde deve-se levar em conta:

a) Vazão e seu regime, que geralmente deverá ser obtido com base em estudos
hidrogeológicos da área, ou por informaçoes colhidas com moradores

b) Demandas:

b.1) Para usos em criações


- populações
- animais
- Etc.

b.2) Para usos agrícolas, onde deverão conhecer os seguintes dados


básicos:
- Superfícies a irrigar
- Cultivos existentes ou futuros.
- Demanda dos cultivos mês a mês.
- Eficiência no uso da água de irrigação
- Demandas suplementares.

c) Evaporação na superficie do reservatório.

Uma vez elaborado o conteúdo dos capítulos IV e V se estará em


disposição de:

- Escolher a localização do reservatório.


- Decidir sua capacidade.
- Definir sua geometria.
- Definir as condições de enchimento e distribuição

Definição da geometria do reservatório

1. Tipos de reservatórios

De forma generalizada podem-se definir quatro tipos de reservatórios:


Os reservatórios totalnente em escavação, ou desmonte.
- Os reservatórios totalmente em terraplanagem.
- Os reservatórios mistos (terraplanagem e scavação).
- Os reservatórios em colinas de serras.

Na maioria dos casos, a terceira opção será a mais usual e a mais econômica para áreas
planas, ainda que o quarto tipo se ajusta melhor a regiões montanhosas.

2. Formato da obra

O formato mais econômico será em geral, o reservatório quadrado ou retangular, é o que


mais simplifica na realização do perfil e a colocação da geomembrana impermeabilizante.

No anexo 1 mostra-se um método para optimizar as dimensões e a forma do


reservatório do ponto de vista econômico.
A execução dos ângulos retos é um tema que deve-se cuidar no desenho e realização dos
reservatórios, é o que em facilita em grande escala na instalação e manutenção da
geomembrana impermeabilizante.

3. Inclinação dos taludes


As características dos reservatórios exemplificado nos desenhos a seguir, dependerá de
forma direta das propriedades do terreno utilizado e do risco que possa representar no caso
de ruptura.
Estas características são:

- As inclinações interiores e exteriores do reservatório.


- Altura de água do reservatório (pressão sobre o fundo e paredes).
- Altura da terraplanagem acima do solo.

O coeficiente de segurança será mais ou menos grande em função do estudo da estabilidade


dos taludes a construir.
De toda a forma sempre será maior igual ou maior a 1,5.
O estudo deve basear-se nas características mecânicas de coesão do solo e os ângulos de
atrito, de acordo com os ensaios se realizam sobre as amostras do terreno.

4. Entrada d'água

O dispositivo de água até o reservatório deve ser mediante tubos que pode ser
impuncionada por diferentes sistemas (bombeamento, sifão, gravidade etc...) Deve cuidar-se
do ponto de impacto das águas sobre a manta impermeabilizante, mediante um sistema de
dispersão de energia.
5. Segurança

5.1. Crista de segurança.


É a reserva de altura entre o nível mais alto da água e a parede mais alta do reservatório.
Em função de seu comprimento existente entre o plano da água e a direção dos ventos
dominantes e a velocidade do vento, se pode calcular a altura previsível das ondas e a
velocidade de propagação das mesmas.
Esta crista de segurança é um elemento de proteção frente as ondas e em geral as subidas
acidentais das águas.
Em caso de chegada d'água por gravidade é obrigatório a utilização de extravasores.

É necessário relembrar que os casos mais graves de ruptura se deve ao transbor-damento da


água por cima da crista.
De forma geral para largura menores ou igual a 500 metros, seja qual for a força dos ventos,
deve-se prever cristas de seguranças mínima de 1 metro.

5.2 Evacuação da água

O dispositivo de evacuação da água deve ser complementado por um sistema de


emergência em caso de subida excepcional do nível da água.

6. Inspeção e manutenção

É indispensável para uma longa vida útil e bom funcionamento do reservatório, uma
inspeção periódica, que permita estabelecer quais devem ser os trabalhos de manutenção.

Utilização de drenagem

A facilidade de fazer reservatórios destinados a agricultura, é uma realidade graças as


geomembranas de PVC. Contudo deve-se tomar extremo cuidados para se evitar fugas e os
danos que posteriormente se pode ocasionar. Uma medida de segurança é o sistema de
drenagem, que iremos descrever abaixo:
1. Redução dos danos em caso de fuga d'água.

Em caso de fuga de água é necessário evitar que o acidente provoque danos custosos devido
a uma exigência exagerada nas solicitações á geomembrana

2. Detecção de fugas e controle de vasão

O projetista de um reservatório deve prever sempre as fugas e como administrar suas


consequências.

Primeiro caso: As consequências são tais que a fuga é inaceitável. A exigência de uma vasão
de fuga nula contempla uma concepção especial da impermeabilização. Por exemplo: Manta
dupla.

Segundo caso: As consequências são aceitáveis. Este é o caso mais frequente. E para tanto é
necessário fixar uma vasão de fuga admissível no qual não deverá elevar o nível freático na
zona da base do reservatório, e para seu controle se instalarão os correspondentes
piezómetros.

Depois é preciso decidir-se por um sistema de drenagem capaz de verificar esta vasão e
assim poder tomar a tempo disposições necessárias para remediar um possível caso de
rebaixamento.
Dependendo de quais sejam as características de situação da água a evacuar se utilizam
drenos de:

- Periferia
- Escama de peixe
- Elementos especiais

Não há que se omitir tão pouco da possibilidade de evacuar o ar confinado debaixo da


lâmina criando uma circulação de ar por ambos os lados da mesma.

Os efeitos dos ventos sobre as paredes de lago impermeabilizado se traduz em esforços de


sobrepressão e depressão (sucção), podendo ocasionar, esse último em urna elevação da
geomembrana.
O papel da drenagem consiste em anular esse efeito. Pode realizar:

- Fazer prolongado até a crista do talude a rede de tubulações perfuradas para drenagem
da água, instalando "chapéu chines" no topo.
- Prevendo simplesmente, e a distância regulares na parte superior dos taludes (sobre o
nível máximo da águia) aberturas na geomembrana "airvents".

CONSTRUÇÃO DO RESERVATÓRIO
1. Preparação do terreno e trabalhos preliminares

Antes de tudo, é necessário eliminar as raízes existentes em toda a superfície do


reservatório, e eventualmente aplicar um herbicida na área total.
A segunda etapa consiste na realização das obras que estavam previstas no fundo do lago e
em baixo dos diques.
Assim a entrada e saída das águas podem realizar-se:
- Por cima da crista por bombeamento de água.
- Pelo fundo do reservatório, e neste caso a vala de implantação será aberta e depois da
colocação do tubo, deve ser cuidadosamente aterrada e compactada antes de qualquer
movimento de terra.

2. No caso da quantidade de aterro a se realizar exija mais terras que as obtidas na


escavação, é melhor assegurar-se da qualidade das mesmas seguindo a zona onde será
obtida.

3 Os movimentos de terra compreendem escavação e terraplanagem. É importante


verificar se as terras escavadas são adequadas para terraplanagem. Para isso é muito
importante instalar ao lado da obra uma área de ensaios de pequenas proporções que
permita comprovar a qualidade da terra de ser compactada, e o numero de passadas do
trator para obter a compactação necessána.

4 A compactação é feita na prática sobre o terreno em camadas de terra que pode oscilar
de 25 a 50cm de espessura, em função do equipamento utilizado. Para pequenos
reservatórios o trator efetuará passadas em camadas de 25cm. O objetivo é obter um
grau de compactação igual a 90-95% do PROPTOR NORMAL MODIFICADO.

5. Uma vez finalizado, a forma de instalação da geomembrana se dará de forma cuidadosa,


particularmente na capa superficial que deve estar livre de pedras, tocos, ou qualquer
material cuja a agressividade possa ser prejudicial a boa resistência da geomembrana ao
longo do tempo.
Se há dúvidas sobre a rugosidade do trecho onde se fará a colocação, pode realizar
facilmente teste de perfuração com carga dágua localizada. Em caso necessário para um
bom acabamento, do talude que irá receber a geomembrana pode conseguir-se
mediante:
- Instalação de uma camada de areia media.
- Se não houver esse tipo de areia por perto será geotêxtil que acrecentaria uma
resistência sistema.

6. Uma vez instalada a geomembrana, a questão de uma cobertura que assegure:


- Sua proteção contra os agentes atmosféricos.
- Um lastro sobre a geomembrana para evitar que se levante por causa de depressões de
vido aos ventos.

Esta cobertura é de uma importância variável:

- Pode tratar-se simplesmente de um geotextil instalado sobre a geomembrana para


protegê-la dos raios UV e também para diminuir seu envelhecimento. Este geotextil pode ser
fixados com lastros. Esta proteção pode ser contínua ao local, por exemplo: as zonas
superiores do talude.
- Também pode colocar uma capa de areia e seixos rolados.
- Nos reservatórios mais importantes se instala uma camada dupla nos taludes.

7. É impressindivel uma coordenação da obra para asseguirar a correta execução dos


diferentes trabalhos na construção dos reservatórios.

Impermeabilização

1. Existem no mercado diferentes tipos de lâminas plásticas que permitem a


impermeabilização de reservatórios (PVC, PEAD, Butil, Manta Asfáltica...)

2. A primeira parte do planejamento consiste em definir em função das características


da obra o tipo de material e sua espessura.

3. Partindo de lâminas de PVC com 1 ,80m de largura e formando paineis o maior


possível ( esp. O,42imn = peso O,60Kg/m2), levando em conta seu 1 peso próprio,
dimensões dos painéis, transporte interno, acesso e número de soldas a se realizar na
obra.
Também existe uma altura ótima a se definir em função da forma do reservatório.

4. A fabricação dos painéis se dará preferencialmente na fábrica. Normalmente se trata


de uma solda térmica (cunha de prata) com máquina automática. A sobreposição
entre as lâminas é de aproximadamente 4cm. Esta solda será controlada
continuamente atravéz de ensaios e amostras em toda sua extensão.

5. A embalagem e transporte deve ser supervisionados com o mesmo cuidado para


evitar degradação do material. Esta embalagem pode ser:
- Enrolado e colocada em caixa de madeira.
- Enrolado em tubete de papelão e embrulhada na forma de "bag".

6. Na obra a soldagem, quando necessária se realizará com pessoal especializado e com


máquina automática. Também nesta ocasião se controlará continuamente a
soldagem em toda a sua extensão.

7. A ancoragem das geomembranas tenderá a ser realizada na crista do talude. O método


mais usual consiste em utilizar uma vala periférica na qual se fixa a geomembrana. Se
escavará esta vala a 1m da crista do talude e terá dimensões mínimas de 30 x 30cm.
Outro método as vezes mais econômico consiste em colocar a lâmina sobre a crista do
talude, colocando lastros sobre a mesma.
Este método exige que se possa calcular com exatidão, levando em conta o solo
disponível e a inclinação, para que assim não haja deslizamento da geomembrana. De
todas as maneiras aconselhamos que se proceda em duas etapas:
- No momento da instalação do painel lastrear provisóriarnente a membrana na crista com
sacos de areia, ou outros elementos.

- Depois de se realizar as soldagens dos painéis,encher lentamente o reservatório, e então


coloca-se a extremidade superior do painel na vala e aterrá-la, compactando o solo. Este
método tem a vantagem de reduzir as tensões na geomembrana face ao efeito de seu
peso e consequentemente aumentar sua duração.

8. Ao redor das tubulações de entrada e saida de água e do extravasor, deve haver a


instalação de flanges ou peças especiais. No caso da tubulação ser de outro material, que
não o PVC, a união deverá ser por pressão mecânica e posterior calafetação com
mastique elastomérico. E importante que este trabalho se faça com grande atenção. É
recomendável prever um sistema de dissipação de energia no ponto de contato da água
com a geomembrana.

OBRAS COMPLEMENTARES E RECEBIMENTO DA OBRA


1. Obras complementares

1.1 Muro perimetral de alvenaria.


Apos concluir o reservatório, pode optar-se por executar um muro perimetral de
alvenaria em toda a crista do reservatório.

1.2 Tubulações e extravasores por cima da crista.


Nos casos em que não foi previsto a entrada e saida de água durante a obra,
temos a opção de fazê-lo sobre a crista do reservatório.

1.3 Trincheira periférica


Uma trincheira periférica na obra protegerá a geomembrana do vandalismo,
animais e futuros acidentes. Além do que a colocação de uma corda nos extremos
do reservatório servirá de salva-vidas para possível quedas de pessoas.

1.4 Proteção de taludes exteriores


Podemos utilizar os seguintes sistemas:
- Pinturas asfálticas
- Gramas
- Tela plástica

2. Recebimento da obra
A recepção se baseará essencialmente nos seguintes pontos:
- Estado da soldagem
- Funcionamento correto da entrada e saída de água.
- Funcionamento do sistema de evacuação de emergência.
- Controle de fliga.

Se procurará encher o reservatório em fases, para assim controlar as tensões e


deformações da geomembrana.

Estimativa de custo

Quando se projeta a execução do reservatório, será necessário ter em conta os seguintes


componentes de custo:

1. Custo dos estudos hidrológicos básicos

- Prospecção e obtenção da água necessária.


- Análise da qualidade da água.
- Exame da necessidade ou não de tratamento.

2. Custo do estudo do projeto do reservatório.

- Engenheiro consultor ou técnico.


- Especialista em impermeabiIização.

3. Custo da canalização da água.

- Instalação dos condutores de entrada, saída e derivações de segurança.


- Bombeamento de água
- Tratamento da água de saida.
- Canal de saída da água.
4. Custo da preparação do terreno e eliminação dos resíduos vegetais.

5. Custo do movimento de terra.


- Escavação, terraplanagem e compactação com 90/95% do PROCTOR
NORMAL

6. Custo da colocação de um eventual sistema de drenagem.

7. Custo do transporte eventual de areia e ou de solo selecionado.

8. Custo de um eventual geotextil anti-puncionamento ou drenante, colocado sobre o


terreno.

9. Custo da impermeabilização composta de:


- Materiais
- Mão de obra de instalação
- Ensaios

10. Custo de uma eventual proteção dos taludes internos:


- Colocação de solo
- Geotextil
- Manta dupla

11. Custo dos trabalhos complementares:


- Vala de ancoragem
- Cerca
- Saida de água de emergência
ANEXO 1

OPTIMIZAÇÃO DAS DIMENSÕES E FORMAS DO RESERVATÓRIO DO PONTO DE


VISTA ECONÔMICO

O objetivo deste anexo é orientar a elaboração do reservatório em função do ponto de vista


econômico das formas e dimensões mais adequada.

A forma de apresentação em quadros e gráficos será obtido em função dos tres elementos
que de maneira mais acentuada influenciam no seu custo:
movimentação de terra, superfície de impermeabilização e superficíe de terreno ocupado.

Além do que é necessário fixar uma série de premissas para poder se estabelecer
comparação.

1. A inclinação interior do reservatório será de 3:1.


2. A inclinação exterior do reservatório será de 2:1.
3. A largura da crista será de 2 metros.
4. A diferença entre a altura do reservatório e altura da água será de 1 metro.
5. As alturas dos taludes foram concebidas de forma que compensem os volumes
escavados e aterrados com 5% de diferença, de maneira que o volume escavado = 1,05
volume aterrado, para compensar as perdas do movimento de terra.

O quadro N0 1 indica os valores absolutos, calculados para uma altura total do reservatório
de 6 metros e de forma retangular a=2b.

Sobre a base 100 desse quadro pode-se observar que se multiplicamos a capacidade por 5, a
quantidade de terras a mover se multiplica por 3,8 e a superfície a impermeabilizar por 2,9 e
o terreno ocupado por 2,8. Depois de nossos cálculos chegamos a conclusão que se
passamos da forma retangular a=2b para a forma quadrada a=b, as variações desses 3
fatores sao quase despresíveis de 1 a 2% no máximo, portanto só falaremos na forma
retangular.
O quadro N0 2 nos indica os aumentos de dimensões em porcentagem sobre os valores do
quadro N0 1, se tomarmos como hipótese uma altura de água de 7 metros em lugar de 5
metros.
De acordo com as hipóteses marcadas e que se refletem no quadro N 0 1, confeccionamos um
gráfico que em função da capacidade definida, definir os 3 parâmetros fundamentais do
custo de um reservatórios.
Modo de utilização do gráfico

Se fixará uma capacidade teórica do reservatório de acordo com as necessidades de


armazenamentos, (por exemplo: entre 20.000 e 30.000m3 e marcamos no eixo das
ordenadas esta capacidade)
Deste ponto nós subimos verticalmente para cima até obtermos um ponto na intersecção
com a curva de movimento de terra. Se deste ponto traçarmos uma linha horizontal
encontraremos no eixo das ordenadas o ponto A que nos permite ler a quantidade de terra
a se movimentar para executar o reservatório com a capacidade definida.
À direita dos pontos da curva correspondendo as capacidades de 4.000 / 6.000 / 10.000 /
15.000 / 20 .000 / 30.000m3, podemos ler as seguintes informações:

C x D = Dimensões do reservatório na zona da crista.


x = Profundidade escavada do terreno.
Y = Altura do dique a contruir sobre o terreno.
X + Y = 6 metros (hipótese tomada no gráfico).
Se descer no eixo da abscissas, na capacidade definida, caminharemos da
mesma maneira verticalmente até a intersecção com o das curvas Y,
descemos até contrar o eixo das ordenadas em sua parte baixa, podemos ler.
- A quantidade de geomembrana necessária.
- A superfície total necessária a ser ocupada pelo reservatório.
Devemos também notar que a escala é identica para ambas as curvas.
Por tanto para uma capacidade determianda podemos obter os 3 valores A, B e C.

O custo total do reservatório poderá avaliar-se desta manera:


1. Se a altura de águia 5m
Custo = A x (custo da movimentação de terra / m3) + B x (custo da geomembrana / m2)
+ C = (custo do terreno / m2).
2. Se a altura de água = 7m (reservatório de 20.000m3 por exemplo)
Custo total = A x 1,062 x (custo da movimentação de terra / m3) + B x
0,901 x (custo da geomembrana / m2) + C x 0,921 x (custo do terreno /
m2).
Sendo 1,062; 0,901 e 0,921 os coeficientes de redução ou aumento obtidos
no quadro N0 2
CUIDADOS ESPECIAIS DURANTE O MANEJO

Durante o manejo dos peixes devemos estar atentos a vários fatores que irão garantir uma
menor mortalidade dos peixes, estes fatores são:

Temperatura - o ideal é que se faça o manejo em dias nublados, com a temperatura da água
e do ar entre 20 e 25ºC. Em dias de muito calor devemos manejar os peixes no horário das 7
a 10 horas da manhã.

Água - deve ser sempre oxigenada.

Redes e Tarrafas - sempre que possível devemos optar por redes ao invés de tarrafas. Esta
última machuca os peixes durante a captura.

Para alevinos de 0,1 a 0,5 g usamos malha de 0,5 cm entre nós, acima deste tamanho
passamos para uma malha de 1cm. Isto é feito para não malhar o peixe.

Para a captura de alevinos com 0,1 gr. podemos adaptar uma tela de mosquiteiro a uma
rede de 1 cm de malha. A rede vai na frente segurando toda a sujeira com mais de 1 cm e os
alevinos são retidos pela tela de mosquiteiro.

Durante a captura devemos ter disponíveis caixas de isopor, baldes, puçá, sacos de coletas
ou outro recipiente com água limpa para receber os peixes capturados.

O tamanho das redes devem ser 2 a 3 vezes a largura do viveiro e com 1,5 a 2m de altura.

Tempo de operação - os peixes devem ficar o menor tempo possível fora da água, para isso
devemos primeiramente planejar a ação e dispor os equipamentos de maneira que não se
perca tempo entre a captura e a colocação dos peixes em recipientes.

Mortalidade - um mau manejo pode provocar a perda de mais de 50% dos peixes, que em
condições boas seria de no máximo 0,01%.
Captura - iniciamos abaixando o nível do viveiro até uma profundidade conveniente (0,5 m).
O arrasto deverá ser feito no sentido da entrada de água para que os peixes recebam
sempre água limpa e oxigenada.

No caso de se fazer a despesca total, a rede deve ser passada o maior número de vezes para
se capturar o maior número possível de peixes, a seguir esgotamos o viveiro e retiramos os
peixes que restarem.

A rede deve ser passada lentamente puxando-se a corda de cima com a mão e a de baixo
com o pé. Durante o recolhimento, a rede deve ser puxada por igual de maneira que
concentramos os peixes em apenas 3 m. Para a retirada da rede juntamos a parte superior
(bóias) com a inferior (chumbada) e a arrastamos pelo tanque , feito isso passamos os peixes
para um recipiente apropriado.

TÉCNICAS DE DESPESCA E COMERCIALIZAÇÃO:

Após o período de engorda, devemos nos preparar para a captura do pescado e sua
utilização para consumo ou comercialização pois brevemente iniciaremos uma nova safra. A
despesca é feita geralmente após período de cultivo que pode ser de 4 meses a um ano,
dependendo da espécie e das exigências de mercado. Uma estratégia de venda é programar
a despesca para épocas de maior consumo de pescado, aproveitando festas, férias escolares
e Semana Santa. Dependendo do período em que será feita a despesca, poderemos
antecipar a compra de alevinos e estocá-los em tanques redes para alevinagem no mesmo
viveiro de engorda.. Com isso ganhamos tempo na próxima safra.

A despesca poderá ser parcial ou total, dependendo da forma de comercialização. A


despesca parcial é recomendada para o piscicultor que deseja vender diretamente seu
produto enquanto que a total poderá ser feita para intermediários, caso o criador não tenha
como estocar a produção. Antes de se fazer a despesca total, é fundamental que se saiba o
destino do pescado.
Depuração

Antes de se comercializar a produção, o pescado deve passar por um período de 3 a 5 dias


em tanques com circulação de água, altamente aerado, sem alimentação, para que
adquiram um sabor mais agradável.

Despesca

Podemos utilizar redes de multifilamento de nylon sem nó para a captura do pescado.


Devemos ter a disposição recipientes com água limpa para lavar os peixes e estocá-los se
necessário. Geralmente usamos bombonas plásticas ou tanques de PVC, mas engradados de
madeira com lona plástica podem dar bons resultados.

Se o destino do pescado é a venda no gelo podemos adicionar 10 mg/L de cloro na água de


lavagem e levar o ph para 6. Com isso iremos eliminar microorganismos de pele e de
branquias, aumentando a sua durabilidade.

A venda de peixes vivos requer um sistema de estocagem mais elaborado, podendo ser feita
em pequenos tanques de terra, de alvenaria ou em tanques redes com ou sem aeração
forçada.

Em todos os casos é fundamental que se faça uma seleção por tamanho a fim de facilitar a
estocagem e o transporte. Os peixes deverão ficar sem alimentação durante este período a
fim de se reduzir seu metabolismo. A comercialização deverá ser o mais rápida possível para
se evitar perdas por canibalismo ou doenças.

Venda de Pescado Resfriado:

O peixe é colocado em caixas plásticas com uma camada de gelo moído ou em escamas em
seu interior. Outra camada de gelo deverá ser colocada sobre ele de maneira que um peixe
não tenha contato direto com outro. A morte virá por resfriamento que também irá retardar
a sua decomposição.

O pescado resfriado poderá ser comercializado dessa forma, sempre sob a ação do frio, por
um período de 4 a 5 dias. No caso de peixes que foram banhados com água clorada este
período dobra. Além de retardar a decomposição, o gelo evita o ressecamento do pescado.

A venda de pescado resfriado é uma das formas mais comuns de comercialização, o


inconveniente é estar na reposição do gelo derretido e no peso para o transporte.
Peixes grandes deverão ser eviscerados (leia adiante ítem Eviceração) e recheados com gelo.
Para cada kg de peixe usamos um kg de gelo. Durante transportes demorados devemos
aumentar a camada de gelo.

Venda de Peixe Vivo

Peixes vivos poderão ser vendidos diretamente ao consumidor ou para proprietários de


viveiros destinados a pesca esportiva ou lazer. Neste caso é necessária a sua estocagem em
tanques que facilitem a captura. Após a captura no viveiro os peixes são lavados em água
corrente para a retirada de sujeiras e bactérias que estejam sobre a pele. A estocagem em
tanques menores não deve ser muito longa e é fundamental que se faça uma boa renovação
da água para eliminar resíduos orgânicos e elevar o teor de oxigênio dissolvido. A aeração
forçada pode ser usada se necessário.

Peixes de couro ou que não soltam facilmente as escamas são os mais indicados para
ficarem sob alta estocagem. A desinfecção destes antes de entrarem nos tanques de
estocagem ajuda a manter a sanidade dos animais, podendo ser usados soluções a base de
verde malaquita, azul de metileno ou kilol.

Os peixes devem ser estocados por tamanho e/ou por espécie. Na hora da comercialização
devemos ter o equipamento de transporte, que pode ser sacos plásticos ou container de
PVC ou outro material.

A venda em sacos plásticos é feita com material resistente, atóxico, e com 1/3 de seu
volume preenchido com água. O ar deverá ser retirado e substituído por oxigênio, fechando-
se o saco com tiras de borracha. Podemos usar gelo ao redor do saco para reduzir o
metabolismo dos peixes durante o transporte.

Cuidados Especiais na Venda de Peixe Vivo

Período de comerc. e Temp. critica de Densidade (kg/1000


peso mínimo manuseio e litros) e cuidados no
resistência transp.
Carpa comum 5 a 8 - > 0,05 kg >25ºC – boa em 200 - temp. <22ºC
temp.baixa
Pacu 10 a 3 - > 1,0 kg < 20ºC - boa entre 22 180 - temp. entre 22 e
a 28ºC 25ºC
Tambaqui 11 a 2 - > 1,0 kg <23ºC – regular 180 - idem
Tambacu 10 a 3 - > 1,0 kg <20º entre 22/28ºC 180 - idem
Curimbatá 9 a 3 - > 0,8 kg <20ºC – boa 150 - idem
Piaussu 9 a 3 - > 0,6 kg idem – idem idem - idem
Tilápia 8 a 3 - > 0,4 kg <19ºC – idem 200 temp.>19ºC
Piraputanga 9 a 3 - > 0,6 kg <20ºC – idem 150 temp.entre 22 a
25ºC
Matrinxã 10 a 3 - > 0,6 kg <22ºC – idem 150 - idem
Catfish americano 4 a 9 - > 0,5 kg >25ºC – idem 200 - temp. < 25ºC

Todos necessitam de depuração antes do transporte (ficar em jejum de 24 horas). Os


principais cuidados preventivos de parasitas e doenças são para Carpa comum: Lernea; Pacu,
Tambaqui e o Tambacu: Dactilogirose e Columnariose.

Para povoar o tanque com peixes recém transportados, devemos bombear água do viveiro
para dentro do cotainer de transporte até ter uma renovação de 100% da água. Dessa
maneira iremos aclimatar os peixes em seu novo habitat.

O uso de containers é mais apropriado para transportar peixes maiores ou em maior


quantidade. O recipiente deve ser limpo, com paredes lisas, sem cantos agudos, e com
abertura que facilite a carga e descarga do pescado. Devemos ter um sistema para a
circulação de ar (compressor) ou oxigênio (garrafa) com dispersão do gás formando
pequenas bolhas. Para esse transporte podemos utilizar cubos de gelo ao redor do
recipiente.

Venda de Peixe Congelado

O peixe deverá ser lavado com água clorada, morto por resfriamento em gelo, ensacado
individualmente e congelado em freezer ou câmara fria. No caso de animais de grande
porte, estes deverão ser eviscerados para que se conservem melhor.

O peixe congelado dentro de saco plástico deverá ser distribuído no freezer em camadas
nunca sobrepostas para facilitar a passagem do frio, depois poderão ser pesados,
etiquetados e estocados em camadas.
Evisceração

É a retirada do material contido na cavidade abdominal. A Evisceração é feita em uma sala


com proteção contra a entrada de insetos, temperatura branda, com o pescado estocado em
gelo e em uma mesa ou pia que sejam fácil de ser limpos e que possuam sistema para
escoamento de vísceras e escamas.

A Evisceração é feita com facas apropriadas, limpas e afiadas, sob constante fluxo de água
clorada. Iniciamos com uma incisão no abdome que vai do ânus até abaixo do opérculo, daí
as vísceras são retiradas de maneira que não sejam rompidas. A seguir o peixe é lavado e
estocado em caixas plásticas com gelo.

ROTINA DE TRABALHO

1. Monitorar a qualidade da água diariamente, pelo menos 2 vezes ao dia, uma antes da
alimentação e outra uma hora depois.
2. Manter registro de alimentação e crescimento dos peixes.
3. Manter registro de qualidade da água para determinar possíveis correções.
4. Fornecer uma pequena quantidade de ração para ver se os peixes estão ativos e se
alimentando.
5. Não faça mudanças rápidas em qualquer parâmetro de qualidade de água, exceto
oxigênio dissolvido.
6. Mantenha registros de mortalidade e dos peixes retirados do sistema.
7. Faça aumentos graduais da ração a ser fornecida diariamente.
8. Não forneça ração rançosa e/ou mofada.
9. Mude o tamanho da ração conforme o tamanho dos peixes.
10. Permita a retirada do cloro se for utilizar água da rede publica de abastecimento
11. Não tenha pressa em povoar totalmente os viveiros enquanto o biofiltro não estiver
totalmente ativado.
12. Esteja alerta as mudanças de apetite e do comportamento geral dos peixes.
13. Não se preocupe se um ou dois peixes morrerem; retire os animais e procure determinar
a causa antes de tomar qualquer providência.
14. Mantenha um reservatório de água para possíveis emergências.
15. Use rede sobre os viveiros para impedir que os peixes saltem para fora.
16. Faça um quadro com as rotinas da criação, para que todos saibam como agir na sua
ausência.
17. Nunca faça um aumento no arraçoamento em mais de 10% para não prejudicar o
funcionamento do biofiltro.
18. Evite a exposição dos viveiros e do biofiltro a luz excessiva para não termos uma grande
produção de algas.
19. Não espere água cristalina em seu sistema.
20. Tenha um plano de ação no caso de falta de energia elétrica.

CONTROLE DE PRODUÇÃO

Desde que iniciamos os preparativos do viveiro devemos contabilizar todos os gastos para
que no final da engorda tenhamos o custo de produção. Nestes custos devem conter gastos
com a compra de alevinos, mão-de-obra gasta durante o manejo, ração, depreciação do
tanque e dos equipamentos utilizados, além do custo do capital investido.
Todos estes valores deverão ser atualizados e divididos pela produção obtida. O valor do
pescado está na soma do custo de produção por kg acrescido da margem de lucro que se
deseja.

“Apenas o produtor que mantém um controle rígido de seus gastos é que poderá ser
preciso quanto ao custo de produção.”

SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO

A criação de qualquer organismo aquático requer cuidados especiais de saúde e segurança


do trabalho que são descritos a seguir:

1 - Usar botas de borracha com solado atiderrapante.


2 - Não permanecer com roupa molhada.
3 - Desinfetar e proteger qualquer ferimento, principalmente nas mãos, durante e após o
manejo dos animais.
4 - Usar chapéu ou boné nos trabalhos com exposição solar direta.
FORMULÁRIOS

CONTROLE DA POPULAÇÃO DO VIVEIRO

nº do tanque: Superfície: Situação:

POVOAMENTO

Data Espécie Categoria nº Peso total Peso médio kg/ha


ou sexo

PESCA

Data Espécie Categoria nº Peso total Peso médio Produção


ou Sexo kg/ano
ARRAÇOAMENTO

Nº DO TANQUE:
ÁREA:
ESPÉCIE (S):
CATEGORIA:

Data Tipo nº de Total de kg/dia Total por


arraçoamento Hectare
AMOSTRAGEM
PESO/INDIVÍDUO

TANQUE Nº:
ÁREA:
CATEGORIA:
ESPÉCIE:
Nº DE INDIVÍDUOS:

Peso médio Comprimento Peso médio Comprimento


CONTROLE DE TEMPERATURA, pH E TRANSPARÊNCIA

MÊS:
TANQUE Nº:
ANO:

Dia pH Transp. Temp. Temp. Temp. Média


Máxima Mínima

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