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Resumo
O artigo elucida reflexões sobre a Teoria Junguiana e alguns conceitos chave da abordagem
como o destino do sujeito humano e o Processo de Individuação. Foi utilizada como pano de
fundo a série de desenho animado estadunidense Avatar: A Lenda de Aang (Avatar: The Last
Airbender) – animação criada sob influência das lendas e cultura coreanas e orientais. O
objetivo deste artigo é pensar a riqueza de conhecimento presente na história para
entendimento da teoria Junguiana, fazendo paralelos com os caminhos percorridos pelas
civilizações em seus aspectos de desenvolvimento. O método utilizado foi o qualitativo,
observando os fenômenos apresentados na obra de ficção, suas relações com a produção
bibliográfica de Carl Gustav Jung (1875-1961), e conhecimentos afins à Psicologia Analítica,
considerando o destino e do processo de individuação. Nota-se que há concordâncias
riquíssimas entre os elementos multiculturais presentes nos paralelismos realizados e que fez-
se concluir e considerar a teoria como grande fonte de sabedoria para o entendimento de si
mesmo e do sujeito no mundo.
Palavras-chave: Psicologia Junguiana. Avatar Aang. Destino. Processo de Individuação.
INTRODUÇÃO
Assim, buscamos reflexões na obra de ficção Avatar: A Lenda de Aang (Avatar: The
Last Airbender), para termos parâmetros comparativos com os escritos da teoria Junguiana,
estabelecendo correlações possíveis entre o desenho animado, os conceitos da Psicologia
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Graduado Psicologia pela Unime Salvador – União Metropolitana de Ensino, Pós-graduando em Teoria
Junguiana pela Clínica Psique e Faculdade Hélio Rocha. E-mail: psicesar.souza@gmail.com
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Pós-graduada em Psicologia Analítica, Psicóloga Clínica pela UFBA (1997). Orientadora do Trabalho de
Conclusão do Curso. E-mail: lucyregislins@hotmail.com
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Foi através de Carl Gustav Jung (1875-1961) que chegamos a um olhar psicológico
para o estudo sobre o destino e seus conflitos com as vontades do ego e, baseado em seus
conceitos e nas ramificações destes, pretendemos transcorrer os caminhos da individuação
amparada pelos seus arquétipos e suas manifestações referentes a “uma camada mais
profunda, que já não tem sua origem em experiências ou aquisições pessoais, sendo inata”
(JUNG, 2014, p.12) denominada inconsciente coletivo.
o espírito Avatar reencarna num novo indivíduo, obedecendo a seguinte ordem do ciclo: fogo,
ar, água e, terra.
A lenda de Aang tem início quando ele é encontrado pelos irmãos Katara e Sokka da
Tribo da Água do Sul. Aang havia fugido de sua casa no Templo do Ar do Sul ao descobrir,
aos 12 anos, que ele era o novo Avatar e tinha como missão manter o equilíbrio do mundo e
impedir a guerra que estava para começar, orquestrada pela Nação do Fogo. Assustado, ele
foge com seu bisão voador (criatura extinta que ensinou os nômades a dobrar o ar) mas ambos
são atingidos por uma forte tempestade e lançados ao fundo do mar.
Uma série de aventuras e personagens marcantes surgem durante a saga de Aang, que
aos poucos aceita seu destino e inicia sua jornada para dominar os 04 elementos e tornar-se
um Avatar completamente realizado.
Katara é a responsável por encontrar o jovem Aang congelado num iceberg. Ela é a
única dominadora de água da Tribo do Sul. Aos 08 anos, sua tribo foi atacada pela Nação do
Fogo e sua mãe foi morta. Seu pai precisou abandonar a tribo para se juntar aos guerreiros do
Reino da Terra durante a guerra, e ela se viu na obrigação de cuidar do restante da tribo junto
com seu irmão Sokka.
Não por acaso, Katara está vinculada à dominação do elemento água que, por sua vez,
sofre influências energéticas diretas da Lua, pois, como vimos, a Lua foi a primeira dobradora
de água, devido à sua relação com o Oceano, no movimento de empurrar e puxar as ondas.
Seu perfil está relacionado à deusa Deméter, a grande mãe, nutridora, o arquétipo do
materno que representa o instinto maternal da nutrição física, psicológica e espiritual dos
outros (SILVA, 2016). Katara desenvolveu a técnica de curar através das mãos, reafirmando
o aspecto de cuidado expresso em Deméter. Outra divindade semelhante é Iemanjá, rainha das
águas, deusa de origem africana, representada pelos grandes seios nutridores do mundo e mãe
de todos os orixás (SELJAN, 2017).
Ao descobrir o responsável pela morte de sua mãe, Katara vai à busca de vingança e
encontra o tal homem. Dotada da rara capacidade de dobrar o sangue no corpo das pessoas,
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Em dado momento da trama, Aang é atingido por um relâmpago lançado por Azula
(filha do Senhor do Fogo Ozai), ferindo-o mortalmente. Katara, o carrega morto em seus
braços, numa analogia à imagem da Virgem Maria ao carregar seu filho Jesus morto após a
crucificação, salientando o duplo aspecto da grande mãe que reintera a imagem da mulher
“escolhida para gerar e criar aquele que salvaria o mundo. Uma mulher decidida e corajosa
em que a igreja disseminou apenas a imagem da mãe virginal” (SILVA, 2014, p.19).
Valendo-nos lembrar que foi Katara quem despertou Aang do iceberg, simbolicamente
dando-lhe a vida.
Em sua jornada Aang conhece Toph, uma menina cega que fugia de casa desde muito
pequenina e encontrava as Toupeiras Texugo, que também eram cegas. Graças a esses
encontros com os dominadores originais do elemento terra, ela desenvolveu a extraordinária
capacidade de “ouvir” as ondas sísmicas da terra e passou a “enxergar” o mundo pela
captação dessas ondas através de seus pés.
Esta analogia com o gênero da personagem pode esboçar a lógica inicial da teoria
Junguiana sobre o animus e a anima de que “anima constitui o lado feminino da psique
masculina; o arquétipo de animus compõe o lado masculino da psique feminina” (HALL &
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NORDBY, 2014, p.38). Porém, esta concepção perdeu força com os estudos pós-junguianos
onde se entende que anima e animus são bipolares, representam funções psíquicas que nada
tem a ver com o gênero biológico da pessoa, compreendendo a importância do símbolo
arquetípico como se é vivido, e não o símbolo em si (BYINGTON, 1987).
Após embates com Katara, a figura de anima latente do grupo, Toph alivia a sua
rigidez com Aang e com os demais, mas não perde sua personalidade típica de dobradora de
terra. É notável que a estrutura psíquica de Toph era necessária ao grupo (ela surge na
segunda temporada da história) para a construção de maior maturidade e senso de
responsabilidade diante dos acontecimentos que estavam por vir.
Zuko é uma das personagens mais incompreendidas da série. Sua carga emocional de
raiva e rancor está diretamente ligada à sua má relação com seu pai, o Senhor do Fogo Ozai,
principalmente após o desaparecimento de sua mãe.
Para punir o jovem, ele arquitetou um duelo em Agni Kai (batalha entre dominadores
de fogo – em referência à Agni, divindade de fogo na Índia). Zuko acreditava que enfrentaria
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um general da Nação do Fogo que se sentira ofendido durante a reunião, porém, quando é
chegada a hora do duelo, ele se depara com o próprio pai e desiste de lutar. Porém, Ozai se
mostra impiedoso e ataca o filho, queimando-lhe o lado esquerdo do rosto, deixando uma
cicatriz como marca de que ninguém deveria contrariar o Senhor do Fogo, nem mesmo sua
família.
Além disso, Ozai baniu o seu filho alegando que a única forma de restituir a honra do
garoto seria se ele capturasse o Avatar. Zuko então parte numa jornada incansável para
restaurar sua honra e o respeito de seu pai – ele passa a viver à sombra de Aang. Sua
existência depende disso, sem o Avatar, Zuko não encontrava sentido para seu caminho.
Neste aspecto sombrio de Zuko, “o indivíduo sente-se impelido a dar livre curso ao
pior lado de sua natureza, reprimindo o que há de melhor nela (...) a função da sombra é
representar o lado contrário do ego e encarnar, precisamente, os traços de caráter que mais
detestamos nos outros” (JUNG et al, 2016, p.229).
Zuko desestrutura Aang por ter em seu comportamento a cegueira da maldade como
resposta às exigências de um coletivo do qual ele necessita corresponder e, “sob certos
ângulos, a sombra pode também consistir de fatores coletivos que brotam de uma fonte
situada fora da vida pessoal do indivíduo”. (JUNG et al, 2016, p.222).
concretamente de algo cuja qualidade mais profunda não conhecemos realmente” (JUNG,
2000, p.183).
A crise de identidade em Zuko se passa quando tudo que ele acredita ser o seu destino
é colocado em dúvida pelas orientações de seu tio Iroh. Entendendo a história dos seus
antepassados, Zuko se arrepende e tenta ajudar Aang a dominar o fogo e vencer seu pai
terminando a guerra. “O fogo é vida, não só destruição” (GUERREIROS DO SOL, 3ª temp.,
ep. 13).
Nesta nova perspectiva, entendemos que, basicamente, Zuko foi, por muito tempo, um
bode expiatório do verdadeiro mal, ou da verdadeira sombra que pairava sobre o coletivo:
Já ficou claro que a relação familiar de Zuko não era das melhores. Grande
responsabilidade sobre isso está a cargo de seu pai Ozai, já que “o pai é um poderoso
arquétipo que vive no íntimo da criança. Também o pai é, antes de tudo, o pai, uma imagem
abrangente de Deus, um princípio dinâmico (...) vai ocupando todas as dimensões possíveis”
(JUNG, 2000, p.39).
Como que numa referência aos tratados da mitologia, o pai teme a perda de seu poder
para seu filho e o devora. Assim ocorreu com Urano, Kronos e Zeus; assim ocorreu com
Sozin, Azulon e Ozai. Todos obedeciam à característica de deuses dominadores, inflexíveis e
conquistadores, porém amedrontados com a ideia de serem destronados. (DOWNING et al.,
1994). Além disso, no paralelismo mitológico, podemos comparar o Senhor do Fogo Ozai
com o mito de Zeus, senhor dos céus e dos raios. (LEXIKON, 2006).
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A ligação entre Zuko e Aang se explica quando conhecemos a historia do Avatar Roku
(Avatar anterior a Aang). Roku e Sozin são os bisavôs materno e paterno, respectivamente, de
Zuko e eram melhores amigos na infância. Quando Sozin se tornou o novo Senhor do Fogo,
seus planos ambiciosos para expandir a nação tornaram esta amizade impraticável, chegando
ao ponto de Sozin deixar o amigo Roku morrer numa explosão vulcânica simplesmente porque
o Avatar era um obstáculo aos seus planos.
Zuko vem resgatar esta dívida com Aang, num emaranhado do destino, vivendo a
dualidade entre o bem e o mal pela sua herança familiar entre Roku e Sozin, até entender que
sua sina em capturar o Avatar está ligada à redenção de uma dívida, o que reforça que “as
raízes da psique e do destino vão mais longe do que o “romance familiar” e que, não apenas
as crianças, mas também os pais são simples ramos de uma grande árvore” (JUNG, 1909,
p.293).
A vida de Iroh nem sempre foi preenchida por feitos benéficos. Irmão mais velho de
Ozai, era ele quem assumiria o trono como Senhor do Fogo quando seu pai Azulon morresse.
Porém, com a morte de seu único filho Lu Ten durante a guerra para o Reino da Terra, Iroh se
rende, e retorna para casa sem conquistar a cidade-estado de Ba Sing Se. Humilhado e
ultrajado, Iroh é traído pelo próprio irmão que assume o posto de novo Senhor do Fogo após a
misteriosa e repentina morte de Azulon.
Durante toda a série, as reflexões mais profundas e existenciais, são dadas por ele,
principalmente para seu sobrinho, Zuko. Uma de suas mais louváveis frases emerge no
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pensamento de Zuko quando ele imagina o que Iroh falaria para ajudá-lo a convencer Aang de
que ele havia mudado de lado: “Você tem que olhar para dentro de você para se salvar do seu
outro ‘eu’. Só aí o seu verdadeiro ‘eu’ vai se revelar” (ZUKO apud IROH, 3ª temp., ep. 13).
Ao acompanhar a história, nos intriga perceber como Iroh sempre sabia o que dizer às
demais personagens. Isso colabora com o conceito do arquétipo do velho sábio, pois “quando
aparece nos mitos ou contos de fadas tem a função de auxiliar o herói, que se encontra em
situação difícil e sem resolução de saída para o problema, que só se resolverá através de
autorreflexão profunda ou insight” (GONÇALVES, 2009, p.27).
O velho sábio comumente auxilia a jornada do herói arquetípico, no entanto, Zuko não
é propriamente um herói, mas sim Aang o é, porém ele não precisa do auxílio constante do
velho sábio, afinal seu auxílio se origina do próprio Self, já que, ele próprio é e foi criado por
monges. “Não encontrando em quem projetar o velho sábio, o herói, desesperado, pode
arrojar o seu jovem e inexperiente eu no papel do velho arquetípico. Se isso acontecer, o
próprio buscador iniciará um culto e atrairá seguidores” (NICHOLS, 2007, p.172).
Exatamente o que acontece com Aang quando inicia sua jornada e se utiliza dos conselhos dos
Avatares anteriores a ele, como veremos mais adiante. Mas quando Zuko “perde o caminho ou
depara com um impasse, o velho sábio costuma aparecer trazendo uma nova luz e novas
esperanças” (NICHOLS, 2007, p.170) através da figura de Iroh.
Ainda assim, encontramos um momento em que Iroh nos brinda com um grande
ensinamento de Jung: “A perfeição e o poder são superestimados. Acho que você foi muito
sábio ao escolher a felicidade e o amor” (IROH, 2ª temp., ep.20). Esta fala ocorre quando
Aang pede a opinião de Iroh sobre ele ter abandonado a possibilidade de completar seu treino
espiritual para ser um Avatar completamente realizado, e Jung nos diz: “Onde o amor impera,
não há desejo de poder; e onde o poder predomina, há falta de amor. Um é a sombra do outro”
((JUNG, 1997, p.8 apud SILVA & AOSANI, 2016).
Quando vai ensinar a Zuko como criar um raio/relâmpago, Iroh acaba por dar uma
aula sobre o conceito Junguiano para libido ou energia psíquica e seus mecanismos de
compensação entre os opostos no psiquismo:
Tem energia por toda a nossa volta. Há energia tanto em Yin quanto em Yang,
energia positiva e energia negativa. Só alguns dominadores de fogo seletos podem
separar estas energias. Isso cria um desequilíbrio. A energia quer restaurar o
equilíbrio e, no momento em que energia positiva e a negativa se chocam, você
libera e a orienta, criando então o relâmpago. (IROH, 2ª temp., ep.09).
No tarô, o velho sábio é O Eremita, “frade aqui retratado personifica uma sabedoria
que não se encontra em livros. O seu dom é tão elementar e perene quanto o fogo da sua
lâmpada” (NICHOLS, 2007, p.169). Vale lembrar que Iroh é, coincidentemente, um
dominador de fogo que foge o padrão da busca pelo, além de ser membro estimado de uma
sociedade secreta denominada Ordem do Lótus Branco que, em suas premissas, guarda o
conhecimento, a filosofia, a beleza, a verdade e o amor pelo funcionamento natural do
planeta; algo semelhante a algumas ordens secretas como a Maçonaria, sistema de moralidade
formado exclusivamente por homens que detém bons costumes, e que visam a fraternidade e
dedicação a princípios imutáveis que auxiliem o desenvolvimento material e espiritual de seus
membros (LIMA & SILVA, 2003).
Os cem anos em que Aang passa congelado no iceberg podem ser lidos como uma
necessidade da consciência se preparar para lidar com aspectos da coletividade. O medo de
enfrentar uma guerra que ainda não começara era tão grande que a psique consciente não
sustentou a realidade e se enclausurou, aguardando o momento exato para fazer nascer o seu
salvador.
Pode ser descrito como o princípio básico do mundo, (...) é mais uma imagem
psíquica interior do que uma realidade concreta exterior. De acordo com a tradição
hindu, por exemplo, ele é algo que vive dentro do ser humano, sendo a sua única
parte imortal. (...) não significa apenas o começo da vida, mas também o seu destino
final, a razão de ser de toda criação. (...) toda realidade psíquica interior de cada
indivíduo é orientada, em última instância, em direção a este símbolo arquetípico do
self. (JUNG et al, 2016, p.266-270).
Vale lembrar que Aang é o último dobrador de ar, já que sua civilização foi extinta
após os ataques da Nação do Fogo. O ar, “como o fogo, é um elemento móvel, ativo e
masculino. (...) está simbolicamente em estreita relação com o sopro, o vento; considerado
com frequência a matéria tênue do reino intermediário entre as esferas terrena e espiritual”
(LEXIKON, 2006, p.21), o que explica sua relação íntima com a espiritualidade.
Para contatar suas vidas passadas, Aang necessita de um processo meditativo intenso e
profundo. Como se “a tentativa para darmos à realidade viva do self uma porção de atenção
cotidiana constante é como tentar viver simultaneamente em dois planos ou em dois mundos
diferentes” (JUNG et al, 2016, p.282).
A mente pura pode vencer todas as mentiras e ilusões sem se perder. O coração puro
pode resistir ao veneno do ódio sem ser envenenado. Desde o começo dos tempos, a
escuridão prospera no vácuo. Mas sempre cede à luz purificante. Antes da Era do
Avatar, dobrávamos não os elementos, mas a energia dentro de nós. Para dobrar a
energia de outros, seu próprio espírito deve ser indobrável, ou você será corrompido
e destruído. (Tartaruga-Leão do Fogo, Livro Três: Fogo, Capítulo 19 “O Cometa de
Sozin: Parte 2: Os velhos mestres; Capítulo 21 “O Cometa de Sozin: Parte 4: Avatar
Aang).
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Seu entendimento fica mais claro e, ao derrotar o Senhor do Fogo Ozai, ele não o
mata, mas sim, dobra a energia do seu oponente retirando-lhe a capacidade de dobrar o fogo.
Parece-nos que o tempo inteiro, o destino quis que Aang aguardasse o momento exato
de confrontar a sombra coletiva do mundo com sabedorias que não poderia compreender há
cem anos. A negação do seu destino quando os monges lhe avisaram sobre sua condição de
Avatar precisava acontecer para que a harmonização dos aspectos psíquicos fosse eficaz à sua
individuação, integrando a Grande Mãe Katara, o animus e a anima em Toph, e
principalmente a sombra em Zuko, do enredo paterno da família real da Nação do Fogo e do
entendimento do Homem Cósmico do self.
E como diria o velho Iroh, “o destino é uma coisa engraçada. Nunca se sabe como vão
ser as coisas, mas se você abrir a mente e o coração, eu juro que você vai encontrar o seu
próprio destino um dia” (IROH, 3ª temp., ep.12), afinal “a vida acontece onde você estiver,
quer você queira ou não” (IROH, 2ª temp., ep.14).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Recomendamos que o desenho sobre a lenda de Aang seja visto/revisto após a leitura
deste artigo. Parece-nos incrível como a percepção dos detalhes e das minúcias simbólicas
ficam em evidência, e nos fazem refletir sobre nossa trajetória enquanto parte atuante de
nosso processo de individuação, nos autorizando a identificar, compreender, negar ou aceitar
nosso destino – sabendo que somente nós responderemos pelas ramificações da atitude
tomada. Isso torna a experiência mais rica e profunda.
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Indicamos que as análises sejam continuadas sobre Aang. Ainda há muito a se explorar
neste universo simbólico. Assim como na sequência a essa história com o desenho Avatar: A
Lenda de Korra. As reflexões não param por aqui – e nem devem. São justamente atos como
se debruçar sobre a arte e a vida que nos permitem tomar atitudes assertivas e mais felizes em
benefício do coletivo e, por conseguinte, nosso também.
REFERÊNCIAS
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vida. São Paulo: Cultrix, 1994.
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TELLES, Júlio. COMO FOI FEITO AVATAR A lenda de Aang? A história de como
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<https://www.youtube.com/watch?v=QKlGKaLKp54> acessado em 17/03/2019 às 01h37.