Você está na página 1de 85

VENTILAÇÃO MECÂNICA NÃO

INVASIVA NA CRIANÇA COM


DOENÇA RESPIRATÓRIA CRÔNICA
Rosângela Aparecida Alves Grande

OBJETIVOS
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
▪ indicar corretamente a VNI para pacientes pediátricos

com doença respiratória crônica;


▪ definir os objetivos do uso da VNI em pacientes

pediátricos com enfermidades crônicas;


▪ identificar as diferentes interfaces da VNI e suas

indicações em pediatria;
▪ distinguir as principais situações pediátricas crônicas

com indicação de VNI;


▪ avaliar a importância da qualidade na assistência.

ESQUEMA CONCEITUAL
INTRODUÇÃO
A literatura abrange atualmente muitas indicações sobre o
papel da ventilação mecânica não invasiva (VNI) em
pediatria, podendo-se notar, em uma rápida pesquisa, que é
um assunto muito atual e cada dia mais presente na vida de
profissionais que atuam em pediatria, tanto com pacientes
portadores de enfermidades agudas como em pacientes
crônicos.
Desperta-se, de maneira mais presente, a preocupação com
a qualidade de vida dos pacientes com o uso da VNI e, em
particular, no paciente crônico, o que possibilita uma
abordagem mais humanizada e bastante segura.

VNI AO LONGO DA HISTÓRIA


Os primeiros relatos da utilização do suporte respiratório
não invasivo remetem há mais de 100 anos, por meio do
emprego da pressão negativa em torno do tórax. Os sistemas
primordiais trabalhavam com couraças e os chamados iron
lungs, ou pulmões de ferro, desenvolvidos na década de 1920
(Figuras 1 e 2).1

FIGURA 1: Iron lungs integrados em um único painel de


tratamento. // Fonte: Boston Children’s Hospital Archive
(2013).2
FIGURA 2: Criança no iron lung com espelho facilitador de
interação. // Fonte: Boston Children’s Hospital Archive
(2013).2

A partir de meados da década de 1950, uma série de eventos


ocorreu, limitando o uso dos pulmões de ferro. Entre eles, a
erradicação da poliomielite, para a qual esses equipamentos
tiveram grande valia. A partir desse momento, foram
desenvolvidos novos sistemas, que passaram a utilizar a
pressão positiva na via aérea. Nessa época, também foi
iniciada a evolução de próteses ventilatórias invasivas (tubo
orotraqueal).1
Até a década de 1980, ainda era mais utilizada a ventilação
invasiva. A chamada VNI moderna começou a ser descrita
em 1987, devido a um caso de distrofia muscular de
Duchenne (DMD), que foi ventilado por uma máscara nasal.
A partir de então, desenvolveu-se uma nova era na história da
VNI, com a padronização das interfaces (Figura 3).1

FIGURA 3: Protótipo artesanal de interface para VNI. // Fonte:


Kacmarek (2011).4

Da década de 1960 até 1980, foram relatados, de modo


crescente, casos de pacientes beneficiados por ventilação
domiciliar. No início, os casos descritos de uso da VNI eram
modestos, aumentando ao longo dos anos conforme
surgiam novas tecnologias e equipes interessadas e
treinadas. Assim, surgiu a nomenclatura ventilação não
invasiva com pressão positiva (VNIPP).1
A aplicação da VNIPP foi tornando-se mais popular e, ao
mesmo tempo, foi mostrando-se evolutivamente eficaz,
confortável e bem tolerada. Então, os equipamentos de VNI
por pressão negativa foram praticamente abandonados,
tendo o uso bastante restrito a algumas situações muito
peculiares, como intolerância às interfaces e dificuldade em
mudar de sistema de suporte ventilatório.1
Desde o início da indicação da VNI, os pacientes mais
envolvidos nos casos com necessidade de suporte
prolongado foram, sem dúvida, aqueles com enfermidades
neuromusculares e malformações da caixa torácica, devido
à característica de falência crônica da ventilação. A partir de
então, as indicações da VNI a longo prazo só cresceram em
todo o planeta.1
Os estudos, então, começam a mostrar grande variação na
indicação, avaliação e evolução em uma enorme gama de
enfermidades e situações beneficiadas pela VNI. Na década
de 1980, os estudos em VNI domiciliar começaram a ganhar
forma e conteúdo científico. Diante disso, o desenvolvimento
de equipamentos, a incorporação de novos modos
ventilatórios, a abertura de novas possibilidades de
assistência e o avanço exponencial tecnológico nesses
últimos 30 anos têm se mostrado ilimitados. Hoje em dia,
não se pode falar de avanço na medicina respiratória sem
reconhecer o enorme papel da VNI nesse contexto (Figuras
4A a K).1
FIGURA 4: A a K) Evolução dos equipamentos de VNI ao
longo do tempo. // Fonte: Díaz Lobato e Mayoralas Alises
(2013).1

ATIVIDADES

1. Assinale a afirmativa correta sobre a VNI.

A) Os primeiros relatos de utilização da VNI datam da


década de 1940.

B) O emprego da VNI nos primeiros anos foi feito por


meio do uso de pressão negativa em torno do tórax.

C) A evolução da VNI por pressão negativa aconteceu


depois do desenvolvimento dos sistemas de VNIPP.

D) A couraça é um sistema de VNIPP.

Confira aqui a resposta

2. Analise as afirmativas a seguir sobre a VNI.


I. O início da utilização da VNI em pediatria contemplou a
assistência de pacientes em pós-operatórios
ortopédicos.
II. A falência crônica da ventilação é fator preponderante
na instituição da VNI.
III. Os primeiros estudos em VNI domiciliar surgiram na
década de 1980.
Qual(is) está(ão) correta(s)?

A) Apenas a I.

B) Apenas a I e a II.

C) Apenas a II e a III.

D) A I, a II e a III.

Confira aqui a resposta

3. Os sistemas primordiais trabalhavam com couraças e


com os chamados pulmões de ferro e foram
desenvolvidos na década de

A) 1920.

B) 1930.

C) 1940.

D) 1950.

Confira aqui a resposta

4. Assinale a afirmativa que indica a década que se


começou a limitar o uso dos pulmões de ferro.

A) 1940.

B) 1950.
C) 1960.

D) 1970.

Confira aqui a resposta

5. Na década de 1950, foram desenvolvidos novos


sistemas que passaram a utilizar a pressão positiva na
via aérea, sendo também iniciada, nessa época, a
evolução de próteses ventilatórias invasivas, como

A) VNI domiciliar.

B) pulmões de ferro.

C) máscara nasal.

D) tubo orotraqueal.

Confira aqui a resposta

6. Assinale a alternativa que apresenta a(s)


enfermidade(s) na(s) qual(is) os pacientes tiveram
mais necessidade de suporte prolongado, desde o início
da indicação da VNI.

A) Enfermidades neuromusculares e malformações


da caixa torácica.

B) Enfermidades neuromusculares e DMD.

C) Malformações da caixa torácica.

D) DMD e malformações da caixa torácica.


Confira aqui a resposta

7. Devido a um caso de DMD, a chamada VNI moderna


começou a ser descrita em

A) 1981.

B) 1984.

C) 1987.

D) 1989.

Confira aqui a resposta

ENFERMIDADE RESPIRATÓRIA CRÔNICA EM PEDIATRIA

A definição de enfermidade respiratória crônica em


pediatria envolve diferentes situações clínicas, desde
alterações primárias no funcionamento adequado do
sistema respiratório até condições ventilatórias
secundárias ineficientes, ligadas a quadros clínicos
relacionados a múltiplos órgãos ou sistemas,
repercutindo na desestruturação da respiração
fisiológica.5

O desenvolvimento de tecnologia em saúde mostra uma


crescente evolução na assistência pediátrica, caracterizada
por diagnóstico, abordagem e atendimento de condições
heterogêneas ligadas a situações clínicas que afetam
múltiplos sistemas orgânicos. Nesse aspecto, pode-se
enfatizar que, interligadas entre diversas situações, um
grande número de pacientes pediátricos vivencia, como uma
das mais presentes, as complicações relacionadas à
respiração.2
Em geral, as crianças com necessidades especiais de
assistência em saúde precisam ser atendidas dentro de
programas interligados entre especialidades, com
características de assistência multiprofissional e condições
de resolução de intercorrências (Figura 5).5

FIGURA 5: Situações interligadas no atendimento do


paciente pediátrico crônico. // Fonte: Chiang e Amin (2017).5

Apesar de o número absoluto de crianças com enfermidades


crônicas ser relativamente baixo, a necessidade de
internação hospitalar frequente faz esses pacientes
demandarem maior atenção e assistência em saúde. As
causas mais frequentes de internação hospitalar são as
seguintes:5
▪ cirurgias e tratamento dentro de variadas
especialidades;
▪ afecções respiratórias;
▪ falha no equipamento de suporte domiciliar;
▪ dificuldades na alimentação com consequente
desnutrição.
Essas causas de internação hospitalar elevam a
morbimortalidade das crianças com enfermidades crônicas,
com especial destaque para as afecções respiratórias, que
incluem:5
▪ pneumonias aspirativas;

▪ tosse ineficaz;

▪ distúrbios do sono;

▪ insuficiência respiratória.

Os estudos que avaliaram o impacto das afecções


respiratórias nos custos em saúde dos pacientes com
enfermidades crônicas descrevem índices elevados, com
valores girando em torno de 30% do total dos gastos,
destacando os altos custos destinados a reinternações e à
necessidade de suporte clínico e tecnológico.6
Deve-se considerar também que os avanços no
desenvolvimento e a aplicação de suporte avançado têm
proporcionado uma maior sobrevida e, consequentemente,
um aumento nos custos para a manutenção de boas
condições de sobrevivência dos pacientes.6
Hoje em dia, a identificação de quais pacientes entrariam
para o grupo de portadores de necessidades de seguimento
a longo prazo — a partir do nascimento na grande maioria dos
casos e, excepcionalmente, para aqueles com sequelas
adquiridas em alguma etapa da vida — é bem clara e
estabelecida. Existe, porém, uma real dificuldade em se
prever os custos, devido à heterogeneidade das
consequências da evolução do paciente, que sofre
interferência de vários fatores previsíveis, porém não
quantificáveis.6
As enfermidades pediátricas que cursam com necessidade
de acompanhamento a longo prazo são inúmeras e variadas,
dentro de espectros de acometimento bem definidos, com
consequências, na maioria das vezes, esperadas. Em geral, o
desequilíbrio da condição respiratória afeta a função
respiratória esperada, a qualidade do sono e do padrão
ventilatório, necessários à sobrevivência.6
Existem inúmeras classificações das disfunções que cursam
com graus de insuficiência respiratória crônica (IRespC). Em
geral, a literatura elabora essa descrição com base nas
características dos serviços de onde se originam os estudos.
O Quadro 1 A seguir apresenta a classificação que identifica
algumas das principais enfermidades de curso crônico,
definidas a partir das implicações no sono.5

QUADRO 1
FATORES DE RISCO PARA DISTÚRBIOS RESPIRATÓRIOS E
ALTERAÇÕES NO SONO
Apneia Comprometimento ▪ Miopatias (p.ex.,
obstrutiva neuromuscular DMD)
▪ Doença do
neurônio motor
(p. ex., amiotrofia
FATORES DE RISCO PARA DISTÚRBIOS RESPIRATÓRIOS E
ALTERAÇÕES NO SONO
muscular
espinhal)
▪ Lesão medular

▪ Doenças

desmielinizantes
Anomalias de vias ▪ Laringomalácia
aéreas ▪ Laringodistonia

▪ Paralisia

pseudobulbar
▪ Disfunção nas
cordas vocais
▪ Atresia de coanas

▪ Micro/retrognatia

▪ Macroglossia

Anormalidades ▪ Escolioses
musculoesqueléticas ▪ Cifoses

▪ Distrofias

torácicas
Causas de origem no ▪ Malformação de
sistema nervoso Arnold-Chiari
central (SNC) ▪ Infecção

▪ Tumores

▪ Sequelas de
hemorragias
▪ Hipertrofia

adenotonsilar
FATORES DE RISCO PARA DISTÚRBIOS RESPIRATÓRIOS E
ALTERAÇÕES NO SONO
▪ Obesidade
mórbida
Apneia central Congênitas ▪ Síndrome da
hipoventilação
central
▪ Malformação de
Arnold-Chiari
▪ Síndrome de
Prader-Willi
▪ Síndrome de
Moebius
▪ Erros inatos do
metabolismo
Adquiridas ▪ Sequelas de
infecções do
SNC
▪ Tumores do SNC

▪ Sequela de
hemorragia
cerebral
▪ Trauma medular

Hipoventilação Neuromuscular ▪ Miopatias (p.ex.,


noturna DMD)
▪ Doenças do
neurônio motor
(p.ex., atrofia
FATORES DE RISCO PARA DISTÚRBIOS RESPIRATÓRIOS E
ALTERAÇÕES NO SONO
muscular
espinhal [AME])
▪ Doenças

desmielinizantes
▪ Síndrome de
Guillain-Barré
Anomalias ▪ Escolioses
esqueléticas ▪ Cifoses

▪ Distrofias

torácicas
Distúrbios do ▪ Fibrose cística
parênquima ▪ Doença pulmonar

pulmonar crônica da
infância (p.ex.,
displasia
broncopulmonar)
▪ Hipoplasia

pulmonar
Fonte: Chiang e Amin (2017).5

ATIVIDADES

8. As crianças portadoras de enfermidades respiratórias


crônicas apresentam alta incidência de internações
hospitalares. Analise as alternativas sobre as possíveis
causas de internação.
I. Cirurgias e tratamento dentro de variadas
especialidades.
II. Afecções respiratórias.
III. Falha no equipamento de suporte domiciliar.
IV. Apoio psicológico intensivo.
Quais estão corretas?

A) Apenas a I e a II.

B) Apenas a II e a III.

C) Apenas a I, a II e a III.

D) A I, a II, a III e a IV.

Confira aqui a resposta

9. Analise as afirmativas sobre as causas mais


frequentes de internação hospitalar.
I. Cirurgias e tratamento dentro de variadas
especialidades.
II. Afecções respiratórias.
III. Excesso de equipamentos domiciliares.
IV. Dificuldades na alimentação com consequente
desnutrição.
Quais estão corretas?

A) Apenas a I e a II.

B) Apenas a II e a III.
C) Apenas a I, a II e a IV.

D) A I, a II, a III e a IV.

Confira aqui a resposta

10. Assinale a alternativa que apesenta os fatores de


risco para distúrbios respiratórios e alterações no sono
relacionados à apneia obstrutiva.

A) Comprometimento neuromuscular, lesão medular e


paralisia pseudobulbar.

B) Erros inatos do metabolismo, escoliose e lesão


medular.

C) Paralisia pseudobulbar, comprometimento


neuromuscular e escoliose.

D) Lesão medular, escoliose e erros inatos do


metabolismo.

Confira aqui a resposta

11. Assinale a alternativa que apesenta os fatores de


risco para distúrbios respiratórios e alterações no sono
relacionados à apneia central.

A) Trauma medular, sequelas de infecções do SNC e


Guillain-Barré.

B) Síndrome da hipoventilação central, trauma


medular e laringomalácia.
C) Síndrome de Guillain-Barré, laringomalácia e trauma
medular.

D) Sequelas de infecções do SNC, trauma medular e


síndrome da hipoventilação central.

Confira aqui a resposta

12. Assinale a alternativa que apesenta os fatores de


risco para distúrbios respiratórios e alterações no sono
relacionados à hipoventilação noturna.

A) Anomalias esqueléticas, distrofias torácicas e


disfunção nas cordas vocais.

B) Distrofias torácicas, anomalias esqueléticas e


distúrbios do parênquima pulmonar.

C) Disfunção nas cordas vocais, síndrome de Prader-


Willi e distrofias torácicas.

D) distúrbios do parênquima pulmonar, anomalias


esqueléticas e síndrome de Prader-Willi.

Confira aqui a resposta

INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA CRÔNICA EM PEDIATRIA


A falha respiratória crônica é identificada pela história e pelo
exame clínico da criança, os quais fornecem a primeira
indicação da presença em potencial da IRespC. Inicialmente
o diagnóstico da enfermidade acaba por ficar em segundo
plano, devido à necessidade de abordagem dos sintomas
observados.7
O teste considerado padrão-ouro para o diagnóstico
da IRespC é a análise da pressão arterial de gás
carbônico (PaCO2) na gasometria arterial.

Os primeiros sinais de IRespC são geralmente associados a


alterações no sono ou se manifestam sob algum grau de
estresse. Diante da dificuldade na coleta da gasometria
arterial, pode-se lançar mão da medida da pressão parcial de
gás carbônico transcutâneo (PTcCO2), porém são raros os
serviços que possuem esse método de avaliação.7

No serviço de fisioterapia do Hospital de Clínicas da


Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), utiliza-se a
medida do gás carbônico (CO2) exalado por meio da
capnometria para o diagnóstico e acompanhamento de
crianças com IRespC, durante a internação hospitalar,
daqueles pacientes que utilizam via aérea artificial, em
especial, a traqueostomia.

A saturação de pulso de oxigênio (SpO2) pode ser efetiva na


avaliação complementar. Deve-se observar que, para a
utilização da SpO2 no momento da avaliação, o paciente não
deve estar em suplementação de oxigênio durante a medida.7
A eficácia da bomba respiratória vai depender de um sistema
bastante complexo, demonstrado no esquema da Figura 6.
FIGURA 6: Sequência da ativação da bomba respiratória. //
Fonte: Windisch e colaboradores (2018).8

Como o funcionamento adequado da bomba respiratória


depende de alguns fatores atuando em sincronia, várias
situações de caráter deletério podem atuar em alguma fase
do processo, fazendo as alterações aparecerem sob várias
formas. Essas alterações podem ser de origem central,
muscular, de caixa torácica, de obstrução das vias aéreas,
entre outras.9
No caso de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC),
ocorre um aumento na sobrecarga muscular e redução da
capacidade dos músculos inspiratórios. Gasometricamente
pode-se observar, em um primeiro momento, uma
insuficiência respiratória aguda com acidose respiratória.
Caso haja manutenção a longo prazo dessa acidose, a
retenção de bicarbonato (BIC) deflagrada acompanha a
evolução para uma IRespC.9
A Figura 7 a seguir mostra um esquema com as alterações
do sistema respiratório, suas implicações nos gases
sanguíneos e a abordagem terapêutica.

PaO2: pressão parcial de oxigênio no sangue arterial; PaCO2:


pressão arterial de gás carbônico. ↑: aumento; ↓: diminuição.
FIGURA 7: Alterações do sistema respiratório, suas
implicações nos gases sanguíneos e abordagem terapêutica.
// Fonte: Windisch e colaboradores (2018).9

O tratamento da IRespC deve associar a assistência à


doença subjacente ao uso de suporte ventilatório. O
tratamento para essa situação sem o uso da ventilação
artificial não é possível.9
No Quadro 2 a seguir, pode-se observar as causas de IRespC
hipercápnica com possibilidade de uso da VNI, e o Quadro 3
apresenta os benefícios da VNI em pediatria.

QUADRO 2
CAUSAS DE INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA CRÔNICA
HIPERCÁPNICA COM POSSIBILIDADE DE USO DA VENTILAÇÃO
MECÂNICA NÃO INVASIVA
Enfermidades do ▪ Malformação de Arnold-
SNC Chiari
▪ Síndromes de hipoventilação

central
▪ Mielomeningocele

▪ Traumas medulares

▪ Traumatismo

cranioencefálico
▪ Tumores de fossa posterior

Doenças ▪ AME
neuromusculares ▪ Miopatias em geral
(congênitas, mitocondriais,
metabólicas, inflamatórias)
▪ Distrofias musculares

▪ Síndrome de Guillain-Barré

▪ Síndromes miastênicas

▪ Paralisia do nervo frênico

▪ Distrofias miotônicas

▪ Poliomielite

▪ Botulismo

Afecções de vias ▪ Síndrome de Pierre-Robin


aéreas superiores ▪ Traqueomalácia

▪ Apneia obstrutiva do sono

Enfermidades ▪ Displasia broncopulmonar


pulmonares ▪ Fibrose cística
CAUSAS DE INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA CRÔNICA
HIPERCÁPNICA COM POSSIBILIDADE DE USO DA VENTILAÇÃO
MECÂNICA NÃO INVASIVA
▪ Fibrose pulmonar
▪ Bronquiectasia

Alterações no sono ▪ Síndrome da hipoventilação


na obesidade
▪ Síndrome de Prader-Willi

▪ Síndrome de Williams

// Fonte: Garcia-Fernandez (2019).7

QUADRO 3
BENEFÍCIOS DA VENTILAÇÃO MECÂNICA NÃO INVASIVA EM
PEDIATRIA
▪ Melhora da mecânica respiratória e auxílio no
trabalho respiratório.
▪ Descanso da musculatura respiratória.

▪ Diminuição do trabalho respiratório.

▪ Diminuição do consumo total de oxigênio.

▪ Diminuição da hipercapnia e aumento do volume

corrente em uso de pressões inspiratórias.


▪ Aumento da capacidade residual funcional (CRF) e

do volume pulmonar expiratório final por meio de


pressão positiva expiratória nas vias aéreas
(EPAP) e pressão positiva contínua nas vias
aéreas (CPAP).
BENEFÍCIOS DA VENTILAÇÃO MECÂNICA NÃO INVASIVA EM
PEDIATRIA
▪ Prevenção da formação de atelectasias,
aumentando a diferença entre a CRF e o volume de
fechamento.
▪ Ajuda na manutenção da permeabilidade das vias

aéreas superiores.
▪ Diminuição dos sintomas da insuficiência
respiratória, normalizando a frequência
respiratória (FR) e diminuindo a dispneia.
▪ Melhora do conforto do paciente (sensação
subjetiva de insuficiência respiratória).
▪ Manejo respiratório do paciente acordado,
diminuindo a necessidade de sedação.
▪ Evitar a evolução para intubação endotraqueal.

// Fonte: Garcia-Fernandez (2019).7


Uma abordagem bastante eficiente no manejo dos pacientes
com necessidade de suporte ventilatório já sabidamente a
longo prazo — o que inclui o uso domiciliar — é a realização
da adaptação no ambiente hospitalar dos equipamentos
designados para esse fim. A equipe hospitalar define as
necessidades tecnológicas da criança e colabora na seleção
dos equipamentos. Caso a adaptação falhe para um
determinado ventilador, a equipe hospitalar trabalha na
reavaliação da indicação. Essa abordagem proporciona
melhor adaptação do paciente ao sistema selecionado e
tranquiliza os familiares.8
Quanto ao tempo de uso da VNI com o propósito de
assistência a longo prazo, considera-se a utilização como de
forma contínua, intermitente ou noturna. As mudanças na
evolução do paciente, para melhor ou para pior, fazem o
tempo de uso da VNI se ajustar à necessidade do momento.
Os pacientes que utilizam a VNI de forma noturna ou
intermitente podem necessitar da utilização contínua frente
a uma agudização do quadro, por exemplo.8

CARACTERÍSTICAS GERAIS DA VNI NA INSUFICIÊNCIA


RESPIRATÓRIA CRÔNICA EM PEDIATRIA
A VNI é indicada para transtornos que causem, dentro de
variadas formas, um desequilíbrio respiratório.
Os componentes do equilíbrio respiratório são os seguintes:10
▪ carga imposta ao sistema respiratório;

▪ capacidade dos músculos respiratórios;

▪ impulso central.

As Figuras 8A a D apresentam o balanço respiratório normal


e deficitário, bem como o papel da VNI.
FIGURA 8: Balanço respiratório normal, deficitário e papel da
VNI. A) O equilíbrio respiratório normal ocorre quando a
carga imposta ao sistema respiratório, a capacidade dos
músculos respiratórios e a condução central estão em
equilíbrio. B) Uma diminuição no drive central (seta) causa
uma diminuição na atividade dos músculos respiratórios e
subsequentemente uma redução na ventilação alveolar. C)
Uma fraqueza dos músculos respiratórios ou um aumento na
carga respiratória provoca um aumento no acionamento
central (seta). A ventilação alveolar ocorre quando o
desequilíbrio excede um limiar específico. D) A ventilação
não invasiva pode corrigir o desequilíbrio respiratório,
substituindo o drive central e a ação motora (em caso de
aumento da carga respiratória, como mostrado) ou auxiliar
os músculos respiratórios (em caso de fraqueza muscular
respiratória). // Fonte: Adaptada de Amaddeo e
colaboradores (2016).10

Em pessoas saudáveis, a carga respiratória


(caracterizada pelo esforço exigido para gerar uma
respiração) é baixa, a capacidade dos músculos
respiratórios é normal, e o impulso central comanda
adequadamente os músculos respiratórios.10

Nas enfermidades caracterizadas por um aumento na carga


respiratória ou por uma fraqueza dos músculos respiratórios,
o impulso central aumenta suas demandas nos músculos
respiratórios. Quando esse desequilíbrio excede um certo
limiar, ocorre a hipoventilação (definida por hipercapnia e
hipoxemia).10
A obstrução severa das vias aéreas superiores, a malácia das
vias aéreas e as doenças pulmonares avançadas (por
exemplo, fibrose cística, displasia broncopulmonar ou
bronquiolite obliterante) podem ser responsáveis por uma
carga respiratória excessiva.10
As disfunções neuromusculares que envolvem o
neurônio motor, o nervo periférico, a junção
neuromuscular ou os músculos respiratórios podem
causar fraqueza muscular respiratória.10

Os distúrbios da parede torácica (por exemplo,


cifoescoliose) podem estar associados a um aumento da
carga e disfunção respiratória dos músculos respiratórios,
fazendo os músculos respiratórios terem uma desvantagem
mecânica devido à distorção da parede torácica.
Os distúrbios do drive central são raros e podem ser
congênitos — como, por exemplo, a síndrome da
hipoventilação central congênita (síndrome de Ondine) — ou
ser adquiridos devido à compressão ou lesão do tronco
encefálico.10
Outros distúrbios que envolvem um comprometimento de
dois ou mais componentes do equilíbrio respiratório (por
exemplo, mucopolissacaridose) podem causar obstrução
das vias aéreas superiores e compressão do tronco
cerebral.10

A VNI proporciona uma ventilação alveolar


aumentada ou normatizada, com melhora
subsequente dos valores de gases sanguíneos e
normocapnia. No entanto, como os efeitos
colaterais associados à aplicação da ventilação
mecânica e a aceitação do tratamento pelo
paciente também precisam ser considerados, em
algumas situações, o objetivo da normocapnia
nem sempre é alcançado.10

Embora a VNI não represente apenas uma forma de suporte


para a insuficiência respiratória hipercápnica durante as
fases de aplicação, ela também serve como uma medida
terapêutica para influenciar, de forma positiva, os intervalos
quando o paciente ficar sem o suporte mecânico, em
respiração espontânea intermitente. A melhora nos gases
sanguíneos, que também é observada durante a respiração
espontânea, provavelmente terá uma base multifatorial.
Sugere-se que os principais mecanismos subjacentes
sejam:10
▪ redefinição da função dos quimiorreceptores de CO2 no

centro respiratório;
▪ melhora da técnica respiratória;

▪ ganho de força e resistência muscular respiratória;

▪ diminuição da hipoventilação durante o sono.

Deve-se mencionar que o intervalo respiratório


espontâneo para alguns pacientes torna-se cada vez
mais curto à medida que a enfermidade progride. Em
alguns casos, isso pode levar a uma dependência
contínua da VNI.10

A melhora na ventilação alveolar induzida pela ventilação


mecânica tem efeitos subsequentes, dos quais os mais
destacados são o alívio subjetivo dos sintomas descritos e a
melhora na qualidade de vida relacionada à saúde.10
Na Figura 9 a seguir, pode-se observar o algoritmo de
aplicação da VNI na falência respiratória crônica em
crianças.

FIGURA 9: Algoritmo de aplicação da VNI na falência


respiratória crônica em crianças. // Fonte: Garcia-Fernandez
(2019).7

ATIVIDADES
13. Existem inúmeros benefícios atingidos com o uso da
VNI em crianças crônicas. Com base nessa informação,
analise as alternativas a seguir.
I. Melhora da mecânica respiratória e auxílio no trabalho
respiratório.
II. Diminuição da hipercapnia e aumento do volume
corrente em uso de pressões inspiratórias.
III. Diminuição da capacidade residual funcional (CRF) e
do volume pulmonar expiratório final por meio de EPAP
e CPAP.
IV. Diminuição dos sintomas da insuficiência respiratória.
Quais estão corretas?

A) Apenas a I e a II.

B) Apenas a II e a III.

C) Apenas a I, a II e a III.

D) A I, a II, a III e a IV.

Confira aqui a resposta

14. A falha respiratória crônica é identificada pela história


e pelo exame clínico da criança, os quais fornecem a
primeira indicação de

A) IRespC.

B) escolioses.

C) cifoses.
D) distrofias torácicas.

Confira aqui a resposta

15. Assinale a alternativa que indica em qual situação


ocorre um aumento na sobrecarga muscular e redução
da capacidade dos músculos inspiratórios.

A) Sequela de hemorragia cerebral.

B) DPOC.

C) Paralisia pseudobulbar.

D) Distúrbios do parênquima pulmonar.

Confira aqui a resposta

16. Em relação às causas de IRespC hipercápnica,


assinale a alternativa que apresenta as enfermidades
do SNC com possibilidade de uso da VNI.

A) Síndromes de hipoventilação central, poliomielite e


traumas medulares.

B) Traumas medulares, síndromes de hipoventilação


central e malformação de Arnold-Chiari.

C) Traqueomalácia, traumas medulares e poliomielite.

D) Poliomielite, traqueomalácia e síndromes de


hipoventilação central.

Confira aqui a resposta


17. Em relação às causas de IRespC hipercápnica,
assinale a alternativa que apresenta as enfermidades
pulmonares com possibilidade de uso da VNI.

A) Bronquiectasia, displasia broncopulmonar e


síndrome da hipoventilação na obesidade.

B) fibrose cística e botulismo.

C) Síndrome da hipoventilação na obesidade,


botulismo e síndrome de Pierre-Robin.

D) Displasia broncopulmonar, fibrose cística e


bronquiectasia.

Confira aqui a resposta

18. Numere a segunda coluna de acordo com a primeira,


relacionando as causas de IRespC hipercápnica às suas
respectivas possibilidades de uso da VNI.
Síndrome de Guillain-
Barré
1 Doenças neuromusculares
Distrofias miotônicas
2 Afecções de vias aéreas
Síndrome de Prader-
superiores
Willi
3 Alteração no sono
Apneia obstrutiva do
sono
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

A) 2 — 1 — 3 — 1

B) 3 — 1 — 2 — 3
C) 1 — 1 — 3 — 2

D) 2 — 3 — 1 — 2

Confira aqui a resposta

19. Analise as afirmativas a seguir sobre VNI na IRespC


em pediatria.
I. A carga respiratória (caracterizada pelo esforço exigido
para gerar uma respiração), em pessoas saudáveis, é
baixa; a capacidade dos músculos respiratórios é
normal; e o impulso central comanda adequadamente
os músculos respiratórios.
II. Em enfermidades caracterizadas por um aumento na
carga respiratória ou por uma fraqueza dos músculos
respiratórios, o impulso central aumenta suas
demandas nos músculos respiratórios. Quando esse
desequilíbrio excede um certo limiar, ocorre a
hipoventilação (definida por hipercapnia e hipoxemia).
III. A obstrução severa das vias aéreas superiores, a
malácia das vias aéreas e as doenças pulmonares
avançadas (por exemplo, fibrose cística, displasia
broncopulmonar ou bronquiolite obliterante) podem
ser responsáveis por uma carga respiratória excessiva.
Qual(is) está(ão) correta(s)?

A) Apenas a II.

B) Apenas a III.

C) Apenas a II e a III.
D) A I, a II e a III.

Confira aqui a resposta

20. Analise as afirmativas a seguir sobre VNI.


I. A VNI atua como medida terapêutica, influenciando
positivamente o quadro da criança nos intervalos sem
a VNI.
II. Sugere-se que os principais mecanismos subjacentes
sejam uma redefinição da função dos
quimiorreceptores de oxigênio no centro respiratório.
III. O intervalo respiratório espontâneo para alguns
pacientes torna-se cada vez mais longo à medida que
a enfermidade progride.
Qual(is) está(ão) correta(s)?

A) Apenas a II.

B) Apenas a III.

C) Apenas a II e a III.

D) A I, a II e a III.

Confira aqui a resposta

21. Entre os componentes do equilíbrio respiratório,


estão a carga imposta ao sistema respiratório e a
capacidade dos músculos respiratórios. Que outro
componente faz parte do equilíbrio respiratório?

A) Trabalho respiratório.
B) Pressões inspiratórias.

C) Consumo total de oxigênio.

D) Impulso central.

Confira aqui a resposta

22. As disfunções neuromusculares que envolvem o


neurônio motor, o nervo periférico, a junção
neuromuscular ou os músculos respiratórios podem
causar

A) fraqueza muscular respiratória.

B) paralisia pseudobulbar.

C) síndrome de Moebius.

D) disfunção nas cordas vocais.

Confira aqui a resposta

23. Os distúrbios do drive central são raros e podem ser


congênitos ou adquiridos devido à compressão ou

A) paralisia do nervo frênico.

B) lesão do tronco encefálico.

C) distrofias miotônicas.

D) traumatismo craniencefálico.

Confira aqui a resposta


MODOS VENTILATÓRIOS, EQUIPAMENTOS E INTERFACES DA VNI NA
INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA CRÔNICA EM PEDIATRIA
A seguir, serão apresentados os modos ventilatórios, os
equipamentos e as interfaces em VNI.

MODOS VENTILATÓRIOS

Os modos ventilatórios da VNI na IRespC em pediatria se


dividem em CPAP e pressão positiva nas vias aéreas em dois
níveis (BiPAP) (do inglês, bi-level positive airway pressure).
CPAP

Do ponto de vista técnico, qualquer modalidade ventilatória,


conforme o ventilador mecânico utilizado, pode ser
administrada por via não invasiva. Em geral, quando o
paciente se encontra em ventilação mecânica invasiva (VMI)
e em possibilidade de transição para a VNI, pode ocorrer a
manutenção da modalidade invasiva na transição para não
invasiva.9
Após o equilíbrio do paciente na VNI, pode-se transicionar
para os modos BiPAP ou CPAP, já se esperando que o
paciente necessite de assistência a longo prazo, adequando-
o aos ventiladores mecânicos mais utilizados para esse fim.9

O modo CPAP é a pressão contínua em um nível de


pressão durante todo o ciclo respiratório. O modo
CPAP atua como um “stentI” pneumático para evitar o
colapso das vias. Ele pode impedir o colapso alveolar
e promove o aumento da CRF, melhorando a
oxigenação e o trabalho dos músculos inspiratórios.
No entanto, não ajuda ativamente a inspiração e,
portanto, não é um modo verdadeiro de ventilação
mecânica.9

BIPAP

O modo BiPAP— ou BiNIVEL, BIPHASIC — proporciona um


apoio de dois níveis pressóricos, com os valores de pressão
predefinidos. Durante a inspiração é liberada para o paciente
uma pressão positiva inspiratória nas vias aéreas (IPAP). Na
expiração, libera-se o segundo nível de pressão, mais baixo
do que a IPAP, a qual é chamada de EPAP. Os altos fluxos de
ar fornecidos pelo ventilador podem aumentar os esforços
inspiratórios do paciente. Para se evitar essa situação, os
aparelhos são, na sua maioria, ciclados a fluxo.9
O Quadro 4 a seguir apresenta os principais objetivos da IPAP
e da EPAP.

QUADRO 4
PRINCIPAIS OBJETIVOS DA IPAP E EPAP
IPAP ▪ Diminuir o trabalho respiratório
▪ Diminuir a FR

▪ Reduzir os níveis da PaCO2

EPAP ▪ Atenuar a obstrução das vias aéreas


▪ Reduzir a pressão positiva expiratória final

intrínseca (PEEPi)
▪ Melhorar a oxigenação

// Fonte: Elaborado pela autora.


EQUIPAMENTOS

Após a avaliação das condições e necessidades do paciente,


a equipe de assistência especializada determina a indicação
da terapia, seleciona a máquina de ventilação mecânica e o
modo ventilatório, define os parâmetros de ventilação e, em
última instância, é responsável clinicamente por todos esses
aspectos.10

As alterações não supervisionadas no ventilador


podem levar a complicações potencialmente fatais,
devendo ocorrer somente após as ordens da equipe
responsável, e devem ser realizadas sob supervisão.10

A checklist dos tópicos e equipamentos envolvidos na VNI,


que requerem atenção especial, compreende:
▪ ventilador mecânico;

▪ interfaces;

▪ sistema de aplicação de oxigênio e fração inspirada de

oxigênio (FiO2);
▪ sistema de umidificação;

▪ parâmetros da ventilação mecânica.

Todos os envolvidos com a ventilação (paciente, familiares,


equipe de enfermagem, outros cuidadores) devem ser
submetidos a uma sessão de treinamento para cada
equipamento. A vida útil dos materiais utilizados deve ser
sempre respeitada, bem como devem ser utilizados somente
materiais oficiais do fabricante.10
Um segundo ventilador mecânico e uma bateria
externa são necessários quando o tempo de
ventilação mecânica for maior ou igual a 16 horas
por dia; a preferência é que sejam equipamentos
idênticos. Um equipamento com bateria interna é
necessário para pacientes em ventilação
considerada de suporte à vida e para pacientes que
não conseguem remover a máscara por si
mesmos.10

A VNI é realizada principalmente de forma intermitente, mas


também pode ser usada em pacientes que são
completamente dependentes da ventilação mecânica. A
escolha do equipamento irá depender da doença subjacente
e do nível de dependência. O tipo de VNI a ser indicada
depende das características fisiopatológicas da IRespC.10
Os equipamentos de CPAP exclusivos são o tipo mais
simples de suporte respiratório não invasivo e estão
indicados nos casos de obstrução isolada das vias aéreas
superiores ou inferiores. Nas doenças pulmonares
associadas ao aumento da carga respiratória, o objetivo da
VNI é poupar a musculatura respiratória.10
Como os indivíduos afetados têm condução central normal e
capacidade muscular respiratória preservada, a assistência
ventilatória atua mantendo o padrão de respiração do próprio
paciente, permitindo que ele desencadeie respirações
assistidas.10
Para indivíduos com estímulo central anormal, os
ventiladores BiPAP devem ser capazes de assumir o
comando dos músculos respiratórios por meio de um modo
controlado, com possibilidade de estabelecimento de FR
mecânica, tempo inspiratório e relação entre tempo
inspiratório/expiratório (I:E).10

INTERFACES

A seleção da interface adequada a cada situação e paciente


deve ser feita por um profissional treinado nos diversos
materiais disponíveis para esse fim. Faz-se necessário uma
frequente atualização quando ocorrem lançamentos da
indústria, os quais ainda estão abaixo das necessidades
pediátricas, ao contrário dos materiais para adultos.9

Uma interface geralmente é uma máscara que


conecta o paciente ao dispositivo usado para a VNI.9

A escolha da interface é de suma importância para o sucesso


da VNI. No entanto, em pediatria, isso pode ser muito
desafiador, especialmente em crianças pequenas ou na
presença de deformidade facial ou assimetria.9
Em geral, a escolha da interface está relacionada
principalmente à idade e morfologia craniofacial. As
interfaces são desenvolvidas com sistemas que permitem
pequenos vazamentos com o objetivo de prevenir a
reinalação de CO2.9
A falta de opções mais variadas de interface
disponíveis comercialmente tem resultado em
algumas dificuldades na adaptação. Em crianças
pequenas, as variações no tamanho da face e do
nariz e a morfologia podem atrapalhar a VNI. Já
existem programas, em países desenvolvidos, que
se utilizam de interfaces feitas sob medida. A
disponibilidade comercial de interfaces pediátricas
para VNI melhorou muito nos últimos anos.9

Existem quatro tipos principais de interfaces:


▪ nasal;

▪ almofadas nasais;

▪ oronasal;

▪ facial total.

Ainda em baixo número, mas também utilizadas em algumas


situações, estão as chamadas peças bucais. Na literatura,
existem descrições do uso do chamado helmet, ainda não
utilizado no País.
No Quadro 5 a seguir, podem ser observados os tópicos para
o sucesso na escolha da interface.

QUADRO 5
TÓPICOS PARA SUCESSO DA VNI NA ESCOLHA DA INTERFACE
▪ Deve ser pequena, barata, confortável, leve, fácil de
instalar e remover.
▪ Feita de material antialérgico.
TÓPICOS PARA SUCESSO DA VNI NA ESCOLHA DA INTERFACE
▪ Conter fixador craniano adequado e bem adaptado.
▪ Adequar o material à idade, peso e situação clínica.

▪ Respeitar a anatomia facial.

▪ Escolher o melhor material frente ao tipo de

ventilação sugerida.
▪ Escolher o melhor sistema — circuito ventilado ou

não ventilado (conforme o ventilador mecânico —


sistema fechado de ventilação com ramo duplo ou
sistema de ramo único com porta exalatória na
máscara ou no circuito).
▪ Avaliar intensivamente os riscos de lesão na pele.

// Fonte: Garcia-Fernandez (2019;.7Amin e colaboradores


(2016).9
O Quadro 6 a seguir apresenta as vantagens e desvantagens
das interfaces para aplicação da VNI em pediatria.

QUADRO 6
VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS INTERFACES PARA
APLICAÇÃO DA VNI EM PEDIATRIA
Tipo Vantagens Desvantagens
Nasal ▪ Encaixe fácil ▪ Vazamento
▪ Permite tosse, oral
alimentação e fala ▪ Respirador oral

▪ Uso de chupeta ▪ Presença de


▪ Sem risco de obstrução
aspiração nasal
VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS INTERFACES PARA
APLICAÇÃO DA VNI EM PEDIATRIA
▪ Baixo risco de ▪ Mais
claustrofobia propensão a
▪ Baixa distensão úlceras de
gástrica pressão
▪ Baixo risco de
asfixia frente a um
mau
funcionamento do
ventilador
mecânico
Pronga ▪ Mínimo contato ▪ Respirador oral
nasal facial ▪ Presença de
▪ Conforto obstrução
nasal
Máscara ▪ Melhor troca ▪ Risco de
oronasal gasosa aspiração
▪ Melhor volume ▪ Claustrofobia

minuto ▪ Distensão

▪ Minimiza gástrica
vazamento oral ▪ Dificuldade na

alimentação
▪ Dificuldade na

fala
Máscara ▪ Menos propensão a ▪ Risco de
full face úlceras de aspiração
pressão ▪ Claustrofobia
VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS INTERFACES PARA
APLICAÇÃO DA VNI EM PEDIATRIA
▪ Conforto ▪ Distensão
gástrica
▪ Maior espaço
morto
Helmet ▪ Permite tosse, ▪ Elevado
alimentação e fala espaço
▪ Uso de chupeta morto
▪ Menos propensão a ▪ Dificuldade na

úlceras de adaptação ao
pressão VM
▪ Melhor adaptação ▪ Umidificação

ao ventilador difícil
mecânico ▪ Claustrofobia

▪ Baixa resistência ao ▪ Barulho

fluxo
▪ Melhor tolerância a

altas pressões
▪ Maior conforto

// Fonte: Mortamet e colaboradores (2017).11


MÁSCARAS NASAIS

As Figuras 10 a 13 a seguir mostram exemplos de sistemas


de VNI com máscaras nasais.
FIGURA 10: Sistema neonatal/infantil de VNI com máscara
nasal. // Fonte: Arquivo de imagens da autora.
Figura 11: Máscara de VNI infantil com almofada em gel. //
Fonte: Philips (2012).12
FIGURA 12: Máscara de VNI infantil nasal. // Fonte: CPAP
Care (2019).13
FIGURA 13: Máscara de VNI infantil nasal. // Fonte: Arquivo
de imagens da autora.

PRONGAS NASAIS

As Figuras 14 e 15 a seguir mostram exemplos de sistemas


de VNI com prongas nasais.
FIGURA 14: Sistema neonatal/infantil de VNI com pronga
nasal. // Fonte: Arquivo de imagens da autora

FIGURA 15: Modelo de pronga nasal com adaptador


compatível com circuito de ventilação invasiva. // Fonte:
Flanagan (2016).14

MÁSCARAS ORONASAIS

As Figuras 16 a 18 a seguir mostram exemplos de sistemas


de VNI com máscaras oronasais.
FIGURA 16: Máscara de VNI infantil oronasal. // Fonte:
Philips (2012).12
FIGURA 17: A e B) Máscara full face. // Fonte: Philips
(2012).12
FIGURA 18: Helmet infantil. // Fonte: CPAP (2017).15

ATIVIDADES

24. Na expiração, libera-se o segundo nível de pressão,


mais baixo do que a IPAP, que é chamada de

A) EPAP.

B) PaCO2.

C) CPAP.

D) Pressão positiva expiratória final (PEEP).

Confira aqui a resposta

25. Analise as afirmativas a seguir sobre os objetivos da


EPAP.
I. Reduzir a PEEPi.
II. Reduzir os níveis da PaCO2.
III. Melhorar a oxigenação.
IV. Atenuar a obstrução das vias aéreas.
Quais estão corretas?

A) Apenas a I e a II.

B) Apenas a II e a III.

C) Apenas a I, a III e a IV.


D) A I, a II, a III e a IV.

Confira aqui a resposta

26. Sobre a checklist dos tópicos e os equipamentos


envolvidos na VNI, assinale V (verdadeiro) ou F (falso)
nas alternativas a seguir.
Sistema de aplicação de oxigênio e FiO2.
Suplementação de oxigênio durante a medida.
Complicações relacionadas à respiração.
Sistema de umidificação.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

A) V — V — F — F

B) F — V — V — F

C) F — F — V — V

D) V — F — F — V

Confira aqui a resposta

27. Um segundo ventilador mecânico e uma bateria


externa são necessários quando o tempo de ventilação
mecânica for maior ou igual a

A) 6 horas por dia.

B) 10 horas por dia.

C) 12 horas por dia.

D) 16 horas por dia.


Confira aqui a resposta

28. Analise as afirmativas a seguir sobre as


recomendações corretas para o sucesso da VNI por
meio da escolha da interface.
I. Deve ser grande, de preço elevado, confortável, leve,
fácil de instalar e remover.
II. Deve ser feita de borracha.
III. Deve conter fixador craniano adequado e bem
adaptado.
IV. Deve respeitar a anatomia facial.
Quais estão corretas? _

A) Apenas a I e a II.

B) Apenas a II e a III.

C) Apenas a III e a IV.

D) Apenas a II, a III e a IV.

Confira aqui a resposta

CONSIDERAÇÕES NAS SITUAÇÕES CLÍNICAS CRÔNICAS MAIS


COMUNS COM INDICAÇÃO DE VNI

FIBROSE CÍSTICA
A eficácia da VNI em pacientes com fibrose cística
permanece controversa em alguns pontos, pois as
evidências nem sempre são claras. A maioria dos estudos
sobre os resultados da VNI na fibrose cística envolve
amostras que incluem pacientes adultos e pediátricos. Esses
estudos demonstraram que o BiPAP:16,17
▪ é bem tolerado;

▪ promove o repouso dos músculos respiratórios;

▪ ajuda a reduzir a FR;

▪ melhora a qualidade do sono;

▪ otimiza a capacidade física para realizar atividades de

vida diária.
Uma recente revisão da Cochrane concluiu que, na fibrose
cística moderada a grave, a VNI pode melhorar a troca
gasosa de maneira mais eficaz do que utilizar apenas
oxigenoterapia. Não há consenso sobre quando iniciar a VNI
em pacientes com fibrose cística, embora a exacerbação
pulmonar seja a indicação mais comum, seguida por
hipercapnia diurna estável e persistente.16,17
A VNI é indicada de maneira mais clara em adultos e para os
pacientes com fibrose cística no pré-transplante pulmonar,
melhorando, assim, a sobrevida do transplantado. Outro
estudo já em pediatria sugere que pacientes que utilizaram a
VNI pré-transplante tiveram um sucesso maior no pós-
cirúrgico.17
Deve-se pensar na VNI em fibrose cística como um recurso
de assistência ventilatória que pode reverter ou retardar
temporariamente a progressão da insuficiência respiratória,
até mesmo evitando a intubação traqueal. Sua utilização
pode:16,17
▪ melhorar a mecânica respiratória, aumentando o fluxo

de ar e as trocas gasosas;
▪ diminuir o trabalho respiratório;

▪ gerenciar os sintomas;
▪ auxiliar na estabilização do declínio da função
pulmonar.

Há evidências de que a VNI em fibrose cística


melhora a acidose respiratória e a dispneia.16,17

Na revisão de Cochrane, foram selecionados ensaios clínicos


randomizados comparando pacientes que utilizaram da VNI
e pacientes que não utilizaram suporte respiratório mecânico
ou que o utilizaram para clearance das vias respiratórias,
durante o sono e durante o exercício.17
Seis estudos (151 participantes) avaliaram a VNI como
recurso para a desobstrução das vias aéreas, em
comparação com técnicas de fisioterapia respiratória, como
o ciclo ativo da respiração (CAR) e EPAP. Três ensaios
usaram apenas máscaras nasais, um usou máscara nasal ou
peça bucal e um estudo utilizou uma máscara. Três dos
estudos avaliaram dados relacionados à qualidade de vida.17
Os resultados mostraram que a desobstrução das vias
aéreas pode ser mais fácil com a utilização da VNI, com boa
aceitação por parte dos pacientes. Não foi possível encontrar
qualquer evidência de que a VNI aumente a expectoração na
fibrose cística, mas constatou-se melhora de alguns
parâmetros da função pulmonar.17
Outros ensaios avaliaram a VNI em comparação com
oxigenoterapia isolada em dados de qualidade de vida e
distúrbios respiratórios do sono, assim como para:17
▪ valores de função pulmonar;
▪ trocas gasosas;
▪ adesão ou preferência quanto ao tratamento;
▪ CO2 transcutâneo noturno.
Não foram encontradas diferenças claras entre a VNI e a
oxigenoterapia, exceto para o desempenho no exercício, que
melhorou significativamente com a utilização da VNI. Porém,
o efeito da VNI no exercício ainda necessita de mais estudos,
uma vez que a maioria dos artigos incluídos na revisão
utilizou dados obtidos em um único momento e com um
número pequeno de participantes.17
A VNI pode ser um complemento útil, em particular, em
pacientes com expectoração difícil. Atua também
melhorando as trocas gasosas durante o sono, de maneira
mais eficaz quando comparada à oxigenoterapia isolada, em
pacientes com fibrose cística de doença moderada a grave.17
O impacto da VNI nas exacerbações pulmonares e na
progressão da doença carece de mais estudos. Há
necessidade de ensaios controlados randomizados de longo
prazo, que sejam adequadamente desenhados, visando-se
determinar os efeitos clínicos da VNI na depuração de vias
aéreas e no exercício físico de pacientes com fibrose
cística.17

ATROFIA MUSCULAR ESPINHAL


A AME é uma doença de característica
neurodegenerativa recessiva que compromete as
células do corno anterior da medula espinhal.

O Quadro 7 apresenta os tipos de AME.

QUADRO 7
TIPOS DE ATROFIA MUSCULAR ESPINHAL
Tipo 1 — Doença ▪ Diagnosticada do nascimento aos
de Werdnig- 6 meses de vida.
Hoffmann ▪ Incapacidade de movimentar-se

globalmente.
▪ Expectativa de vida em torno de 2

anos de idade.
Tipo 2 ▪ Início dos sintomas antes dos 18
meses de vida.
▪ Criança apresenta algumas
aquisições motoras que
declinam geralmente antes de 1
ano de idade.
▪ Criança pode se sentar com

apoio, porém não anda.


▪ Expectativa de vida um pouco

além da expectativa do tipo 1.


Tipo 3 ▪ Forma mais branda.
▪ Início após os 18 meses de vida.

▪ Pacientes podem ser capazes de

se levantar e até caminhar.


TIPOS DE ATROFIA MUSCULAR ESPINHAL
▪ Expectativa de vida próxima do
normal.
// Fonte: Amin e colaboradores (2017).16
São escassos os ensaios clínicos randomizados de manejo
ventilatório para crianças com AME. Os dados descritos são
baseados, em sua maioria, em estudos prospectivos ou
retrospectivos, bem como em casos-controle. Os objetivos
da VNI na AME incluem:16
▪ melhoria da qualidade de vida para pacientes e

familiares;
▪ expansão adequada da parede torácica;

▪ normalização das trocas gasosas diurna e noturna;

▪ prevenção de infecção respiratória e de hospitalização;

▪ melhora na qualidade do sono tem sido relatada

nesses pacientes;
▪ alívio em cefaleias, sonolência diurna, apetite,
concentração e transpiração.

A VNI está associada à redução importante da


necessidade de internação hospitalar e redução
dos dias de hospitalização. A utilização da VNI é,
em geral, considerada segura para esses
pacientes, quando são aplicadas pressões
positivas ventilatórias adequadas e a interface é
indicada corretamente, não se observando
efeitos deletérios na hemodinâmica.16

As potenciais limitações da VNI na AME referem-se,


principalmente, à necessidade de uma ótima
adaptação da interface, visto que seu uso acontece de
modo praticamente contínuo. Existem riscos
iminentes para irritações, lesões da pele e hipoplasia
maxilar secundária, que são fatores negativos a serem
avaliados. Além disso, a distensão gástrica e os
vômitos são fatores de risco, que podem mais tarde
levar à pneumonia por aspiração e até mesmo à
morte.16

Na presença de previsíveis quadros respiratórios agudos, os


pacientes com AME experimentam um aumento da carga
ventilatória, da fraqueza muscular e de secreção pulmonar, o
que é potencializado pela tosse ineficaz própria da doença.
Esse quadro resulta em descompensação respiratória.16
O déficit na oxigenação secundária pode ser amenizado com
a utilização concomitante de oxigênio suplementar. Se a VNI
estiver instituída em caráter noturno ou intermitente, pode
ser necessária uma transição para o uso contínuo.16

Frente à natureza progressiva da AME, não é incomum


um quadro respiratório agudo levar à intubação
traqueal, traqueostomia ou até à morte,
especialmente para crianças com AME tipo 1.16

Embora a VNI não seja utilizada como medida profilática em


outras doenças neuromusculares, há algum interesse na sua
indicação na AME tipo 1. A pressão positiva pode reduzir
deformidades torácicas, melhorar o próprio desenvolvimento
da parede torácica e normalizar a sincronia dos músculos
inspiratórios.16
Houve uma melhora significativa na qualidade de vida da
AME depois da introdução VNI na linha de cuidados,
potencializada pela utilização concomitante dos dispositivos
de assistência à tosse (in-exsufflator ou máquina para tosse
mecanicamente assistida), somados a um manejo
nutricional agressivo. Em particular, houve um aumento no
número de pacientes conduzidos em VNI.16
A literatura atual mostra um aumento na escolha pela VNI em
relação à traqueostomia. No entanto, apesar de maior
expectativa de sobrevivência, uma avaliação da qualidade de
vida deve sempre ser confrontada com a capacidade de
prolongar a vida e o prognóstico, com base no tipo de AME.16
Considerações especiais devem ser dadas ao se aconselhar
as famílias sobre a ventilação artificial para seus filhos com
AME, bem como deve ser observada a idade do paciente ao
diagnóstico, pois esses dois fatores mostram afetar os
desfechos. As vantagens e desvantagens das diferentes
modalidades de ventilação também devem ser
apresentadas.16
Uma revisão sistemática de 2018 avaliou o uso da VNI a
longo prazo na AME tipo 1. Foram incluídos 14 estudos. Os
resultados apresentados foram os seguintes:18
▪ 1 estudo evidenciou mudanças nos parâmetros

respiratórios e na normalização da gasometria arterial;


▪ 6 estudos avaliaram o impacto da VNI no índice de

internações hospitalares, mostrando que as


internações são mais frequentes nos pacientes em
VNI, em comparação aos que estão em ventilação
invasiva via traqueostomia;
▪ 4 estudos mostraram maior sobrevida no grupo de

pacientes em VNI;
▪ 3 estudos evidenciaram melhora de parâmetros do

crescimento pela melhora da morfologia da caixa


torácica.
Outro estudo que avaliou as evidências científicas do uso da
VNI em crianças e adolescentes identificou três artigos
relacionados à AME:18
▪ no primeiro artigo, 194 crianças com AME tipo I foram

divididas em três grupos — 121 sem ventilação


artificial, 42 com ventilação invasiva via
traqueostomia e 31 em VNI. A sobrevivência foi maior
no grupo de traqueostomia do que no de VNI;
▪ no segundo artigo, 49 crianças com AME foram

avaliadas e divididas em dois grupos. Um incluiu


pacientes com início precoce da VNI por meio de
BiPAP noturno e tosse mecanicamente assistida. O
outro grupo utilizava suplementação de oxigênio ou
outro tipo de suporte (sem ser VNI) e aspiração de vias
aéreas. Observou-se maior sobrevida no grupo de VNI,
porém esta apresentou maior probabilidade de
internação por insuficiência respiratória aguda
(IRespA) e menor tempo entre o diagnóstico e a
primeira internação;
▪ no terceiro artigo, foi avaliado um protocolo de uso da
VNI associado à tosse mecanicamente assistida em
AME tipo I com idade inferior a 3 anos, que se mostrou
efetivo na condução desses pacientes, sendo eficaz e
bem aplicado quando realizado por equipe treinada.

Em última análise, o papel da equipe é apresentar


todas as opções terapêuticas, oferecer
recomendações e apoiar a família por meio do
processo de tomada de decisão. Na prática
clínica, a autoridade dos responsáveis deve ser
soberana quando há mais de uma opção para o
tratamento na AME.

DISTROFIA MUSCULAR DE DUCHENNE


A DMD é a forma mais comum de distrofia hereditária. Afeta
cerca de 1:3.300 nascimentos de indivíduos do sexo
masculino. O distúrbio é causado por mutações genéticas
que promovem alterações na codificação da proteína
distrofina. O quadro clínico caracteriza-se por:19
▪ fraqueza muscular progressiva;

▪ deficiência física grave;

▪ óbito.
A maioria dos pacientes com DMD progride para locomoção
em cadeira de rodas ainda na infância, dependendo, em
grande parte, de seus pais ou outros cuidadores para suas
atividades de vida diárias e cuidados em geral.19

Em estágios mais avançados da DMD, a deformidade


progressiva da coluna vertebral e da parede torácica,
relacionada ao comprometimento da função
muscular respiratória, leva à insuficiência respiratória
progressiva.19

A capacidade vital (CV) começa a decair entre 9 e 16 anos de


idade e então diminui em 5 a 10% ao ano, até que seja
avaliada a necessidade da utilização do suporte ventilatório
para a sobrevivência. Estima-se que até 90% dos pacientes
com DMD que não usam nenhum tipo de apoio respiratório
falecem entre 16,2 e 19 anos e raramente sobrevivem após
os 25 anos de idade.20
No início dos sintomas de perda de função respiratória, a
prescrição do uso da VNI tem um embasamento bem
estabelecido na literatura. A opção, frente ao quadro
progressivo, é iniciar com a VNI noturna.21
Os relatos de intercorrências mostram que 90% dos
episódios de pneumonia e falência respiratória aguda
ocorreram pela associação da perda de força respiratória e
tosse ineficaz. O paciente que evolui para a VMI tem muita
dificuldade em ser retirado da ventilação e acaba evoluindo
para traqueostomia e suporte invasivo.20
Estatisticamente, está comprovado que ocorre maior
sobrevida relacionada à utilização de VNI, mesmo de forma
intermitente na DMD. É indiscutível o papel da ventilação
mecânica em DMD, em tempo parcial ou contínuo. A
utilização do tempo de uso do suporte ventilatório depende
de avaliações frequentes das condições do paciente.20
A deficiência concomitante de alterações na deglutição pode
inviabilizar o uso da VNI, progredindo o suporte para VMI
nesses casos. O paciente então passa a utilizar uma
traqueostomia. Há alguma controvérsia em relação a essa
abordagem, uma vez que alternativas ventilatórias não
invasivas frente à instituição da traqueostomia
demonstraram similaridade na eficácia em algumas
investigações.20
Uma revisão comparou indivíduos traqueostomizados
classificados como terminais com outros que eram usuários
de VNI. Nesse estudo, 10 pacientes estavam em uso de VNI
e oito em VMI por traqueostomia. Os dados de mortalidade,
frequência cardíaca, idade, CV e função cardíaca
diagnosticada no óbito foram semelhantes. Além disso, foi
identificado um certo lamento pela não utilização da VNI em
todos os pacientes.20
Frente à necessidade de utilização da VNI contínua, a prática
indica a VMI via traqueostomia. No entanto, a utilização da
VNI pode ser feita em uso contínuo, desde que a avaliação
do paciente seja criteriosa e que se institua a troca das
interfaces visando maior conforto.21
Um estudo com 12 pacientes com DMD que usaram VNI
contínua (24 horas/dia) avaliou o CO2 por maneiras distintas
(gasometria arterial, pressão parcial de gás carbônico [PCO2]
transcutâneo e pressão expiratória final de dióxido de
carbono [PeTCO2]). Os dados encontrados mostram que a
VNI contínua deve ser considerada como uma alternativa
para pacientes com DMD, pois seu uso pode evitar a
necessidade de traqueostomia em pacientes com IRespC.21
O entendimento da DMD e a sua evolução são de grande
importância para pacientes, pais e profissionais de saúde,
pois permitem ter uma perspectiva realista sobre a
progressão da doença, facilitando o planejamento de longo
prazo e os cuidados, definem os problemas específicos que
surgirão e esclarecem as reais necessidades desses
indivíduos.21

ATIVIDADES

29. A fibrose cística é uma enfermidade crônica que se


beneficia de várias formas com o uso da VNI. Sobre o
tema, assinale a alternativa correta.

A) A higiene das vias aéreas pode ser mais fácil com a


utilização da VNI, com boa aceitação por parte dos
pacientes.

B) A melhora em alguns parâmetros da função


pulmonar não é vista nos pacientes em nenhum
momento quando em uso da VNI.
C) O desempenho no exercício não mostra melhora
com a utilização da VNI.

D) A VNI deve ser contraindicada no período noturno.

Confira aqui a resposta

30. A CV começa a decair entre 9 e 16 anos de idade e


então diminui em

A) 1 a 5% ao ano.

B) 5 a 10% ao ano.

C) 10 a 15% ao ano.

D) 15 a 20% ao ano.

Confira aqui a resposta

31. Assinale a alternativa que indica a porcentagem dos


episódios de pneumonia e falência respiratória aguda
que ocorreram pela associação da perda de força
respiratória e tosse ineficaz.

A) 30%.

B) 50%.

C) 70%.

D) 90%.

Confira aqui a resposta


Paciente portador de AME tipo 2, é natural de Aguaí/SP,
procedente de São João da Boa Vista/SP. A data de
nascimento do paciente é 20/06/2014. Foi internado em
12/9/2018 e recebeu alta em 12/10/2018.
O paciente foi internado com quadro de IRespC agudizada,
sem uso de suporte de oxigênio domiciliar. Chegou ao
pronto-socorro em máscara de oxigenoterapia não reinalante
apresentando:
▪ pressão arterial 99 x 67mmHg;

▪ frequência cardíaca de 60bpm;

▪ FR 34rpm;

▪ SPO2 de 96%;

▪ gasometria do serviço de origem com pH de 7,47;

▪ pressão parcial de oxigênio no sangue arterial (PaO 2)

59mmHg;
▪ PaCO2 32mmHg;

▪ BIC 23,3;

▪ excesso de base (BE) 0,4;

▪ saturação arterial de oxigênio (SaO2) 92%.

A ausculta pulmonar de entrada mostrou murmúrio vesicular


(MV) + à direita (D) e hemitórax superior esquerdo (E),
abolida em base E com ESC difusos. O tempo expiratório era
pouco prolongado. O paciente chegou à unidade de terapia
intensiva pediátrica (UTIP) e foi colocado em VNI, com os
seguintes parâmetros:
▪ modo BiPAP com máscara nasal;

▪ IPAP 13;

▪ EPAP 5;
▪ FiO2 30%.
O paciente evoluiu com piora progressiva do desconforto,
sendo entubado dia 15/09/2018. Apresentou boa evolução e
foi extubado no dia 21/09/2018. Foi colocado em VNI, com
os seguintes parâmetros:
▪ modo BiPAP com máscara nasal;

▪ IPAP 13;

▪ EPAP 8;

▪ FiO2 60%.

O paciente evoluiu com atelectasia importante à E. Após


piora respiratória importante, foi entubado em 24/09/2018,
por ventilação mandatória intermitente sincronizada (SIMV),
com
▪ PIP 35;

▪ PEEP 10;

▪ FR 30rpm;

▪ FiO2 60%.

A gasometria arterial do paciente pós-entubação foi de:


▪ pH 7,50;

▪ PaO2 68mmHg;

▪ PaCO2 25mmHg;

▪ BIC 19;

▪ BE 2,7;

▪ SaO2 94%.

O paciente foi novamente extubado no dia 15/09/2018 e


colocado em VNI com ajustes difíceis, sendo reintubado
após 9 horas. O paciente ganhou dois equipamentos para
home care: um ventilador mecânico e uma máquina de tosse
mecanicamente assistida.
O paciente foi para extubação programada no dia
30/09/2018. O protocolo de extubação foi aplicado, como
descrito a seguir.
Foi apresentada a máscara de VNI ao paciente, dentro de um
processo de humanização do procedimento (Figura 19).

FIGURA 19: Paciente manuseando a interface


imediatamente pré-extubação. // Fonte: Arquivo de imagens
da autora.

Foi realizado acoplamento da máscara de VNI na face do


paciente antes da extubação (Figura 20).
FIGURA 20: Ajuste da interface pré-extubação. // Fonte:
Arquivo de imagens da autora.

Os parâmetros de entrada utilizados no acoplamento da


máscara de VNI foram os seguintes:
▪ IPAP 22;

▪ EPAP 7;

▪ oxigênio acoplado ao ventilador mecânico com 3LPM

(concentração monitorada pela SpO2).


Foi então acoplada inalação com adrenalina em T no circuito
da VNI; instalado e ligado o ventilador mecânico que fará VNI;
realizada a manobra com ressuscitador manual (válvula de
PEEP em T regulada em 10cmH2O). O respirador foi utilizado
no modo invasivo desligado. O fisioterapeuta então fez a
insuflação sustentada e o médico fez a extubação
concomitante (Figura 21).

FIGURA 21: Extubação. // Fonte: Arquivo de imagens da


autora.

Em 4 horas pós-extubação, o paciente apresentou


desconforto respiratório progressivo com diminuição de
entrada de ar à E. Foi iniciada terapia com uma máquina de
tosse mecanicamente assistida. Após a terapia, o paciente
foi pronado e apresentou grande melhora do quadro.
A seguir, é apresentado o protocolo de atendimento de
fisioterapia:
▪ antes de iniciar a fisioterapia respiratória, deve-se:

• diminuir o IPAP de 22 para 12 (de 2 em 2 a cada 5

ciclos respiratórios);
• acompanhar a clínica pela SpO2;

▪ na terapia, deve-se:

• ligar a máquina de tosse mecanicamente


assistida;
• descer o leito;

• aumentar a frequência respiratória mecânica até

valores próximos aos da frequência respiratória


total;
• soltar as fixações da máscara de VNI e segurar

manualmente a máscara no rosto do paciente;


• retirar a VNI;

• instilar soro fisiológico (SF) em cada narina;

• abrir a boca e acoplar a máscara da máquina de

tosse mecanicamente assistida — cabeça na


linha média e leve extensão (Figura 22);
FIGURA 22: Terapia com a máquina de tosse
mecanicamente assistida. // Fonte: Arquivo de imagens da
autora.

• fazer 5 ciclos da máquina de tosse assistida


manobrando simultaneamente o tórax com
compressões e apoios;
• pausar entre cada um dos 5 ciclos, acoplando a
máscara de VNI sem fixar com o cabresto;
• realizar aspiração da boca entre os 5 ciclos;
• aspirar boca e nariz depois do 5º ciclo;
• elevar o leito;
• realização da fisioterapia minimamente uma vez em
cada período (manhã — tarde — noite);
• frente a sinais de desconforto ou instabilidade clínica,
realizar novo atendimento;
▪ finalizando a terapia:
• aumentar o IPAP para 30 (de 2 em 2 a cada 5

ciclos). Manter em recrutamento por 10


minutos;
• se optado por aumentar a FR durante a terapia,

manter assim por 5 minutos;


• ao estabilizar: voltar IPAP aos valores basais de 2

em 2 a cada 5 ciclos;
• diminuir a FR lentamente também de 2 em 2 até o

basal;
• pronar o paciente quando os parâmetros
estiverem de volta ao basal. Mantê-lo pronado
por uma hora mais ou menos;
▪ nos intervalos sem fisioterapia, na presença de queda
de volume corrente ou assimetria pulmonar:
• aumentar a FR mecânica para valores próximos

da FR total;
• aumentar IPAP e EPAP avaliando o volume

corrente (mantendo em torno de 10 ml/kg);


• retornar a valores basais quando houvesse

estabilização do paciente;
▪ padrão pós-extubação:
• mantido nas primeiras 48 horas em VNI contínua;

• após este período, passa-se a fazer retirada

progressiva da VNI em períodos de alimentação


e passeios. Deve-se progredir o tempo fora da
VNI até ficar apenas para dormir.
A Figura 23 mostra o paciente recebendo alta da UTIP para a
enfermaria de pediatria.

FIGURA 23: Paciente de alta da UTIP para a enfermaria de


pediatria. // Fonte: Arquivo de imagens da autora.

O paciente recebeu alta no em 12/10/2018 usando VNI no


período noturno, permanecendo em boas condições durante
o dia.

CONCLUSÃO
O fisioterapeuta que trabalha com a população pediátrica
necessita estar informado e preparado para promover
assistência, como o uso do suporte ventilatório mecânico,
para crianças com necessidades especiais. Esse profissional
deve:
▪ dominar a titulação do equipamento;

▪ conhecer as diferentes interfaces e sistemas para

promover uma melhor adaptação do paciente


pediátrico crônico;
▪ acompanhar esses indivíduos;

▪ manejar, de forma eficiente, esse suporte ventilatório

frente à evolução da doença.


Para isso, os avanços na VNI, sua clareza crescente de
indicações e a progressão tecnológica devem estar na mente
do profissional pediátrico. No entanto, a decisão de indicar a
tecnologia respiratória precisa ser tomada após uma
reflexão multiprofissional em relação aos melhores
interesses da criança e da família, com mútuo acordo entre
paciente/família/equipe. As crianças com enfermidades
complexas e crônicas se beneficiam quando os profissionais
em saúde trabalham de maneira coordenada em direção aos
mesmos objetivos.

Este texto foi originalmente publicado no Programa de


Atualização em Fisioterapia Pediátrica e Neonatal:
Cardiorrespiratória e Terapia Intensiva (Ciclo 8 Volume 4), em
janeiro de 2020.

ATIVIDADES: RESPOSTAS

Atividade 1 // Resposta: B
Comentário: O início da VNI deu-se em meados de 1920, por
meio do uso de pressão negativa em torno do tórax. Os
sistemas de VNIPP iniciaram-se depois do advento da VNI
por pressão negativa. A couraça é um sistema de VNI por
pressão negativa.

Atividade 2 // Resposta: C
Comentário: O início da VNI está relacionado a quadros de
neuropatias e malformações de caixa torácica.

Atividade 3 // Resposta: A
Comentário: Os sistemas primordiais trabalhavam com
couraças e os chamados iron lungs ou pulmões de ferro,
desenvolvidos na década de 1920.

Atividade 4 // Resposta: B
Comentário: A partir de meados da década de 1950, uma
série de eventos ocorreu, limitando o uso dos pulmões de
ferro.

Atividade 5 // Resposta: D
Comentário: A partir da década de 1950, foram
desenvolvidos novos sistemas, que passaram a utilizar a
pressão positiva na via aérea, sendo também iniciada nessa
época a evolução de próteses ventilatórias invasivas como
tubo orotraqueal.

Atividade 6 // Resposta: A
Comentário: Desde o início da indicação da VNI, os pacientes
mais envolvidos nos casos com necessidade de suporte
prolongado foram, sem dúvida, aqueles com enfermidades
neuromusculares e malformações da caixa torácica, devido
à característica de falência crônica da ventilação. A partir de
então, as indicações da VNI a longo prazo só cresceram em
todo o planeta.
Atividade 7 // Resposta: C
Comentário: Devido a um caso de DMD, a VNI moderna
começou a ser descrita em 1987.

Atividade 8 // Resposta: C
Comentário: As crianças crônicas não são internadas para
apoio psicológico, o que é feito a nível ambulatorial.

Atividade 9 // Resposta: C
Comentário: A falha no equipamento de suporte domiciliar é
uma das causas de internação hospitalar.

Atividade 10 // Resposta: A
Comentário: Os erros inatos do metabolismo estão
associados à apneia central, e a escoliose está associada à
hipoventilação noturna.

Atividade 11 // Resposta: D
Comentário: A laringomalácia está associada à apneia
obstrutiva, e na síndrome de Guillain-Barré está associada à
hipoventilação noturna.

Atividade 12 // Resposta: B
Comentário: A disfunção nas cordas vocais está associada à
apneia obstrutiva, e a síndrome de Prader-Willi está
associada à apneia central.

Atividade 13 // Resposta: C
Comentário: O uso da VNI aumenta a CRF e o volume
pulmonar expiratório final por meio de EPAP e CPAP.

Atividade 14 // Resposta: A
Comentário: A falha respiratória crônica é identificada pela
história e pelo exame clínico da criança, os quais fornecem a
primeira indicação da IRespC.

Atividade 15 // Resposta: B
Comentário: No caso de DPOC, ocorre um aumento na
sobrecarga muscular e redução da capacidade dos
músculos inspiratórios.

Atividade 16 // Resposta: B
Comentário: A traqueomalácia está associada a afecções de
vias aéreas superiores, e a poliomielite está associada a
doenças neuromusculares.

Atividade 17 // Resposta: D
Comentário: A síndrome de Pierre-Robin está associada a
afecções de vias aéreas superiores, o botulismo está
associado a doenças neuromusculares e a síndrome da
hipoventilação na obesidade está associada à alteração no
sono.

Atividade 18 // Resposta: C

Atividade 19 // Resposta: D

Atividade 20 // Resposta: A
Comentário: Sugere-se que o principal mecanismo
subjacente seja uma redefinição da função dos
quimiorreceptores de CO2 no centro respiratório. O intervalo
respiratório espontâneo para alguns pacientes torna-se cada
vez mais curto à medida que a enfermidade progride.

Atividade 21 // Resposta: D
Comentário: A VNI é indicada para transtornos que causem,
dentro de variadas formas, um desequilíbrio respiratório. Os
componentes do equilíbrio respiratório são a carga imposta
ao sistema respiratório, a capacidade dos músculos
respiratórios e o impulso central.

Atividade 22 // Resposta: A
Comentário: As disfunções neuromusculares que envolvem
o neurônio motor, o nervo periférico, a junção neuromuscular
ou os músculos respiratórios podem causar fraqueza
muscular respiratória.

Atividade 23 // Resposta: B
Comentário: Os distúrbios do drive central são raros e podem
ser congênitos — por exemplo, síndrome da hipoventilação
central congênita (síndrome de Ondine) — ou adquiridos
devido à compressão ou lesão do tronco encefálico.

Atividade 24 // Resposta: A
Comentário: Na expiração, libera-se o segundo nível de
pressão, mais baixo do que a IPAP, a qual é chamada de
EPAP.

Atividade 25 // Resposta: C
Comentário: Reduzir os níveis da PaCO2 está associado à
IPAP.

Atividade 26 // Resposta: D
Comentário: A checklist dos tópicos e equipamentos
envolvidos na VNI, que requerem atenção especial,
compreende ventilador mecânico, interfaces, sistema de
aplicação de oxigênio e FiO2, sistema de umidificação e
parâmetros da ventilação mecânica.
Atividade 27 // Resposta: D
Comentário: Um segundo ventilador mecânico e uma bateria
externa são necessários quando o tempo de ventilação
mecânica for maior ou igual a 16 horas por dia.

Atividade 28 // Resposta: C
Comentário: A interface deve ser pequena, barata,
confortável, leve e fácil de instalar e remover. A interface
deve ser feita de material antialérgico.

Atividade 29 // Resposta: A
Comentário: A melhora em alguns parâmetros da função
pulmonar é vista nos pacientes quando em uso da VNI. O
desempenho no exercício mostra melhora com a utilização
da VNI. A VNI está indicada no período noturno.

Atividade 30 // Resposta: B
Comentário: A CV começa a decair entre 9 e 16 anos de idade
e então diminui em 5 a 10% ao ano.

Atividade 31 // Resposta: D
Comentário: Os relatos de intercorrências mostram que 90%
dos episódios de pneumonia e falência respiratória aguda
ocorreram pela associação da perda de força respiratória e
tosse ineficaz.

Você também pode gostar