Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
8. Que resultados atinge Descartes com os argumentos das ilusões dos sentidos (1º
nível de aplicação da dúvida) e dos sonhos (2º nível de aplicação da dúvida)?
R.: Com estes argumentos Descartes mostra que os sentidos não são fontes fidedignas
de conhecimento e que é possível duvidar da existência das coisas sensíveis. Em suma,
que nem a crença na fiabilidade dos sentidos nem a crença na existência do mundo
exterior são indubitáveis.
9. Que função tem no pensamento de Descartes o argumento do Deus enganador
(3º nível de aplicação da dúvida)?
R.: A função do argumento do Deus enganador é mostrar que nem as verdades de razão,
em particular os conhecimentos da matemática, são imunes à dúvida. O argumento do
Deus enganador ou génio maligno tem por finalidade mostrar que é possível duvidar das
crenças com origem na razão ou no entendimento, como as proposições das
matemáticas. O argumento consiste em afirmar que podemos ter sido criados com
faculdades de modo que nos enganemos mesmo quando fazemos operações intelectuais
(racionais) muito simples, como as da aritmética.
13. Descartes afirma que os céticos não conseguem demonstrar que não há
conhecimento. Porquê?
R.: Porque há pelo menos uma verdade, «penso, logo existo», que resiste a todas as
dúvidas, mesmo as mais radicais. Essa verdade é justificada pela própria dúvida.
Quando duvidamos, estamos a pensar e, se pensamos, somos necessariamente alguma
coisa. Este é um conhecimento que nenhum cético consegue abalar.
14. Por que razão a existência do sujeito que duvida é uma verdade absolutamente
evidente?
R.: Porque a existência é uma condição necessária para duvidar, isto é, para duvidar o
sujeito que duvida tem de existir. Portanto, o próprio exercício da dúvida metódica
pressupõe a existência do cogito.
20. Por que razão posso pensar que Deus não é enganador?
R.: Deus é o ser perfeito, pelo que não pode ser enganador. Se fosse enganador, já não
seria perfeito. A hipótese de um Deus enganador, colocada pelo processo de dúvida,
pode, portanto, ser posta de lado.
23. Por que razão posso confiar nas minhas faculdades cognitivas?
R.: Se Deus me tivesse feito de modo que me enganasse sempre que faço as operações
mais simples da aritmética, seria enganador. Mas Deus não é enganador. Portanto, posso
confiar nas minhas faculdades intelectuais, pelo menos desde que as use com cuidado.
24. Como recupera Descartes a existência do mundo exterior?
R.: Temos em nós, mesmo contra a nossa vontade, certas sensações de que não somos
os autores. Temos, além disso, uma crença irresistível de que são causadas por coisas
exteriores. Se a sua causa não fossem coisas exteriores, Deus seria enganador. Como
Deus não é enganador, temos de admitir que essas coisas existem.