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Lírica de Camões - 10º - Ano - Rafael
Lírica de Camões - 10º - Ano - Rafael
As redondilhas:
- Maior (7 sílabas métricas)
- Menor (5 sílabas métricas)
Exemplo de Cantiga:
Cantiga Alheia
Mote
Às amigas perguntando:
Voltas
Às amigas perguntando:
De improviso a vi chorando.
Mote:
Descalça vai para a fonte leonor pela verdura;
Vai formosa e não segura.
Voltas:
Leva na cabeça o pote,
O texto nas mãos de prata,
Cinta de fina escarlata.
Sainho de chamalote;
Traz a vasquinha de cote.
Mais branca que a neve pura;
Vai formosa e não segura.
Aquela cativa
Que me tem cativo,
Porque nela vivo
Já não quer que viva.
Eu nunca vi rosa
Em suaves molhos,
Que pera meus olhos
Fosse mais fermosa.
Ua graça viva,
Que neles lhe mora,
Pera ser senhora
De quem é cativa.
Pretos os cabelos,
Onde o povo vão
Perde opinião
Que os louros são belos.
Pretidão de Amor,
Tão doce a figura,
Que a neve lhe jura
Que trocara a cor.
Leda mansidão,
Que o siso acompanha;
Bem parece estranha,
Mas bárbara não.
Presença serena
Que a tormenta amansa;
Nela, enfim, descansa
Toda a minha pena.
Esta é a cativa
Que me tem cativo;
E. pois nela vivo,
É força que viva.
Exemplo de um soneto
INTERPRETAÇÃO DO POEMA:
Notas:
(1) Rosto
(2) Desembaraço, ousadia
(3) Tranquilidade
(4) Na mitologia grega, Circe era uma feiticeira, especialista em venenos.
5. Estabeleça uma relação entre esta composição poética e o soneto “Ondados fios
d’ouro reluzente” destacando uma diferença e uma semelhança existentes entre eles.
. No soneto “Ondados fios d’ouro reluzente”, o sujeito lírico destaca sobretudo a beleza
física da mulher, enquanto neste realça a sua perfeição moral. Mas, em ambas as
composições poéticas, a mulher é uma figura indefinida, incorpórea, quase divina, que
se encontra distante do sujeito lírico e que não pode ser alcançada, apenas desejada.
a este mote:
VOLTAS
NOTA:
Trata-se de um vilancete, dado ser constituído por mote de três versos e duas
glosas de sete. Os versos são redondilha maior.
No poema, estão presentes várias cores: o a. verde dos caminhos percorridos por
Leanor, que remete para um espaço b. campestre/rural , fértil, e simultaneamente
nos sugere a juventude de donzela; as cores da c. prata e do d. ouro ,
ambas associadas ao caráter superior, invulgar, da e. beleza da jovem; a f. brancura
da neve, associada, por um lado, à cor da pele, característica da mulher descrita ao
modo g. petrarquista , e, por outro, a um traço psicológico – a sua pureza; e o
h. vermelho (“escarlata”), cor forte, viva, que i. contrasta
com as outras cores e que permite uma leitura mais erótica do poema. Leanor é jovem,
bela, pura, mas sensual, e j. atrai o olhar daqueles por quem passa, nomeadamente o
do k. . sujeito poético.
O sujeito lírico destaca, por meio de uma metáfora (“chove nela graça tanta”, v.
12), a perfeição e a beleza da mulher, concluindo que esta acrescenta beleza à própria
formosura, ultrapassando o próprio modelo, a própria essência de beleza.
A jovem exibe a sua beleza, mas esta formosura traz-lhe insegurança, uma vez que ela
está mais exposta aos olhos daqueles por quem passa, ou seja, ao amor.
Endechas (1)
Aquela cativa,
Eu nunca vi rosa
em suaves molhos,
me parecem belas
como os meus amores.
Rosto singular,
olhos sossegados,
pretos e cansados,
Ua graça viva,
de quem é cativa.
Pretos os cabelos,
perde opinião
Pretidão de Amor,
Esta é a cativa q
ue me tem cativo,
NOTA:
(2) escrava
(3)alegre
b. O sujeito poético considera-se um cativo, pois está preso na Índia. FALSO – O sujeito
poético considera-se um cativo, pois está preso aos encantos da mulher amada.
c. Os olhos da mulher retratada são verdes como os campos. FALSO – Os olhos da
mulher narrada são pretos.
f. O sujeito poético traça apenas o retrato físico da mulher. FALSO– O sujeito poético
traça o retrato físico da mulher, mas também são realçados traços psicológicos, como
a serenidade.
g. A neve (quarta estrofe) surge associada por semelhança à cor da pele de Bárbara. .
FALSO – A neve contrasta com a cor negra da pele da mulher, e gostaria até de mudar
a sua cor.
Dirigindo-se aos elementos da Natureza, o sujeito afirma “me já não vedes como
vistes” (v. 9). O contraste entre o pretérito perfeito do indicativo (vistes) e o
presente do indicativo (verde) marca a diferença entre um estado de felicidade
passado e a tristeza do presente. Por essa razão, também afirma “já não podeis
fazer meus olhos ledos” (v. 8), indicando, através do uso do presente do
indicativo, que é no momento atual que a felicidade lhe é impossível.
Análise
Este soneto abre com uma antítese e pode dividir-se em dois momentos:
1.1 Refira o desejo expresso pelo sujeito lírico, caracterizando o seu estado de
espírito.
O sujeito lírico exprime o desejo de que o dia do seu nascimento desapareça, não se
tornando a repetir. Esta aspiração permite caracterizar o sujeito, destacando-o pela
negativa, como um ser sofredor e martirizado.
As palavras que exprimem o tom disfórico são “moura”, “pereça”, “eclipse” e “padeça”.
2.1 Comprove a criação por parte do “eu” lírico de um ambiente apocalíptico (fim do
mundo), justificando as suas afirmações com expressões textuais.
O “eu” lírico refere um conjunto de elementos apocalíticos, como o eclipse do sol (“o sol
se [lhe] escureça”, v. 5), o aparecimento de monstros ("nasçam-lhe monstros”, v. 7), a
chuva de sangue (“sangue chova o ar”, v. 7), o não reconhecimento dos filhos pelas
próprias mães (“a mãe ao próprio filho não conheça”, v. 8).
3. Comente as reações dos seres humanos perante esse ambiente desejado pelo “eu”.
O sujeito dirige-se à “gente temerosa”, identificando o seu interlocutor por meio de uma
apóstrofe.
4.2 Comprove com o levantamento de expressões que esta estrofe apresenta o motivo
pelo qual o “eu” lírico formulou o desejo expresso na primeira quadra.
“que este dia deitou ao mundo a vida / mais desgraçada que jamais se viu!” (vv. 13-14)
Perante a consciência da passagem do tempo, o poeta torna-se um ser cada vez mais
SOLITÁRIO (solitário/solitário).
1. verão
2.falsos
3.destinos
5.natureza e costume.
1.1 Explicite como se processa esta ideia, relacionando-a com a primeira estrofe.
1.3 Relacione os dois primeiros versos desta quadra com o conteúdo da primeira.
Deus é referido como o garante da ordem do mundo. Desta forma, o sujeito julga
que a desordem que se verifica no mundo só poderá ficar a dever- -se a um possível
esquecimento por parte desse ser superior.
Este poema tem como tema a a. Mudança e pode dividir-se em três momentos. O
primeiro, correspondente à primeira estrofe, integra a apresentação e a afirmação de
um mundo em constante transformação, como se pode verificar nos versos b. três
e c. quatro . O segundo momento, correspondente às d. duas estrofes seguintes,
constitui a constatação do sujeito relativamente à forma como a mudança se opera,
sendo, para o ser humano, geralmente e. negativa , como atestam os três primeiros
versos da segunda estrofe e o f. último do primeiro terceto. Pelo contrário, na g.
Natureza , a mudança é cíclica e confunde-se com renovação, como se comprova com
os dois primeiros versos do primeiro h. terceto. Por fim, o terceiro momento é
introduzido pela conjunção copulativa “e” que inicia o último terceto. Aqui, o “eu” lírico
conclui que o próprio processo de mudança sofre os efeitos de mudança – i. “outra
mudança faz de mor espanto” / j. ”que não se muda já como soía “.
TEXTO A
TEXTO B
em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
TEXTO A TEXTO B
2. Identifique, no texto A, os responsáveis pela situação atual vivida pelo sujeito poétic
Os responsáveis pela situação atual vivida pelo sujeito poético são o Destino
(Sorte/Fortuna) e o Tempo, que não permitem que ele atinja um estado de felicidade,
retirando-lhe qualquer esperança de ser feliz.
3. Justifique a introdução da experiência pessoal do “eu” no texto B.
A experiência do “eu” surge como oposição àquilo que acontece aos outros, que não
são castigados pelos seus erros. Para ele, o desconcerto não funcionou, pois errou, mas
não foi premiado, mas sim, pelo contrário, castigado.
Os dois textos remetem para um descontentamento, uma vez que o sujeito poético,
pela sua experiência de vida, conclui que qualquer esperança é enganadora, porque o
tempo tudo destrói, e que o mundo em que vive tem os valores invertidos.
Na sua obra, Luís de Camões apresenta várias temáticas, sendo uma delas a
representação e a descrição da mulher segundo o modelo petrarquista – loira, de pele
clara e olhar luminoso, características que se associam à serenidade e à doçura do
retrato. Poemas como “Ondados fios de ouro reluzente” ou “Descalça vai para a fonte”
traduzem este tipo de beleza. Camões inspirou-se em Petrarca para representar na sua
lírica o modelo de mulher ideal e perfeita, contudo, Camões não é apenas um seguidor
de modelos clássicos. Pela sua experiência, refere os diferentes tipos de beleza
feminina. Em “Endechas a Bárbara escrava”, por exemplo, descreve uma mulher de pele
negra, cabelos e olhos escuros, uma “cativa que o tem cativo”. Concluindo, foi um poeta
que soube conjugar os ideais renascentistas com as suas próprias vivências.
A REPRESENTAÇÃO DA NATUREZA
Na sua obra, Luís de Camões apresenta várias temáticas, sendo uma delas a
representação da Natureza. Camões, na sua lírica, descreve a natureza como um Locus
amoenus, ou seja, um lugar aprazível, por norma, em ambiente bucólico (no campo), no
qual o sujeito poético descreve a natureza e um conjunto de elementos específicos,
como o campo fresco e verdejante, com um vasto arvoredo e flores coloridas, cujo doce
odor se espalha com a brisa. A vegetação é densa, mas constantemente renovada, dada
a grande fertilidade do terreno, e a passagem do tempo não conduz à destruição da
paisagem.
O EU E O MUNDO
Concluindo, O sujeito poético revela-se um ser descontente com a sua vida, com
o mundo, deseja que as pessoas fiquem pasmadas perante a sucessão de
acontecimentos, acreditando que o mundo está à beira do fim, o que será uma forma de
realçar a tragédia que este associa à sua vida e à revolta que sente.