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Entrevista Treinador/Coordenador Professor Paulo Sá

Beatriz - Fale nos um bocadinho do seu trajeto profissional, como é que chegou onde chegou?
Professor Paulo Sá - O meu trajeto profissional, isso é uma pergunta difícil, eu jogava andebol quando
entrei para a faculdade e comecei entretanto a treinar equipas jovens no clube onde eu jogava, fizemos
um projeto de captação de novos atletas tinham poucos atletas de formação começamos a captar
equipas novas. Na altura o facto do meu treinador ter uma relação muito próxima com o treinador do FC
Porto coincidiu de estarmos a tomar café juntos e surgiu o convite na altura para trabalhar no futebol
clube Porto na formação de atletas, depois a partir daí foi um processo de crescimento, acabei por
trabalhar em todos os escalões de formação até chegar a uma equipa sénior primeiro com adjunto estive
durante 5 anos como adjunto equipas seniores e depois comecei a treinar equipas seniores na altura da
segunda divisão subimos de divisão e treinei durante vários anos equipas quer primeira quer da segunda
divisão a em todas elas exerci funções também de coordenação da formação entretanto em
determinado momento achei que era o momento de deixar o treino já não tinha motivações para na
altura fiquei com o Presidente da associação de treinadores de andebol de Portugal e provavelmente
perante isso e faço essas minhas funções na altura a Federação convidou para diretor técnico nacional e
pronto e surgiu essa possibilidade de trabalhar na Federação que é o que faço atualmente
Beatriz - Como sente que tem de comunicar com os seus atletas, os seus dirigentes e com os
treinadores adjuntos?
Professor Paulo Sá - Como é que temos de comunicar, falando, eu digo falando mas a verdade é um
bocadinho essa que é nós eu acho que nós temos que comunicar com os com todos aqueles que nos
envolvem da forma mais direta possível se nós a minha relação com os atletas sempre foi uma relação
muito direta, muito frontal, muito sincera muito próxima, mas também muito próxima com as distâncias
mas muito frontal o mesmo se passava por dirigentes não é tudo que não estava bem era para ser dito
tudo, tudo o que estava bem era para ser elogiado e o processo passa por isso mesmo acho que se
houver frontalidade e que tudo seja bem definido em todos os momentos esta comunicação flui
facilmente não é, nós muitas vezes, aquilo que nós muitas vezes os atletas podem achar que são atitudes
injustas da nossa parte se houver frontalidade da nossa parte, se eles perceberem o por quê esta
comunicação passa, se os adjuntos perceberem porque é que nós tomamos aquelas decisões porque
explicamos porquê ou seja eu acho que tudo tem que ser justificado nós temos que justificar as nossas
os nossos atos as nossas atitudes para que seja primeiro compreendida pelos outros, não tem de ser
aceite, tem de ser compreendida porque é que nós tomamos aquela atitude e eles podem não nem
sequer concordar mas pelo menos perceber e segundo para envolvermos as pessoas nessas muitas
vezes nas nossas tomadas de decisão e o processo também passa por conseguirmos envolver as pessoas
nesse processo eu penso que grande parte das vezes a comunicação falha nisso mesmo que é e nós
tomamos decisões e do outro lado não percebem o porquê daquelas decisões se nós explicarmos tudo
se passa facilmente afastaste tudo é mais fácil para ele
Beatriz - Como coordenador do professor mantém a mesma filosofia comunicação?
Professor Paulo Sá - Sim, a mesma filosofia, não sei se por defeito ou não ou por nem sei porque,
normalmente enquanto coordenador sou mais ditatorial enquanto treinador dos meus atletas ou seja
quando passo para eu admito muito mais a falha no atleta o erro do atleta ou até o erro dirigente que
trabalham comigo os treinadores que trabalham comigo ou até mesmo em termos coordenativos
porque da parte deles exige muito mais responsabilidade exige muito mais responsabilidade, muito mais
empenho exige, muito mais outro tipo de participação como é que eu podia colocar isto eu espero muito
mais deles e como espero muito mais deles também sou muito mais exigentes com eles e apesar do tipo
de comunicação e a frontalidade ser a mesma o meu grau de exigência com eles é muito superior e qhe
as vezes leve alguns conflitos porque do lado de lá não estão à espera de alguma agressividade até da
minha parte relativamente às situações porque não se pode tolerar falhas do outro lado ou seja faço é
aquilo que exige aos outros que trabalham comigo.
Beatriz - Você acha que sendo uma modalidade de pavilhão você acha que tem de haver comunicação
com os pais sendo treinador?
Professor Paulo Sá - Obrigatoriamente os pais fazem parte do processo fazendo parte do processo e
fazendo parte do parte do processo nós temos que os envolver e se os pais, aqui o processo com os pais
é o mesmo, se os pais perceberem as nossas tomadas de decisão as nossas atitudes tudo se torna mais
fácil se nós não pusermos o pai do outro lado do passeio e sim fazendo parte do processo e nós temos
que nos envolver e os pais por aqui o processo que os pais e o mesmo se os pais perceberem as nossas
tomadas de decisão as nossas atitudes tudo se torna mais fácil se nós pusermos o pai do outro lado do
passeio e eles nunca vão perceber porque é que nós fizemos muitas vezes a relação entra em conflito
muitas vezes a pressão da parte deles para com os atletas não é fácil a relação com os pais, é muito
complexa com os pais e acho que tem de estar muito bem definidas as regras com que, como é que eu
vou dizer as regras que nós esperamos que os pais cumpram e está muito bem definido o que é que nós
queremos para os filhos deles esperamos pelos filhos dos filhos deles se nós definimos essas regras que
os pais também tudo se torna mais fácil ou seja é o até onde é que permitimos a envolvência dos pais e
aquilo que nós pretendemos para os filhos deles que objetivos é que temos para os filhos deles e se os
nossos objetivos forem iguais tudo é fácil agora os pais obrigatoriamente têm que estar envolvidos no
processo se família não tiver envolvida nós ou vamos perder o atleta ou vamos ter sempre ali uma
margem de conflito porque no treino vamos dizer que isto é azul e os pais do da viagem para casa bom
dizer que aquilo é vermelho não é e nós queremos que seja azul para todos.
Beatriz - E como coordenador sente que tem que haver mais ainda comunicação ou acha que faz pela
parte do treinador?
Professor Paulo Sá - Ainda mais, a chave fundamental da comunicação em primeiro lugar passa pelo
coordenador este é que tem que fazer a chave do que é a pessoa, vamos pôr assim a pessoa mais
imparcial no processo e a pessoa que sabe que aquilo que pretendemos para o clube e imparcial no
processo porquê porque ele não está é na ação direta, os filhos ou seja eu sendo o coordenador do clube
não sou o treinador direto, conheço o atleta estou pontual com ele conheço o processo comunico com o
treinador e faço elo de ligação com os pais o coordenador muitas vezes nestas coisas tem que ser o
verdadeiro equilíbrio das situações
Beatriz - Que tipos de cuidados acha que é necessário para comunicar sendo treinador, com os pais?
Professor Paulo Sá - Aqui eu vou voltar um bocadinho atrás que é e o que é que nós que é que objetivos
é que temos para os filhos deles os pais têm que saber o que é que eu pretendo os filhos deles em
termos de aprendizagem durante esta época desportiva, o Zé meu atleta o que é que eu pretendo do Zé
deste durante este ano eu quero que você faça isto…. e em contrapartida eu estou disponível dentro da
estrutura do clube o Zé dar-lhe isto… ou seja para mim este é o ponto principal se o pai perceber os
objetivos que nós temos para os filhos desde o início vai aceitar muito melhor esta situação e eu para
mim é a chave fundamental da comunicação e nós fazemos perceber aos pais aquilo que nós queremos
aquilo que nós pretendemos para os filhos deles
Beatriz - E sendo coordenador quais são os cuidados a ter?
Professor Paulo Sá - Aqui no coordenador já passa um bocado por regular os comportamentos dos pais
que regras é que eu espero o treinador define os objetivos para o filho não é, e eu como coordenador
define os objetivos para o clube e eu enquanto clube aquilo que eu espero dos atletas é determinada
situação para o clube não termos de objetivos de aprendizagem e aqui eu também é que defino as
regras do comportamento e da das atitudes dos pais são toleradas e aquilo que se espera dos pais
também relativamente ao clube e relativamente ao acompanhamento dos filhos os filhos têm muito
mais possibilidades de serem melhores atletas quando melhores acompanhados pela família,
Beatriz - Sendo treinador qual é entre pais atletas e dirigentes qual é o elemento que mais fácil tem de
comunicação?
Professor Paulo Sá - O elemento mais fácil de comunicar é com os atletas, sempre os atletas e que estão
aquele tempo todo connosco e que compreendem aquilo que nós fazemos é o elemento mais fácil
depois passamos para os dirigentes e finalmente para os pais, eu acho eu acho que o treinador tem um
papel muito importante e eu defendo sempre isto que é o treinador é a pessoa que mais percebe da
modalidade dentro de um clube aquele que mais sabe em termos pedagógicos em termos de no caso
específico do andebol a pessoa que mais sabe de andebol então ele tem o tem o papel de também
educar os seus dirigentes e os pais dos seus atletas relativamente àquilo que é o andebol e nós muitas
vezes somos mais do que educar os próprios atletas também somos os educadores da família e dos
nossos dirigentes não é e temos que os aculturar aquilo que nós pretendemos por isso nós
comunicarmos é claramente os nossos atletas,
Beatriz - E como coordenador qual é mais fácil?
Professor Paulo Sá - Como coordenador como a relação dos atletas do clube não é tão próximo ou seja
não sou eu que estou sempre com eles aqui claramente e com os nossos treinadores com esse é que é a
pessoa mais fácil de comunicar seguindo um equilíbrio entre os pais e os próprios atletas
Beatriz - Então tanto como treinador como coordenador o mais complicado são os pais?
Professor Paulo Sá - Sim porque são quem está mais afastado do processo não é são aqueles com quem
estamos mais pontualmente nós passamos horas com os atletas passamos horas com os outros
treinadores enquanto coordenadores e com os pais estamos muito pontualmente estamos no final do
treino estamos no início do treino estamos durante um jogo mas a nossa relação com eles em termos
temporais é muito menor do que com os outros a envolvência deles é muito menor enquanto os atletas
e os outros treinadores estão dentro de campo o pai tá na bancada a assistir ao treino por isso não há
uma proximidade tão grande com esta proximidade e que eu acho que se deve manter e que também
leva que a comunicação é e seja mais difícil.
Beatriz - E quais as estratégias que têm que adotar para comunicar melhor com os pais?
Professor Paulo Sá - Como coordenador eu acho que a principal tarefa é nós reunirmos mais vezes com
eles com eles e conversarmos mais vezes com eles, os pais também precisam de atenção e precisam de
se sentir, eu a bocado dizia que eles fazem parte do processo mas eles também precisam de se sentir
envolvidos no processo não é e se nós temos que reunir mais vezes com eles e estar mais vezes com
eles e chegar ao treino e muitas vezes além de bom dia boa tarde ir à bancada falar com os pais tentar
perceber se estão satisfeitos não estão todos satisfeitos o que é que nós podemos alterar e isto permite
que eles se sintam parte do processo sentindo-se eles parte do processo a relação também é muito mais
próxima por isso eu acho que é nós reunimos mais vezes para estabelecer as regras para estabelecermos
objetivos e temos uma relação também de proximidade cordial com os pais mas de proximidade para
que se eu for próximo de alguém também quanto tenho de lhe chamar a atenção de alguma coisa e a
aceitação também será melhor.
Beatriz - E como treinador?
Professor Paulo Sá - Como treinador eu aqui também acho a mesma situação o treinador não tem que
reunir mais vezes com os pais mas tem que fazer perceber aos pais há pouco falávamos na questão dos
objetivos e para isso tem que falar mais vezes com ele há treinadores que chegam ao final da época não
conhecem os pais dos atletas isso é possível e eu tenho que conhecer o pai tem que ter falado com ele
tem que tem que perceber o que é que se passa para além do treino não é tenho que eu defendo muitas
vezes que nós temos que conhecer os nossos atletas nós conhecemos os nossos atletas também se
falarmos com a família se não há muita informação que é filtrada que não nos chega e o treinador tem
esse papel de muitas vezes ter que ir à bancada ter que chegar mais cedo ao treino e quando o filho
entrou ficou a falar com o pai o levou o atleta ao carro e fala com o pai para haver esta proximidade mas
aqui também estamos a falar também depende das idades não é nós estamos a falar na generalidade
mas depende das idades não é o Zé tem 18, 19 eu não vou falar com o pai do Zé não é não tenho que
falar com a família do Zé agora se o Zé tivesse 12 anos e eu tenho que ir falar com os pais dele eu tenho
que falar com os pais dele se tiver 13 anos tenho que falar com os pais dele à medida que vão crescendo
e este contato vai sendo menor e aquilo que nós muitas vezes falamos com o pai temos que transferir
para o filho não é que o atleta vai crescendo vai ganhando responsabilidades e nós deixamos de
comunicar com os encarregados de educação e passamos a comunicar propriamente com os atletas
Beatriz - Então acha que com os atletas devemos numa fase inicial ser mais um amigo do que um
mentor?
Professor Paulo Sá - Acho que temos que nós temos que ser paternalistas com os nossos atletas
portanto nós temos que ser paternalistas nossos atletas eles precisam muito disso nós temos e aí dá-
nos a possibilidade de termos a exigência, mas para além da exigência podermos dar a afetividade
também “dar o nosso fazer com que eles confiem fazer com que eles confiem em nós” muitas vezes nós
muitas vezes somos a segunda família deles a quantidade de horas que nós passamos com os atletas eu
digo muitas vezes a minha filha treina 5 horas por dia o treinador dela está mais horas com ela do que
estou é por isso a comunicação que é muito mais fácil o treinador com ela do que do que efetivamente
eu ter.
Beatriz - O professor quer contar assim uma historinha como treinador em que a sua comunicação foi
bastante desafiada?
Professor Paulo Sá - Não foi muitas vezes não tenho mas tenho, algumas histórias de desafio de mas os
meus maiores desafios com a comunicação com pais estávamos a falar de pais o meu maior desafio da
comunicação com os pais tem a ver com pais de atletas adultos é complexo os meus maiores desafios
maiores problemas na relação com pais foram pais de atletas com 20,21,22 anos perfeitamente adultos
e que entramos em situação de conflito e isso é que é estranho não é quando eu deixei de comunicar
com eles e passei a comunicação com os filhos, começaram a surgir os problemas e aqui parece-me a
mim com o excesso de paternalismo dos pais relativamente a jovens que já são adultos em termos
comunicativos em termos de ver daquilo que é eu uma história, a vocês já vos contei isto que é das
coisas que para mim me agrada mais e há bocado estávamos a falar de do outro lado perceberem aquilo
que nós queremos tudo se torna mais fácil e eu nunca na minha vida nenhum atleta saiu do clube
dispensado por mim sem lhe justificar pessoalmente porque é que ele saía ou seja nenhum atleta foi
dispensado no final da época sem eu me sentar à frente dele e dizer assim olha eu na próxima época não
conto contigo por isto… agradeço teu contributo nestas situações mas efetivamente perante estas
situações que eu não consigo continuar a contar contigo e desagradados mesmo não gostando
perceberam as razões de porque que os dispensava e isso leva que qualquer atleta que tenha sido meu
atleta hoje passa por mim e a relação é perfeitamente aberta, perfeitamente franca, porque se eu não
lhes tivesse explicado isto muitas vezes eu seria o mau da fita e eu que não confiei, não e assim ficou
claro mesmo eles não concordando eles viram a minha perspetiva.
Beatriz - E como coordenador?
Professor Paulo Sá - E como coordenador, um coordenador ia dizer que os treinadores o mais difícil de
um coordenador é chegar ao final da época dispensar o treinador esta é a situação que nós como
coordenadores temos uma relação muito próxima com os treinadores todos não é porque reunimos
muitas vezes porque almoçamos ou jantamos muitas vezes porque vamos muitas vezes para os jogos
juntos e chegar ao final de uma época e nós alertámos o treinador determinados comportamentos que
ele não foi alterando ao longo da época chegamos ao final do ano temos que dizer, olha o Zé eu não
conto mais contigo na próxima época tu não conseguiste corrigir isto… e isto foi e é das coisas mais
difíceis que nós temos muito mais difícil dispensar um atleta e nós dispensamos um treinador.
Beatriz - Acho que só temos de agradecer ao senhor por mais uma vez safar.
Professor Paulo Sá - Qualquer pessoa vos safa nestas coisas há tanta gente que vos podia dar boas
entrevistas por isso estão perfeitamente à vontade.

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