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Pequeno resumo:
- Podem ser apreendidos os objetos que tiverem sido deixados pelo agente no local do crime ou
quaisquer outros suscetíveis de servir a prova, por um lado, e os instrumentos, produtos e vantagens
relacionados com a prática de um facto ilícito típico, por outro. No primeiro caso, a apreensão surge como
um meio de obtenção de prova; no segundo, a apreensão surge como meio de garantia da perda a favor do
estado dos instrumentos, produtos e vantagens relacionados com a prática do crime.
-As apreensões são autorizadas, ordenadas ou validadas por despacho da autoridade judiciária,
pelo ministério público na fase de inquérito, e pelo juiz nas outras fases. Assim, os órgãos de polícia
criminal têm competência para efetuar apreensões no decurso de revistas ou buscas ou quando haja
urgência ou perigo na demora e podem ainda fazê-lo quando haja fundado receio de desaparecimento,
destruição, danificação, inutilização, ocultação ou transferência de instrumentos, produtos ou vantagens
ou outros objetos provenientes da prática de um facto ilícito típico suscetíveis de serem declarados
perdidos a favor do Estado. Esta apreensão está sujeita a validação pela autoridade judiciária.
-Decorre ainda do art. 178º/7 que os titulares de instrumentos, produtos ou vantagens ou outros
objetos apreendidos podem requerer ao juiz (de instrução) a modificação ou a revogação da medida, uma
vez que este meio de obtenção da prova contende com o direito de propriedade do arguido ou até de
terceiro.
-Maria João Antunes considera não ser suficiente que os titulares daqueles bens - que nem serão
meios de prova - possam requerer a revogação ou modificação da medida a um juiz. De facto, está em
causa uma restrição a um direito de propriedade constitucionalmente tutelado. O TC já teve oportunidade
de analisar a questão e considerou que o direito de propriedade não se estende a bens provenientes de
crimes, não estando em causa qualquer restrição ao direito de propriedade, logo, não há necessidade de
intervenção do “juiz das liberdades”.
-Ademais, não faz sentido a sua manutenção após as alterações às medidas de garantia
patrimonial (227º e 228º CPP), previstas também para acautelar a perda daqueles bens a favor do Estado e
para as quais resulta agora não se aplicar a regra de prévia constituição do afetado como arguido.