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A condenação do aborto na História

Apesar de o debate sobre o aborto ser frequente em nossos


dias devido a insistência de alguns que acham essa prática algo
legal, desde os tempos antigos ele era visto como um crime
seríssimo. Povos que não tinham o Deus da Bíblia como Senhor,
como, por exemplo, os sumerianos, babilônios, assírios e hititas
não admitiam o aborto em qualquer circunstância. Entre os
hebreus a visão era a mesma. Flávio Josefo, historiador judeu, diz
que a “Lei ordenou que todas as crianças recebam a devida
criação e proibiu as mulheres de abortar ou destruir a semente;
a mulher que o faz será julgada como assassina de crianças,
porque fez com que uma alma se perdesse e que a família de um
homem fosse diminuída”. (Contra Apion 2. 202.).
No código legal do Império Medo-Assírio do século 12 a.C
há uma sentença de morte em desfavor da mulher que abortasse
intencionalmente: “Se alguma mulher abortar intencionalmente,
depois de julgada e condenada, deverá ser empalada em estacas
sem enterro. E se tiver morrido ao abortar, a empalarão em
estacas sem enterrá-la”.
Todavia, tanto na cultura grega, como na romana, houve
uma tolerância quanto ao aborto. Em Roma, por exemplo, existia
um regulamento que determinava que filhos acima além do limite
permitido deveriam ser abortados. Já para o filósofo grego,
Platão, as gestantes com embriões defeituosos não deveriam dar à
luz. Aristóteles ainda foi mais adiante ao defender que os bebês
nascidos com deformações deveriam ser abandonados para
morrerem. Os espartanos, após mergulharem os bebês numa
banheira de vinho, como forma de teste, matavam os reprovados
jogando-os de uma ribanceira.
Contudo, corroborando com a Bíblia (Ex 20:13), antigos
escritos, como o do pai da igreja, Clemente de Alexandria,
condenam o aborto:
“Toda a nossa vida só pode prosseguir segundo o plano
perfeito de Deus se adquirirmos o domínio sobre nossos desejos,
praticando a continência desde o início, em vez de destruirmos
por meio de atos perversos e perniciosos a descendência humana,
cujo nascimento é a obra da Providência Divina. As pessoas que
recorrem a medicamentos abortivos para esconder sua
fornicação são responsáveis pelo assassinato direto não só do
feto, mas também de toda a raça humana”. (JR, Walter C. Kaiser.
O Cristão E As Questões Éticas Da Atualidade. Reimpressão.
2017. p. 138, 139, 183. VIDA NOVA).
A mesma condenação é vista na Didaqué ou A instrução
dos Doze Apóstolos:
“Não mate, não cometa adultério, não corrompa os jovens,
não fornique, não roube, não pratique magia, nem feitiçaria. Não
mate a criança no seio de sua mãe, nem depois que ela tenha
nascido”. (Padres Apostólicos. 7ª reimpressão. 2015. p. 345.
PAULUS).
O médico grego Hipócrates completa a tríade pró vida:
“A ninguém darei por comprazer, nem remédio mortal nem
um conselho que induza a perda. Do mesmo modo não darei a
nenhuma mulher uma substância abortiva”.
Todavia, é oportuno dizer que nem todo tipo de aborto é
necessariamente inaceitável. Nisso nos referimos ao Aborto
Terapêutico. Leiamos o raciocínio de Norman Geisler e Elinaldo
Renovato a seguir:
O aborto terapêutico pode ser justificado pelo motivo de que
salvar uma pessoa real (a mãe) é mais valioso do que salvar uma
pessoa em potencial (o nenê). A mãe tem tanto a personalidade
quanto relacionamentos interpessoais, o nenê por nascer não tem
nenhum. E visto que a mãe tem os valores superiores finitos que o
nenê não tem, segue-se que o ato de salvar a vida dela é
intrinsecamente superior àquele de salvar a do nenê. Rejeitamos
qualquer raciocínio que argumentaria que se a mãe fosse uma
pessoa má (moral ou fisicamente, etc), então o nenê deveria ser
conservado, visto ser ele uma pessoa potencialmente boa. Esta
posição é utilitarista. Negligencia o valor intrínseco da
personalidade e julga de acordo com o fato de a pessoa faz coisas
boas ou más. Além disto, não há garantia de que a mãe não
pudesse tornar-se uma pessoa melhor, nem que o nenê não
crescesse para ser uma pessoa pior do que a mãe. A fim de
justificar o salvamento do nenê e o sacrifício da mãe por tais
motivos seria necessário ser onisciente. E fazer o papel de Deus é
um papel perigoso! O homem finito deve contentar-se em fazer
aquilo que é intrinsecamente certo e deixar as consequências para
Deus. (GEISLER, Norman. Ética Cristã. 2006. VIDA NOVA).
É o aborto, realizado pelo médico, em caso de risco de vida
para a mãe. O Código Penal Brasileiro permite sua realização
(Artigo 128, inciso I). Nesse caso, tem-se um dilema muito sério.
Se o médico deixar o feto nascer, a mãe poderá morrer. Diante
disso, mesmo com um sentimento que envolve uma decisão difícil
e dolorosa, aceitamos o argumento da ética hierárquica (vide
Capítulo 01), segundo o qual a vida real, da mãe, possui maior
valor que a vida em potencia do bebê não nascido.(RENOVATO,
Lima. Ética Cristã. P. 54. 2012. CPAD).

Por Cristo, Itard Víctor

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