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CONCEITUAL

julho/agosto 2012

#03

verde?
sim
EDITORIAL 07

CONCEITUAL
#03
julho/agosto 2012
Publishers André Poli e Roberta Queiroz
Consultoria Editorial Eduardo Logullo | Marcos Guinoza
Conselho Editorial Carolina Szabó, Renata Amaral, Jéthero Cardoso,
Sinal verde
delo de gestão descentralizado, apoio de prestadores de
Roberto Negrete e Alex Lipszyc
050 NATUREZA

serviços, consultores e parceiros do mercado, além de es-


Diretora Executiva ABD Maria Cecília Giacaglia trutura interna para atendimento dos associados.
Colaboradores Amer Moussa, André Bragança, Daiane Domingos, Daniela Poli, Essas parcerias agora se estendem a todo o Brasil, pro-
Fabio Galeazzo, Fernando Figueiredo, Frank Siciliano, Gustavo Garcia pondo ampliação da atuação da ABD em um momen-
(Papanapa), Jéthero Cardoso, Luan Silva, Marcella Aquila, Roberto Negrete to de crescimento do mercado e da economia nacional.
Diretora de Arte Cinthia Behr Nesse contexto, agora são geradas ações para estudantes
Editor de Fotografia Renato Elkis e professores, com benefícios e serviços voltados especi-
ficamente a eles. Cito aqui o mais importante concur-
Jornalista Responsável Marcos Guinoza MTB 31683 Assemelhai-vos
uns aos outros so nacional promovido pela ABD: o 16º Prêmio ABD
Revisão Ana Cecilia Chiesi
Novos Talentos 2012, que traz o objetivo de estimular
Fractais: a similaridade infinita na natureza, nas artes e no mundo digital

FOTOS SHUTTERSTOCK
TEXTO ANDRÉ POLI

Pesquisa de Imagens Charly Ho


ABD CONCEITUAL JUL/AGO 2012 estudantes do segmento.
Agradecimentos Harpia Oficina de Móveis (Marcelo Pardini – tel. 11 8710-6500) Pensando ainda no designer de interiores, passamos
a oferecer suportes como consultorias jurídica e contá-
CONCEITUAL
Publicidade Amigos e parceiros, bil no novo portal (www.abd.org.br). Entre os benefí-
JULHO/AGOSTO 2012

Para anunciar comercial@velveteditora.com.br É com a proposta de refletir sobre a sustentabilidade

*
#03 cios mais valorizados pelos associados, está o cadastro
VELVET EDITORA LTDA 11 3082 4275 do planeta que apresentamos a terceira edição da ABD do portfólio de cada um no mini-site disponibilizado
www.velveteditora.com.br
Conceitual. A cor verde é tema, meta, inspiração, refe- no portal da associação, criado para ajudar os milhares
rência, visão de futuro. Chegou o momento de assumir o de consumidores que buscam contratar profissionais.
ABD Associação Brasileira dos Designers de Interiores
ideal de vida sustentável e buscar um modelo de desen- Os eventos tiveram o formato alterado. Nossa grade
www.abd.org.br
volvimento equilibrado. E a nossa revista mostra cami- de 2012 foi inspirada na pesquisa citada e desenvolvida
nhos possíveis, e pouco explorados, na imprensa brasilei- para capacitar profissionais em temáticas sugeridas pe-
sim Presidente SP Carolina Szabó, Vice Presidente SP Renata Duarte Amaral,
Diretora Financeira SP Márcia Regina de Souza Kalil, Diretora Nacional SP
ra. Mostramos que é possível mudar, avançar, transformar. los associados. A pesquisa foi realizada pelo selo “Você
Maria Luiza Junqueira da Cunha (Malu), Diretora Nacional RJ Paula Neder de
Basta que cada um comece a pensar e agir de modo verde. pediu, a ABD cumpriu”, que acompanha serviços,
CAPA revista ABD Conceitual
terá cinco edições em 2012. Lima, Diretora Nacional PR Fabianne Nodari Brandalise, Diretor Nacional MG
No design de interiores, nas atitudes diárias, na vida. eventos e ações executadas pela nova ABD. Outra ação
A cada número, a publicação Carlos Alexandre Dumont (Carico), Membro Efet. Cons. Delib. SP Alexander importante é a criação da revista ABD Conceitual, já
vai abordar uma cor e as Jonatan Lipszyc, Membro Efet. Cons. Delib. SP Brunete Frahia Fraccaroli, NOVA ABD em sua terceira edição e definindo-se como canal que
incontáveis possibilidades Membro Efet. Cons. Delib. BA Delma Morais Macedo, Membro Efet. Cons. Desde que iniciamos o projeto “Nova ABD”, que pro- comunica ideias de mudança, cultura e referências aos
que ela oferece. Na edição 03, Delib. SP Fernando Piva, Membro Efet. Cons. Delib. SP Jhétero Cardoso de põe a reestruturação completa da associação, ampliar profissionais associados.
o tema é o verde.
Miranda, Membro Efet. Cons. Delib. RJ Luiz Saldanha Marinho Filho, Membro atuações foi um dos principais desafios. Em um país Aproveito para comunicar que a ABD defende a re-
Efet. Cons. Delib ES Rita de Cássia Marques da Silva (Garajau), Membro Efet. grande como o Brasil, com tantas particularidades re- gulamentação da profissão. Como qualquer processo, o
Cons. Delib. SP Roberto Daniel Negrete, Suplente Cons. Deliberat. SP Luciana gionais, requer atenção especial para o desenvolvimento caminho envolve inúmeros detalhes e questões. Esta-
Teperman, Suplente Cons. Deliberat. SP Maria do Carmo Brandini, Suplente de ações que atendam necessidades específicas. Reforça- mos em movimento para trazer objetivos profissionais
Cons. Deliberat. SP Terezinha Nigri Basiches, Membro Efet. Cons. Fiscal DF mos sempre que a meta é colaborar, acompanhar, formar em comum. Por fim, muitas novidades estão em curso:
Denise Fátima de Faria Zuba, Membro Efet. Cons. Fiscal SP Marília Brunetti e inspirar os designers de interiores no país. site, newsletter quinzenal e redes sociais (Facebook e
de Campos Veiga, Membro Efet. Cons. Fiscal SP Maurício Peres Queiroz dos As mudanças promovidas pela ABD começaram em Twitter), os associados podem
Santos, Suplente Cons. Fiscal RJ Ana Maria de Siqueira Índio da Costa, outubro de 2011, com a alteração do formato da estrutu- acompanhar ações e eventos.
Suplente Cons. Fiscal BA Eneida Márcia da Silva Alves, Suplente Cons. Fiscal ra de marketing, comunicação e divulgação, deixando de O nosso papel é colaborar,
MG Jaqueline Miranda Frauches trabalhar com escritório terceirizado para criar organi- acompanhar, formar e, acima de
zação própria e condizente aos interesses dos associados. tudo, inspirar os designers de
Sugestões Esse mapeamento começou com uma pesquisa inédita interiores no Brasil.
conteudo@abd.org.br
realizada no período de recadastramento dos associados.
Cerca de mil e quinhentos associados responderam o que Carolina Szabó
esperavam da ABD, dos rumos futuros da ABD. Surgia,
então, a nova ABD, mais moderna e dinâmica, com mo-
Os artigos assinados são de exclusiva responsabilidade
dos autores e não refletem a opinião da revista.
CADERNOINSIDE

VER DE LONGE
Ler com olho fóssil
ou
ler com olho-míssil
(Waly Salomão, 1983)

TExto Eduardo Logullo


Design papanapa
ícones The Noun Project / papanapa
Vede! Nem tudo começa quando se espera. Nem tudo
brota na hora certa. O tempo gera parábolas que preci-
sam ser apreendidas. O calendário existe oficialmente,
mas o tempo se sobrepõe a números. Por isso, a cons-
tatação: os séculos não começam de modo cronológico.
Séculos são abstrações. Vade!

Para quem se interessa por história, um lance de dados se joga ao acaso:


na passagem dos últimos séculos, as mudanças importantes de cada perí-
odo só ocorreram a partir das terceiras décadas. Houve exceção. Mas bas-
ta olhar para trás e notar como as características sociais, culturais, econô-
micas, políticas e científicas, os fatos que inovaram o “tom” de um período,
raramente começaram antes que as gerações nascidas vinte anos antes,
em média, ganhassem voz e presença participativa.
Isso talvez ocorra porque as pessoas nascidas a partir dos anos 00 chegam
à idade adulta exatamente no início da terceira década (que são as começa-
das em 20: 1820, 1920 e 2020). A partir daí, existirão pessoas representati-
vas do século, assim como existirão pessoas metade lá, metade cá.
Sabe-se que passagens de séculos sugerem possibilidades de mudanças
e euforias coletivas. Acredita-se que a alteração numérica dos calendários
trará mudanças reais. Qual o quê. As duas primeiras décadas conservam o
“lastro” do século anterior, entre novidades e retrospectivas. Mesmo quan-
do surgem novos processos revolucionários (como a consolidação da in-
ternet e da cultura digital nos anos 00 do século atual), a mudança só se
formatará por completo em, no mínimo, três décadas.
Napoleão Bonaparte (1769-1821), por exem- pessoas ainda usavam cartolas, chapéus com
plo, o vulto ocidental dominante no princípio pássaros empalhados e preferiam se deslocar
do século 19, era personagem essencialmen- em carruagens ou charretes de tração animal.
te do período anterior. Homem pré-revolução Todo este primeiro período poderia ser con-
industrial, pré-capitalista, regente imperialista, siderado um ‘rabicho’ comportamental do
pré-Darwin. Montado em seu cavalo, ele nun- século anterior. Outro dado simbólico: Marcel
ca viu sequer uma locomotiva. E considerava Proust, o autor que extraiu miudezas do tem-
as lunetas um imenso avanço da ciência. po e dos costumes de sua época, morreria em
O fim da era napoleônica detém simbologias 1922. Com ele, com sua bronquite, suas po-
intensas: ali se “encerrava”, em 1821, o pen- lainas, sua polidez aristocrática, encerrava-se
samento hegemônico do século anterior. O o século 19. Pouco antes, Proust fora apre-
classicismo cedia seu posto ao romantismo. sentado a James Joyce, num encontro bizarro
(Cito de modo iconográfico, simbólico, como em que os dois se detestaram. Por traduzirem
marcos fixados num painel como pontos re- estéticas opostas? Talvez. Proust, memorialis-
ferenciais.) Tempo, tempo, tempo. Beethoven ta do final novecentista; Joyce, revolucionário
também se foi em 1827. Suas sinfonias são da linguagem do romance no século 20.
a trilha do interlúdio entre dois séculos toma-
dos por revoluções. A partir de 1825, um novo
mundo se compôs, centralizado em Londres,
cidade que se tornou epicentro do expansio-
nismo colonial, industrial e capitalista.
Agora pule cem anos. A chegada do século
20 trouxe, na primeira década, a revolução
do avião, do cinema como diversão popular,
a consolidação da psicanálise, a extensão da
eletricidade às cidades, os primeiros auto-
móveis, a urbanização das capitais. Mas as
e carruagens. Vivia-se como no século 19.
Os quadros da pré-modernista Anita Mal-
fatti receberam críticas dos conservadores
(ela abriu sua primeira mostra em 1916).
Lobato escreveu que o modernismo seria
uma “questão de patologia”. Os saraus do
senador e colecionador Freitas Valle era o
que havia de mais avançado.
OK, tudo isso acima foi um preâmbulo para
justificar a “teoria” de que os fatos que
deram uma nova narrativa ao século 20 ti-
A segunda década, 1910 em diante, foi veram start apenas na terceira década. A
política, com rupturas econômicas. O cza- festa começaria nos anos 1920. Jazz, mu-
rismo é deposto na Rússia, acontece a lheres de cabelos à la garçonne, voto fe-
revolução soviética (1917), o império aus- minino, corridas de automóveis, a dança
tro-húngaro se desfaz entre disputas de et- moderna (Isadora Duncan, Diaghlev, os
nias, os aviões se transformam em armas, balés russos), a celebração de Picasso e
explode a Primeira Guerra Mundial (1914- da poesia fragmentária de Gertrude Stein,
1918), milhões sucumbem ao surto mundial os arranha-céus de Nova York, a indústria
da Gripe Espanhola (1914), Viena assiste automobilística em Detroit, Chanel (que ti-
às primeiras perseguições da elite judaica, rava o posto de Poiret), Josephine Baker,
a Espanha entra em guerra civil e, no Bra- Hemingway, Fitzgerald, o charleston, o fo-
sil, os governantes ainda usavam casaca, nógrafo e estados coletivos de euforia, mu-
monóculos, cartolas, bengalas, bigodões dança e aceleração.
No Brasil, a Semana de Arte Moderna (1922), o cinema, o samba,
o maxixe, as melindrosas, Flávio de Carvalho, Oswald, Tarsila, Car-
men Miranda, Pixinguinha, o cinema de Mario Peixoto, os primeiros
maiôs em Copacabana, o Carnaval como espetáculo das ruas, a
lança-perfume, as primeiras empresas aéreas (a Varig foi fundada
em 1926) e as novas maisons modas no Rio de Janeiro. O design se
despedia da Belle Époque, dos excessos do art-nouveau. E o auge
do Bauhaus seria durante os anos 1920.

Ai, chega. Tá bom assim? Tempo, tempo, tempo. O verde brotará.


O verde é o novo? Digamos que sim. E qual futuro nos aguarda?
Ninguém pode prever. Que seja verde, muito verde. Pelo menos.
022 fotografia

planta
baixa
X
pé-direito
texto marcos guinoza | fotos menno aden

A série “Room Portraits”, do fotógrafo alemão Menno Aden, captura o olhar


pela estranheza dos ângulos. Instalada no teto de diversos ambientes, a
câmera de Aden registra espaços internos do alto – e o que era apenas
um quarto transforma-se em composição bidimensional. Assim, as
imagens retiram a objetividade do local e revelam uma realidade que
sempre esteve lá, porém agora vista por perspectiva rara ao olho humano
abd conceitual jul/ago 2012
024 fotografia

menno aden
Aden é especializado em fotografia de
arquitetura e interiores. Nascido em Weener,
cidade próxima da fronteira com a Holanda,
ele estudou na Universidade de Bremen. Hoje,
mora e trabalha em Berlim. mennoaden.com

abd conceitual jul/ago 2012


026 ideias que fazem diferença

BU LOUNGE
Em Bangkok, universidade E s q u e ç a a s e s t r u t u r a s cinzas e frias
transforma ambiente de dos campus universitários tradicionais. Em Bangkok,
a capital da Tailândia, a mais antiga universidade pri-
estudo em espaço lúdico vada do país, construída em 1962, resolveu revolu-
CORES VIBRANTES cionar o ambiente de estudo, transformando uma
texto Marcos guinoza
O projeto do Bangkok University Creative Center de suas áreas em espaço lúdico e multicolorido.
faz parte dos planos do governo tailandês de Chamado Bangkok University Student Lounge
transformar a economia do país, de origem agrícola (BU Lounge), o lugar foi idealizado pela agência
e industrial, em uma economia criativa Supermachine Studio – um dos mais conceituados
escritórios de design do país – e tem como objetivo
estimular a criatividade dos alunos, além de mantê-
-los por mais tempo na instituição – não apenas es-
tudando, mas também se divertindo.
O espaço tem cerca de mil metros quadrados, di-
vididos entre o salão principal, o térreo e o mezanino,
onde foram construídas instalações com ares futuris-
tas, como novas salas de estudo, ambientes para jo-
gos e karaokê, estúdio de música e locais adequados
fotos Jaroonrat Vithoosuwan | Pitupong Chaowakul

para leitura. O mobiliário e os espaços são flexíveis, po-


dendo ser modificados e reconfigurados pelos alunos
de acordo com as suas necessidades.
Na Universidade de Bangkok, o preceito do bió-
logo suíço Jean Piaget parece que foi levado ao pé
da letra: “A atividade lúdica é o berço obrigatório das
atividades intelectuais das crianças, sendo, por isso,
indispensável para a prática educativa.” n
supermachine.wordpress.com | www.bu.ac.th/th/inter

abd conceitual jul/ago 2012


028 ideias que fazem diferença

Floresta vertical
Em Milão, dois prédios residenciais
têm árvores plantadas nas
varandas dos apartamentos

VARANDAS VERDES
Modo de trazer o verde de volta
às cidades, prédios com árvores e plantas
são tendência na arquitetura.
Só a vegetação do Bosco Verticale ocuparia
uma área de 10 mil metros quadrados,
o equivalente a um campo de futebol

Projeto ambicioso e inovador. E o legal é que não se trata objetivo) são as varandas dos apartamentos com árvores e outras fotos Boeri Studio (Stefano Boeri, Gianandrea Barreca, Giovanni La Varra) No verão, as árvores sombreiam as janelas e filtram a poeira
apenas de uma ideia possível, mas já colocada em prática. O Bosco espécies de plantas. Segundo Stefano Boeri, arquiteto do projeto, da cidade; no inverno, o sol brilha através dos ramos ressecados.
Verticale, em construção no bairro de Isola, em Milão, faz será a primeira floresta vertical do planeta. Os dois prédios contam com tecnologia que recupera e produz
parte do plano urbanístico BioMilano. A proposta é criar um “Essa proposta de reflorestamento metropolitano contribui energia, ao mesmo tempo que filtra a poluição do ar. Também têm
cinturão verde ao redor da cidade italiana e restaurar 60 fa- para a regeneração do ambiente e da biodiversidade. As 900 sistemas de energia eólica e fotovoltaica para aumentar o grau de
zendas, abandonadas na periferia, para uso da população. árvores e outros tipos de vegetação criam um microclima. A di- autossuficiência energética, e a irrigação é feita com o reaprovei-
O Bosco Verticale tem duas torres residenciais: uma com 110 versidade de plantas produz umidade, absorve CO2 e partículas tamento da água produzida pelos edifícios. n
metros de altura; outra com 76 metros. A maior diferença desse sujas, e protege da radiação e da poluição acústica, promovendo
projeto (em relação a outros que têm a sustentabilidade como melhor qualidade de vida e armazenamento de energia.” www.stefanoboeriarchitetti.net

abd conceitual jul/ago 2012


030 ideias que fazem diferença

TELHADOS
VERDES
Em Toronto, a prefeitura l Futuro planejado
ocal planeja cobrir O objetivo da prefeitura
da cidade canadense
75% dos prédios da
HOJE
é, nos próximos anos,
“esverdear” a cobertura
cidade com vegetação de quase todos os
edifícios, como mostra
Pa r a r e d u zi r o c a l o r nas grandes ci- o gráfico elaborado pela
dades, combater o efeito estufa e minimizar prob- Universidade de Toronto
lemas como enchentes e transbordamento de
esgotos, uma ideia vem sendo implementada com
sucesso em alguns lugares do mundo: os telhados
verdes – ou Green Roofs.
Basicamente, a ideia é plantar os mais diferentes
tipos de vegetação na cobertura dos edifícios.
Os telhados verdes, segundo estudos, melhoram
em 30% as condições térmicas no interior dos prédios,
além de diminuir a poluição nos congestionados cen-
tros urbanos, ajudar a manter constante a umidade
relativa do ar e formar um microclima no entorno.
E foi pensando nisso que a prefeitura de Toronto,
no Canadá, criou um plano de estímulo a essa téc-
nica. O objetivo é instalar telhados verdes em prédios
já existentes e naqueles que serão construídos, com
meta de alcançar de 50% a 75% de abrangência. Ini-
ciativas privadas que aderem à causa são contemp-
ladas com incentivos fiscais.
Para reforçar a iniciativa da prefeitura, funcionários 1 ANO
municipais desenvolvem, em parceria com técnicos
dos fundos Atmosférico e Hidráulico de Toronto, um
programa de reconhecimento dos benefícios causa-
dos pela implantação do sistema para a energia, a
qualidade do ar e o clima na cidade. n

www.toronto.ca/greenroofs

fotos divulgação | Grace Yang, University of Toronto

Não apenas Toronto, mas várias cidades


pelo mundo, como Sydney, na foto,
estão adotando os telhados verdes para
minimizar os seus problemas ambientais

abd conceitual jul/ago 2012


10 ANOS
032 ideias que fazem diferença

BEIRUT WONDER FOREST


Beirute prova que projetos verdes
são viáveis em qualquer cidade,
mesmo as problemáticas. A imensa
capital do Líbano, em área verde,
tem apenas 0,8 m2/pessoa, bem
abaixo do índice recomendado pela
OMS, que é de 12 m2/pessoa. Mas
um projeto de lei transformará a
cidade, com cerca de 2,5 milhões de
habitantes, na primeira do mundo
com obrigatoriedade de plantar
jardins nas coberturas de prédios
–- como solução imediata para
esse grave problema ambiental. As
imagens, feitas pelo StudioInvisible,
simulam a aparência de Beirute com
os jardins. www.studioinvisible.org

Importante saber que o telhado verde não eli-


mina a cobertura impermeabilizada, que deve ser
apoiada em laje ou telhas. Essa execução pode ser

Sob medida
feita de diversas formas: jardins suspensos, siste-
mas industrializados ou modulares.
Os jardins suspensos são recomendados em
obras onde ocorram maior sobrecarga na laje. Exi-
gem também mais altura para contemplar o sistema
Tudo aquilo que você queria saber sobre telhados com drenagem sub-superficial, quantidade maior
de terra e de vegetação. Essa modalidade apresenta
verdes e não tinha coragem de perguntar a vantagem de manter espécies de maior porte.
texto Frank Siciliano Os industrializados contam com tecnologia avan-
çada, rapidez na instalação e maior adaptabilidade
na implantação de reformas, porque apresentam
O t e l h a d o v e r d e traz vários benefícios para pouca sobrecarga à cobertura existente. São com- A manutenção desse sistema é fácil e depende das
a edificação e o seu entorno. Além do evidente as- postos por manta anti-raízes que protege a imper- espécies escolhidas. Há plantas que sobrevivem com
pecto estético, tem importantes vantagens práticas. meabilização ou a cobertura, mais uma bandeja pouca água por muito tempo e utilizam a água das
1. É poderoso isolante térmico, por proteger o que armazena a água de chuva até que escoe pelo bandejas de retenção, apresentando crescimento li-
pavimento inferior da insolação e criar um ambien- sistema de drenagem (ou que sejam utilizadas nas mitado pela quantidade reduzida de substrato.
te agradável. Também contribui na impermeabili- plantas). Sobre a plataforma é colocada a manta que O custo da instalação de telhados verdes varia de
zação da cobertura, ao evitar dilatações, retrações serve de filtro e de suporte para o substrato em que acordo com o modelo e as plantas escolhidas: de
e vazamentos. será plantada a vegetação. Por fim, é instalada uma R$ 100 a R$ 200 o metro quadrado. Esses custos se
2. Retarda a descida da água da chuva para as armação plástica para estruturar, além de reter terra tornam atraentes ao se considerar a eliminação de iso-
fotos Wassim Melki / ReAct NGO

redes pluviais, evitando a sobrecarga e alagamen- e plantas em planos inclinados que evitem o piso- lantes térmicos na cobertura e a economia de energia
tos dos sistemas. teio. Todo este sistema tem apenas 5 cm de altura e por não-utilização de ar-condicionado nos ambientes.
3. Contribui para diminuir as “ilhas de calor” provo- pesa aproximadamente 60Kg/m2. A montagem de
cadas pelo aumento da temperatura ambiente em uma cobertura de 200m2, por exemplo, não demo- Frank Siciliano é arquiteto da Todescan
regiões de pouca vegetação e muito pavimentadas. ra mais do que um dia trabalho. Siciliano Arquitetura (tsarq.com)

abd conceitual jul/ago 2012

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