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PORTO
1994
.
j
MARIA ISABEL CORREIA DIAS
PORTO
1994
UNIVERSIDADE DO PORTO
FACULDADE DE LETRAS
ABRIL
1994
ÍNDICE
Pág.
I -INTRODUÇÃO ............................................................... 1
BIBLIOGRAFIA ............................................................... 46
ANEXO I .......................................................................... 49
ANEXO II ........................................................................ 52
2
II - OBJECTIVOS DA DISCIPLINA DE METODOLOGIA E
TÉCNICAS DE INVESTIGAÇÃO
3
A aula prática que, de seguida, vamos apresentar, para além de se
situar no âmbito dos três últimos objectivos gerais, visa alcançar os seguintes
objectivos específicos:
4
III- RELATÓRIO DA AULA PRÁTICA SOBRE O INQUÉRITO POR
QUESTIONÁRIO
1 - INTRODUÇÃO TEÓRICA
5
deontologicamente seria incorrecta, uma vez que os mesmos poderiam dizer
respeito à intimidade e privacidade dos indivíduos, são mais facilmente
apreendidos através das suas respostas. Por outro lado, através da linguagem,
e mais precisamente das suas respostas a um conjunto de questões, os
indivíduos não só atribuem significado aos fenómenos estudados, como nos
dão a conhecer as suas motivações, atitudes, opiniões, sistema de
representações, etc.; isto é, toma-se possível a captação de dimensões
subjectivas que escapam à observação directa'.
3 Cf. Rodolphe Ghiglione, Benjamin Matalon, O Inquérito- Teoria e Prática, Oeiras, Celta Editora, 1992,
pp. 13- 14.
6
2 A PRÁTICA SOCIOLÓGICA DO INQUÉRITO POR
QUESTIONÁRIO: BREVE PERSPECTIVA HISTÓRICA E SUA
ELEIÇÃO COMO TÉCNICA FUNDAMENTAL
A partir dos anos 30, o contexto de grave crise económica e social que
afectavam as sociedades, colocando novos problemas e exigindo respostas
imediatas que a morosidade das metodologias qualitativas não podiam dar,
fizeram com que a Escola de Chicago (após uma fase inicial voltada para as
abordagens etnográficas), e a Sociologia Americana em geral se voltassem
para os inquéritos quantitativos. Os inquéritos revelavam-se, assim, como
instrumentos aplicáveis a objectos facilmente mensuráveis, e a economia de
meios e tempo que permitiam, elegeram-no como técnica fundamental da
pesquisa sociológica. Estatuto que os problemas suscitados pela II Guerra
Mundial veio solidificar, tornando a sua utilização ainda mais intensa. No
entanto, após a II Guerra, a sua prática dificilmente passou a estar
4Cf. Claude Javeau, L' Enquête par Questionnaire -Manuel à I' usage du praticien, Paris, Les Éditious d'
Organisation, 3e. édition, 1988, pp. 15- 17; Gérard Leclerc, L' Obsrvation de L' Homme- Une histoire
des enquêtes sociales, Paris, Éditions du Seuil, 1979, pp. 51-67.
7
dissociada, ora de objectivos de controlo social e político, ora das
necessidades de administração do Welfare State, ora da manipulação de
opiniões e comportamentos. E, nesta área, a tradição americana foi
dominante, contribuindo, por exemplo, para a proliferação das sondagens de
opinião, sobre problemas políticos'. Assim, a prática sociológica do inquérito
ocorreu primeiramente nos Estados Unidos da América e não conseguiu
alhear-se, totalmente, da tutela do Estado.
5
Cf. Virgínia Ferreira, "O Inquérito por Questionário na Construção de Dados Sociológícos", in
Metodologia das Ciências Sociais, Augusto Santos Silva, José Madureira Pinto (orgs.), Porto, Edições
Afrontamento, 1986, pp. 166- 167; Claude Javeau, O. c., p. 16.
6 Cf. Claude Javeau, O. c., p. 15.
8
Para ilustar a importância do inquérito por questionário, enquanto
metodologia que continua a ser muito utilizada na pesquisa sociológica dos
nossos dias, decidimos verificar qual o número de comunicações que a ele
recorreram, e que foram apresentadas no II Congresso Português de
Sociologia, realizado em Lisboa nos dias 5, 6, e 7 de Fevereiro de 1992,
organizado pela Associação Portuguesa de Sociologia.
LEGENDA:
Grupo de Trabalho I - Internacionalização das Trocas, Mediatização da Sociedade, Novas Formas
Discursivas
Grupo de Trabalho V- A Dinâmica dos Saberes: Ciência, Tecnologia e Outras Formas Culturais
9
Com o Quadro N° 1 (ver Anexo I), pretendemos mostrar o número de
comunicações apresentadas no II Congresso Português de Sociologia, que
recorreram, directamente, ao inquérito por questionário, ou que se apoiaram
em dados obtidos através de outros inquéritos, realizados noutros contextos
de pesquisa. Para tal, recorremos às Actas do referido congresso, onde se
encontram publicadas todas as comunicações apresentadas7 • Neste sentido,
verificou-se que, de um total de 116 comunicações apresentadas (saliente-se
que neste total, não estão incluídas as seis comunicações apresentadas no
âmbito das sessões plenárias, devido à ausência de referências a qualquer tipo
de metodologia, bem como à sua própria natureza), 29,3% recorreram ao
inquérito por questionário. Sem ser um valor muito elevado, no entanto, não
deixa de ser revelador da importância deste tipo de metodologia (análise
extensiva). Ou seja, trata-se de um valor que ilustra o peso significativo do
inquérito por questionário, enquanto técnica de recolha e análise dos dados
que continua a ser largamente accionada nos nossos dias, com vista à
produção de conhecimentos sistematizados sobre a realidade social. O facto
de cerca de 30 % das comunicações apresentadas no referido Congresso a ele
terem recorrido, vem corroborar esta nossa afirmação.
10
dos sociólogos. E, tal como nos diz José Machado Pais, " nunca, como
durante a última década, a juventude havia sido tão questionada, tão debatida,
tão sondada'"; o que tem contribuido decisivamente para o conhecimento,
mas também para a construção social da condição da juventude portuguesa.
Deste modo, passamos a apresentar os inquéritos realizados na década de 80
sobre a juventude (ver Anexo I):
8 José Machado Pais, "Valores dos Jovens Portugueses nos Anos 80", in Estudos de Juventude, N" 3,
Cadernos do Instituto de Ciências Sociais, Fevereiro de 1993, p. 3.
9 Sobre todos os inquéritos citados ver Paulo Antunes Ferreira, "Valores dos Jovens Portugueses nos Anos
80" in Estudos de Juventude, N" 3, Cadernos do Instituto de Ciências Sociais, Fevereiro de 1993, pp. 11 -
15.
11
3 AS FASES DO INQUÉRITO POR QUESTIONÁRIO:
PROBLEMAS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS GERAIS
3.1. -INTRODUÇÃO
10
Rodolphe Ghiglione, Benjamin Matalon, O. c., p. 20.
12
3.2. - A CONCEPÇÃO DO INQUÉRITO POR QUESTIONÁRIO:
PRINCIPAIS MOMENTOS E OPERAÇÕES BÁSICAS
13
3.2.1. PLANEAMENTO DO INQUÉRITO
15 Cf. João Ferreira de Almeida; José Madureira Pinto, A !Jrvestigação nas Ciências Sociais, Lisboa,
Editorial Presença, 1990 , pp. 105 - 113; e Sierra Bravo, Técnicas de lnvestigación Social- Teoria e
Ejercicios, Madrid, Editora Paraninfo, 1985, pp. 128- 153.
14
fragmentária da população abrangida"". O seu accionamento faz-se como
procedimento complementar a outras técnicas de amostragem (como por
exemplo, as amostras estratificadas e com vários graus), ou quando existem
boas bases de sondagem sobre a população a estudar.
15
ligados à insuficiência de mna base de sondagem sobre toda a população, ora
ao desfasamento entre a amostra inicial e amostra efectivamente conseguida.
E, este desfasamento, advém quer das recusas à situação do inquérito, quer
das ausências dos indivíduos seleccionados. No entanto, se estas forem em
pequena percentagem os resultados não perderão a sua validade. Evitar os
enviesamentos e assegurar a representatividade da amostra, são dois
requesitos essenciais que se colocam ao investigador, quando da construção
de um inquérito por questionário. Saliente-se, ainda, que esta breve
apresentação das técnicas de amostragem, mais frequentemente utilizadas
pelos investigadores para a selecção da população a inquirir, apenas tem
como objectivo promover uma revisão dos conhecimentos entretanto
adquiridos sobre esta matéria, uma vez que o seu estudo aprofundado foi
realizado em momento precedente (ver programa da disciplina de
Metodologia e Técnicas de Investigação- Anexo III).
16
questões formuladas, se estará, de facto, a medir o que se pretende medir?
Trata-se aqui, não só da questão da adequação das variáveis aos conceitos
que se pretendem medir empiricamente, mas também da própria adequação
conjunto de indicadores/técnica de observação e medida utilizada. Ora,
quando a construção do questionário, é acompanhada por estas reflexões,
todo o planeamento da pesquisa sai beneficiado, por ser possível maximizar
as complementariedades teóricas e técnico-metodológicas em causa; ou seja,
é possível uma reflexão alargada sobre a articulação das dimensões teóricas
em causa, com o conjtmto de indicadores seleccionados e características do
procedimento técnico de observação e medida accionado". E, o inquérito por
questionário não dispensa tal reflexão; aliás, esta é uma condição
indispensável à própria validade dos resultados obtidos.
17
Sim/Não. Em todo o caso, é aconselhável que se incluam nesta lista as
rubricas "Não Sei" e "Outras Respostas", e ainda que se considere a
possibilidade de "Recusa Responder"(ou "Não Responde"). Não obstante,
estas rubricas suplementares devem ser utilizadas com algumas precauções,
na medida em que o inquirido pode utilizá-las, como forma de iludir ou
escapar a toda a questão que o possa comprometer em demasia".
°
2 Cf. Rodolphe Ghiglione e Benjamin Matalon, O. c., pp. 115 - 116; e Virgínia Ferreira, O. c., pp. 183 -
184.
21 Cf. Claude Javeau, O. c., pp. 57 - 58.
18
submetidas a uma análise de conteúdo. Daí que, do ponto de vista da análise
da infonnação obtida, as questões fechadas sejam a priori mais cómodas.
22 Idem, p. 60.
19
3.2.2.1. PRINCIPAIS ENVIESAMENTOS DECORRENTES DA
FORMA DAS QUESTÕES E DAS RESPOSTAS
20
só os contextos de interacção específicos em que participam
entrevistador/inquirido, bem como as representações e processos de
categorização accionados em todos os momentos da pesquisa (sobretudo no
momento da definição das perguntas e da fonna das respostas, no da sua
administração, e no da codificação e análise dos dados).
21
a sua transposição sem grandes cautelas, implica introduzir na análise
significações não controladas, e por isso susceptíveis de provocarem graves
enviesamentos nas respostas. Estas categorias, produzidas pelas instâncias
oficiais, para além de reflectirem a visão e a versão oficial sobre os
fenómenos sociais, resultam de modos diversificados de categorizar a
realidade, e de complexos processos de negociação em que participa todo um
conjunto de agentes sociais (nomeadamente actores sociais, técnicos e
funcionários das instâncias político-administrativas, etc.)27 •
22
questionário questões de escollia binária e questões de escollia múltipla. No
primeiro caso, situam-se todas as questões cuja resposta possível é
apresentada em termos dicotómicos como por exemplo, Sim/Não (quando
uma questão é apresentada sob a forma interrogativa), Verdadeiro/Falso
(quando uma opinião é apresentada como o enunciado de tun facto),
Concordo/Discordo (quando se pretende o acordo ou não do inquirido sobre
uma determinada situação, acontecimento, opinião, etc.). Por seu turno, o
investigador adopta a forma de resposta possível de acordo com os objectivos
gerais do inquérito, mas também em fimção dos objectivos específicos que
pretende com cada questão. Assim, no caso da alternativa
Concordo/Discordo, esta parece ser mais flexível, pois para além de permitir
ao inquirido expressar o seu acordo/desacordo, tem a vantagem de
possibilitar a introdução de graus intermédios do género Concordo
Relativamente, Discordo Relativamente, ou ainda Nem Concordo/Nem
Discordo. Porém, estas últimas possibilidades de resposta são susceptíveis de
alguma ambiguidade, uma vez que pretendendo evidenciar uma posição de
neutralidade nem sempre tal é possível, sobretudo porque a grande
dificuldade destas respostas decorre da própria formulação verbal de uma
posição neutra. Por outro lado, estas questões são muitas vezes consideradas
como sinónimo de ausência de opinião. Esta forma de resposta, permite ainda
evitar certas incompreensões decorrentes da forma interrogativa das questões,
sobretudo quando ela é formulada na negativa. Quanto à alternativa Sim/Não
e Verdadeiro/Falso, a primeira tem o inconveniente de não se conseguir
conhecer, muito bem, a posição daquele que responde Não, na medida em
que não sabemos o significado desta resposta negativa; a segunda pode ter o
inconveniente de sugerir ao inquirido que existe, de certa forma, uma resposta
que é considerada como a correcta, levando-o a adoptar uma atitude
demasiadamente crítica e prudente. Também, o facto de o inquirido apenas
poder escollier uma só resposta, pode causar-lhe a sensação de que se está a
condicionar a sua capacidade de resposta, e de que se tratam de questões de
alguma forma manipuladoras (sentimento muito associado às questões
fechadas )29.
23
de ser proporcionado ao inquirido uma lista pré-estabelecida de respostas
possíveis é-lhe dada a possibilidade, através da inclusão da rubrica "Outras",
de acrescentar outras respostas da sua autoria. As questões de escolha
múltipla, têm assim a vantagem de tomar mais clara a posição dos inquiridos,
permitindo ao mesmo tempo análises e interpretações mais finas do que as
que seriam proporcionadas pelas simples alternativas Sim/Não,
Verdadeiro/Falso, Concordo/Discordo, etc.
°
3 Cf. Rodolphe Ghiglione e Benjamin Matalon, O. c., p. 138.
3 1 Virgínia Ferreira, O. c., p. 183.
32 Roger Mucchielli, Le questionnaire dans /' enquête psycho-socia/e, Paris, Librairies Techniques!E.
Sociales Françaises, 1968, pp. 75- 76.
24
inquiridos. São elas: a reacção de prestígio que leva o inquirido a dar as
respostas que julga socialmente desejáveis/aceitáveis por receio de se fazer
mal apreciado; a contracção defensiva à questão personalizada, sobretudo
quando ela incide sobre domínios mais ou menos constrangedores ou que faz
o inquirido intervir directamente, levando-o a temer a utilização futura que
poderá ser feita das suas respostas; as respostas sugeridas pelo enunciado da
questão, sobretudo quando são redigidas de forma tendenciosa e pouco
isenta; a atracção pela resposta positiva que conduz o inquirido a exprimir,
mais facilmente, o seu acordo do que o seu desacordo, sob pena de parecer
não integrado, não conforme com a normalidade; o medo por certas palavras
que podem ser portadoras de conotações negativas, suscitando nos inquiridos
certas reacções de defesa; o medo da mudança, presente sobretudo quando a
questão é enunciada de modo muito dinâmico e com termos que expressam
grandes alterações; e, finalmente, a atracção pela referência a personalidades
que pode levar a reacções de identificação ou de rejeição, sobretudo quando
o inquirido não tem uma opinião muito precisa sobre o assunto abordado.
25
menor, o que apenas toma viável a administração nestes lugares, de
inquéritos de curta duração.
26
conhecimento sobre os objectivos do inquérito em geral, e de cada questão
em particular, sobre as técnicas necessárias à realização do inquérito (como
por exemplo, técnicas de anotação, modos de convencer os renitentes, de
evitar as respostas do género "Não Sei", "Recusa Responder", "Sem
Opinião", etc.) e, sobretudo, de forma a que, na situação do inquérito,
assumam uma atitude profissional, caracterizada pela impessoalidade e
neutralidade". Aliás, este tipo de atitude é indispensável para que, na
interacção entre entrevistador e inquirido, se mantenha uma certa distância
social e afectiva, de modo a evitarem-se os excessos de familiaridade e
confiança que, eventualmente, possam surgir naquela situação, e que são
susceptíveis de provocar certos enviesamentos nas respostas dos inquiridos.
27
situação do inquérito. Trata-se, aqui, de urna fonna de completar (e nalguns
casos corroborar ou não) a infonnação obtida através do inquérito,..
36 Sobre a importância do Gmão de Observação ver por exemplo, Virgíma Ferreira, O. c., p. 189.
37 Sobre a classilicação e codificação das respostas ver por exemplo, Claude Javeau, O. c., pp. 112 - 115;
Sierra Bravo, O. c., pp. 389 - 407; e Francisco Alvira, Introducción ai análisis de datas, Madrid, Alianza
Editorial, pp. 307- 339.
28
respostas dadas pelos inquiridos. Daí que, a sua codificação, tenha que ser
feita a posteriori, a qual exige um trabalho de leitura repetida e exaustiva de
todas as respostas obtidas, e uma sua análise de conteúdo. Finalmente, as
regras subjacentes à definição de um código devem ser o mais claras e
explícitas, de modo a que se reduza, ao mínimo possível, qualquer
possibilidade de intervenção das avaliações subjectivas do codificador e que,
dois codificadores diferentes, perante a mesma resposta, a classifiquem
exactamente da mesma forma, isto é, na mesma categoria. E, neste caso, é a
própria eficácia do código que sai reforçada.
29
3.2.4.1. O TRATAMENTO INFORMÁTICO DO INQUÉRITO POR
QUESTIONÁRIO
30
primeira grande tentativa de se desenvolver software para Ciências Sociais. A
versão de SPSS para computadores pessoais compatíveis (PCs) com IBM
tratada nesta aula, é designada por SPSSIPC+ Version 3.0 (1988) 40• Com este
programa pode ser realizada uma série de testes estatísticos (com a excepção
da correlação parcial e a estatística ró), podendo-se analisar uma grande
quantidade de dados quantitativos, sem risco de erros, decorrentes das longas
horas que o investigador teria que passar a fazer a classificação dos dados, o
seu cálculo e respectiva interpretação, se optasse pelo seu tratamento manual.
Saliente-se que este programa pode ser utilizado no tratamento e análise de
todo o tipo de dados quantitativos e não, somente, nos obtidos através do
inquérito por questionário.
40 Ver Alan Bryman; Duncan Cramer, Análise de Dados em Ciências Sociais -Introdução às técnicas
utilizando o SPSS, Oeiras, Celta Editora, 1992, p. 21. Para um acesso a uma versão mais actualizada do
SPSS mas ainda não publicada em Portugal, consultar SPSS For Windows.Base System User's Guide.
Release 6.0, Chicago, Marija J. Norusis- SPSS inc., 1993.
31
proporção e/ou de intervalo, permitem a realização de todas as operações
aritméticas usuais". Mas, independentemente do tipo de variáveis que se
utilize no inquérito por questionário, antes da introdução dos dados no
computador, devemo-nos assegurar que todas elas estão codificadas, para que
se possa realizar o seu tratamento conjunto. Trata-se aqui, de se proceder a
uma codificação unificadora, conhecida pela designação de codificação
disjuntiva completa a qual consiste "em estabelecer todas as modalidades
possíveis de cada pergunta (incluindo as "sem resposta"), passando as
variáveis numéricas a ordinais através da definição de intervalos, adoptando
escalas ou scores para as pergtmtas de opinião não dicotómicas e tipificando
coerentemente as modalidades relativas às perguntas abertas"". A codificação
é disjuntiva porque as modalidades (de resposta) são mutuamente exclusivas,
e completa porque a cada indivíduo é atribuida uma modalidade de resposta.
41 Cf. Manuel Garcia Ferrando, Sobre e! Metodo - Problemas de ii1Vestigación empírica en Sociologia,
Madrid, Centro de Investigaciones Sociologicas, 1979, pp. 190- 204.
42 Henrique Garcia Pereira, O. c., p. 738.
43 Cf. Alan Bryman; Duncan Cramer, O. c., pp. 27- 29.
32
Finalmente, do procedimento de codificação (disjtmtiva completa),
resulta um quadro geral (em que cada inquirido ocupa uma linha, e cada
modalidade de resposta corresponde a uma coltma), que nos permitiu
classificar os dados brutos do inquérito, e tratar conjuntamente todo o tipo de
variáveis utilizadas. A partir daqui, estão reunidas as condições para se
avançar para operações de contagem dos dados, e de estabelecimento de
correlações entre variáveis, através da aplicação de determinados testes
estatísticos.
33
- a construção de gráficos de barras, de histogramas, etc., os quais
permitem uma representação diagramática dos dados (apresentados nas
tabelas de frequências), tomando a sua leitura mais fácil e atraente 44 ;
44 Para um adequado conhecimento dos comandos que no SPSS permitem a construção de tabelas de
frequência , e de representação diagramática dos dados, consultar Alan Bryman e Duncan Cramer, pp. 99
-104.
45 Alan Bryman; Duncan Cramer, O. c., p. 1ll; e pp. ll2 - 113, sobre como medir a tendência central e o
desvio-padrão com o SPSS.
46 Idem, p. 122.
34
- A ANÁLISE BIVARIADA: este tipo de análise permite-nos observar
o tipo de relações entre duas variáveis. Trata-se de urna análise que responde
aos objectivos da própria investigação científica, que é o de detectar a
associação e/ou causalidade entre duas variáveis.
No âmbito da análise bivariada, numerosos testes estatísticos podem
ser aplicados ao tratamento dos dados do inquérito; no entanto considera-se
que, numa primeira abordagem e para o apuramento do inquérito, se deve
proceder ao estabelecimento de grelhas de tabulação que, cruzando as
variáveis duas a duas, permitem explicar o comportamento das variáveis que
dizem respeito sobretudo ao objecto do inquérito (designadas por variáveis
factuais e/ou de opinião associadas ao tema a investigar47). Estas grelhas de
tabulação, dão origem a um quadro de dupla entrada, o qual contém os casos
em que ocorre intersecção entre os valores das variáveis. Quadros de dupla
entrada que são designados por tabelas de contingência, e que sintetizam a
informação relativa às duas variáveis em análise, tomando a sua leitura e
interpretação mais fácil. Estas tabelas, constituem urna das formas mais
simples de ilustar a associação (ou não) entre duas variáveis, mostrando-nos,
assim, o resultado do seu cruzamento48 • No entanto, o estabelecimento de
grelhas de tabulação exige um trabalho de interpretação exaustivo, sobretudo
das tabelas mais pertinentes para a explicação do objecto de estudo do
questionário.
35
variáveis de natureza ordinal. Estas medidas indicam-nos a força e direcção
da associação entre duas variáveis, utilizando-se, para a ilustrar, os chamados
diagramas de dispersão (que são gráficos onde se ilustra o ponto onde as duas
variáveis se interceptam)'•.
Este tipo de análise pode ser realizada num plano estatístico geral
denominado por análise multivariada de variância (MANOVA) e de
covariância (MANCOVA). Modelo que pode ser executado pelo SPSSIPC+,
se este possuir a opção Advanced Statistics. A análise multivariada de
variância (MANOVA), é uma técnica estatística utilizada para explorar as
50 Idem, pp. 207 - 209. Para se calcular o coeficiente de correlação r de Pearson e criar diagramas de
dispersão com o SPSS, ver pp. 217 - 221.
5 1 Idem, p. 225 e segs. .
52 Cf. Raymond Boudon, Os Métodos em Sociologia, Lisboa, Edições Rolim, pp. 66- 91.
36
relações entre várias variáveis independentes e duas ou mais variáveis
dependentes. Por seu turno, a análise multivariada de covariância
(MANCOVA), pode ser usada jtmtamente com a MANOVA para detectar o
efeito das variáveis independentes não controladas sobre as variáveis
dependentes"·
37
coeficientes de correlação tendem a ser instáveis. Ou seja, embora a análise
factorial possa ser aplicada a amostras pequenas, não obstante, é necessário
que a amostra estudada seja suficientemente grande, para que se possam
encontrar os factores subjacentes a um grupo de variáveis com precisão".
38
análise que pode ser utilizada complementarmente à análise factorial,
permitindo, neste caso, verificar se a redução do número de variáveis
aumenta o poder explicativo da análise. O SPSS possui uma diversidade de
opções para o cálculo da regressão múltipla. Trata-se de um cálculo
complexo, pelo que a sua aplicação exige um certo grau de conhecimentos de
estatística".
39
3.2.5. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
40
4. A ESTRUTURA DA AULA PRÁTICA
41
um melhor aproveitamento do tempo disponível da aula, será proposto um
tema sobre o qual poderão incidir as questões. Este mesmo tema será
questionado de diferentes formas, ou seja, será colocado sob a forma de uma
questão fechada, apresentando-se as alternativas de resposta Sim/Não;
Verdadeiro/Falso; Concordo/Discordo, a par das rubricas suplementares
"Não Sei" e "Sem Opinião", e sob a forma semi-fechada, semi-aberta ou de
cafeteria, isto é, de escolha múltipla. A forma aberta não será aqui testada,
devido ao facto do seu tratamento exigir mais tempo do que o disponível
numa aula. De qualquer modo, a possibilidade de o inquirido dar outras
respostas da sua autoria, para além das previstas, através da questão de
cafeteria, permite-nos até certo ponto testar aquela climensão, isto é, a forma
semi-aberta de uma questão, e de que modo esta nos dá a possibilidade de
captar mna certa diferenciação das respostas obtidas. As rubricas
suplementares do género "Não Sei" e "Sem Opinião", são apresentadas de
uma forma explícita, de modo a observar-se qual a percentagem da sua
utilização, e até que ponto elas são usadas como forma de fugir à questão ou
como sinónimo de ausência de reflexão. A alternativa "Recusa Responder",
não é contemplada pelo facto de se partir do princípio, de que os alunos estão
suficientemente motivados para a situação do inquérito por questionário.
- verificar até que ponto uma amostra constituida por elementos que
possuem algumas características em commn (como por exemplo, idade, nível
de instmção, frequência do mesmo curso e turma), pode produzir diferentes
respostas às mesmas questões, só que apresentadas com mna forma e tipo de
respostas possíveis diferentes;
63
Claude Javeau, O. c., pp. 111 - 112.
42
- verificar se entre as respostas previamente definidas (questões de
escolha múltipla), existe alguma que possa parecer mais lógica ao inquirido,
levando-o a optar por esta;
43
inqtúridos; mas, com este exercício, apenas pretendemos mostrar que, a partir
das mesmas questões, se pode obter variações importantes na distribuição das
respostas, e isto em função do método de inquirição utilizado.
44
4.3. FASE DE ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
45
BIBLIOGRAFIA
FERREIRA, Paulo Antunes, "Valores dos Jovens Portugueses nos Anos 80",
in Estudos de Juventude, N° 3, Cadernos do Instituto de Ciências Sociais,
Fevereiro de 1993.
GOODE, J. William; Hatt, Paul K., Métodos em Pesquisa Social, São Paulo,
Companhia Editorial Nacional, 73 Edição, 1979.
46
GRÉMY, Jean-Paul, "Les expenences françaises sur la formulation des
questions d'enquête. Resultats d'un premier inventaire", in Revue Française
de Sociologie, XXVIII - 4, Paris, Éditions du CNRS, Octobre-Décembre
1987, pp. 567- 599.
JR., Joseph F. Hair; Anderson, Rolph E.; Tatham, Ronald L., Multivariate
Data Analysis With Readings, New York, Macmillan Publishing Company,
Second Edition.
47
QUEIRÓS, Maria Cidália, "O Problema da Medida em Ciências Sociais", in
Cadernos de Ciências Sociais, N° 10/11, Porto, Edições Afrontamento, 1991,
pp. 65- 100.
48
ANEXO I
49
QUADRO N° 1- COMUNICAÇÕES APRESENTADAS NO II
CONGRESSO PORTUGUÊS DE SOCIOLOGIA QUE
RECORRERAM AO INQUÉRITO POR QUESTIONÁRIO
LEGENDA:
Grupo de Trabalho VI- Mudança Social: Novos Valores, Modos de Vida, Identidades
50
INQUÉRITOS REALIZADOS NA DÉCADA DE 80 SOBRE A
JUVENTUDE
51
ANEXO II
EXERCÍCIO PRÁTICO
52
I. Pensa que o seguro de vida deveria ser obrigatório?
. Sim D
.Não D
. Não Sei D
. Sem Opinião D
53
2. O seguro de vida é obrigatório.
. Verdadeiro D
. Falso D
. Não Sei D
. Sem Opinião D
54
3. Qual é a sua opinião acerca da obrigatoriedade de um seguro de vida?
. Concordo D
. Discordo D
55
4. Qual é a sua posição acerca da obrigatoriedade de um seguro de vida?
. Concordo D
. Concordo Relativamente D
. Discordo Relativamente D
. Discordo D
56
5. Perante as seguintes afirmações indique aquela com a qual está mais de
acordo.
57
ANEXO III
58
METODOLOGIA E TÉCNICAS DE INVESTIGAÇÃO
59
6. Metodologia dos estudos de caso.
6 .I. Monografia e estudo de comtmidades: dos procedimentos
clássicos à sua crítica e reconversão.
6.2. Observação sistemática e observação participante.
6.3. Reflexão sobre as virtualidades e limitações do trabalho
sociológico no terreno.
6.4. Abordagem biográfica: histórias de vida e genealogias.
60
BIBLIOGRAFIA BASICA DA DISCIPLINA DE METODOLOGIA E
TÉCNICAS DE INVESTIGAÇÃO
GOODE, J. William; Hatt, Paul K., Métodos em Pesquisa Social, São Paulo,
Companhia Editorial Nacional, 7• Edição, 1979.
61
LIMA, Marinús Pires de, Inquérito Sociológico -Problemas de Metodologia,
Lisboa, Editorial Presença, 1981.
62
ERRATA
62 7 Questões de "Questões de
Metodologia Metodologia
Sociológica (!), Sociológica (I),
(II), (III) (II), (III)"