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Critérios para delimitação do tema

Não raro o assunto de pesquisa é confundido com o tema. O primeiro é mais


abrangente, comportando diversas possibilidades de recorte, enquanto que o
segundo consiste naquilo que o pesquisador pretende abordar com
parâmetros precisos em sua pesquisa.
Diversos estudantes ou pesquisadores podem abordar um mesmo assunto, o
que não significa que todos tratarão do mesmo tema. Podemos dizer que o
tema é o assunto delimitado.
Depois de escolhido o assunto de pesquisa é preciso ainda afunilá-lo,
circunscrevê-lo. Para ajudar nesta etapa, podemos estabelecer alguns
critérios para a delimitação do tema.
Um primeiro critério é o espacial (GIL, 2004, p. 162). Por ser a pesquisa social
eminentemente empírica, é preciso delimitar o locus da observação, ou seja o
local onde o fenômeno em estudo ocorre. Um estudo que trate da violência
urbana, por exemplo, pode comportar diversos recortes espaciais (um
município, uma área metropolitana, uma região, etc). Certo é que o
parâmetro espacial escolhido implicará no resultado dos dados obtidos e nas
conclusões do estudo.
Outro critério de delimitação é o temporal (GIL, 2004, p. 162), isto é, o
período em que o fenômeno a ser estudado será circunscrito. Podemos definir
a realização da pesquisa situando nosso objeto no tempo presente, ou recuar
no tempo, procurando evidenciar a série histórica de um determinado
fenômeno. Uma investigação sobre micro-empresas, por exemplo, pode
situar-se no momento corrente, durante um período abrangido por um
determinado plano econômico (Real ou Cruzado, p.ex.) ou ainda nos últimos
10 ou 15 anos. Tudo depende, é claro, do objetivo do pesquisador em
elaborar o dado recorte.
A delimitação deve se ater, para usar a terminologia da Victor Franz Rudio, à
definição do "campo de observação" (RUDIO, 1985, p. 72-75). Este comporta,
além do local (recorte espacial) e circunstâncias (recorte temporal), a
população a ser estudada.
A população consiste na definição de quem será objeto da pesquisa. Este
quem pode se referir a um conjunto de empresas, ou aos pacientes sob
determinado procedimento clínico ou ainda a sujeitos que serão indagados
acerca de seus comportamentos ou visão de mundo (exemplo, os praticantes
de uma determinada religião). A população do estudo dependerá,
obviamente, da área de conhecimento na qual ele se insere e no propósito de
cada pesquisa.
Diante desses critérios, tratemos então de definir o nosso campo de
observação, visando elaborar um projeto assentado sobre tema consistente e
preciso.
Formulação do problema
A problematização - etapa do planejamento científico que mais costuma tirar
a noite de sono dos pesquisadores, sobretudo dos iniciantes - nada mais é do
que a proposição de uma questão que se buscará responder por meio de
pesquisa. Em outras palavras, problema é a pergunta que a pesquisa
pretende resolver.
Pelo que tenho visto, a dificuldade maior da problematização pelos
estudantes decorre mais pela falta de maturidade ou de conhecimento do
tema, do que pela dificuldade própria de construção do problema. Um tema
bem delimitado e uma revisão sistemática da bibliografia já anunciam para o
pleno êxito na formulação de um problema de pesquisa.
Não adianta, entretanto, querer pular etapa e ir direto ao problema, já que
este resulta de um processo de amadurecimento e reflexão sobre um
assunto, que depois se tornará um tema, até se chegar à problemática.
Do ponto de vista metodológico, um problema de pesquisa deve atender a
alguns requisitos. Como sugere Gil (2002), um problema deve ser:
a) claro e preciso (todos os conceitos e termos usados em sua enunciação não
podem causar ambiguidades ou dúvidas);
b) empírico, isto é, observável na realidade, que pode ser captado pela
observação do cientista social através de técnicas e métodos apropriados;
c) delimitado;
d) passível de solução (é necessário que haja maneira de produzir uma
solução para o problema dentro de critérios metodológicos e de
cientificidade).
As quatro dimensões citadas acima devem ser usadas como um crivo para o
pesquisador examinar a consistência do seu problema. Antes de formulá-lo no
papel, seria oportuno questionar-se: o problema, nos termos que o coloco, é
claro? trata-se de questão passível de solução? é delimitado? é empírico?
Para formular o problema, devemos transformar o tema em uma pergunta.
Por isso, o melhor caminho para a redação da problemática no corpo do texto
do projeto é utilizar uma de frase interrogativa.
Em geral, os pesquisadores em ciências sociais e nas ciências naturais têm
em mente perguntas de relação causal ou aquelas que visam conceituar e
descrever a ocorrência de um determinado fenômeno.
O que é e como ocorre o fenômeno? Por que ele se manifesta? Quais são seus
efeitos e impactos? Estas são algumas das formulações lógicas que podem
orientar uma problematização, dependendo, é claro, do objetivo do
pesquisador. Uma pesquisa que investigue a relação causal, por exemplo,
terá que questionar acerca da causa do fenômeno e não sobre como o mesmo
se dá. Este último enfoque resultaria em uma pesquisa descritiva e não
explicativa.
A experiência tem mostrado que a utilização dos critérios mencionados acima
gera resultados satisfatórios. No entanto, é necessário que se repita: o
problema resulta de um trabalho arduamente desenvolvido pelo pesquisador
e não surge do vácuo.
Objetivos gerais e específicos
Os objetivos constituem a finalidade de um trabalho científico, ou seja, a
meta que se pretende atingir com a elaboração da pesquisa.
São eles que indicam o que um pesquisador realmente deseja fazer. Sua
definição clara ajuda em muito na tomada de decisões quanto aos aspectos
metodológicos da pesquisa, afinal, temos que saber o que queremos fazer,
para depois resolvermos como proceder para chegar aos resultados
pretendidos.
Podemos distinguir dois tipos de objetivos em um trabalho científico: os
objetivos gerais e os objetivos específicos.
Como o próprio nome diz, os objetivos gerais são aqueles mais amplos. São as
metas de longo alcance, as contribuições que se desejam oferecer com a
execução da pesquisa. Em geral, o primeiro e maior objetivo do pesquisador é
o de obter uma resposta satisfatória ao seu problema de pesquisa.
No entanto, para se cumprir os objetivos gerais é preciso delimitar metas
mais específicas dentro do trabalho. São elas que, somadas, conduzirão ao
desfecho do objetivo geral.
Por exemplo, se o objetivo geral de um projeto é o de contibuir para o estudo
de uma dada realidade social, os objetivos específicos deverão estar
orientados para esta meta: descrever a realidade; compará-la com outras
situações similares; sistematizar os pontos determinantes para sua
ocorrência. Cumpridos estes objetivos parciais, certamente o pesquisador
conseguirá atingir seu objetivo mais amplo.
Observe-se que a formulação dos objetivos - seja dos gerais, seja dos
específicos - se faz mediante o emprego de verbos no infinitivo: contribuir,
analisar, descrever, investigar, comparar...
Cumpre ainda dizer que os objetivos têm função norteadora no momento da
leitura e avaliação do TCC ou da tese. Isto porque, um trabalho acadêmico é
julgado, em grande parte, pela capacidade de cumprir os objetivos que se
propõem em suas páginas iniciais. Então, o alerta é: cuidado na hora de
estabelecer os objetivos. Além de claros, estes têm que ser exequíveis.

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