Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Disciplina: Hidráulica-II
Discente: Docentes:
Turma: H-22
Nível:2o Ano
Disciplina: Hidráulica-II
Discente: Docentes:
I
Índice de tabelas
II
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1
3. CONCLUSÃO .................................................................................................................. 15
Anexos ........................................................................................................................................ i
III
1. INTRODUÇÃO
No dia-a-dia os recursos hídricos vem recebendo uma atenção especial por partes das pessoas
e dos órgãos ambientais, seja a nível dos bairros, distritos, provinciais e/ou países, pois vem se
tornando um dos bens económicos e sociais mais importantes da actualidade. O uso irracional
e a distribuição irregular contribuem para tomar esse recurso cada vez mais escasso. As obras
hidráulicas realizadas em canais e bacias hidrográficas têm influência directa na conservação
e manutenção destes recursos. Na elaboração de projectos de irrigação por exemplo, onde a
condução e distribuição de água é realizada através de canais. O dimensionamento destes, deve
ser feito analisando-se o maior número possível de alternativas, evitando por exemplo a erosão
e assoreamento. Para se ter informações suficientes sobre diversos aquilo que seria o canal
ideal faz-se o seu dimensionamento, tema esse que será abordado ao longo deste trabalho, que
foi realizado com base no método bibliográfico e tem como objectivos,
1.1.Objectivo geral
Falar do dimensionamento de canais (condutos livres)
1.2.Objectivos específicos
Definir condutos livres
Apresentar as características geométricas e hidráulicas utilizadas no dimensionamento
de canais
Indicar os tipos de escoamentos de superfícies livres
Definir o número de Froude e indicar a sua importância
Definir o movimento uniforme e apresentar as suas implicações
Apresentar os passos para o dimensionamento de um canal
Apresentar exemplos de problemas encontrados no dimensionamento de canais
(anexos)
1
2. DIMENSIONAMENTO DE CANAIS
2.1.Condutos livres (Canais)
Segundo (ZIEMER, 2003), os canais podem ser classificados como naturais ou artificiais. Os
naturais são os existentes na natureza, como por exemplo, rios e córregos. Já os artificiais são
aqueles construídos pelo homem, como canais de irrigação e galerias. O mesmo autor ainda
diz que os princípios básicos do escoamento livre são os mesmos daqueles referentes ao
escoamento forçado, porém existe uma grande variabilidade com relação à forma e rugosidade
das paredes. As principais características geométricas e hidráulicas utilizadas nos cálculos no
escoamento livre são:
Seção ou área molhada (A): é toda seção perpendicular ao escoamento, molhada pela água
(𝑚2 );
Perímetro molhado (P): é o comprimento da linha de contorno molhada pela água (𝑚);
Profundidade hidráulica (ym): razão entre a área molhada (A) e a largura da superfície (B);
Raio hidráulico (Rh): razão entre a área molhada e o perímetro molhado (𝑚);
2
escoamento processa-se pela ação da aceleração da gravidade. Os escoamentos em canais
podem ser divididos em dois grupos: escoamentos em regime permanente e escoamentos em
regime não permanente ou variável.” (MACCAFERRI, 2017)
3
Figura 1-Tipos de escoamentos de canais. Fonte: (Souto, 2008)
Nota: “No dimensionamento de canais de irrigação, deve considerar-se as limitações que são
impostas pelas condições físicas e topográficas do terreno, sobre elementos hidráulicos das
fórmulas de cálculo. Por outro lado, a eficiência de condução e o volume de escavação
necessária para a construção, impõem limitações adicionais sobre os elementos da seção
hidráulica do canal” (Calheiros, et al., 1986).
2.3.Energia Específica
Segundo (ZIEMER, 2003), a energia específica é a quantidade de energia, por unidade de peso
do líquido, medida a partir do fundo do canal.
𝑣2
𝐸 = 𝑦𝑚 + (1)
2𝑔
𝐸-energia específica, m
𝑦𝑚 -profundidade de escoamento, m
2.4.Número de Froude
“O Número de Froude é definido como sendo a raiz quadrada da relação entre as forças de
inércia e da gravidade.” (ZIEMER, 2003)
4
𝑣
𝐹𝑟 = (2)
√𝑔. 𝑦𝑚
em que:
O mesmo autor relata que o Número de Froude (Equação 2) é utilizado para classificar os
escoamentos livres que ocorrem nas aplicações práticas, em três tipos:
b) Escoamento crítico, Fr = 1;
“Define-se escoamento crítico como sendo o valor mínimo da energia específica para uma dada
vazão.” (ZIEMER, 2003)
2.5.Movimento uniforme
𝑣12 𝑣22
𝑦1 + 𝑧1 + = 𝑦2 + 𝑧2 + + ℎ𝑓 (3)
2𝑔 2𝑔
5
𝑧1 = 𝑧2 + ℎ𝑓 (4)
ℎ𝑓
ℎ𝑓 = 𝑧1 − 𝑧2 , Dai 𝐽 = (5)
𝐿
Em que:
𝑦1 : profundidade na seção 1, 𝑚
𝑦2 : profundidade na seção 2, 𝑚
Isto demonstra que, em trechos onde ocorre o movimento uniforme, a perda de carga é igual à
diferença de cotas da superfície d’água, resultando num paralelismo entre a linha de energia,
linha d'água e do fundo do canal.
2.6.Dimensionamento Hidráulico
6
2.6.1. Equação de Manning
“A fórmula de Manning é uma equação simples e por isso uma das mais empregadas para o
dimensionamento de canais. Foi proposta por Manning em 1889, através de análise de
resultados experimentais, obtidos por ele e outros pesquisadores. Um dos factores que
favorecem a utilização desta fórmula é a fácil obtenção dos coeficientes de atrito também
chamado de coeficiente de rugosidade de manning, que dependerão do tipo de revestimento do
conduto. Esses valores são encontrados na literatura voltada ao estudo da hidráulica e em
catálogos de fabricantes de revestimentos e condutos.” (ZIEMER, 2003)
3
√𝑅ℎ2 . 2√𝐽
𝑣= (6)
𝑛
Onde:
O raio hidráulico é uma grandeza linear característica do escoamento, definida pelo quociente
da área molhada pelo perímetro molhado da seção do escoamento.
𝐴𝑚
𝑅ℎ = (7)
𝑃𝑚
Com:
7
Dimensionamento geométrico: conhecidas as variáveis hidráulicas, calcular a
profundidade normal, y0 (e consequentemente a área e perímetro molhados
NB: Anexos encontra-se um abaco que ajuda no cálculo de alguns parâmetros da equação de
Manning.
𝑄 = 𝑣. 𝐴𝑚 (8)
Onde:
Das equações (6) e (8), resulta a equação 9, que permite a determinação de vazões (em m³/s)
em função do coeficiente de Manning, do raio hidráulico (em m), da declividade média (em
m/m) e da área molhada (em m²).
1 23 2
𝑄= 𝑅 . √𝐽 𝐴𝑚 (9)
𝑛 ℎ
“Quando o perímetro molhado de uma mesma seção possuir trechos de diferentes rugosidades,
deve-se calcular a rugosidade equivalente. As seções com diferentes rugosidades podem ser
8
utilizadas quando não há necessidade de revestimento total na seção do canal, como por
exemplo um canal de seção qualquer com fundo não revestido e lateral de pedras irregulares.”
(ZIEMER, 2003)
Para (DAEE, 2017), quando estiver-se perante canais com parte da seção revestida e parte sem
revestimento, como os casos das Figura 1, e da Figura 2, com fundo em terra, e nos casos em
que são utilizados diferentes tipos de revestimento, determina-se um coeficiente de rugosidade
equivalente, aplicando-se a expressão:
𝑃𝑎 . 𝑛𝑎 + 𝑃𝑏 . 𝑛𝑏 + ⋯ + 𝑃𝑛 . 𝑛𝑛
𝑛𝑒𝑞 = (10)
𝑃𝑎 + 𝑃𝑏 + ⋯ + 𝑃𝑛
Figura 2-canal com revestimento de pedra argamassada com fundo natural. Fonte: (DAEE,
2017)
Onde:
9
𝑛𝑛 -Rugosidade do n-ésimo segmento
Nota: Para canais revestidos de concreto bem acabado, de traçado rectilíneo, com águas limpas,
pode-se admitir n=0,013. Caso a canalização apresente singularidades, onde houver a
possibilidade de retenção e/ou de deposição de sedimentos, deve-se adoptar n=0,018 ou estimar
a rugosidade equivalente (𝑛𝑒𝑞 ) pela expressão (10) ou (11).
Tabela 2- Valores de velocidades máximas, recomendadas para canais em função do material de revestimento
do mesmo. Fonte: (ZIEMER, 2003)
Tabela 3- Valores mínimos recomendáveis para velocidade média no canal, para evitar problemas com
sedimentação. Fonte: (ZIEMER, 2003)
10
Tabela 4- Recomendação da inclinação das paredes laterais em função da natureza das paredes.
Tabela 5- Valores da borda livre em função da vazão do canal. Fonte: (ZIEMER, 2003)
Canais desse tipo são utilizados para funções especiais, como por exemplo, rectificação de
cursos d'água e drenagem de águas pluviais, onde a vazão apresenta variações significativas.
Um canal pode ser composto por várias subsecções, possuindo, cada subsecção, rugosidades
diferentes ou não.
Deve-se dimensionar a seção para suportar a vazão máxima, porém quando a mesma estiver
transportando uma vazão muito menor, poderá haver deposição de material no fundo do
canal. Para que não ocorra esse problema, utilizam-se as seções compostas. Assim, a seção
menor fica com a função de escoar as vazões menores, evitando a ocorrência de deposição de
material. O mesmo autor ainda salienta que no cálculo hidráulico de seções irregulares ou
duplas, obtêm-se melhores resultados subdividindo a seção em partes cujas profundidades
não sejam muito diferentes. Portanto, a vazão total será a soma das vazões parciais destas
subsecções:
11
𝑄𝑡 = 𝑄1 + 𝑄2 + ⋯ + 𝑄𝑛 (12)
A Tabela 6 apresenta expressões para cálculo de elementos característicos das seções de canais
de utilização mais frequente com base em sua geometria. Lembrar que além das seções
geométricas apresentadas, há outros tipos como: de base rectangular com abóbada semicircular,
ferradura, boca e ovóide, cujos dimensionamentos podem ser encontrados fazendo pesquisas
mais aprofundadas a respeito. No presente trabalho ira-se apenas parar nessas.
Tabela 6-Elementos hidráulicos característicos de diferentes tipos de seções. Fonte<. (DAEE, 2017)
Seção circular:
A figura que comparada com outras de mesma área, apresenta a menor relação perímetro/área,
é o círculo. Assim, para conduto circular ou semicircular,
12
Figura 4-Canal de seção circular. Fonte: (Zanini, 2016)
𝜋𝐷2 𝐴 𝐷
𝐴= ; 𝑃 = 𝜋𝐷 → 𝑅ℎ = =
4 𝑃 4
𝜋𝐷2 𝐴 𝐷 ℎ
𝐴= ; 𝑃 = 𝜋𝐷 → 𝑅ℎ = = =
4 𝑃 4 2
ℎ
Portanto, o canal será de máxima eficiência quando 𝑅ℎ = 2
b) Seção rectangular:
ℎ 𝐿ℎ 𝐿
𝑅ℎ = = →ℎ=
2 2ℎ + 𝐿 2
Logo, o canal rectangular será de máxima eficiência quando a altura de água for metade de
sua largura.
Seção trapezoidal:
13
Figura 7-Canal de seção trapezoidal. Fonte: (Zanini, 2016)
𝐴 = ℎ(𝑏 + 𝜆ℎ)
𝐴
𝑏= − 𝜆ℎ
ℎ
𝑃 = 𝑏 + 2ℎ√1 + 𝜆2
𝐴
𝑃= − 𝜆ℎ + 2ℎ√1 + 𝜆2
ℎ
𝑑𝑃 𝐴
= 0 = − ℎ2 − 𝜆 + 2√1 + 𝜆2, com isso,
𝑑ℎ
𝐴 = ℎ2 (2√1 + 𝜆2 − 𝜆)
14
3. CONCLUSÃO
Findo o trabalho, percebe-se que o dimensionamento dos canais tem como base principal a
equação de Manning, equação esta que permite afirmar que a vazai em um canal se, mantidos
a área molhada, declive de fundo e coeficiente de Manning, o perímetro molhado for mínimo.
Outra conclusão a que se pode chegar a partir da mesma equação, é a de que, para uma vazão
constante a melhor secção hidráulica é a que apresenta área mínima. De lembrar que a equação
de Manning é um caso particular da equação de Chezy que fornece a velocidade média da
vertical no escoamento uniforme, com tudo nessa equação é difícil determinar o valor do
coeficiente de Chezy, tendo Manning sugerido calcular esse valor em função de tipo de material
que ira compor as paredes do canal a dimensionar. É importante mencionar que todos os
cálculos realizados geralmente nos dimensionamentos dos cains tem em conta o movimento
uniforme que não é exactamente o que se encontra na vida cotidiana, contudo é uma
aproximação que apresenta erros desprezíveis na maioria dos casos.
15
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Andrade, Fernando O. de. Escoamento uniforme em condutos livres. Paraná : UTFPR, 2020.
Calheiros, Rinaldo de Oliveira, Aguilar, José e Silva, Claudio Alberto Souza da. PROGRAMA
DE MICROCOMPUTADOR, EM LINGUAGEM BASIC, PARA O DIMENSIONAMENTO DE
CANAIS DE IRRIGAÇÃO. Brasília : UEPAE, 1986. pp. 5-16.
Zanini, José Renato. Hidráulica: Teoria e Exercícios. São Paulo : Unesp, 2016. pp. 103-108.
16
Anexos
i
Figura 8-abaco de auxílio nos cálculos de um escoamento uniforme. Fonte: (Andrade, 2020)
ii
Exemplos
Exemplo 1: Suponha que um canal de seção transversal quadrada com 0,5 m de lados, feito em
concreto (coeficiente de rugosidade de Manning n= 0,012) e com declividade de 0,01 m/m é
construído para transportar uma vazão constante de água de 0,26 m3/s em regime uniforme.
Dadas essas condições, determine a profundidade do escoamento.
iii
Exemplo 2: Considere um condomínio residencial horizontal de 15.000 m2 na cidade de
Curitiba, onde a chuva de projecto é de 75 mm/h. Deseja-se construir um canal de drenagem
de águas pluviais no exutório do condomínio, usando uma seção transversal rectangular com
base 0,75 m, feita de concreto (coeficiente de rugosidade de Manning n= 0,012) e com
declividade de 1%. Sabendo que o coeficiente de escoamento superficial é Cs=0,8 e que a
altura das paredes do canal a ser construído é 0,1667 m, determine se esse canal é adequado
para transportar a vazão de projecto.
iv
v
vi
vii