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Licenciatura Em Engenharia Hidráulica

Disciplina: Hidráulica-II

Tema: DIMENSIONAMENTO DE CANAIS

Discente: Docentes:

Mariazinha Jone Ernesto Engo. Alberto Paulino

Engo. Edelino Guilherme Foquiço

Songo, Março de 2022


Licenciatura Em Engenharia Hidráulica

Turma: H-22

Nível:2o Ano

Disciplina: Hidráulica-II

Tema: DIMENSIONAMENTO DE CANAIS

Discente: Docentes:

Mariazinha Jone Ernesto Engo. Alberto Paulino

Engo. Edelino Guilherme Foquiço

Trabalho realizado pela estudante do


segundo nível do curso de engenharia
Hidráulica na disciplina Hidráulica-II, o
trabalho serve como um dos requisitos
para a obtenção da media semestral da
disciplina em questão.

Songo, Março de 2022


Índice de figura

Figura 1-Tipos de escoamentos de canais. Fonte: (Souto, 2008) .............................................. 4


Figura 2-canal com revestimento de pedra argamassada com fundo natural. Fonte: (DAEE,
2017) .......................................................................................................................................... 9
Figura 3-canal com revestimento de concreto. Fonte: (DAEE, 2017) ....................................... 9
Figura 4-Canal de seção circular. Fonte: (Zanini, 2016) ......................................................... 13
Figura 5- Canal de seção semicircular. Fonte: (Zanini, 2016) ................................................. 13
Figura 6-Canal de seção rectangular. Fonte: (Zanini, 2016) ................................................... 13
Figura 7-Canal de seção trapezoidal. Fonte: (Zanini, 2016) .................................................... 14
Figura 8-abaco de auxílio nos cálculos de um escoamento uniforme. Fonte: (Andrade, 2020) ii

I
Índice de tabelas

Tabela 1-Coeficiente de Rugosidade de Manning (n). Fonte: (DAEE, 2017) ........................... 8


Tabela 2- Valores de velocidades máximas, recomendadas para canais em função do material
de revestimento do mesmo. Fonte: (ZIEMER, 2003) .............................................................. 10
Tabela 3- Valores mínimos recomendáveis para velocidade média no canal, para evitar
problemas com sedimentação. Fonte: (ZIEMER, 2003) ......................................................... 10
Tabela 4- Recomendação da inclinação das paredes laterais em função da natureza das paredes.
.................................................................................................................................................. 11
Tabela 5- Valores da borda livre em função da vazão do canal. Fonte: (ZIEMER, 2003)...... 11
Tabela 6-Elementos hidráulicos característicos de diferentes tipos de seções. Fonte: (DAEE,
2017) ........................................................................................................................................ 12

II
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1

1.1. Objectivo geral ............................................................................................................ 1

1.2. Objectivos específicos ................................................................................................. 1

2. DIMENSIONAMENTO DE CANAIS .............................................................................. 2

2.1. Condutos livres (Canais) ............................................................................................. 2

2.2. Tipos de Escoamento em Superfície Livre ................................................................. 2

2.3. Energia Específica ....................................................................................................... 4

2.4. Número de Froude ....................................................................................................... 4

2.5. Movimento uniforme................................................................................................... 5

2.6. Dimensionamento Hidráulico ..................................................................................... 6

2.6.1. Equação de Manning............................................................................................ 7

2.6.2. Equação da Continuidade .................................................................................... 8

2.6.3. Rugosidade e Rugosidade equivalente................................................................. 8

2.6.4. Limites de velocidade em canais ....................................................................... 10

2.6.5. Inclinação dos taludes em função do material do canal ..................................... 10

2.6.6. Folga nos canais ................................................................................................. 11

2.6.7. Seções compostas............................................................................................... 11

2.6.8. Geometria das Seções Mais Comuns ................................................................. 12

2.6.9. Canais de máxima eficiência ............................................................................. 12

3. CONCLUSÃO .................................................................................................................. 15

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 16

Anexos ........................................................................................................................................ i

Exemplos .............................................................................................................................. iii

III
1. INTRODUÇÃO

No dia-a-dia os recursos hídricos vem recebendo uma atenção especial por partes das pessoas
e dos órgãos ambientais, seja a nível dos bairros, distritos, provinciais e/ou países, pois vem se
tornando um dos bens económicos e sociais mais importantes da actualidade. O uso irracional
e a distribuição irregular contribuem para tomar esse recurso cada vez mais escasso. As obras
hidráulicas realizadas em canais e bacias hidrográficas têm influência directa na conservação
e manutenção destes recursos. Na elaboração de projectos de irrigação por exemplo, onde a
condução e distribuição de água é realizada através de canais. O dimensionamento destes, deve
ser feito analisando-se o maior número possível de alternativas, evitando por exemplo a erosão
e assoreamento. Para se ter informações suficientes sobre diversos aquilo que seria o canal
ideal faz-se o seu dimensionamento, tema esse que será abordado ao longo deste trabalho, que
foi realizado com base no método bibliográfico e tem como objectivos,

1.1.Objectivo geral
 Falar do dimensionamento de canais (condutos livres)

1.2.Objectivos específicos
 Definir condutos livres
 Apresentar as características geométricas e hidráulicas utilizadas no dimensionamento
de canais
 Indicar os tipos de escoamentos de superfícies livres
 Definir o número de Froude e indicar a sua importância
 Definir o movimento uniforme e apresentar as suas implicações
 Apresentar os passos para o dimensionamento de um canal
 Apresentar exemplos de problemas encontrados no dimensionamento de canais
(anexos)

1
2. DIMENSIONAMENTO DE CANAIS
2.1.Condutos livres (Canais)

Segundo (Souto, 2008), compreendem-se como condutos livres os recipientes abertos ou


fechados, naturais ou artificiais, independentes da forma, sujeitos à pressão atmosférica
actuando sobre a superfície do líquido, onde o escoamento se processa necessariamente por
gravidade, apresentando-se na prática com uma grande variedade de seções. Já para (Zanini,
2016) são denominados condutos livres, aqueles em que a pressão em pelo menos um ponto da
seção de escoamento é a pressão atmosférica. Com isso percebe-se que a principal
característica do escoamento em condutos livres é que sobre a superfície do líquido actua a
pressão atmosférica. Devido a esse factor, o escoamento se processa necessariamente por
gravidade.

Segundo (ZIEMER, 2003), os canais podem ser classificados como naturais ou artificiais. Os
naturais são os existentes na natureza, como por exemplo, rios e córregos. Já os artificiais são
aqueles construídos pelo homem, como canais de irrigação e galerias. O mesmo autor ainda
diz que os princípios básicos do escoamento livre são os mesmos daqueles referentes ao
escoamento forçado, porém existe uma grande variabilidade com relação à forma e rugosidade
das paredes. As principais características geométricas e hidráulicas utilizadas nos cálculos no
escoamento livre são:

Seção ou área molhada (A): é toda seção perpendicular ao escoamento, molhada pela água
(𝑚2 );

Perímetro molhado (P): é o comprimento da linha de contorno molhada pela água (𝑚);

Largura da superfície (B): largura da superfície em contacto com a atmosfera;

Profundidade (y): é a distância do fundo do canal até a superfície livre d'água;

Profundidade hidráulica (ym): razão entre a área molhada (A) e a largura da superfície (B);

Raio hidráulico (Rh): razão entre a área molhada e o perímetro molhado (𝑚);

2.2.Tipos de Escoamento em Superfície Livre

“Os escoamentos em superfície livre, ou escoamento em canais, são caracterizados pela


presença da pressão atmosférica actuando sobre a superfície do líquido, sendo que o

2
escoamento processa-se pela ação da aceleração da gravidade. Os escoamentos em canais
podem ser divididos em dois grupos: escoamentos em regime permanente e escoamentos em
regime não permanente ou variável.” (MACCAFERRI, 2017)

“O escoamento é dito permanente se, em qualquer ponto da massa fluída em movimento, a


vazão permanecer constante ao longo do tempo. Caso contrário, ou seja, se a vazão variar ao
longo do tempo em qualquer ponto do escoamento, o mesmo é chamado de não permanente ou
variável. Além disto, os escoamentos permanentes em canais ainda podem ser classificados em
uniformes e variados.” (MACCAFERRI, 2017)

“O escoamento ou regime é uniforme quando as velocidades locais são constantes ao longo de


uma dada trajectória da corrente fluida. Neste caso, as trajectórias do escoamento são
rectilíneas e paralelas entre si, sendo que as declividades da linha d’água, do leito do canal e
da linha de energia são as mesmas. Caso não se verifiquem estas condições, o escoamento é
dito variado, e neste caso a declividade de fundo é diferente da declividade da linha d’água e
os parâmetros hidráulicos variam de seção para seção.” (MACCAFERRI, 2017). Ainda
segundo o mesmo autor, o regime permanente e uniforme é na verdade uma idealização muito
difícil de ocorrer na prática, mas que pode servir como um bom modelo de cálculo em projectos
de canais desde que sejam verificadas algumas hipóteses:

 que a seção transversal do canal seja aproximadamente prismática no trecho


considerado;
 que não ocorram interferências no escoamento no trecho considerado, nem nas
proximidades de montante e jusante.

Os conceitos para dimensionamento hidráulico de canais que serão expostos a seguir


consideram estabelecido um regime de escoamento permanente e uniforme.

Em resumo, os escoamentos em canais são classificados como:

3
Figura 1-Tipos de escoamentos de canais. Fonte: (Souto, 2008)

Nota: “No dimensionamento de canais de irrigação, deve considerar-se as limitações que são
impostas pelas condições físicas e topográficas do terreno, sobre elementos hidráulicos das
fórmulas de cálculo. Por outro lado, a eficiência de condução e o volume de escavação
necessária para a construção, impõem limitações adicionais sobre os elementos da seção
hidráulica do canal” (Calheiros, et al., 1986).

2.3.Energia Específica

Segundo (ZIEMER, 2003), a energia específica é a quantidade de energia, por unidade de peso
do líquido, medida a partir do fundo do canal.

𝑣2
𝐸 = 𝑦𝑚 + (1)
2𝑔

𝐸-energia específica, m

𝑦𝑚 -profundidade de escoamento, m

𝑣- velocidade de escoamento, 𝑚/𝑠

𝑔- aceleração da gravidade, 𝑚/𝑠 2

Para (ZIEMER, 2003),esse conceito é extremamente importante no estudo dos escoamentos


em canais, como por exemplo nos cálculos que envolvem alteração da cota do fundo,
alargamentos e estreitamentos da seção.

2.4.Número de Froude

“O Número de Froude é definido como sendo a raiz quadrada da relação entre as forças de
inércia e da gravidade.” (ZIEMER, 2003)

4
𝑣
𝐹𝑟 = (2)
√𝑔. 𝑦𝑚

em que:

𝐹𝑟 -Número de Froude (adimensional);

𝑣 : Velocidade do escoamento (m/s);

𝑦𝑚 : Profundidade hidráulica (m)

O mesmo autor relata que o Número de Froude (Equação 2) é utilizado para classificar os
escoamentos livres que ocorrem nas aplicações práticas, em três tipos:

a) Escoamento subcrítico ou fluvial, Fr < 1;

b) Escoamento crítico, Fr = 1;

c) Escoamento supercrítico ou torrencial, Fr > 1.

“Define-se escoamento crítico como sendo o valor mínimo da energia específica para uma dada
vazão.” (ZIEMER, 2003)

2.5.Movimento uniforme

“O escoamento em movimento uniforme é aquele em que há uma constância dos parâmetros


hidráulicos, como área molhada, altura d'água etc., para as várias seções do canal. Esse
movimento ocorre, em condições de equilíbrio dinâmico, entre a força aceleradora e as forças
de resistência. As forças de resistência são originadas por uma tensão de cisalhamento entre a
água e a parede molhada. Elas dependerão da viscosidade do fluído e da rugosidade do canal.
A componente da força da gravidade, na direcção do escoamento, é a força aceleradora.”
(ZIEMER, 2003). Aplicando-se a equação de Bernoulli entre duas seções 1 e 2, afastadas por
uma distância L, tem-se:

𝑣12 𝑣22
𝑦1 + 𝑧1 + = 𝑦2 + 𝑧2 + + ℎ𝑓 (3)
2𝑔 2𝑔

No movimento uniforme as velocidades de escoamento, áreas molhadas e profundidade de


escoamento não são alteradas, ou seja, 𝑣1 = 𝑣2 , 𝐴1 = 𝐴2 𝑒 𝑦1 = 𝑦2. Desta forma é correcto
afirmar que:

5
𝑧1 = 𝑧2 + ℎ𝑓 (4)

ℎ𝑓
ℎ𝑓 = 𝑧1 − 𝑧2 , Dai 𝐽 = (5)
𝐿

Em que:

𝑦1 : profundidade na seção 1, 𝑚

𝑧1 : cota do fundo do canal na seção 1, 𝑚

𝑣1 : velocidade na seção 1, 𝑚/𝑠

𝐴1 : área molhada na seção 1, 𝑚2

𝑦2 : profundidade na seção 2, 𝑚

𝑧2 : cota do fundo do canal na seção 2, 𝑚

𝑣2 : velocidade na seção 2, 𝑚/𝑠

𝐴2 : área molhada na seção 2, 𝑚2

ℎ𝑓 , 𝑚/𝑚 : perda de carga, 𝑚

𝐽 : perda de carga unitária ou declividade media, 𝑚/𝑚

𝐿: distância entre a seção 1 e a seção 2, 𝑚

Isto demonstra que, em trechos onde ocorre o movimento uniforme, a perda de carga é igual à
diferença de cotas da superfície d’água, resultando num paralelismo entre a linha de energia,
linha d'água e do fundo do canal.

2.6.Dimensionamento Hidráulico

Todo o equacionamento apresentado refere-se a escoamentos em regime uniforme e


permanente, válido quando as características hidráulicas (𝑦𝑚 , 𝑄 𝑒 𝑣) são constantes no tempo
(regime permanente) e ao longo do percurso (regime uniforme), com o escoamento ocorrendo
em condutos livres, nos quais parte do perímetro molhado mantém-se em contacto com a
atmosfera.

6
2.6.1. Equação de Manning

“A fórmula de Manning é uma equação simples e por isso uma das mais empregadas para o
dimensionamento de canais. Foi proposta por Manning em 1889, através de análise de
resultados experimentais, obtidos por ele e outros pesquisadores. Um dos factores que
favorecem a utilização desta fórmula é a fácil obtenção dos coeficientes de atrito também
chamado de coeficiente de rugosidade de manning, que dependerão do tipo de revestimento do
conduto. Esses valores são encontrados na literatura voltada ao estudo da hidráulica e em
catálogos de fabricantes de revestimentos e condutos.” (ZIEMER, 2003)

3
√𝑅ℎ2 . 2√𝐽
𝑣= (6)
𝑛

Onde:

𝑣-velocidade média (em m/s)

𝑛-coeficiente de rugosidade de Manning

𝐽- Declividade média (em m/m)

𝑅ℎ -Raio hidráulico (em m)

O raio hidráulico é uma grandeza linear característica do escoamento, definida pelo quociente
da área molhada pelo perímetro molhado da seção do escoamento.

𝐴𝑚
𝑅ℎ = (7)
𝑃𝑚

Com:

𝑅ℎ -raio hidráulico (em m)

𝐴𝑚 -área molhada (em m²)

𝑃𝑚 -perímetro molhado (em m)

2.6.1.1.Tipo de problema para aplicação da equação de Manning

 Verificação das variáveis hidráulicas: por exemplo, conhecidos os valores da geometria


da seção transversal, os valores de coeficiente de rugosidade de Manning e a
declividade do fundo, calcular a vazão do canal

7
 Dimensionamento geométrico: conhecidas as variáveis hidráulicas, calcular a
profundidade normal, y0 (e consequentemente a área e perímetro molhados

NB: Anexos encontra-se um abaco que ajuda no cálculo de alguns parâmetros da equação de
Manning.

2.6.2. Equação da Continuidade

𝑄 = 𝑣. 𝐴𝑚 (8)

Onde:

𝑣-velocidade média (em m/s)

𝐴𝑚 -área molhada (em m²)

𝑄- vazão (em m³/s)

Das equações (6) e (8), resulta a equação 9, que permite a determinação de vazões (em m³/s)
em função do coeficiente de Manning, do raio hidráulico (em m), da declividade média (em
m/m) e da área molhada (em m²).

1 23 2
𝑄= 𝑅 . √𝐽 𝐴𝑚 (9)
𝑛 ℎ

2.6.3. Rugosidade e Rugosidade equivalente

A Tabela 1 apresenta alguns valores do coeficiente de rugosidade n para utilização em


projectos, nas equações (6) e (9).

Tabela 1-Coeficiente de Rugosidade de Manning (n). Fonte: (DAEE, 2017)

“Quando o perímetro molhado de uma mesma seção possuir trechos de diferentes rugosidades,
deve-se calcular a rugosidade equivalente. As seções com diferentes rugosidades podem ser

8
utilizadas quando não há necessidade de revestimento total na seção do canal, como por
exemplo um canal de seção qualquer com fundo não revestido e lateral de pedras irregulares.”
(ZIEMER, 2003)

Para (DAEE, 2017), quando estiver-se perante canais com parte da seção revestida e parte sem
revestimento, como os casos das Figura 1, e da Figura 2, com fundo em terra, e nos casos em
que são utilizados diferentes tipos de revestimento, determina-se um coeficiente de rugosidade
equivalente, aplicando-se a expressão:

𝑃𝑎 . 𝑛𝑎 + 𝑃𝑏 . 𝑛𝑏 + ⋯ + 𝑃𝑛 . 𝑛𝑛
𝑛𝑒𝑞 = (10)
𝑃𝑎 + 𝑃𝑏 + ⋯ + 𝑃𝑛

Figura 2-canal com revestimento de pedra argamassada com fundo natural. Fonte: (DAEE,
2017)

Figura 3-canal com revestimento de concreto. Fonte: (DAEE, 2017)

Já (ZIEMER, 2003)apresenta a seguinte equação por Forchheimer para calcular a rugosidade


média equivalente:

𝑃1 .𝑛12 +𝑃2 .𝑛22 +⋯+𝑃𝑛 .𝑛𝑛


2
𝑛𝑒𝑞 = √ (11)
𝑃1 +𝑃2 +⋯+𝑃𝑛

Onde:

𝑛𝑒𝑞 -Rugosidade equivalente

𝑃𝑛 -Perímetro do n-ésimo segmento, m

9
𝑛𝑛 -Rugosidade do n-ésimo segmento

Nota: Para canais revestidos de concreto bem acabado, de traçado rectilíneo, com águas limpas,
pode-se admitir n=0,013. Caso a canalização apresente singularidades, onde houver a
possibilidade de retenção e/ou de deposição de sedimentos, deve-se adoptar n=0,018 ou estimar
a rugosidade equivalente (𝑛𝑒𝑞 ) pela expressão (10) ou (11).

2.6.4. Limites de velocidade em canais

No projecto do canal devem ser respeitados os limites de velocidade, evitando problemas de


assoreamento e erosão. ZIEMER (2003), recomenda alguns valores máximos para a velocidade
média no canal a fim de evitar erosão (Tabela 2). O autor também recomenda valores de
velocidade mínima para evitar assoreamento (Tabela 3).

Tabela 2- Valores de velocidades máximas, recomendadas para canais em função do material de revestimento
do mesmo. Fonte: (ZIEMER, 2003)

Tabela 3- Valores mínimos recomendáveis para velocidade média no canal, para evitar problemas com
sedimentação. Fonte: (ZIEMER, 2003)

2.6.5. Inclinação dos taludes em função do material do canal

A inclinação das paredes laterais de um canal depende principalmente do tipo de material. A


Tabela 4 traz inclinações desejáveis para uso com vários tipos de materiais.

10
Tabela 4- Recomendação da inclinação das paredes laterais em função da natureza das paredes.

2.6.6. Folga nos canais

É importante a adopção de uma folga para evitar problemas de transbordamentos ou


contrabalançar a diminuição da capacidade devido à sedimentação. ZIEMER (2003) diz que,
por medida de segurança, deve-se aumentar o valor da profundidade de 20 a 30% e recomenda
os seguintes valores:

Tabela 5- Valores da borda livre em função da vazão do canal. Fonte: (ZIEMER, 2003)

2.6.7. Seções compostas

Canais desse tipo são utilizados para funções especiais, como por exemplo, rectificação de
cursos d'água e drenagem de águas pluviais, onde a vazão apresenta variações significativas.
Um canal pode ser composto por várias subsecções, possuindo, cada subsecção, rugosidades
diferentes ou não.

Deve-se dimensionar a seção para suportar a vazão máxima, porém quando a mesma estiver
transportando uma vazão muito menor, poderá haver deposição de material no fundo do
canal. Para que não ocorra esse problema, utilizam-se as seções compostas. Assim, a seção
menor fica com a função de escoar as vazões menores, evitando a ocorrência de deposição de
material. O mesmo autor ainda salienta que no cálculo hidráulico de seções irregulares ou
duplas, obtêm-se melhores resultados subdividindo a seção em partes cujas profundidades
não sejam muito diferentes. Portanto, a vazão total será a soma das vazões parciais destas
subsecções:

11
𝑄𝑡 = 𝑄1 + 𝑄2 + ⋯ + 𝑄𝑛 (12)

2.6.8. Geometria das Seções Mais Comuns

A Tabela 6 apresenta expressões para cálculo de elementos característicos das seções de canais
de utilização mais frequente com base em sua geometria. Lembrar que além das seções
geométricas apresentadas, há outros tipos como: de base rectangular com abóbada semicircular,
ferradura, boca e ovóide, cujos dimensionamentos podem ser encontrados fazendo pesquisas
mais aprofundadas a respeito. No presente trabalho ira-se apenas parar nessas.

Tabela 6-Elementos hidráulicos característicos de diferentes tipos de seções. Fonte<. (DAEE, 2017)

2.6.9. Canais de máxima eficiência

“Também chamada de mínima resistência, de menor perímetro molhado ou de seção


económica, a seção de máxima eficiência é aquela que para determinada área, rugosidade e
declividade, a vazão é máxima.” (ZIEMER, 2003)

Seção circular:

A figura que comparada com outras de mesma área, apresenta a menor relação perímetro/área,
é o círculo. Assim, para conduto circular ou semicircular,

12
Figura 4-Canal de seção circular. Fonte: (Zanini, 2016)

𝜋𝐷2 𝐴 𝐷
𝐴= ; 𝑃 = 𝜋𝐷 → 𝑅ℎ = =
4 𝑃 4

Figura 5- Canal de seção semicircular. Fonte: (Zanini, 2016)

𝜋𝐷2 𝐴 𝐷 ℎ
𝐴= ; 𝑃 = 𝜋𝐷 → 𝑅ℎ = = =
4 𝑃 4 2

Portanto, o canal será de máxima eficiência quando 𝑅ℎ = 2

b) Seção rectangular:

Partindo-se da condição de máxima eficiência,

ℎ 𝐿ℎ 𝐿
𝑅ℎ = = →ℎ=
2 2ℎ + 𝐿 2

Logo, o canal rectangular será de máxima eficiência quando a altura de água for metade de
sua largura.

Figura 6-Canal de seção rectangular. Fonte: (Zanini, 2016)

Seção trapezoidal:

13
Figura 7-Canal de seção trapezoidal. Fonte: (Zanini, 2016)

𝐴 = ℎ(𝑏 + 𝜆ℎ)

𝐴
𝑏= − 𝜆ℎ

𝑃 = 𝑏 + 2ℎ√1 + 𝜆2

𝐴
𝑃= − 𝜆ℎ + 2ℎ√1 + 𝜆2

Tratando-se de seção de máxima eficiência, P = mínimo; portanto, a derivada primeira é igual


a zero, ou seja, 𝑑𝑃/𝑑ℎ = 0.

𝑑𝑃 𝐴
= 0 = − ℎ2 − 𝜆 + 2√1 + 𝜆2, com isso,
𝑑ℎ

𝐴 = ℎ2 (2√1 + 𝜆2 − 𝜆)

Portanto a área de máxima eficiência seria a descrita na equação acima escrita.

14
3. CONCLUSÃO
Findo o trabalho, percebe-se que o dimensionamento dos canais tem como base principal a
equação de Manning, equação esta que permite afirmar que a vazai em um canal se, mantidos
a área molhada, declive de fundo e coeficiente de Manning, o perímetro molhado for mínimo.
Outra conclusão a que se pode chegar a partir da mesma equação, é a de que, para uma vazão
constante a melhor secção hidráulica é a que apresenta área mínima. De lembrar que a equação
de Manning é um caso particular da equação de Chezy que fornece a velocidade média da
vertical no escoamento uniforme, com tudo nessa equação é difícil determinar o valor do
coeficiente de Chezy, tendo Manning sugerido calcular esse valor em função de tipo de material
que ira compor as paredes do canal a dimensionar. É importante mencionar que todos os
cálculos realizados geralmente nos dimensionamentos dos cains tem em conta o movimento
uniforme que não é exactamente o que se encontra na vida cotidiana, contudo é uma
aproximação que apresenta erros desprezíveis na maioria dos casos.

15
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Andrade, Fernando O. de. Escoamento uniforme em condutos livres. Paraná : UTFPR, 2020.

Calheiros, Rinaldo de Oliveira, Aguilar, José e Silva, Claudio Alberto Souza da. PROGRAMA
DE MICROCOMPUTADOR, EM LINGUAGEM BASIC, PARA O DIMENSIONAMENTO DE
CANAIS DE IRRIGAÇÃO. Brasília : UEPAE, 1986. pp. 5-16.

DAEE. Hidráulica de Canais, Travessias e Barramentos. Hidrologia e Hidráulica: conceitos


básicos e metodologias: Parte I. São Paulo : DAEE, 2017.

MACCAFERRI. Revestimento de canais e cursos de água: Manual Técnico. São Paulo :


ABMS&IECA, 2017. pp. 25-53.

Souto, Janaína Neves. ANÁLISE E ESTUDO DE ESCOAMENTO EM CONDUTOS LIVRES


COM UM TRATAMENTO COMPUTACIONAL ATRAVÉS DE SOFTWARE DE SIMULAÇÃO.
Brasília : UniCEUB, 2008. pp. 22-52.

Zanini, José Renato. Hidráulica: Teoria e Exercícios. São Paulo : Unesp, 2016. pp. 103-108.

Ziemer, Alisson Hofstatter. APLICATIVO COMPUTAIONAL PARA DIMENSIONAMENTO


DE CANAIS E ESTRUTURAS HIDRÁULICAS. Minas Gerais : UFLA, 2003. pp. 13-20.

16
Anexos

i
Figura 8-abaco de auxílio nos cálculos de um escoamento uniforme. Fonte: (Andrade, 2020)

ii
Exemplos
Exemplo 1: Suponha que um canal de seção transversal quadrada com 0,5 m de lados, feito em
concreto (coeficiente de rugosidade de Manning n= 0,012) e com declividade de 0,01 m/m é
construído para transportar uma vazão constante de água de 0,26 m3/s em regime uniforme.
Dadas essas condições, determine a profundidade do escoamento.

iii
Exemplo 2: Considere um condomínio residencial horizontal de 15.000 m2 na cidade de
Curitiba, onde a chuva de projecto é de 75 mm/h. Deseja-se construir um canal de drenagem
de águas pluviais no exutório do condomínio, usando uma seção transversal rectangular com
base 0,75 m, feita de concreto (coeficiente de rugosidade de Manning n= 0,012) e com
declividade de 1%. Sabendo que o coeficiente de escoamento superficial é Cs=0,8 e que a
altura das paredes do canal a ser construído é 0,1667 m, determine se esse canal é adequado
para transportar a vazão de projecto.

iv
v
vi
vii

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