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Esta aula dá continuidade ao tema flexão de vigas isostáticas retas, iniciando com a apresentação e a análise das
configurações deformadas, que nos levará ao modelo adotado para especificação da forma e da quantificação das
tensões atuantes nas seções transversais (normais e cisalhantes).
OBJETIVOS
Descrever a configuração deformada de vigas isostáticas;
Distinguir o modelo que avalia a intensidade e a forma das tensões normais nas seções transversais de vigas retas;
Examinar o modelo que avalia a intensidade e a forma das tensões de cisalhamento nas seções transversais de vigas
retas.
DEFORMAÇÃO POR FLEXÃO
Nós vamos nos limitar a analisar vigas isostáticas retas, como já foi combinado anteriormente.
Para entender como é a configuração deformada de uma viga, precisamos entender os apoios que são os elementos
que impedem os deslocamentos em pontos estratégicos.
A essência se reduz a duas situações relevantes, o apoio simples, que permite o giro e impede o deslocamento vertical,
e o engaste, que, além de impedir os deslocamentos, impede o giro.
A seguir é apresentado um conjunto de situações em que podemos perceber a diferença entre o apoio simples e o
engaste.
Fonte da Imagem:
Uma viga jamais poderia ter uma configuração deformada como as da figura porque ela não estaria cumprindo seu
papel, que seria, além de promover a condução das cargas aos apoios com segurança, passar a sensação de
segurança.
Isso somente seria possível com deformações imperceptíveis. Por isso, obviamente essas configurações deformadas
estão exageradas para que possamos estudá-las.
Uma forma interessante de estudo da configuração deformada das vigas é utilizar material deformável, como neoprene
ou espuma.
Um modelo de viga com uma malha ortogonal desenhada conforme a figura permite que possamos observar que, após
carregada, as linhas horizontais se curvam e as verticais permanecem retas, mas sofrem rotação.
• O eixo longitudinal da viga que passa pelo centroide da seção transversal não sofre alteração de comprimento e
passa a ser denominado eixo neutro, embora se curve;
• As seções transversais permanecem planas e perpendiculares ao eixo neutro. Portanto, sofrem rotação;
• As deformações da seção transversal no seu próprio plano serão desprezadas por não serem relevantes no contexto
das pequenas deformações.
Agora vamos isolar um pequeno trecho de uma viga com seção transversal genérica, de comprimento Δx.
ELEMENTO DEFORMADO
Agora vamos analisar o elemento após a deformação.
Temos que destacar algumas grandezas novas:
• O encurtamento que ocorre acima do eixo neutro só pode ser proveniente de tensões normais de compressão;
• O alongamento que ocorre abaixo do eixo neutro só pode ser proveniente de tensões normais de tração.
Antes da deformação, a espessura do elemento em uma posição y era Δs e passou a ser Δs´ após a deformação.
Portanto, podemos nos organizar matematicamente e dizer que:
Observando o elemento deformado, também podemos afirmar que, como Δs é igual a Δx e Δx pode ser escrito como
ρΔθ, é possível reescrever a expressão da deformação assim:
Isso não nos ajudou muito, mas Δ𝑠´ é a espessura da seção em y e, portanto, podemos dizer que vale (ρ−y)Δθ.
Cortando os Δθ:
Um valor interessante é a deformação máxima. Como y é a distância medida a partir do eixo neutro, se consideramos c
a distância máxima para chegarmos à superfície do elemento partindo do eixo neutro.
Se ε for a deformação em qualquer ponto da seção e εmáx for a deformação na superfície (máxima), podemos montar
a seguinte relação:
TENSÕES NORMAIS
Analisando a Lei de Hooke, é fácil perceber que as tensões são proporcionais às deformações (a constante é o módulo
de elasticidade), tornando possível afirmar que:
Como a seção está em equilíbrio, o eixo neutro pode ser localizado a partir da premissa de que a resultante das
tensões na seção deve ser nula, pois não há esforço normal.
Como temos certeza de que -σmáx / c é diferente de zero, então, obrigatoriamente ∫AydA = 0. Isso significa que o
momento estático deve ser nulo, fato que nos leva a firmar que: o eixo neutro passa pelo centroide da seção
transversal.
INDICAÇÃO DE LINK
Clique aqui (glossário) para algumas questões vistas na aula anterior.
A resultante de um diagrama de tensões é uma força, que já sabemos que é nula. No entanto, podemos dividir o
diagrama de tensões em duas porções.
Uma acima do eixo neutro, também conhecido como linha neutra, que nos dará uma resultante de compressão, e outra
porção abaixo da linha neutra, que nos dará uma resultante de tração.
Como já vimos que a resultante é nula, a resultante de compressão (porção acima da linha neutra) deve ser igual em
intensidade à resultante de tração (abaixo da linha neutra).
Esse par de forças constrói um binário cujo efeito é exatamente igual ao momento fletor na seção.
Fonte: Shutterstock
Assim conseguimos um modelo baseado nas observações e hipóteses assumidas que nos permite avaliar o valor das
tensões normais em uma seção transversal de uma viga, conhecendo o momento fletor e suas características
geométricas.
INDICAÇÃO DE LINK
Clique aqui (glossário) para entender na prática.
TENSÕES DE CISALHAMENTO
Uma visão exagerada das deformações causadas em uma viga em balanço por uma carga concentrada na sua
extremidade nos mostra que as seções transversais não permanecem planas como havíamos admitido no estudo
anterior.
No entanto, como em projeto de estruturas, lidamos com pequenas deformações (imperceptíveis). Proporcionalmente,
as deformações por cisalhamento não são relevantes podendo ser desprezadas. Dessa forma, as hipóteses admitidas
anteriormente permanecem válidas.
Se consultarmos o diagrama de momentos fletores, teremos um valor de momento na posição x e outro na posição
x+dx.
No entanto, se considerarmos apenas uma porção desse elemento (do topo até uma posição y´, contada a partir da
linha neutra), não teremos a mesma condição de equilíbrio.
Como as tensões do lado direito são diferentes das tensões do lado esquerdo, o equilíbrio somente é possível pela
tensão tangencial que surge na face inferior da porção estudada.
No entanto, elas também são válidas para a seção transversal porque elas são complementares e, portanto, possuem o
mesmo valor.
Para entender isso basta isolar um elemento tridimensional infinitesimal e verificar que essa condição deve ser
observada para que seja possível seu equilíbrio.
A análise dessa expressão nos leva a perceber que as grandezas V, b e h são constantes e que apenas y nos dá a
distância em relação ao centroide da seção.
Também é possível observar tratar-se de uma função parabólica (2º grau), com valor nulo para y = ± h/2 e valor
máximo para y=0 (centroide).
INDICAÇÃO DE LINK
Clique aqui (glossário) para entender na prática.
1 – A viga da figura suporta dois pilares circulares com 30cm de diâmetro e tensão de compressão de 12MPa.
Sabendo que a viga possui seção retangular com base de 60cm, altura de 90cm e peso específico de 25kN/m3,
especifique o valor da tensão máxima de tração imposta nas suas seções transversais:
25,1MPa
20,9MPa
23,0MPa
2,1MPa
17,3Mpa
Justificativa
2 - Supondo uma limitação de tensão máxima de compressão para a viga da figura de 10MPA, determine a altura
máxima para a parede suportada para a viga.
Dados:
1,15 m
1, 55 m
1, 90 m
2,15 m
2,80 m
Justificativa
3- Sabendo que o mármore é um material linear elástico com ruptura frágil a uma tensão de 1,38MPa (tração) e com
3
peso específico de 24kN/m , vamos analisar as suas condições de armazenamento.
Quando você passa por uma marmoraria, como as placas estão armazenadas?
Calcule a máxima tensão em cada caso e especifique quantas vezes uma é maior do que a outra (considere 2cm de
espessura).
São iguais
10
15
20
Justificativa
Glossário