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can't count the years on one hand that we've been together

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Category: F/M
Fandom: Turma da Mônica | Monica and Friends (Comics), Turma da Mônica
Jovem | Monica Adventures (Comics 2008)
Relationship: Cebolinha | Jimmy Five/Mônica
Character: Cebolinha | Jimmy Five, Mônica (Turma da Mônica)
Additional Tags: Friends to Lovers, Fluff, Childhood Friends
Language: Português brasileiro
Stats: Published: 2022-08-31 Words: 2619

can't count the years on one hand that we've been together
by magalimawitch

Summary

A realidade é que, até em suas lembranças mais antigas, não há um único momento em que
o Cebolinha não esteja presente. Ele sempre está lá, como uma parte imutável e constante
de todos os momentos da vida de Mônica.

Notes

algumas inspirações foram tiradas de tmj, mas não estou considerando tmj 'canon' aqui.

título: still into you - paramore

See the end of the work for more notes

Ela não se lembra de como conheceu o Cebolinha.

De acordo com a sua mãe, foi em seus primeiros dias no Maternal I, junto com a Magali e o
Cascão. Um momento banal, de se aproximar e perguntar se gostaria de brincar junto com os
outros. Algo simples, mas que influenciaria todos os outros momentos de sua vida.

A realidade é que, até em suas lembranças mais antigas, não há um único momento em que o
Cebolinha não esteja presente. Ele sempre está lá, como uma parte imutável e constante de todos os
momentos da vida de Mônica.

E é por isso que, quando ele se senta ao lado dela naquela tarde e, com um braço no ombro dela,
promete que nunca iria embora, ela acredita - porque ele nunca deu motivos para Mônica acreditar
o contrário.

-x-

Quando eles chegam aos doze anos e, consequentemente, a pré-adolescência, algo muda. Não é
uma mudança drástica, nem abrupta - é um processo natural, como as coisas se encaixando no seu
devido lugar.

Um olhar que dura alguns segundos a mais que o normal, um toque no braço que esquenta o peito,
um abraço que parece fazer o resto do mundo parar.

Porém, com eles, nada é tão fácil. O Cebolinha esconde todas as suas verdadeiras intenções em
mentiras sobre planos infalíveis e estratégias para virar o dono da rua. E a Mônica, com a sua
teimosia, se recusa a dar o braço a torcer e ser a primeira a admitir que existe algo a mais entre as
brigas e picuinhas.

No entanto, isso só faz os momentos sinceros serem ainda mais valorizados. Como é agora: o
aniversário de treze anos da Mônica. A festa foi feita em sua própria casa, juntando os amigos mais
próximos para comemorar o início da adolescência. Os comes e bebes já foram servidos, o
"parabéns para você" já foi cantado, e os colegas começam a se despedir e voltar para as suas
casas.

Cebolinha é um dos últimos a ir embora - uma das vantagens de se morar do outro lado da rua. Ela
faz o papel de uma boa anfitriã e o leva até a porta.

“Obrigada por ter vindo.” Ela diz, enquanto se lembra dele escondendo o Sansão no meio dos
presentes dos outros convidados e se pergunta se ela realmente agradece a presença dele.

“Não tem de que.” Ele diz, com as mãos nos bolsos. Assim que Mônica abriu a porta, ele
continuou. “Eu ainda não te dei o seu presente.”

Ela olha para ele, confusa. Antes que possa questionar, ele tira uma das suas mãos do bolso e a
estende em direção a Mônica. Dentro dela. um pequeno coelho de pelúcia, em um chaveiro. E o
mais importante: um pequeno coelho de pelúcia azul.

“Vi em uma loja e lembrei de você.” Ele volta a por sua mão no bolso e olha para o chão. “É, tipo,
um mini Sansão.”

Ela encara ele, surpresa. Ela não consegue lembrar a última vez que ganhou um presente tão
sincero dele. Ela sorri. “Obrigada. Vou guardar com carinho.” E, antes que ele possa responder,
inclina para frente e dá um beijo em sua bochecha.

Dessa vez, ele que a encara, surpreso. Primeiro, com o rosto branco, como se tivesse visto uma
assombração. Instantes depois, começa a ficar vermelho, finalmente entendendo a situação.

“B-bom, te v-vejo na escola! T-tchau!” Ele diz, saindo correndo em direção ao portão do quintal.
Logo em seguida, pula a cerca baixa que encontra, e atravessa a rua em direção a sua própria casa -
ainda fugindo.

-x-

Quando eles completam 15 anos, eles tentam pela primeira vez um relacionamento juntos - que
dura duas semanas e é uma experiência terrível para todos os envolvidos.

A realidade é que os adultos estavam certos: apenas o sentimento que existe um pelo outro, embora
seja a parte mais importante, não é o suficiente para estruturar uma relação. É preciso também de
autoconhecimento, saber dos seus próprios defeitos e questões internas - de forma que isso não
afete apenas você, mas também o seu parceiro.

E é nessa questão onde eles se complicam. Como estar em um namoro de forma confortável com a
Mônica, se ela ainda é um lembrete de todas as formas em que o Cebola se sente tão inferior ao
mundo? E como ela pode se sentir amada por quem é, se todas as suas dúvidas sobre sua aparência
e personalidade foram plantadas por ele, muitos anos atrás? E nada disso é proposital - a Mônica vê
o Cebola apenas como a pessoa incrível que ele é, e ele não acredita em nenhuma palavra negativa
que já disse sobre ela. Porém, no final das contas, ambos acabam sendo feridas abertas sobre os
pontos fracos um do outro.

Então, depois de 15 dias em um relacionamento oficial, eles decidem dar dois passos para trás,
reavaliar a situação, e acabar com o namoro - por enquanto. Por mais cheio de tristeza e lágrimas
que seja o fim, ambos entendem que precisam primeiro trabalhar suas questões internas.

Isso, no entanto, gera dúvidas entre o resto da turma. Alguns dias após o ocorrido, em uma tarde na
casa da Magali, o Cascão puxa o assunto novamente, enquanto senta no tapete do quarto dela.
“Então, não tá, tipo… um clima zuado entre vocês nem nada?”

“Acho que é inevitável ter um pouco de estranheza, né?” A Magali responde, sentada em sua cama
perto da cabeceira, fazendo carinho no Mingau. “Mas eu sei que eles vão passar por cima disso.”

Mônica, sentada do outro lado da cama, com um travesseiro, acena com a cabeça em direção da
amiga e continua. “Ele é, acima de tudo, meu melhor amigo - que nem vocês dois.” Ela sorri para a
Magali e depois para o Cascão, enquanto cutuca o ombro dele com seu pé que está pendurado para
fora da cama. “Sem falar que a gente não brigou nem nada. Foi mais uma conversa difícil. Não vai
ser isso que vai diminuir nossa amizade.”

“Ainda bem.” Cascão responde, e vira em direção a sua mochila, abrindo e pegando alguns itens
dela. “Porque eu não quero vibe ruim aqui enquanto a gente faz o trabalho. Eu tô precisando
demais de nota nessa matéria.”

Mônica ri e, logo em seguida, o celular da Magali treme. Ela vê a mensagem que aparece, e diz
“Falando no dito cujo, ele acabou de chegar. Vou ir lá abrir a porta para ele.” Ela levanta e sai do
quarto, seguido de barulho de passos descendo as escadas.

“Falando sério agora.” Cascão vira para a Mônica, parando momentaneamente de mexer no seu
material escolar. “Vocês estão de boa mesmo? Se vocês ainda, sei lá, não estiverem confortáveis,
quiserem dar um tempo sem se ver, a gente pode dar um outro jeito de fazer o trabalho.”

Ela sorri de novo. “Obrigada pela preocupação, Cas.” Ela desce da cama e começa também a pegar
livros e canetas da sua mochila. “Mas a gente tá de boa de verdade. A gente sabe que se ama, e que
isso não vai mudar - é só a questão da gente se ajeitar primeiro antes de ficar junto de verdade. Está
tudo certo.”

Ele responde com um sorriso e com um jóinha, o qual ela retribui. Embora ela diga todas essas
palavras, uma parte dela não consegue ignorar a possibilidade de tudo ter mudado a pior. Eles
garantiram um para o outro, quando encerraram tudo, que isso não acabaria com a amizade. Mas e
se o Cebola tiver mudado de ideia? Eles não se falaram desde então. Ele pode muito bem se
arrepender de tudo que aconteceu.

Mas, antes da Mônica continuar a considerar essa possibilidade, Magali volta junto com algumas
frutas cortadas em pequenos pratos e, mais importante, com o Cebola junto. Ele acena para os
outros dois que estão no chão do quarto. “Foi mal o atraso.” E, quando termina de falar, sorri por
alguns instantes para ela.

Ela retribui o aceno e o sorriso, aliviada de saber que nada mudou desde a última conversa. “De
boa, careca.” Cascão responde, enquanto se mexe para o lado, dando espaço para o amigo sentar
ao seu lado. Então, se dirige para a Magali. “E você já aproveitou para fazer uma boquinha?”

“Eu estava pensando no grupo! Juro!” Ela responde, colocando as frutas cortadas na mesa de
cabeceira. “Já deixei o lanchinho pronto para ninguém ter desculpa para fugir no meio do
trabalho!” Enquanto isso, os outros três fingem não ter percebido que grande parte das frutas eram
melancias.

E assim, a reunião de trabalho deles continuou como já era de costume: usar grande parte do tempo
para conversar sobre os mais diversos assuntos do que realmente avançar no objetivo escolar.
Sempre de forma leve, como se nada demais tivesse acontecido nos últimos dias que se alguma
forma mexesse com a dinâmica do quarteto.

(E se, na volta para a casa, o Cebola segura a mão da Mônica enquanto andam juntos até chegarem
ao portão dela, isso não é da conta de ninguém.)

-x-

Eles só conversam novamente sobre o assunto de “namoro” dois anos depois.

Agora, na reta final de terminar o ensino médio e prestar vestibular, grande parte dos planos entre
eles passou de cinema ou parque para sessões de estudo. Com os quatro querendo entrar em
universidades concorridas, a escola começou a ser levada ainda mais a sério.

Essa tarde, apenas o Cebola e a Mônica estão presentes, ambos na casa dela. Cascão foi estudar
com a Cascuda (que, por querer prestar medicina, é a melhor opção de companhia para estudar) e
Magali com o Quim (ou seja, o melhor suporte moral para ela).

Eles estão ocupando a mesa de jantar com apostilas, papéis e canetas. Ela encara uma lista de
exercícios com uma cara de poucos amigos, enquanto ele divide a atenção entre o caderno e o
tablet com provas de vestibulares anteriores. Do outro lado da mesa, canecas de café vazias que
foram abandonadas horas atrás.

A conversa começa, inicialmente, com outro assunto. Mônica encosta na canela de Cebola com seu
pé por baixo da mesa, chamando sua atenção. “Ei.”

Ele vira, com uma caneta na boca. Assim que percebe que conseguiu a atenção dele, ela continua.
“Eu finalmente decidi qual curso eu vou prestar.”

Mônica estava com dificuldades de decidir em qual curso iria se matricular - Magali tinha a
nutrição, Cascão sua aptidão nos esportes e o Cebola, seu interesse em tecnologia. Já ela, embora
tivesse algumas ideias - como algo que envolvesse proteger pessoas - nunca conseguiu definir algo
mais concreto, ficando apenas nos conceitos vagos.

Por isso, quando ela declara que fez sua escolha, Cebola olha surpreso para ela, mas interessado.
Ela continua. “Eu acho que vou seguir com direito mesmo. Eu sei que é uma das opções mais
difíceis de entrar, mas não consigo me imaginar nas outras possibilidades. Essa é a que tem mais
chances de eu gostar.”

Ele ouve, atento. Quando ela termina, ele começa a falar. “Acho que foi a melhor escolha que você
poderia ter feito. Desculpa Mô, mas eu não consigo te ver como, sei lá, socorrista.”
“E por que não, posso saber?” ela diz, enquanto encara e aponta uma caneta para ele. Ele responde.
“Muitas vezes tem um limite em quanto o socorrista pode ajudar em uma emergência. Eles fazem
o seu melhor e mesmo assim não é o suficiente. Acho que você ia se frustrar muito.”

Mônica revira os olhos, mas sabe que ele está certo. Um dos grandes fatores decisivos para direito
foi a possibilidade de ajudar, até o fim, quem precisa. Em outras carreiras, a ajuda que ela poderia
oferecer sempre parecia ter um limite.

“Sem falar que ia ver sangue toda hora, né? Você não ia durar uma semana.” Depois de ouvir isso,
ela joga uma bolinha de papel em direção a ele, que erra o alvo e cai em algum lugar no chão. Ele
continua, aceitando que os estudos de anteriormente já estavam completamente esquecidos. “Você
já contou para os seus pais? Eles estavam mega nervosos pra saber sua decisão.”

“Contei sim.” Ela responde. “Eu acho que, beeeem lá no fundo, meu pai ficou um pouquinho
decepcionado que eu não vou pro mercado financeiro, que nem ele. Mas acho que ficaram
principalmente felizes que eu finalmente me decidi.”

“É o seu futuro, o que você vai fazer por grande parte da sua vida. Eles estavam preocupados com
você.”
Ele argumenta. Depois, pergunta. “E para a Magali? Já contou?”

“Ainda não. Foi você quem foi visitar as universidades comigo. Achei que você merecia saber
primeiro.” Ela sorri para ele, lembrando dos dois andando pelo enorme campus da faculdade, com
os olhos brilhando ao imaginar as possibilidades de seus futuros. “Você que me ajudou a decidir o
meu futuro.” Ela sorri para ele, ignorando como seu rosto está avermelhado.

Ele adquire um tom semelhante nas suas próprias bochechas, e desvia o seu olhar. “Eu só te ajudei
a tomar a decisão certa com a minha inteligência claramente superior.” Mais uma bolinha de papel
voa em sua direção, da qual ele desvia. “E não é como se eu não fosse estar sempre do seu lado
para ajudar.” Ele diz esta última parte mais baixo.

Mônica olha para ele com surpresa, mas não hesita em comentar. “Que romântico.” Uma pausa.
Ela questiona o que está prestes a dizer, mas decide arriscar. “Parece até um pedido de
compromisso. Ou algo parecido.” Ela olha para o lado, fingindo interesse na parede, para tentar
disfarçar o quão curiosa está para a resposta do Cebola.

Ele, em contrapartida, fica ainda mais vermelho, e olha para ela por alguns segundos enquanto
tenta pensar no melhor jeito de responder. Decide, enfim, pela verdade.“ Eu não achei que a gente
precisasse estabelecer um compromisso.” Ele cruza os braços. “A gente já é praticamente
exclusivo um do outro. Sempre passamos o dia dos namorados juntos. Já é quase um
compromisso.” Seu rosto agora já está com um tom parecido com o de um tomate.

Ela olha para ele por um instante e, antes de pensar duas vezes, ela abre a boca para falar. “Quer
sair do quase?”

Silêncio.

Ele encara ela, e ela decide que agora é tarde demais para dar para trás. Mônica ajusta sua postura
na cadeira e pega as mãos de Cebola, apoiando-as em cima da mesa. Encara os olhos deles, e
pergunta. “Cebolácio. Acho que amadurecemos bastante nos últimos tempos. E sinto que nós
estamos prontos para tentar de novo.” Ela respira fundo. “Quer namorar comigo?”

Mais silêncio. Ele olha para ela de volta, sem palavras. Então, sem soltar as mãos dela, ele
responde. “Você planejou isso?”
Ela revira os olhos. “Claro que não. Eu não sou que nem você.” Dessa vez, ele que revira os olhos.
Em seguida, abre a boca como se fosse responder algo. Mas, após alguns instantes, Cebola muda
de ideia e inclina para a frente, colocando uma das suas mãos na nuca de Mônica e a beija.

Eles estarem se beijando não é nenhuma novidade. Cebola tinha razão sobre eles estarem em um
“quase compromisso” - e isso inclui afeto físico. Mas, mesmo assim, ela ainda sente as borboletas
no estômago e os calafrios na espinha como se fosse a primeira vez.

Eles se afastam, depois de alguns instantes, e ele sorri para ela. “É claro que eu quero.” Sua mão,
que estava na nuca dela, passa para o lado direito do seu rosto. “Eu sempre vou querer estar do seu
lado. Eu te amo.”

E, naquele momento, Mônica se lembra da promessa feita por ele naquela tarde muitos anos atrás.
Como ela nunca foi quebrada até o dado momento, e como provavelmente nunca será.

“Eu também te amo, Cebolinha.” Ela responde, enquanto promete, mentalmente, que também
nunca iria embora.

End Notes

a cena do 'promete que nunca vai embora' do começo é da mônica nº234 (ed. globo)

a ideia da mônica ser paramédica/socorrista veio da ed. 55 e ed. 87, ambas da primeira série

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