Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CURSO DE PISCICULTURA
Setembro / 2013
Sumário
INTRODUÇÃO........................................................................................................................................................3
BIOLOGIA DOS PEIXES........................................................................................................................................4
PREPARO DOS VIVEIROS....................................................................................................................................5
ROTINA DE MANUTENÇÃO DOS VIVEIROS...................................................................................................7
MONITORAMENTO DA QUALIDADE DA ÁGUA............................................................................................7
Temperatura..........................................................................................................................................................8
Oxigênio................................................................................................................................................................9
Amônia................................................................................................................................................................11
Nitrito & Nitrato..................................................................................................................................................12
Alcalinidade........................................................................................................................................................12
Gás Carbônico.....................................................................................................................................................13
pH........................................................................................................................................................................13
Espuma................................................................................................................................................................14
Luminosidade......................................................................................................................................................14
CUIDADOS COM O BIOFILTRO........................................................................................................................15
CUIDADOS COM O SISTEMA DE PRODUÇÃO...............................................................................................16
ESTOCAGEM DA RAÇÃO..................................................................................................................................16
ARRAÇOAMENTO...............................................................................................................................................17
DOENÇA E ESTRESSE........................................................................................................................................21
CONSTRUÇÃO DE VIVEIROS............................................................................................................................22
Escolha das alternativas......................................................................................................................................22
Definição da geometria do reservatório..............................................................................................................24
1. Tipos de reservatórios............................................................................................................................24
2. Formato da obra.....................................................................................................................................24
3. Inclinação dos taludes.................................................................................................................................25
4. Entrada d'água.............................................................................................................................................25
5. Segurança..............................................................................................................................................26
6. Inspeção e manutenção...............................................................................................................................26
Utilização de drenagem.......................................................................................................................................26
CONSTRUÇÃO DO RESERVATÓRIO...............................................................................................................28
1. Preparação do terreno e trabalhos preliminares..........................................................................................28
Impermeabilização..............................................................................................................................................29
OBRAS COMPLEMENTARES E RECEBIMENTO DA OBRA.........................................................................31
1. Obras complementares..........................................................................................................................31
Estimativa de custo.............................................................................................................................................32
ANEXO 1................................................................................................................................................................34
OPTIMIZAÇÃO DAS DIMENSÕES E FORMAS DO RESERVATÓRIO DO PONTO DE VISTA
ECONÔMICO........................................................................................................................................................34
CUIDADOS ESPECIAIS DURANTE O MANEJO..............................................................................................36
TÉCNICAS DE DESPESCA E COMERCIALIZAÇÃO:......................................................................................37
Depuração...........................................................................................................................................................38
Despesca..............................................................................................................................................................38
Venda de Pescado Resfriado:..............................................................................................................................38
Venda de Peixe Vivo...........................................................................................................................................39
Venda de Peixe Congelado.................................................................................................................................41
Evisceração.........................................................................................................................................................41
ROTINA DE TRABALHO....................................................................................................................................41
CONTROLE DE PRODUÇÃO..............................................................................................................................42
SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO.........................................................................................................42
FORMULÁRIOS....................................................................................................................................................44
CONTROLE DA POPULAÇÃO DO VIVEIRO...............................................................................................44
ARRAÇOAMENTO...........................................................................................................................................45
AMOSTRAGEM................................................................................................................................................46
CONTROLE DE TEMPERATURA, pH E TRANSPARÊNCIA......................................................................47
INTRODUÇÃO
A piscicultura tem sua origem na China, quando monges capturavam alevinos de carpas e
faziam a engorda em cativeiro a fim de se ter o pescado a qualquer época do ano. No Japão,
a criação de carpas em cativeiro era feita em tanques dentro das residências e isso
possibilitou o aparecimento de animais coloridos, que através de melhoramento genético,
deu origem as carpas Nishikigoi, conhecidas como as “jóias que nadam”. A partir destas
criações rudimentares, a observação e a criatividade daqueles que se dedicaram a esta
atividade fizeram com que a criação de peixes evoluísse e nos dias de hoje se torne um ramo
da zootecnia com um dos maiores índices de crescimento no mundo.
Os peixes são animais que possuem coluna vertebral, que habitam exclusivamente o meio
aquático, pecilotérmicos, de respiração branquial, estrutura formada por filamentos ricos
em vasos sangüíneos, localizadas em cada lateral da cabeça e que permite a absorção do
oxigênio e da eliminação do gás carbônico, possuem um cérebro protegido por um crânio,
coração com duas cavidades e o corpo dividido em duas partes iguais.
Seu corpo apresenta geralmente o formato fusiforme (comprido lateralmente e afilado nas
extremidades e que confere ao peixe uma forma hidrodinâmica), revestido ou não por
escamas e por uma camada de muco que lhe lubrifica a pele, facilitando seu deslocamento
na água e reduzindo o ataque de microorganismos.
Na lateral do seu corpo podemos observar a presença de uma linha lateral, que pode ser
contínua, e que é repleta por células sensoriais que captam as vibrações na água.
O alimento é capturado pela boca que é adaptada para cada tipo de dieta, ou seja, para
peixes filtradores de plâncton, a boca aspira a água e retém o plâncton nos rastros
branquiais (estruturas que filtram o material sólido que está na água), os peixes herbívoros
possuem dentição ou formato da boca apropriados para comer plantas e algas, os peixes
carnívoros conseguem apreender suas presas graças a adaptação de sua boca e dentição,
finalmente temos os peixes que vivem no fundo, que para se alimentarem do lodo, adaptou
sua boca de maneira que pode sugar os sedimentos.
O alimento passa da boca para a faringe, através de um curto esôfago atingindo o estômago.
Este tem a forma de U e situa-se sob o fígado, que é de coloração marrom. A digestão
começa no estômago, onde, sob a ação de enzimas, o alimento fica liqüefeito finamente
dividido. Através da válvula Piloro o alimento passa para o intestino onde se completa a
digestão. Restos como carapaças, esqueletos e outros materiais que não podem ser
digeridos são vomitados pelos peixes.
O fígado produz a bile que é armazenada na vesícula biliar e é secretada no intestino
delgado para a digestão das gorduras. O pâncreas é constituído de uma dobra membranosa
que liga o intestino a parede da cavidade abdominal e tem a função de produzir enzimas
digestivas. O baço poderá ser observado como uma estrutura alongada de cor vermelha. A
absorção de alimentos é feita pelo intestino e o que não é aproveitado é eliminado na forma
de fezes.
Afastando a bexiga natatória encontramos os rins, junto a coluna vertebral. Sua forma é
alongada e de cor vermelha. Do lado da cauda encontramos dois tubos que são os ductos
urinários e que vão desembocar na bexiga urinária e na papila urogenital.
Os peixes possuem um coração com uma aurícula e um ventrículo, que bombeia o sangue
para as brânquias e para o resto do corpo, voltando ao coração.
O tanques feitos com manta de PVC não necessitam de lavagem e/ou estabilização do
viveiro, como os confeccionados em alvenaria ou para a retirada de toxinas provenientes de
tinta epoxy ou resinas utilizadas para colar ou vedar os encanamentos.
A próxima etapa é ajustar a alcalinidade da água (CaCO 3) para 150 a 200 mg/L e o cloreto
(NaCl) para 200 a 300 mg/L . Isto irá garantir um bom funcionamento do biofiltro e reduzirá
o estresse dos peixes durante o povoamento.
Ao se fazer o peixamento (povoar os viveiros), devemos permitir que eles se adaptem com a
temperatura do viveiro. Isto é feito mantendo-se um contato da água de transporte com a
água do viveiro. No caso de transportarmos os peixes em sacos plástico, estes serão
introduzidos no tanque e permanecerão cerca de 30 minutos no viveiro antes de serem
abertos, e, para peixes transportados em container, substituímos vagarosamente a água de
transporte pela água dos tanques.
O biofiltro poderá levar cerca de 30 dias para estar em pleno funcionamento, sendo então
recomendado o povoamento com alguns peixes adultos, que serão alimentados inicialmente
com pouca ração para que se inicie o desenvolvimento dos microorganismos do biofiltro.
Com o tempo passamos a aumentar a alimentação e, através do monitoramento da
qualidade de água (concentração de amônia e nitrito), determinamos o momento de
operarmos comercialmente nossos tanques.
A amônia não deve exceder a 0,2 mg / L, caso isto ocorra, reduzimos ou suspendemos o
arraçoamento dos peixes. Após duas a três semanas iremos observar a redução dos níveis de
amônia e aumento simultâneo do nitrito. Quando isto ocorrer é porque estabelecemos uma
população de nitrobactérias, responsáveis pela transformação da amônia em nitrito.
A concentração de nitrito deverá ficar abaixo de 15 mg/L. Para evitar a intoxicação dos
peixes adicionamos cloreto na água, na proporção de 6 partes de cloreto para cada parte de
nitrito (ex.: 6 mg de cloreto para cada 1 mg de nitrito). Dessa forma o peixe irá absorver o
cloreto no lugar do nitrito.
O nitrato apresenta baixa toxidade, podendo estar presente em concentrações de até 150
mg/L. A troca diária de parte da água do viveiro (renovação) é o suficiente para controlar a
concentração de nitrato.
Os tanques circulares de manta de PVC são auto limpante, uma vêz que a água em circulação
arrasta as sujeiras para o dreno central. Abrimos a saída de água várias vezes durante o dia
para retirarmos os dejetos que se concentram na tela anti-fuga instalada sobre o dreno. Esta
água deverá ser descartada junto com o efluente e o nível deverá ser completado com água
limpa, sendo esta troca responsável pela maior perda de água do sistema, seguida pela
remoção de espuma formada na superfície do tanque ou no skimer.
A tela anti-fuga deve ser retirada para limpeza a cada 2 a 3 dias usando uma bomba de alta
pressão. É possível fazer a limpeza utilizando aspirador de pó & líquido. Semanalmente
removemos as incrustações de sujeiras das tubulações de drenagem. Para isso fechamos a
saída de água dos viveiros com um tubo colocado sobre o dreno central, escoamos toda a
água e introduzimos uma escova na tubulação ou uma mangueira com água sob pressão. A
retirada destas crostas de sujeira das tubulações facilita a passagem da água no sistema,
permitindo uma constância no fluxo do biofiltro.
A Água é o meio em que os peixes vivem; neste meio é que eles encontram proteção,
alimento, condições para sobreviver e se reproduzir. Ao contrário do meio ambiente
terrestre, dentro da água não ocorre mudanças bruscas de temperatura e as demais
características podem ser consideradas estáveis visto que as alterações se processam
lentamente dando plenas condições ao peixe de se adaptar. Por isso que devemos controlar
o ambiente de criação pois, variações podem alterar o metabolismo e/ou afetar a saúde dos
peixes.
Diariamente devemos fazer o monitoramento da água para detectar alterações e mantê-la
nos padrões desejados. Para isso poderemos utilizar algum tipo de kits de análise de água
encontrados no mercado, desde que seja de boa qualidade, de fácil operação e não seja
oneroso. A observação do comportamento dos peixes no viveiro também é fundamental
para se detectar alguma anormalidade no sistema, mas para isso é necessário atenção e
experiência na criação. Com o tempo será possível ao operador associar mudanças na
qualidade da água com alterações no comportamento dos peixes.
As principais características da água a saber são: oxigênio dissolvido (O 2D), nitrito (HNO2),
gás carbônico (CO2), alcalinidade, amônia (NH4) e cloreto.
Além destes equipamentos para análises químicas, é importante termos um frasco cônico
para determinação dos sólidos em suspensão e um termômetro.
Existe uma inter-relação entre os parâmetros de água, sendo necessário uma análise do
conjunto (ex.: a amônia pode ser letal com pH 8,0 e não ser letal com pH de 7,2) para se
determinar a normalidade do sistema tanto para os peixes criados como para os
microorganismos do biofiltro.
Toda a correção dos parâmetros de qualidade de água deverão ser corrigidos gradualmente,
evitando-se mudanças bruscas no sistema, apenas com exceção da concentração do nível de
oxigênio , que deverá se elevar o mais rápido possivel.
Temperatura
A temperatura é fator de grande importância para a criação de peixes, visto que se ela
aumentar os animais irão crescer mais rápido ocorrendo o inverso se ela diminuir. Isso se
deve ao fato dos peixes serem animais pecilotérmicos, ou seja, a sua temperatura varia com
a do ambiente. Este aumento ou diminuição da temperatura deve ser feito dentro de certos
limites para não provocar a dormência dos animais em caso de temperatura baixa, ou de
estresses calórico em temperaturas elevadas. Temperatura fora da zona de conforto ou
variações bruscas podem causar a morte nos animais.
A temperatura também influi na concentração de oxigênio e na eficiência do biofiltro, sendo
este mais afetado pela variação de temperatura que os peixes .
Oxigênio
Por serem animais aeróbios os peixes necessitam do oxigênio para a sua sobrevivência. Este
se encontra na água na forma de solução e sua concentração depende da temperatura
(quanto menor, maior a concentração de oxigênio) e da demanda química (substâncias
químicas que absorvem o oxigênio) ou biológica (oxigênio consumido pela respiração dos
seres vivos aquáticos). No nosso caso, a espécie cultivada, seu metabolismo, a densidade
estocada e a atividade do biofiltro é que serão responsáveis pelo consumo do oxigênio.
Na água o oxigênio dissolvido (O2D) varia entre 0 e 13 mg/L. As águas a 15ºC podem conter
até 10,05 mg de oxigênio dissolvido e com 30º apenas 7,57 mg de oxigênio dissolvido. O
oxigênio é proveniente da atmosfera, da fonte de renovação de água ou das plantas que
vivem na água (fotossíntese) Dependendo da espécie, o excesso de oxigênio dissolvido pode
provocar a morte dos peixes por embolia e a falta por asfixia. A concentração ideal de O 2D
deverá ser mantida em torno de 5 mg/L, suficiente para as atividades dos peixes e dos
microorganismos do biofiltro.
Como as determinações serão feitas várias vezes por dia, é recomendado que o
equipamento para leitura da concentração de oxigênio seja simples e rápido.
O nível de oxigênio costuma variar após a alimentação dos peixes. Para que esta variação
não seja muito grande, recomenda-se ministrar o alimento diário em várias refeições
durante o dia, evitando-se uma alta carga de ração num curto período. Os peixes poderão
ser arraçoados de 6 a 12 vezes por dia.
O arraçoamento poderá ser feito com cochos automáticos ou o alimento poderá ser
distribuído manualmente pelo tanque, 30 a 45 minutos após o arraçoamento fazemos o
monitoramento do nível de oxigênio.
A falta de O2D também pode ser observada pela presença de peixes na superfície. Nesse
caso devemos suspender o fornecimento de ração, aumentar ao máximo a renovação da
água e o sistema de aeração até que o quadro se reverta.
A amônia entra no sistema através do metabolismo dos peixes e pela degradação de ração
não consumida. Por isso é que devemos fazer a retirada do material sólido da água e limpar
a tela anti-fuga e a rede de escoamento de água periodicamente, evitando-se o início da
decomposição deste material orgânico.
Temp (ºC) pH
6.0 6.5 7.0 7.5 8.0 8.5 9.0 9.5
10 .02 .1 .2 .6 2 6 16 37
15 .03 .1 .3 .9 3 8 22 46
20 .04 .2 .4 1 4 11 28 56
25 .06 .2 .6 2 5 15 36 64
30 .1 .3 .8 3 8 20 45 72
Nitrito & Nitrato
É por este motivo que, mesmo com uma concentração ideal de oxigênio, podemos não obter
o desenvolvimento esperado dos peixes ou nos depararmos com peixes muito debilitados ou
até mesmo com uma alta mortalidade .
O nitrato é o produto final do biofiltro e não causa muitos problemas aos peixes. Uma
renovação de 5 a 10 % do volume total de água dos viveiros é suficientes para o controle do
nitrato.
Alcalinidade
Diariamente monitoramos os níveis de Carbonato de Cálcio para que fique entre 70 a 120
mg/L. Para cada grama de amônia que entra no sistema são necessárias 7 gramas de
Carbonato de Cálcio para sua neutralização.
A presença de CaCO3 promove um efeito tampão na água, evitando grandes mudanças de
pH geradas principalmente pela transformação do gás carbônico em ácido carbônico.
Gás Carbônico
Para se ter uma idéia do efeito deste gás no viveiro podemos fazer um teste simples:
coletamos uma amostra de água e fazemos o teste de pH e observamos a cor do resultado,
em seguida agitamos o frasco vigorosamente, se a cor mudar para o lado alcalino é sinal que
a concentração de CO2 é alta e o O2 é baixo, se a cor mudar para o lado ácido indica sinal que
a concentração de CO2 é baixa e a água está bem aerada. Podemos utilizar medidores
específicos para determinar os níveis de gás carbônico.
Esse gás pode ser removido pela aeração da água e em alguns casos, absorvido pelas algas.
pH
Espuma
A espuma é formada pela proteína dissolvida na água pois ela aumenta a película de tensão
superficial da água, impedindo a passagem do ar gerado pela aeração para a atmosfera.
Dessa forma é possível remover a proteína em solução com o uso de equipamentos como
aspirador de pó & liquido ou mesmo com o uso de bacias para a retirada da água superficial.
O óleo das rações quebra a película de tensão superficial da água, permitindo a saída do ar,
desfazendo a espuma. Por isso é que devemos retirar a espuma pela manhã, antes do
primeiro arraçoamento.
Luminosidade
O próprio biofiltro pode ser afetado diretamente pela luz, sendo que muitos técnicos
recomendam que este deverá trabalhar em completa escuridão.
Determinadas algas também são responsáveis pelo sabor desagradável na carne dos peixes,
denominado de off-flavor.
CUIDADOS COM O BIOFILTRO
O sucesso na criação de peixes com sistema de recirculação de água está na manutenção das
funções do biofiltro. Podemos esperar a morte dos peixes da criação caso o biofiltro não
esteja funcionando corretamente.
A meta do aquicultor que se utiliza do sistema de recirculação de água é manter seu biofiltro
em funcionamento constantemente. Para isso todas as mudanças no sistema deverão ser
graduais, dando oportunidade para a adaptação do biofiltro. A única exceção para esta regra
é a concentração de oxigênio, que se necessário deverá ser elevada no menor prazo
possível.
A retirada de uma grande quantidade de peixes do sistema pode ser tão prejudicial como
um aumento brusco no fornecimento de ração.
Um bom biofiltro apresenta uma fina camada formada por bactérias e material orgânico,
com uma consistência gelatinosa e coloração marrom – alaranjado sobre o substrato. Caso
apresente camadas espessas de material de coloração marrom, teremos o desenvolvimento
das bactérias heterotróficas que estarão se alimentando do excesso de fezes e resto de
ração que irá se acumular sobre o biofiltro. Esta grande quantidade de material orgânico
poderá ter origem nos resíduos retidos nas telas e na tubulação de saída de água e mesmo
por estarmos desperdiçando alimentos ou usando uma ração não palatavel.
Os funcionários deverão passar por uma formação profissional pois, uma mão-de-obra não
especializada pode não identificar problemas que possam estar ocorrendo no sistema e/ou,
devido a um mal manejo, provocar uma grande mortalidade entre os animais.
Todas as ocorrências diárias deverão ser anotadas e, quando ocorre mortalidade, devemos
identificar as causas. O criador deverá ter uma relação de especialistas e outros produtores
para procurar esclarecimentos ou para compartilhar seus dados de produção.
ESTOCAGEM DA RAÇÃO
A ração deverá ser estocada em local seco, arejado, longe da parede, sobre estrado e
protegida de ratos e insetos. Ao empilharmos os sacos, devemos cuidar para que os pelets
não sofram muito atrito, com isso evitamos a formação de “pó” de ração que não seria
consumida pelos peixes, principalmente os de maior desenvolvimento, gerando desperdício
e provocando desequilíbrio no filtro biológico.
Devemos programar a compra da ração de forma que a estocagem não seja superior a 60
dias, respeitando o prazo de validade das rações. Muitos dos componentes da ração
poderão se deteriorar com o passar do tempo.
Muitos produtores estocam a ração dentro de recipientes plásticos ou de metal para reduzir
o cheiro, que acaba atraindo ratos e insetos.
ARRAÇOAMENTO
A alimentação dos peixes deve ser controlada, sendo fornecida de acordo com a espécie
cultivada, seu estágio de desenvolvimento, sua conversão alimentar e obedecendo uma
relação entre a biomassa de pescado e a capacidade de ingestão diária. Com isso evitamos o
desperdicio de ração ou mesmo sub-alimentarmos os animais.
O tipo, forma e tamanho do alimento influem diretamente na conversão alimentar, que por
sua vez deternima boa parte do custo de produção e o bom funcionamento do biofiltro.
As rações extrusadas podem ser produzidas com diferentes formatos, sendo que a forma
grão é facilmente apreendida pelos peixes.
O tamanho dos grãos deve ser proporcional a boca dos peixes, sendo que os alevinos
poderão receber a ração extrusada farelada e, a medida em que os animais crescem,
aumentamos o diâmetro da ração. Este procedimento diminui o desperdício e a competição
por alimento, mas também podem aumentar o tempo para serem digeridas.
A ração deverá ser testada quanto a sua palatabilidade e avaliada quanto ao seu
desempenho.
Cada espécie apresentará uma determinada exigência de nutrientes, sendo que no Brasil
podemos encontrar rações para peixes de clima tropical ou temperado, além de rações para
carnívoros e trutas. Estas rações foram projetadas para viveiros com renovação de água, e
geralmente possuem óleo na composição. O óleo não é uma substancia desejada para
sistemas de recirculação de água por impedir a formação da espuma. Infelizmente ainda não
existe uma ração apropriada para o sistema de recirculação de água.
PM = PT
NI
PM – peso médio
PT – peso total do lote capturado
NI – número de indivíduos capturados
Ao multiplicarmos o valor do peso médio dos peixes do viveiro pela população obtemos a
biomassa do sistema;
BI = PM X PV
BI – biomassa do sistema
PM – peso médio
PV – população do viveiro
Geralmente os fabricantes de ração informam a porcentagem de ração a ser fornecida de
acordo com a biomassa e o peso médio do lote; a seguir fornecemos uma tabela que poderá
ser utilizada na determinação da quantidade de ração a ser ministrada:
O ganho de peso no período ente as amostragens é obtido subtraindo o valor do peso total
do lote atual pelo do peso total do lote no período anterior;
Sempre peneiramos a ração antes de fornecer aos peixes, com isso reduzimos a quantidade
de pó de ração que entra no sistema e que poderia causar problemas para o biofiltro.
Esta tabela dá uma idéia do consumo diário de ração para peixes tropicais. O alimento deve
ser dividido em 3 a 6 refeições ao dia para que não haja sobra de ração.
DOENÇA E ESTRESSE
Um viveiro com boa qualidade de água e um bom manejo não apresenta problemas de
doença ou de estresse. Se introduzirmos animais sadios no viveiro, as doenças só ocorrerão
no caso de distúrbios nutricionais ou provocadas por um ambiente e/ou um manejo
estressante que provoca a perda de resistência dos animais, abrindo caminho para a ação de
algum microorganismo oportunista.
Como não é possível fazer o tratamento dos peixes em um sistema de recirculação de água,
visto que o(s) produto(s) utilizado poderia destruir as bactérias do biofiltro, é fundamental a
aquisição de animais sadios, fornecer ração na quantidade e com a qualidade requerida para
o estágio de desenvolvimento dos peixes, utilizar mão-de-obra qualificada e evitar mudanças
bruscas no ambiente.
CONSTRUÇÃO DE VIVEIROS
É necessário considerar os vários elementos que infuirão na construção e nos custos da obra
1. Acesso.
5. Dados climatológicos:
Estudo dos mapas geológicos e dos solos superficiais disponíveis que pertençam ao lugar
explorado ou a lugares parecidos.
Um conhecimento prévio da área, bastará para determinar se deve haver ou não um estudo
geotécnico prévio.
Deve elaborar-se, para a obtenção desses dados, um estudo de vazão e demandas de água,
onde deve-se levar em conta:
a) Vazão e seu regime, que geralmente deverá ser obtido com base em estudos
hidrogeológicos da área, ou por informaçoes colhidas com moradores
b) Demandas:
1. Tipos de reservatórios
Na maioria dos casos, a terceira opção será a mais usual e a mais econômica para áreas
planas, ainda que o quarto tipo se ajusta melhor a regiões montanhosas.
2. Formato da obra
4. Entrada d'água
O dispositivo de água até o reservatório deve ser mediante tubos que pode ser
impuncionada por diferentes sistemas (bombeamento, sifão, gravidade etc...) Deve cuidar-se
do ponto de impacto das águas sobre a manta impermeabilizante, mediante um sistema de
dispersão de energia.
5. Segurança
6. Inspeção e manutenção
É indispensável para uma longa vida útil e bom funcionamento do reservatório, uma
inspeção periódica, que permita estabelecer quais devem ser os trabalhos de manutenção.
Utilização de drenagem
Em caso de fuga de água é necessário evitar que o acidente provoque danos custosos devido
a uma exigência exagerada nas solicitações á geomembrana
Primeiro caso: As consequências são tais que a fuga é inaceitável. A exigência de uma vasão
de fuga nula contempla uma concepção especial da impermeabilização. Por exemplo: Manta
dupla.
Segundo caso: As consequências são aceitáveis. Este é o caso mais frequente. E para tanto é
necessário fixar uma vasão de fuga admissível no qual não deverá elevar o nível freático na
zona da base do reservatório, e para seu controle se instalarão os correspondentes
piezómetros.
Depois é preciso decidir-se por um sistema de drenagem capaz de verificar esta vasão e
assim poder tomar a tempo disposições necessárias para remediar um possível caso de
rebaixamento.
Dependendo de quais sejam as características de situação da água a evacuar se utilizam
drenos de:
- Periferia
- Escama de peixe
- Elementos especiais
- Fazer prolongado até a crista do talude a rede de tubulações perfuradas para drenagem
da água, instalando "chapéu chines" no topo.
- Prevendo simplesmente, e a distância regulares na parte superior dos taludes (sobre o
nível máximo da águia) aberturas na geomembrana "airvents".
CONSTRUÇÃO DO RESERVATÓRIO
1. Preparação do terreno e trabalhos preliminares
4 A compactação é feita na prática sobre o terreno em camadas de terra que pode oscilar
de 25 a 50cm de espessura, em função do equipamento utilizado. Para pequenos
reservatórios o trator efetuará passadas em camadas de 25cm. O objetivo é obter um
grau de compactação igual a 90-95% do PROPTOR NORMAL MODIFICADO.
Impermeabilização
2. Recebimento da obra
A recepção se baseará essencialmente nos seguintes pontos:
- Estado da soldagem
- Funcionamento correto da entrada e saída de água.
- Funcionamento do sistema de evacuação de emergência.
- Controle de fliga.
Estimativa de custo
A forma de apresentação em quadros e gráficos será obtido em função dos tres elementos
que de maneira mais acentuada influenciam no seu custo:
movimentação de terra, superfície de impermeabilização e superficíe de terreno ocupado.
Além do que é necessário fixar uma série de premissas para poder se estabelecer
comparação.
O quadro N0 1 indica os valores absolutos, calculados para uma altura total do reservatório
de 6 metros e de forma retangular a=2b.
Sobre a base 100 desse quadro pode-se observar que se multiplicamos a capacidade por 5, a
quantidade de terras a mover se multiplica por 3,8 e a superfície a impermeabilizar por 2,9 e
o terreno ocupado por 2,8. Depois de nossos cálculos chegamos a conclusão que se
passamos da forma retangular a=2b para a forma quadrada a=b, as variações desses 3
fatores sao quase despresíveis de 1 a 2% no máximo, portanto só falaremos na forma
retangular.
O quadro N0 2 nos indica os aumentos de dimensões em porcentagem sobre os valores do
quadro N0 1, se tomarmos como hipótese uma altura de água de 7 metros em lugar de 5
metros.
De acordo com as hipóteses marcadas e que se refletem no quadro N 0 1, confeccionamos um
gráfico que em função da capacidade definida, definir os 3 parâmetros fundamentais do
custo de um reservatórios.
Modo de utilização do gráfico
Durante o manejo dos peixes devemos estar atentos a vários fatores que irão garantir uma
menor mortalidade dos peixes, estes fatores são:
Temperatura - o ideal é que se faça o manejo em dias nublados, com a temperatura da água
e do ar entre 20 e 25ºC. Em dias de muito calor devemos manejar os peixes no horário das 7
a 10 horas da manhã.
Redes e Tarrafas - sempre que possível devemos optar por redes ao invés de tarrafas. Esta
última machuca os peixes durante a captura.
Para alevinos de 0,1 a 0,5 g usamos malha de 0,5 cm entre nós, acima deste tamanho
passamos para uma malha de 1cm. Isto é feito para não malhar o peixe.
Para a captura de alevinos com 0,1 gr. podemos adaptar uma tela de mosquiteiro a uma
rede de 1 cm de malha. A rede vai na frente segurando toda a sujeira com mais de 1 cm e os
alevinos são retidos pela tela de mosquiteiro.
Durante a captura devemos ter disponíveis caixas de isopor, baldes, puçá, sacos de coletas
ou outro recipiente com água limpa para receber os peixes capturados.
O tamanho das redes devem ser 2 a 3 vezes a largura do viveiro e com 1,5 a 2m de altura.
Tempo de operação - os peixes devem ficar o menor tempo possível fora da água, para isso
devemos primeiramente planejar a ação e dispor os equipamentos de maneira que não se
perca tempo entre a captura e a colocação dos peixes em recipientes.
Mortalidade - um mau manejo pode provocar a perda de mais de 50% dos peixes, que em
condições boas seria de no máximo 0,01%.
Captura - iniciamos abaixando o nível do viveiro até uma profundidade conveniente (0,5 m).
O arrasto deverá ser feito no sentido da entrada de água para que os peixes recebam
sempre água limpa e oxigenada.
No caso de se fazer a despesca total, a rede deve ser passada o maior número de vezes para
se capturar o maior número possível de peixes, a seguir esgotamos o viveiro e retiramos os
peixes que restarem.
A rede deve ser passada lentamente puxando-se a corda de cima com a mão e a de baixo
com o pé. Durante o recolhimento, a rede deve ser puxada por igual de maneira que
concentramos os peixes em apenas 3 m. Para a retirada da rede juntamos a parte superior
(bóias) com a inferior (chumbada) e a arrastamos pelo tanque , feito isso passamos os peixes
para um recipiente apropriado.
Após o período de engorda, devemos nos preparar para a captura do pescado e sua
utilização para consumo ou comercialização pois brevemente iniciaremos uma nova safra. A
despesca é feita geralmente após período de cultivo que pode ser de 4 meses a um ano,
dependendo da espécie e das exigências de mercado. Uma estratégia de venda é programar
a despesca para épocas de maior consumo de pescado, aproveitando festas, férias escolares
e Semana Santa. Dependendo do período em que será feita a despesca, poderemos
antecipar a compra de alevinos e estocá-los em tanques redes para alevinagem no mesmo
viveiro de engorda.. Com isso ganhamos tempo na próxima safra.
Despesca
A venda de peixes vivos requer um sistema de estocagem mais elaborado, podendo ser feita
em pequenos tanques de terra, de alvenaria ou em tanques redes com ou sem aeração
forçada.
Em todos os casos é fundamental que se faça uma seleção por tamanho a fim de facilitar a
estocagem e o transporte. Os peixes deverão ficar sem alimentação durante este período a
fim de se reduzir seu metabolismo. A comercialização deverá ser o mais rápida possível para
se evitar perdas por canibalismo ou doenças.
O peixe é colocado em caixas plásticas com uma camada de gelo moído ou em escamas em
seu interior. Outra camada de gelo deverá ser colocada sobre ele de maneira que um peixe
não tenha contato direto com outro. A morte virá por resfriamento que também irá retardar
a sua decomposição.
O pescado resfriado poderá ser comercializado dessa forma, sempre sob a ação do frio, por
um período de 4 a 5 dias. No caso de peixes que foram banhados com água clorada este
período dobra. Além de retardar a decomposição, o gelo evita o ressecamento do pescado.
Peixes de couro ou que não soltam facilmente as escamas são os mais indicados para
ficarem sob alta estocagem. A desinfecção destes antes de entrarem nos tanques de
estocagem ajuda a manter a sanidade dos animais, podendo ser usados soluções a base de
verde malaquita, azul de metileno ou kilol.
Os peixes devem ser estocados por tamanho e/ou por espécie. Na hora da comercialização
devemos ter o equipamento de transporte, que pode ser sacos plásticos ou container de
PVC ou outro material.
A venda em sacos plásticos é feita com material resistente, atóxico, e com 1/3 de seu
volume preenchido com água. O ar deverá ser retirado e substituído por oxigênio, fechando-
se o saco com tiras de borracha. Podemos usar gelo ao redor do saco para reduzir o
metabolismo dos peixes durante o transporte.
Para povoar o tanque com peixes recém transportados, devemos bombear água do viveiro
para dentro do cotainer de transporte até ter uma renovação de 100% da água. Dessa
maneira iremos aclimatar os peixes em seu novo habitat.
O peixe deverá ser lavado com água clorada, morto por resfriamento em gelo, ensacado
individualmente e congelado em freezer ou câmara fria. No caso de animais de grande
porte, estes deverão ser eviscerados para que se conservem melhor.
O peixe congelado dentro de saco plástico deverá ser distribuído no freezer em camadas
nunca sobrepostas para facilitar a passagem do frio, depois poderão ser pesados,
etiquetados e estocados em camadas.
Evisceração
A Evisceração é feita com facas apropriadas, limpas e afiadas, sob constante fluxo de água
clorada. Iniciamos com uma incisão no abdome que vai do ânus até abaixo do opérculo, daí
as vísceras são retiradas de maneira que não sejam rompidas. A seguir o peixe é lavado e
estocado em caixas plásticas com gelo.
ROTINA DE TRABALHO
1. Monitorar a qualidade da água diariamente, pelo menos 2 vezes ao dia, uma antes da
alimentação e outra uma hora depois.
2. Manter registro de alimentação e crescimento dos peixes.
3. Manter registro de qualidade da água para determinar possíveis correções.
4. Fornecer uma pequena quantidade de ração para ver se os peixes estão ativos e se
alimentando.
5. Não faça mudanças rápidas em qualquer parâmetro de qualidade de água, exceto
oxigênio dissolvido.
6. Mantenha registros de mortalidade e dos peixes retirados do sistema.
7. Faça aumentos graduais da ração a ser fornecida diariamente.
8. Não forneça ração rançosa e/ou mofada.
9. Mude o tamanho da ração conforme o tamanho dos peixes.
10. Permita a retirada do cloro se for utilizar água da rede publica de abastecimento
11. Não tenha pressa em povoar totalmente os viveiros enquanto o biofiltro não estiver
totalmente ativado.
12. Esteja alerta as mudanças de apetite e do comportamento geral dos peixes.
13. Não se preocupe se um ou dois peixes morrerem; retire os animais e procure determinar
a causa antes de tomar qualquer providência.
14. Mantenha um reservatório de água para possíveis emergências.
15. Use rede sobre os viveiros para impedir que os peixes saltem para fora.
16. Faça um quadro com as rotinas da criação, para que todos saibam como agir na sua
ausência.
17. Nunca faça um aumento no arraçoamento em mais de 10% para não prejudicar o
funcionamento do biofiltro.
18. Evite a exposição dos viveiros e do biofiltro a luz excessiva para não termos uma grande
produção de algas.
19. Não espere água cristalina em seu sistema.
20. Tenha um plano de ação no caso de falta de energia elétrica.
CONTROLE DE PRODUÇÃO
Desde que iniciamos os preparativos do viveiro devemos contabilizar todos os gastos para
que no final da engorda tenhamos o custo de produção. Nestes custos devem conter gastos
com a compra de alevinos, mão-de-obra gasta durante o manejo, ração, depreciação do
tanque e dos equipamentos utilizados, além do custo do capital investido.
Todos estes valores deverão ser atualizados e divididos pela produção obtida. O valor do
pescado está na soma do custo de produção por kg acrescido da margem de lucro que se
deseja.
“Apenas o produtor que mantém um controle rígido de seus gastos é que poderá ser
preciso quanto ao custo de produção.”
POVOAMENTO
PESCA
Nº DO TANQUE:
ÁREA:
ESPÉCIE (S):
CATEGORIA:
TANQUE Nº:
ÁREA:
CATEGORIA:
ESPÉCIE:
Nº DE INDIVÍDUOS:
MÊS:
TANQUE Nº:
ANO: