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AULA PRÁTICA ABACATE– LPV/ESALQ, 17 e 18 abril de 2013

Tatiana Cantuarias-Avilés

1. IMPORTÂNCIA DA COLEÇÃO A CAMPO DA ESALQ:


* Um dos 3 Bancos de Germoplasma (BAG’s) de abacateiros no Estado de SP, com 26 acessos.
Os outros são do IAC (50 acessos) e UNESP/Jaboticabal (20 acessos).
* Desta coleção foram realizados trabalhos de propagação por alunos da graduação, em parceria
com o CENA, com irradiação utilizando raios Gamma de:
- sementes (redução de tamanho de planta e emissão de vários caules por planta),
- estacas semi-lenhosas (enraizamento).

2. OBSERVAÇÃO DA COLEÇÃO A CAMPO DA ESALQ:


* Espécie: Persea americana, com 3 regiões de origem (México, Guatemala, Caribe) que
definem 3 raças ou grupos de variedades hortícolas:
Antilhana: P. americana var. americana
Guatemalense: P. americana var. guatemalensis
Mexicana: P. americana var. drymifolia

* Principais limitações da cultura:


a) Espaçamento muito largo:
Antigamente usados: 10x10, 12x10 (80 a 100 plantas/há)
Hoje: 6x5, 7x5, 8x6 (200 a 300 plantas/há) e ultra alta densidade: 2,5x2,5, 3x3 (1100 a 1600
plantas/ha).

b) Falta de tratos culturais: adubação, controle de pragas e doenças, poda, coberturas vegetais.

c) Gomose: principal doença, patógeno do solo, inviabiliza replantio em solos anteriormente


plantados com abacateiros. Resultados do projeto que avalia manejos da doença em pomares de
abacateiro, financiado pelo CNPq e conduzido pela equipe da ESALQ, concluíram que: 1) P.
cinnamomi A2 apresenta ampla distribuição em São Paulo sendo ela, senão a única, com certeza
é, o principal patógeno responsável pela doença no estado; 2) É possível recuperar plantas de
abacateiros afetadas por P. cinnamomi em condições de campo, utilizando fosfito foliar
isoladamente ou em associação com aplicações de gesso e calcário ao solo.

3. PRODUÇÃO COMERCIAL DE ABACATES:


* Principal problema é a baixa produtividade desta espécie, devido a 3 fatores:
a) Baixa fixação de flores: 1 de cada 1000 flores resulta em fruto, por:

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- competição entre brotos e flores;
- folhas fotossinteticamente pouco eficientes;
- habito de florescimento: dicogamia protogínica; plantio grupos florais A e B
Grupo A: Breda, Fortuna, Collinson, Ouro Verde, Hass
Grupo B: Geada, Margarida, Quintal, IAC Campinas.

b) Excessiva abscisão de frutos: 2 quedas naturais de frutos (primavera e verão)

c) Dificuldades em controlar alternância (ano de alta produção seguido de ano de baixa


produção).

4. AUMENTO DA PRODUTIVIDADE EM POMARES COMERCIAIS


É possível aumentar a produção e qualidade de frutos através das seguintes estratégias:
1) ADEQUAÇÃO DE MANEJOS SEGUNDO O CICLO FENOLÔGICO
- O conhecimento do ciclo fenológico permite definir as épocas mais adequadas para aplicação
dos manejos agronômicos.
- O primeiro modelo completo de fenologia foi determinado pela ESALQ, com alunos do GPF,
em Araras, nas cvs. Margarida e Hass.
Agora sabemos as épocas de:
* Plena flor: agosto (H) e setembro (M);
* 3 Fluxos de brotação:
- primavera, em meados setembro (H) e final de setembro (M);
- primavera, final de outubro (H e M);
- verão, meados de janeiro (H e M);
* 3 fluxos de crescimento de raízes:
- principal, no inverno, ANTES DA FLORADA, entre meados e final de agosto
- 2º fluxo raízes, na primavera: final de novembro (H e M);
- 3º fluxo brotação, em fevereiro: meados de fevereiro (H e M);
* Ocorrem 2 períodos de queda natural de frutos:
- principal queda, logo depois de floração: final setembro (H) e meados outubro (M);
- segunda queda, em fevereiro (H e M);
QUAIS MANEJOS PODEM SER ADEQUADOS SEGUNDO O CICLO FENOLÓGICO?
a) Adubação:
- No Brasil há solos ácidos, poucas regiões produtoras de abacate no mundo com solos ácidos;
- Deficiências de B, Zn, P, K, Ca devem ser tratadas com adubação ao solo, em época de
crescimento de raízes (3 fluxos);
- Adubação para nutrir as flores: B foliar estado de panículas fechadas, N foliar na antese.

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- Adubação foliar: efetivas somente em épocas de folhas jovens (3 fluxos vegetativos);

b) Controle de pragas e doenças:


- Aplicações de fosfito de K contra gomose em época de fluxo de raízes
- Aplicação de inseticidas contra lagarta em época de brotações novas
- Pulverização com fungicidas entre florescimento e colheita (antracnose, cercospora,
verrugose)

2) IRRIGAÇÃO:
- Florada em período seco: abacateiro não tolera estresse hídrico nem nutricional na florada,
deve ser aplicada irrigação suplementar nesta época e adubação com N ao solo;
- Conhecendo a fenologia, podemos adequar a irrigação para evitar déficit hídrico.

3) USO DE REGULADORES DE CRESCIMENTO


- Antigiberélicos: Cultar (paclobutrazole). Devem ser aplicados via foliar ou ao solo, em 2
épocas:
* PRIMAVERA: para diminuir competição brotos/flores e aumentar fixação e tamanho de
frutos;
* DEPOIS DA PODA (após a colheita dos frutos): para controlar vigor em resposta a poda.

EM RESUMO:
- O abacateiro é uma cultura com grande potencial no Brasil
- Faltam técnicos e pesquisadores na área
- Precisamos desenvolver pesquisa aplicada nas condições particulares do Brasil:
* Nutrição em solos ácidos, * Redução do estresse hídrico durante a seca
* Fenologia em distintas regiões e cultivares, * Protocolo para produção de mudas [substratos
(PIBIC-ESALQ), variedades porta-enxertos, técnicas de enxertia, uso de agentes de controle
biológico]; * Efeito da interferência de espécies de Brachiaria no desenvolvimento inicial de
plantas de abacateiro (PIBIC/ESALQ)

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