Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
4 Introdução
Técnica e tecnologia
Técnica Outras vezes, vai-se buscar uma palavra francesa (galicismo) ou inglesa (anglicismo)
Conjunto de procedimentos ligados a uma arte ou ciência porque soa mais fino (embora exista em português castiço a palavra exacta). Um
caso relevante é o uso (e abuso) da palavra ‘tecnologia’ (do inglês, technology),
Tecnologia quando existe a portuguesíssima ‘técnica’. A minha alma mater chama-se Instituto
Superior Técnico, e não Instituto Superior de Tecnologia. A razão é simples: os
Tratado ou dissertação sobre uma arte, exposição das regras de uma arte - formado a partir políticos e os cientistas e técnicos portugueses do princípio do século XX (quando o
do radical tekhno- (de tékhné = arte, artesanato, indústria, ciência) e do radical -logía (de
lógos = linguagem, proposição)
IST foi criado) falavam e escreviam melhor na nossa língua do que os actuais. As
‘novas tecnologias’, que enchem a boca dos políticos, são, de facto, novas técnicas.
Teoria geral e/ou estudo sistemático sobre técnicas, processos, métodos, meios e
instrumentos de um ou mais ofícios ou domínios da actividade humana
1
As diversas técnicas
Exame físico
Detecção de marcas e estruturas características das técnicas
• Macroscópicas
• Microscópicas
Análise química
Detecção de marcadores químicos
Estratégias • Substâncias que constituem indicadores de determinadas técnicas
Métodos analíticos
Não há métodos específicos para a identificação e caracterização das técnicas
No entanto, a informação proporcionada pelos diversos métodos de exame e análise pode
ser interpretada de forma a evidenciar o uso de determinadas técnicas
Geralmente é necessário usar a informação obtida através de vários métodos (sobretudo
métodos que proporcionam informação complementar)
2
Requisitos prévios
3
Detecção de marcas e estruturas macroscópicas
Radiação visível
Suportes do
núcleo Reflectografia de infravermelho
4
Radiografia
À mão
Xerorradiografia
5
Detecção de marcas e estruturas microscópicas
Microscopia óptica
Em princípio, qualquer método de análise química pode ser usado Moeda romana de prata dourada, séc. I a.C.
As vantagens de cada um dos métodos depende da situação concreta, nomeadamente do
marcador que se pretende detectar
Tipo de marcador (substância elementar ou composta; inorgânica ou orgânica)
Concentração do marcador (constituinte minoritário ou constituinte maioritário)
Tipo de informação necessária (qualitativa ou quantitativa)
6
Reconstituição
Análises por XRF A identificação das técnicas usadas numa obra é feita através de experiências em
Cu: 66 % que se tenta reproduzir o que está em causa
Zn: 33 % Consideram-se as várias hipóteses técnicas relevantes
Matérias-primas e materiais
Tratamento dos materiais
Processo 3
Cobre + Zinco
O único processo que permite
concentração de zinco superior a 28 %
Caso 1
Como foi realizada a camada de velatura observada numa pintura?
Helena Pinheiro de Melo, Jana Sanyova, António João Cruz, "An unusual glazing technique on a
Portuguese panel painting from the second half of the 16th century: materials, technique and
reconstructions", in Janet Bridgland (ed.), Preprints of the ICOM-CC 16th Triennial Conference, ICOM,
Lisbon, 2011, paper 0105.
7
1. Vermelhão + Laca vermelha + Amarelo de chumbo e
estanho + negro de carvão
2. Velatura de laca vermelha
8
Caso 2
A forma de aparelhar uma escultura
Tinta rígida (Armenini) obtida por adição de verniz de óleo, com a vantagem de
preservar o brilho e a saturação
Carolina Barata, António João Cruz, Marta Ferro, “The visible image is not always correct: the
Tinta viscosa (De Mayerne), obtida através de elevada concentração de pigmento, differentiation of layers by optical microscopy in samples’ cross sections”, e_conservation, 7, 2008,
com adição de vidro moído ou cré – ainda melhores resultados pp. 21-25
Isolamento da camada de
preparação com uma camada de
cola que impregnou a parte superior
da camada de preparação (zona
acastanhada)
9
Visível Ca S
Camada de preparação constituída, pelo menos, por dois estratos (com composição
diferente)
Guitian Rivera, F.; Vázquez Varela, J. M., "Sobre la tecnología de la ceramica castreña: Determinación
de la temperatura de cocción", Arqueologia, 4, 1981, pp. 89-93
10
Fundamentos da determinação através
Estudo
da análise térmica
A cozedura de uma peça cerâmica provoca Peça cerâmica castreja (castro de Vixil, Galiza)
alterações da composição mineralógica e
provoca a ocorrência de reacções irreversíveis Métodos utilizados:
Difractometria de raios X (XRD)
Durante a análise uma amostra é submetida a
aquecimento Análise térmica diferencial (DTA)
Análise dilatométrica
As transformações irreversíveis que ocorrem Microscopia electrónica de varrimento (SEM)
durante a análise ocorrem a temperatura
superior à temperatura de cozedura
Difractometria de raios X
Conclusão:
Cozedura a temperatura superior a 550 ºC, mas inferior a 1100 ºC
11
Análise térmica
Conjunto de métodos de análise em que a caracterização e identificação dos Se o material analisado não se alterar por aquecimento, o gráfico obtido apresenta
materiais se baseia no seu comportamento térmico uma linha horizontal
A amostra é aquecida em condições controladas e é continuamente medida uma As alterações em relação à linha horizontal resultam dos processos químicos ou
propriedade da mesma físicos apresentados pela amostra devido ao aquecimento
O resultado é uma representação dessa propriedade em função da temperatura Cada substância tem um comportamento térmico característico, pelo que a análise
térmica pode ser usada para a determinação da composição de um material
Principais métodos:
Análise termogravimétrica (TG)
TG: Análise termogravimétrica
• Massa DTG: Curva diferencial
Análise térmica diferencial (DTA)
• Diferença de temperatura em relação a um material de referência
Análise dilatométrica (TDA)
• Dimensão
Calorimetria diferencial de varrimento (DSC)
• Calor necessário para manter a temperatura da amostra igual à temperatura do material de
referência
CaC2O4 → CaCO3 + CO
12
Fundamento e interpretação: Resultados obtidos:
As transformações químicas e físicas que ocorrem na amostra durante o aquecimento levam
a que a temperatura da amostra seja diferente da temperatura do material de referência
1. Perda de água
As transformações exotérmicas provocam o aumento da temperatura da amostra em
relação ao material de referência 2. Combustão da matéria
orgânica
• Grande parte das reacções químicas, nomeadamente as reacções de combustão
3. Inversão do quartzo
• Cristalização
(quartzo quartzo )
As transformações endotérmicas provocam a diminuição da temperatura da amostra em 4. Fusão (vitrificação)
relação ao material de referência
5. Decomposição da caulinite
• Algumas reacções químicas, como as de decomposição (formação de metacaulinite)
• Evaporação Ausente
• Fusão 6. Recristalização de
aluminossilicatos
Ausente
Transformações exotérmicas
Transformações endotérmicas
Análise dilatométrica
Conclusão: Procedimento:
Cozedura a temperatura superior a 950 ºC, mas inferior a 1000 ºC Aquecimento da amostra
Medida da variação das dimensões da amostra (em relação ao material de referência)
Fundamento e interpretação:
Variações bruscas das dimensões traduzem a ocorrência de transformações químicas ou
físicas
Variações irreversíveis das dimensões traduzem a ocorrência de transformações químicas
13
Resultados:
Contracção
irreversível a partir de
950 º C
Conclusão:
Cozedura a
temperatura inferior a
950 ºC
Conclusão Amostra
Cozedura a temperatura
inferior a 1150 ºC
1000 X
14
Conclusão Limitações da conclusão
> 550
DRX
< 1100
> 950
DTA
< 1000
15