Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Mestre Suassuna
Capoeiradobrasil: – Mestre Suassuna, vamos começar pelo assunto que mais tem
levantado polêmicas ultimamente e que, queiramos ou não, devemos abordar
diretamente, mais cedo ou mais tarde. Temos a convicção de estarmos vivendo
um momento privilegiado da história da Capoeira, momento em que ela se
prepara para ingressar em sua fase de “maioridade”, como atividade profissional
reconhecida, como patrimônio cultural do povo brasileiro e como atividade
desportiva organizada. Ela tem hoje grandes grupos em atuação, e se expande
sem cessar pelo mundo todo...
Mestre Dal: – Bom, Mestre, nesse ponto, eu tenho que discordar do senhor: a
olimpização trouxe muitos benefícios, sim, para os esportes que chegaram lá. Em
termos de divulgação, organização, reconhecimento, apoio e investimento.
...
Mestre Suassuna: – Pra você ter uma idéia, lá no Capoeirando deste ano, 2001,
tinha cursos mais dirigidos para essa linha marcial, de competição, a capoeira que
uma vez eu chamei de “clonada”, porque joga todo mundo igualzinho um ao
outro; tinha até um cara dando curso só de saltos. E tinha o pessoal da capoeira
mais lúdica, mais tradicional, a chamada Angola, o Cláudio, o Jogo de Dentro. Pois
o curso destes últimos lotou de gente. Aí, eu dizia pra Mestre Decânio: “Aí, olha aí
onde é que eles estão ganhando, aí, é na Capoeira”; Mestre Decânio comentou:
“É, aqui é capoeira, e lá não é!...” e eles devagarzinho, vão penetrando e vão
vingando, eles não estão aí pra saltar, fazer acrobacia, eles estão aí pra jogar
capoeira, ensinar capoeira, e estão aprendendo a valorizar o seu próprio trabalho.
Então, o tal interesse pela capoeira marcial, dura, sem criatividade, que é
característica dos campeonatos, não desperta todo esse interesse como pode
parecer, não, é um interesse parcial.
Mestre Dal: – Mas vai crescer, não há dúvida, são os novos alunos que têm um
grande interesse nisso, eles sonham com as Olimpíadas...
Mestre Suassuna: - O Dr. Decanio treinou capoeira com o Mestre Bimba até uma
certa época, nós o conhecemos, e depois ele parou, foi exercer a profissão de
médico, foi ser diretor de hospital. Então, a fase posterior, da capoeira
desgovernada, se espalhando para o Brasil inteiro, ele não acompanhou. Aí,
quando o chamaram de volta, ele veio num momento em que todo o mundo
precisava dele, veio para recuperar, para promover o resgate da capoeira de
Bimba e de toda aquela época, com toda a técnica que andava deturpada, os
princípios que estavam esquecidos.
Mestre Esdras Filho: – Suassuna, você conhece capoeira mais do que todos nós
aqui; você sabe que a Regional acabou. Com a morte do Mestre Bimba, a Regional
não existe mais, ela foi transformada...
Mestre Suassuna: – Mas mesmo com ele vivo, os alunos já estavam jogando tudo
diferente...
Mestre Esdras Filho: – Pouca gente, hoje, conhece e joga a capoeira Regional...
Mestre Suassuna: – É, até mesmo Itapoan, modernizou a Regional. Mestre
Deputado é o que se mantém mais próximo.
Mestre Esdras Filho: – Pois então: a capoeira Regional morreu; a Angola, ainda
está aí, mas também, não é mais a Angola do tempo de Pastinha; então, o que eu
quero dizer é: Mestre Suassuna, você sabe muito mais do que nós todos aqui o
que é capoeira; o cara jogar com o outro a mais de um metro de distância, já não
é mais capoeira! É outra coisa.
Mestre Esdras Filho: – Agora, tem gente que tenta preservar a Angola, mas já não
é mais aquela Angola de antigamente, jogada na sua época; eu vi você e Brasília
jogando Angola, vi Canjiquinha, vi Gato Preto...
Dal: - A Capoeira vai crescer como esporte também e, como todos os outros
esportes, vai ser explorada, com interesse, com mídia, como negócio, isso é uma
realidade.
Suassuna: - Nem vai acabar; o prazer do cara jogar bola na praia, etc.
Suassuna: - Olha, o tempo que eu tenho pela frente pra curtir a capoeira, agora...
eu tô deixando o que eu sei pra alguns alunos meus, alguma coisinha... ó, meu
filho, isso é assim, é assado, e tal, e agora vou pra casa, pois eu vou morrer ali pra
2040, com cento e poucos anos..., até lá eu vou perturbar pra caramba, vou
chatear mesmo, pra cacete; então, quando eu morrer, aí vocês fazem da capoeira
o que quiserem, faz Olimpíada, mas, eu sei, e gosto da capoeira; mudar a capoeira
e querer transformá-la... é a mesma coisa que dar o seu sobrenome a um filho
que não é seu, ou dar o seu filho pra receber o sobrenome de outro. As
transformações que estão fazendo na capoeira, é tudo uma besteira, ninguém
está realmente preocupado com a capoeira, está faltando quem de fato se
preocupe com ela; a capoeira é uma guerreira, eu me preocupo com o meu
trabalho, a capoeira que eu aprendi, e não dependo do reconhecimento de USP,
nem de ninguém (aliás, a USP foi a primeira a me desprezar, você se lembra disso,
Astronauta); eu me reconhecendo, me olhando no espelho e me reconhecendo, já
tá muito bom. Basta dizer que a Bahia, agora, reconheceu o Mestre João Pequeno,
como cidadão, deram-lhe a chave da cidade, e coisa e tal, mas no outro dia o
governo tomou dele o espaço que tinha, sua academia, o João Pequeno, com
oitenta e tantos anos... é uma sacanagem! Então, eu sou uma pessoa preocupada
com a capoeira, vivo de capoeira, não estou preocupado com quem está ou não
está fazendo sucesso, todo mundo tem direito ao seu sucesso, cada um com sua
capoeira. A capoeira é alegria, é bom-humor, não é esse negócio de competição, é
espontaneidade. E realmente, tem lugar pra tudo isso: campeonatos,
competições, shows, brincadeira, aplicações terapêuticas, ...na verdade ela é tão
rica que eu não acho que é uma confederação que vai ter capacidade de tomar
conta da Capoeira, de tão rica que ela é; ela tem que ter várias confederações,
várias entidades, ela é uma sapiência popular, é lúdica, então você acha que é
uma federação ou confederação que vai organizar a capoeira? No dia em que
organizarem a capoeira, ela vai estar totalmente... perdida; a capoeira é
totalmente desorganizada, ela é expressão de um povo, é um papo de bar, tem mil
faces, tem advogado, tem médico, tem professor de educação física, tem
vagabundo, tem de tudo, então tem que ter mil entidades pra apoiar a capoeira,
não é tomar conta dela, porque ela é maior que tudo isso. Uma confederação tem
que ser um ponto da apoio para os capoeiras que a procuram, tem que ser uma
alavanca, para o fraco, para o forte, para o que está lá no meio do mato, na
cadeia, seja aonde for.
Mestre Dal: – Concordo, Suassuna, a capoeira existe por si só, sobrevive a todas as
tentativas de destruí-la ou de controlá-la, mas alguém tem que cuidar desse lado
institucional dela, e se não formos nós, os próprios capoeiristas, esse lado vai ficar
nas mãos de pessoas despreparadas para fazer esse trabalho.
Suassuna: – Olha aqui, Astronauta, o seu pai, uma vez, fez uma música, sobre os
“almofadinhas”, eu inclusive ia gravar essa música, mas perdi, ele predizia que dali
a alguns anos os “almofadinhas” iam querer ser os pais da capoeira, e então a
música dizia que não, que não ia ter pai coisa nenhuma, porque vagabundo não
tem pai, e a capoeira é vagabunda, é vadia! Ela é como um riacho, uma água que
corre e vai tomando a forma que for preciso, dependendo do caminho. Não vai ter
pai, cheio de anel, cheio de diploma, não. Eles não sabem nem a linguagem da
capoeira; se eu pedir: ”faça aí uma munganga de capoeira”, ele não vai nem saber
o que é; então, ele diz assim, com voz empolada: “a armada é um giro axial, massa
x aceleração, não sei o quê...” (risada geral), eu digo: pô, meu, é assim que o cara
vai ensinar a armada??? Ó, eu estive agora, outro dia, num batizado aqui do
Colônia, aqui, no Marsilac, eu vi a capoeira ali, espontânea, os caras dando coice
pra lá, pulando pra cá, e eu disse: “ó, isso é capoeira!” Aí, o cara do meu lado
disse: “Mas não tá desarrumada, não, mestre?” E eu disse: “Não, nós é que
estamos arrumadinhos demais” (risada geral).
Mestre Esdras Filho: - Suassuna, sobre isso, eu queria fazer mais uma pergunta: o
Miudinho pode ser comparado, tem semelhança, tem algo a ver com o “Jogo de
Dentro” de Angola?
Mestre Suassuna: - Bom, em primeiro lugar, o Miudinho não pode ser considerado
uma luta na capoeira; é um desenvolvimento dos movimentos plasticamente
bonitos que há na capoeira, movimentos que foram esquecidos, tragados pela
violência da capoeira, pela força dos atletas, que ficaram muito “turbinados” na
prática da capoeira, a influência exagerada do culto ao corpo, ao “bombadão”,
então, enquanto outros estavam desenvolvendo o lado mais violento da capoeira,
eu achei mais interessante desenvolver esse lado da arte, tentando descobrir e
desafiar os limites da maleabilidade do corpo humano; o Miudinho é o Jogo-de-
Dentro aperfeiçoado, com variantes, coisas que eu introduzi ou desenvolvi, com
meus alunos; é um jogo onde você desenvolve a sua capacidade não exatamente
de luta, ou de malícia, mas de realizar movimentos, pra você sentir o que o seu
corpo poderia fazer ali; nem a violência, nem a malícia são a meta do Miudinho; é
um jogo para ser trabalhado como uma poesia, sem ofensa.
- Como seus alunos conseguiram uma capoeira tão ágil e volumosa, já que o sr. é
um mestre antigo?
Mestre Dal: - Sim, porque apesar de seus alunos não praticarem essa capoeira
agressiva que está por aí, é inegável que eles também lutam, não se tem notícia
de que eles apanham nas rodas em que enfrentam outros capoeiristas. Como é
que o senhor conseguiu isso, a capoeira que é arte mas sobrevive no meio da luta,
da violência, mantendo a sua identidade?
Mestre Dal - E não tem nenhum registro de que alguém tenha suplantado Luiz
Medicina na Capoeira...
Mestre Suassuna: É, eu digo: é sorte minha tê-lo como aluno, porque ele já nasceu
capoeirista. Ele transmite lá a capoeira dele, e nunca ninguém foi desafiá-lo ou
desrespeitá-lo... Aliás, Astronauta, você recebeu lá um e-mail desaforado, de um
aluno do grupo Abadá, né?
Mestre Suassuna: - Então, você diz a esse cara que Suassuna só responde ao
Mestre do Abadá, ou seja lá qual for o grupo dele; esse cara que escreveu não
merece nem a resposta. Não precisa. A capoeira da Cordão de Ouro, e o
Miudinho, estão em foco porque estão incomodando o mundo todo.
Astronauta: - Bem, eu respondi com aquela frase que o senhor disse agora há
pouco: que ele abandonasse a capoeira, porque não tem nada a ver com o que ele
quer, e que ele fosse para o vale-tudo, se ele gosta de pau e de trocar porrada, era
mais inteligente, pois no vale-tudo ele ainda podia ganhar algum dinheiro, mas
que ele deixasse a capoeira em paz, para os capoeiristas.
Mestre Suassuna: - Sim, diga isso a ele, mas também que Suassuna só fala com o
mestre dele. Ele que passe essa mensagem ao seu mestre.
Mestre Suassuna: - Xii, isso é muito confuso. Cada mestre diz uma coisa diferente.
Não há canto. Mestre Bimba cantava em alguns poucos toques. Há, sim, para cada
toque um tipo de jogo, uma expressão diferente de jogo (embora Mestre Bimba
quase nunca aplicasse isso, o toque dele é São Bento Grande, é Iuna...).
Amazonas, Idalina, Santa Maria, cada um dos mestres dizia que tem um jogo
diferente, nuns é jogo de faca, noutros é jogo de floreio, etc... a Iúna era jogo de
mestres e formados - e hoje é a aspirina da capoeira (risos), todo mundo toca e
joga Iuna só pra acalmar a roda de capoeira, quando a coisa tá "pegando", e não é
nada disso...
Mestre Suassuna: - Olá, Mariano, infelizmente você não esteve lá este ano, e deve
ter feito falta a muita gente; foi um sucesso, a cada dia está melhor. Para falar a
verdade, eu não quero nem que melhore, pra não estragar. Eu não quero que vá
muita gente, pra não massificar. Quero pessoas como você, que se preocupa com
a qualidade do evento, quero os amigos do Suassuna, do Gato, do Peixinho, do
Jogo-de-Dentro, do Cláudio... este ano teve dança afro, maculelê, puxada de rede,
teve luau; no ano que vem, além disso tudo nós vamos fazer candomblé, uma
porção de coisas interessantes, vamos ampliar e ligar as nossas raízes lá, a cultura
afro-brasileira. Aí na Inglaterra, oriente-se com o pessoal do Mestre Gato. E, da
Cordão de Ouro, tem o Poncianinho, que está em Londres... Mas eu gostaria
muito de conhecê-lo, Mariano.
Mestre Dal: É, taí, um africano que quer conhecer a capoeira tal como ela é!
Mestre Suassuna: Bom, eu não sou historiador, mas creio que a capoeira nasceu
aqui, desenvolvida pelos escravos...
Mestre Suassuna: - Não, isso não é capoeira. Nós temos uma música que diz: "Pé
pu á, pé pu á; vô jogá capoeira, pé pu á". Eles, lá, estão jogando o pé pro ar, não a
capoeira. De Capoeira, mesmo, ele não entende nada. É por isso que eu digo, eu
aprendo todo dia com Mestre João Grande. Ele, hoje, quando é convidado, diz:
não, eu não vou até aí, dar curso coisa nenhuma, a menos que você me pague -
US$ 1000, no mínimo. Ora, se vocês acham que é um direito cultural de vocês,
jogar a capoeira que vocês querem, dar salto mortal pra lá e pra cá..." ...eu,
quando era jovem, ouvia rock na maior das alturas, mas hoje, não; detesto a
barulheira! Mas não posso determinar o que é que esses meninos vão ouvir... tá
na idade deles. Quando eles realmente quiserem capoeira, terão capoeira.
Mestre Esdras Filho: - Pra mim, ela não entra em lugar nenhum, nessa questão; o
Karatê, o Kung Fu, o Aikidô, também são utilizados por essas máfias japonesas,
não tem nada a ver.
Mestre Suassuna: - Ela entra, sim, por que ela não breca o filme? Proibe!
Mestre Esdras Filho: - Ah, é? Mas onde é que fica o direito de expressão do cara
que faz o filme? É outro assunto, não tem nada a ver!
Mestre Suassuna: - Mas tem o seguinte: a Capoeira não tem que fazer plataforma
para a Igreja Universal, não, meu caro, a Capoeira foi má, ela é má, ela vem para a
guerra, ela briga de todos os lados, ela é competição, ela é também jogo, axé,
cultura, é brinquedo, é esporte, tudo isso, e é malandragem. E a FICA, onde é que
fica? (risos) Tem uma pergunta: Você vai lá nos Estados Unidos, o cara tem
duzentas lutas, lá, se quiser o cara pega o outro e dá um nó, ou quebra ele todo,
mas não é isso o que eles querem. Eles querem é a Capoeira, eles querem o jogo
da Capoeira, a mandinga, tanto é que ela tá mais forte, agora, lá, você vê: quem
foi pra lá, no começo, Jelon, Boneco, etc., mas quem tá lá mais forte: é João
Grande! Com toda a idade dele. Agora, tem que ver: a Capoeira é jogo, é dança, é
luta, é da guerra e é da paz, é da cultura, da música, é uma porção de coisas; o
cara quer usá-la pra porrada, use!
Mestre Suassuna: - O que está havendo é que esses meninos, hoje, eles estão
pulando, saltando, e fazendo um monte de acrobacias, pula pra cá e pra lá, mas,
chega na hora de julgar a capoeira deles, você vê, e aí, de zero a dez, você dá nota
3, só. Porque o cara não está jogando Capoeira, está é numa confusão danada...
Mestre Esdras Filho: - Hoje não tem mais Capoeira Angola nem Regional.
Mestre Esdras Filho: - Não, eu acho que não. Não tem mais quem preserve a
Capoeira Regional. Nem Gato, nem Acordeon, nem Itapoã.
Mestre Suassuna: - Não, mas pra mim, é como diz João Pequeno: "Capoeira não
tem duas, não. Capoeira é uma só!"
Mestre Esdras Filho: - Então, é isso! O que existe hoje? É uma capoeira moderna,
diferente, muito mais que a Regional e a Angola. Tem, tem gente que cultiva a
Angola, pra preservar o conhecimento da Angola, e tem quem faça isso com a
Regional; mas, você entra na roda, pra jogar capoeira, é outra coisa, não é nem
Angola, nem Regional que se joga, ninguém sabe o que é, é contemporânea,
moderna, sei lá...
Mestre Esdras Filho: - Tanto é assim que ela não tem escola; não tem um Bimba,
um Pastinha...
Mestre Suassuna: - Não, não, mas tem! Você não está viajando pelo mundo, como
eu estou, e não está vendo, não está acompanhando. Eu digo: vamos viajar, vamos
ver uma capoeira lá em Santo Amaro. Tem capoeira Angola, tem Regional, em
Santo Amaro da Purificação etc.
Mestre Esdras Filho: - Mas, eu pergunto: quem é que está jogando Capoeira
Angola, aqui, hoje?
Mestre Dal: - Tudo bem, mas hoje, você fala pros alunos, critica esse negócio do
agarramento, do "cata-corumba", e ele diz: "Mas, espera aí, o Mestre Bimba, em
1930, criou uma luta, diferente da capoeira tradicional, introduziu novidades, por
que é que a dele pode, e hoje, o jiu-jitsu, não pode?"
Mestre Dal: - Pois, então, o Bimba criou uma luta, que era outra coisa, misturava
elementos do savate, do box, do judô, do batuque; hoje, o cara criou o "cata-
corumba", por que é que não pode?
Mestre Suassuna: - O Dinho, por exemplo, eu dou a minha mão a ele, porque o
Dinho não nomeia como Capoeira a luta dele, e sim Capojitsu; ele assumiu o que
está fazendo, é Capoeira com Jiu-jitsu, ele assumiu, ao contrário desse monte de
babacas aí que pensa que está jogando capoeira. Então, é Capojitsu, é outra
modalidade.
Vocês devem é ouvir o Decanio sobre isso, e o que ele diz que Mestre Bimba
dizia: "Burro é o capoeirista que se deixa agarrar; mais burro ainda é o que
agarra."
Mestre Dal: Mas a pergunta continua a mesma: Por que o Mestre Bimba pôde
introduzir modificações na luta, e o cara do jiu-jitsu, hoje, não pode?
Mestre Suassuna: - Mas é por isso que eu brigo tanto contra a Confederação, pois
ela é que deveria estar fazendo isso, esclarecendo, elucidando essas diferentes
vertentes da Capoeira, a de competição, que vai para a Olimpíada, a de show, de
espetáculo, e a capoeira mesmo, o jogo, a verdadeira...
...e o papo rolou até à noite, com muita animação, porque quando os
capoeiristas se reúnem pra falar sobre sua arte, sua paixão, eles não querem mais
parar, não há quem controle isso...